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Blogue RBE

Seg | 30.09.24

Concurso Ensaio Filosófico 10.ª Edição – Resultados

uma parceria Associação de Professores de Filosofia / Rede de Bibliotecas Escolares

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Da autoria de Gabriel Simões (Escola Secundária Lima-de-Faria, Cantanhede) e de Constança Correia (Escola Portuguesa de Moçambique), na 10.ª edição do concurso Ensaio filosófico no Ensino Secundário, foram destacados com menção honrosa, respetivamente, os ensaios:

 Partindo do caso de Lance Armstrong, Gabriel Simões discute porque a prática de doping é imoral, concluindo que o desporto deve ser uma atividade norteada por valores como a saúde, o espírito de equipa, a dedicação e o esforço, para além do valor da excelência.

Centrando-se na liberdade discursiva, Constança Correia analisa o contributo que as teorias contratualistas, o movimento iluminista e o pensamento liberal deram para a defesa da liberdade de expressão. Defendendo que é um processo em construção, discute, a partir dos conceitos de "princípio do dano", "discurso de ódio" e "lugar da fala" os desafios que se colocam na atualidade à liberdade de expressão.

Apesar da decisão do júri de apenas serem atribuídas menções honrosas, os dois ensaios são exemplo dos objetivos que se pretendem alcançar com o concurso, a saber, a promoção do interesse pela escrita e reflexão filosóficas, o realce da importância da disciplina de Filosofia na formação geral dos alunos do ensino secundário e a consolidação de competências em literacia da informação, ao mesmo tempo que se divulga o trabalho desenvolvido nos Agrupamentos e nas Escolas do ensino secundário.

Aos alunos foram oferecidos livros e a leitura integral dos ensaios pode ser realizada na página web da Associação de Professores de Filosofia (APF).

A parceria da APF com a Rede de Bibliotecas Escolares, nomeadamente para a promoção e divulgação do concurso, será retomada na 11.ª edição deste concurso, a qual será realizada em novembro de 2024, aquando do Dia Mundial da Filosofia, decretado pela UNESCO.

Alerta-se, desde já, para a existência de um regulamento atualizado e de um modelo orientador para a elaboração do ensaio, documentos que serão enviados às escolas aquando do lançamento do concurso.

 

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

Sex | 27.09.24

Tens sempre uma opinião a dar? Este concurso é para ti

por Carolina Franco / Público na Escola

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“Isto também é comigo!”, concurso de textos de opinião, regressa em outubro. Uma iniciativa do PÚBLICO na Escola e da Rede de Bibliotecas Escolares.

O tempo foi passando e o mundo mudou. Com tanto a acontecer no panorama nacional e internacional, e tantas notícias a dar conta do que se ia passando, vieram também muitas opiniões. Ao longo dos últimos três anos letivos, mais de 560 textos de opinião escritos por alunos, provenientes de 106 agrupamentos de escolas portuguesas, foram submetidos no concurso Isto também é comigo!, iniciativa conjunta do PÚBLICO na Escola e da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), que decorre mensalmente a cada ano letivo. Vinte e quatro venceram e viram os seus trabalhos publicados. Agora pode ser a tua vez. 

É já no dia 1 de outubro que se inicia a quarta edição do concurso que distingue os melhores textos de opinião, escritos a partir de conteúdos do jornal PÚBLICO. Até à última sexta-feira de cada mês, alunos do ensino secundário podem participar com um texto de opinião escrito a partir de um trabalho do PÚBLICO, publicado ao longo desse mês em que estão a concorrer e que lhes tenha chamado a atenção: um texto, um vídeo, podcast, infografia, fotografia, lido ou visto na edição impressa ou online. 

560
textos de opinião escritos por alunos submetidos a concurso nos anos anteriores

As regras mantêm-se: o texto não excede as 350 palavras e apresenta os argumentos da opinião sobre o assunto que suscitou o interesse do aluno. Podem participar estudantes de escolas públicas ou privadas em Portugal, bem como escolas no estrangeiro que tenham o ensino do português como primeira língua. E não existe um limite de participações por aluno. De acordo com o regulamento, é também necessário indicar o título, autor e data de publicação do conteúdo que serviu de inspiração, bem como o respetivo link, caso se aplique. A submissão fica a cargo do professor bibliotecário, através de um formulário. 

Os vencedores terão  os seus textos publicados nas plataformas digitais do PÚBLICO na Escola e da RBE e respetivas redes sociais. Além disso, os alunos têm direito a uma oferta de livro(s) do PÚBLICO e a biblioteca escolar a uma assinatura digital anual do jornal. 

Um concurso que chega a muitos, não só aos que vencem

Aumentar a autoestima, ver um trabalho ser validado por pessoas que não se conhece, vê-lo publicado para muitas pessoas o lerem. Estes são alguns dos principais ganhos que Raquel Ramos, coordenadora interconcelhia da Rede de Bibliotecas Escolares e responsável pela parceria com o PÚBLICO na Escola, consegue identificar entre os vencedores. “Alguns alunos reportaram-nos, através dos professores, como foi importante para eles terem-se envolvido na iniciativa Isto também é comigo!, não apenas porque começaram a ler um jornal ou cimentaram hábitos de leitura, mas também porque lhes ‘foi dada voz’ através da escrita”. E as mais-valias não se ficam pelos que ganharam: “Mesmo não vencendo, a experiência de poderem escrever um texto que exprime o seu ponto de vista em relação a assuntos muito diversos que lhes dizem diretamente respeito é um ganho enorme, na medida em que os ajuda a crescer, a tomar uma posição, a desenvolver o espírito crítico.”

Os jovens são os verdadeiros protagonistas deste concurso. Não só enquanto participantes, mas também como membros do júri. Além de ter representantes do PÚBLICO na Escola, da RBE e um professor a escolher os melhores textos todos os meses, um grupo de alunos do ensino secundário faz parte das reuniões e tem uma palavra a dizer no momento de decisão. É assim desde o começo, e Raquel Ramos diz que tem sido “uma experiência que os marca muito pela positiva”. “Pelo que me é dado observar, os alunos que têm participado como elementos do júri sentem uma responsabilidade grande, mas também muito prazer em ler as opiniões dos colegas e em participarem na seleção do melhor texto.” E enquanto lêem e decidem, adquirem competências transversais, como saber trabalhar em equipa, ter responsabilidade e flexibilidade, defende.

Para que os futuros participantes possam inspirar-se nos que já fazem parte da história do concurso, está previsto um webinar para o mês de outubro, onde antigos vencedores contarão as suas experiências na primeira pessoa. O dia, a hora e o link para a transmissão serão divulgados em breve.

Em outubro, também os "Jornalistas em Rede"

Nesta parceria entre a Rede de Bibliotecas Escolares e o PÚBLICO na Escola, há outro concurso que acontece em dois momentos e se dedica a dois géneros jornalísticos. Entre outubro e fevereiro a reportagem, de fevereiro a maio a entrevista. Jornalistas em Rede propõe que alunos do 3.º ciclo do ensino básico olhem à sua volta, encontrem protagonistas para histórias locais e conversem com eles. Que sejam verdadeiros jornalistas.

Como acontece no Isto também é comigo!, este concurso é um trabalho de equipa entre alunos e professores bibliotecários — já que a submissão fica a cargo do professor bibliotecário da escola que concorre— e, por isso, há prémios para ambos. Alunos verão a sua reportagem ou entrevista publicada no site do PÚBLICO na Escola e receberão um voucher de 150 euros, a biblioteca ganhará uma assinatura digital do jornal com duração de um ano. 

A relação entre alunos e professores bibliotecários, que nestes dois concursos se torna evidente, é representativa da dinâmica que acontece ao longo do ano nas escolas. Quem o diz é a coordenadora interconcelhia da RBE: “As bibliotecas são centros de cultura nas escolas, proporcionam aprendizagens formais e não formais aos alunos diariamente. Os professores bibliotecários desempenham um papel essencial na promoção dessas aprendizagens, pelo que apoiam, divulgam e dinamizam projetos desta natureza por toda a escola.” 
Raquel Ramos acredita que as sementes já lançadas, com Isto também é comigo! e Jornalistas em Rede, podem trazer frutos e que “a leitura do jornal e o hábito de refletir sobre o que se leu” poderá tornar-se “uma rotina nas escolas portuguesas, a partir da biblioteca escolar”. 

📷 Imagem por Pixabay

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Qui | 26.09.24

UNESCO: Alinhar a transição digital e a ação ecológica

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1. Semana de Aprendizagem Digital 2024 – 2.ª edição

A Semana de Aprendizagem Digital/Digital Learning Week (Paris, 2 - 5 set.) é o principal evento anual da UNESCO sobre aprendizagem digital e transformação da educação [1].

Reúne a comunidade de líderes de educação digital, decisores políticos, investigadores e profissionais de várias organizações, incluindo agências da ONU, governos, ONG e o sector privado.

Promove a cooperação e “uma conceção e utilização da IA (Inteligência Artificial) na educação centrada no ser humano e respeitadora do clima” e “com um enfoque específico na exploração das interligações entre a transformação digital e a educação verde [greening education]” [2]. 

Sob o slogan Tecnologia Orientada para a Educação/    Steering Technology for Education, o evento adota “uma abordagem ética de conceção e utilização da IA na educação que promove o desenvolvimento sustentável” e marca a mudança de um “modelo extrativista de economia digital” [1].

A interligação da transição digital e ecológica, através da educação, impõe-se no contexto da rápida ascensão de IA que ultrapassa a capacidade de regulamentação jurídica e implica:

  • Gasto crescente de energia – “79% das emissões globais de GEE (Gases com Efeito de Estufa) provêm da produção e utilização de energia” (IPCC, 2022) - e de recursos – e.g. água para arrefecimento dos servidores - para manutenção e treino de novos modelos de IA e sua utilização intensiva;
  • Acentuado crescimento dos “resíduos eletrónicos [e-waste] que prejudica o desenvolvimento sustentável” [1].

As tecnologias digitais e a IA devem “apoiar a educação” e esta deve ser transformadora, contribuindo para “moldar futuros mais inclusivos e sustentáveis” [2]. Esta componente prática, operativa, da educação, ligada à vida do dia a dia das pessoas, está subjacente à Educação para o Desenvolvimento Sustentável (UNESCO, 2017) e ao Quadro Europeu de Competências de Sustentabilidade (Comissão Europeia, 2022).

 2. Soluções digitais verdes

O evento, cujas ligações para os vídeos estão disponíveis na Programação [1], permitiu o envolvimento em debates com ideias para a ação climática digital, baseada na educação.

Exemplo: criação de sistemas automatizados, em tempo real e em grande escala, de moderação de conteúdos e de verificação de factos online sobre o clima, pois informações falsas ou enganosas são obstáculo à ação climática.

Foram apresentadas ainda diversas soluções digitais verdes para mitigar os impactos ambientais dos centros de dados, da computação em nuvem e de outras infraestruturas digitais.

A Ação Verde Digital/Green Digital Action foi lançada em 2023, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP 28 (Conference of the Parties), pela ITU (International Telecommunication Union), agência da ONU especializada em TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) e por mais de 40 entidades (governos, empresas, sociedade civil, outros organismos da ONU).

Assenta nos seguintes pilares:

  • - Emissões de GEE das TIC;
  • - Padrões verdes;
  • - Economia circular;
  • - Telecomunicações de emergência para alerta precoce em situações de risco;
  • - Dados e tecnologia aberta para pesquisa climática;
  • - Capacitação para descarbonização das indústrias digitais;
  • - Computação verde [3].

O setor educativo e das bibliotecas é um dos maiores compradores e utilizadores de dispositivos digitais, devendo decidir com base nestes pilares.

3. Competências de IA da UNESCO

A Semana de Aprendizagem Digital 2024 lançou o Quadro de Competências de IA para Alunos e Professores da UNESCO [4].

O Quadro de Competências para Alunos:

Visa envolver, de forma segura, eficaz e significativa, os estudantes de todo mundo com IA e formar utilizadores responsáveis e cocriadores de IA [5].

Define 12 competências, organizadas em 4 dimensões - mentalidade centrada no ser humano, ética da IA, técnicas e aplicações de IA e conceção de sistemas de IA – e 3 níveis de progressão - Compreender, Aplicar e Criar.

Adota uma conceção inclusiva e sustentável de IA, destacando a compreensão de como o treino de IA contribui para o aumento de emissões e a investigação e a avaliação crítica de soluções de IA para mitigar os seus impactos climáticos.

Apresenta problemas reais que podem ser ponto de partida para a reflexão e ação dos alunos:

  • “As sociedades humanas devem mobilizar todos os recursos para treinar ilimitadamente modelos de IA? Ou será que a formação de modelos de IA gerou impactos irreversíveis nas alterações climáticas”?
  • “A IA tem um impacto ambiental negativo ou atenua as alterações climáticas”?
  • Qual é o impacto da IA nos direitos humanos e justiça social?
  • E na comunidade local?

Define ainda os valores, conhecimentos, métodos pedagógicos e orientações para integração curricular e avaliação de competências de IA.

O Quadro de Competências para Professores

Organiza as suas competências em IA em 5 dimensões - Mentalidade centrada no ser humano, ética da IA, fundamentos e aplicações da IA, pedagogia e IA para a aprendizagem profissional – com 3 níveis de progressão - Adquirir, Aprofundar e Criar [6].

Fornece estratégias para os professores desenvolverem conhecimentos e aplicarem IA eticamente no ensino (workshops, discussões em grupo e atividades colaborativas) e é uma ferramenta para orientar quadros nacionais de competências e avaliação e programas de formação de IA no ensino.

Recomenda uma seleção criteriosa de ferramentas de IA no ensino:

  • não devem causar danos ao ambiente;
  • devem ser seguras e inclusivas, valorizando a privacidade e as culturas e línguas locais;
  • devem contribuir para a sensibilização dos alunos para a segurança, inclusão, alterações climáticas e sustentabilidade.

4. Reflexão em contexto de biblioteca escolar

  • As bibliotecas escolares incorporam a transição ecológica na educação e formação digital e de IA?

  • Conhecem as emissões de GEE das ferramentas digitais e da IA que utilizam?

  • Selecionam equipamentos e ferramentas digitais com base em critérios sustentáveis, inclusivos e ecológicos?

  • De que forma envolvem e capacitam os alunos, tornando-os agentes de transformação digital e de IA?

  • Que medidas adotam para diminuir a sua pegada ambiental?

  • Qual é o seu compromisso e papel efetivo, local e global, para o futuro da humanidade e do Planeta?

Referências

  1. (2024). Digital Learning Week: The second edition of Digital Learning Week will take place on 2-5 September 2024 at UNESCO Headquarters in Paris. https://www.unesco.org/en/weeks/digital-learning
  2. (2024). Digital Learning Week 2024 [Concept Note]. https://www.unesco.org/sites/default/files/medias/fichiers/2024/04/digital-learning-week-2024-concept-note.pdf
  3. Green Digital Action. https://www.itu.int/initiatives/green-digital-action/
  4. (2024). What you need to know about UNESCO's new AI competency frameworks for students and teachers. https://www.unesco.org/en/articles/what-you-need-know-about-unescos-new-ai-competency-frameworks-students-and-teachers
  5. (2024). AI competency framework for students. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000391105
  6. (2024). AI competency framework for teachers. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000391104
  7. 📷Imagem criada em https://www.canva.com/

 

Outros artigos RBE que podem interessar-lhe:

Ação para o Empoderamento Climático e Literacia da Informação e Media: Roteiro 

Pegada de carbono da biblioteca: estudo de caso 

Qual é a Impressão Digital de Carbono da sua Biblioteca?

UN: COP28 e o papel das bibliotecas 

COP 27: Empoderamento climático, o reforço do papel das bibliotecas 

UNESCO – GEM: Tecnologia na educação: uma ferramenta ao serviço de quem? (Cont.) 

 

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Qua | 25.09.24

A arte de criar cartazes: dicas e estratégias

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Para apoio ao trabalho elaboração de cartazes no âmbito das diversas ações da biblioteca escolar, relembramos um conjunto de questões a considerar:

  • Formato – os formatos mais apropriados para uso nas bibliotecas escolares têm como base dimensões/ proporções que derivam da convenção internacional Norma ISO 216 – série A, sendo adequados, tanto para publicação digital, como para impressão (de acordo com as definições técnicas de cada impressora, sendo comum o A3);

  • Orientação – a orientação comprovadamente mais adequada é a vertical, pois permite uma melhor organização dos elementos no espaço e facilita a hierarquia/ leitura (como numa página de livro);

  • Cor de fundo – deve-se ter em conta que o fundo de um cartaz é apenas acessório, um ‘apoio’, cuja função é permitir realçar os conteúdos principais da mensagem (imagem e texto) sem interferir ou criar ‘ruído’;

  • Organização dos elementos visuais e textuais – os conteúdos principais devem ser organizados hierarquicamente, devendo ser escolhido um alinhamento comum (esquerda, centro e/ ou direita). Sempre que possível, a arrumação dos vários elementos fica mais equilibrada se os alinharmos uns pelos outros;

  • Margem – por questões de segurança, deve ser acautelada uma margem ‘confortável’, um espaço sem quaisquer elementos para não se perder nenhuma informação;

  • Simplificação - na altura de tomar decisões sobre a colocação dos conteúdos no espaço, deve-se procurar soluções simples – esta opção é mais segura, mesmo que nos pareça menos ‘original’…;

  • Tipografia – a escolha de tipos de letra bem definidos e simples é importante para permitir uma boa leitura. Em cada cartaz não deve haver mais do que 2 ou 3 tipos diferentes (exceto os logotipos);

  • Texto e fundo – o texto não deve estar sobreposto a uma imagem que pretendemos realçar. É necessário separar;

  • Imagem – as imagens (gráfico, ilustração, fotografia, reprodução de trabalhos, etc.) devem ocupar uma parte generosa do espaço, por serem mais apelativas e terem uma leitura mais imediata do que o texto;

  • Seleção de imagens – as imagens utilizadas têm de acautelar as regras de privacidade e, se não forem originais, têm de precaver os direitos e respeitar a autoria (referenciar e manter as características originais – verificar permissões);

  • Redimensionamento de imagens – as imagens têm de ser redimensionadas sempre no respeito pela sua proporção original e nunca deformadas (mais um princípio fundamental para um resultado de qualidade);

  • Redimensionamento de logotipos – os logotipos têm de ser redimensionados sempre no respeito pela sua proporção original e nunca deformados, sendo sempre legíveis; consulte o manual de normas gráficas (o da RBE já está disponível), sempre que possível, para verificar se existem versões que sejam mais apropriadas ao nosso cartaz;

  • Barra de logotipos – é frequente ser necessário incluir mais do que um logotipo nos cartazes. Uma das soluções mais seguras é optar por os colocar em sequência hierárquica no rodapé do cartaz, sobre fundo branco, e alinhá-los uns pelos outros, na base e na altura, deixando espaço entre eles (no mínimo igual à sua altura);

  • Esquema de cores – num mesmo cartaz, deve-se optar por um conjunto limitado de cores, para não criar ‘ruído’, salvo algumas exceções em que a variedade de cor seja um atributo incontornável;

  • Harmonia e contraste – existem cores que combinam bem entre si e que proporcionam boa leitura, através do contraste que promovem. Na dúvida, devem-se consultar sítios em linha que nos podem apoiar*.

* Ferramentas

As ferramentas aqui sugeridas são apenas uma ínfima parte dos inúmeros exemplos que temos ao nosso dispor para nos orientar nas opções e conduzir a um produto final de qualidade.

Sempre que necessário para qualquer esclarecimento ou apoio adicional poderá ser solicitado o apoio da RBE: apoio@mail-rbe.org.

Veja também:
Rodrigues, Paulo. 2021. Desenho e conceção de um cartaz na prática do professor bibliotecário. Blogue RBE

  1. Como começar?
  2. A imagem ou forma principal
  3. O texto e o formato
  4. A composição
  5. A impressão e a afixação

 

 

 

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Ter | 24.09.24

Bem-estar, também digital

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No momento em que se desenrola o processo de decisão com o objetivo de levar à prática as recomendações da tutela quanto ao uso de telemóveis nas escolas, surgem por certo muitos argumentos favoráveis e outros tantos contrários a essas mesmas recomendações.

Se não ocorrer nenhum cataclismo global, o futuro será digital, a um nível que agora apenas começamos a entrever. Os benefícios, mas também os perigos são enormes.

O que fazer, então? A realidade altera-se a uma velocidade que não conseguimos acompanhar e a nossa visão fica muitas vezes a preto e branco: ou somos entusiasticamente a favor, ou visceralmente contra. Por vezes, numa mesma pessoa, coexistem esses dois estados de espírito, em momentos diferentes, ou então devido a sentimentos divididos.

A Rede de Bibliotecas Escolares está habituada a encarar as mudanças com pragmatismo e a agir em coerência com aquilo que advoga. Desde há muito que defende que o uso das tecnologias nas escolas deve estar ao serviço da aprendizagem e tem procurado, das mais variadas formas, dar o seu contributo para que isso aconteça, com a consciência de que a transição digital está em curso e de que as bibliotecas desempenham um papel fulcral nessa transição.

No entanto, as questões da segurança, da privacidade, dos comportamentos éticos online e, mais recentemente do bem-estar físico e digital, sendo essenciais à vida dos alunos, são também preocupações das bibliotecas que, por isso, marcam as suas práticas. Partilhamos a apreensão sobre a influência nefasta da dependência dos telemóveis e de outros dispositivos no desenvolvimento sócio-emocional e cognitivo dos alunos. Debatemo-nos com a sua crescente incapacidade de se concentrarem e, portanto, de realizarem leituras e aprendizagens aprofundadas. Por isso, em Saber usar os media, uma das partes do site Aprender com a biblioteca escolar – Atividades e recursos, nas atividades propostas para cada nível de ensino, existem algumas dedicadas a estas problemáticas. Mas precisamos sempre de continuar a pensar, de experimentar caminhos e de propor sugestões que, cada biblioteca escolar, cada agrupamento poderão, se as considerarem úteis, adaptar ao seu contexto.

Nessa linha, e com o intuito de apoiar as bibliotecas, e as escolas em que se inserem, na tomada de decisões que privilegiem o bem-estar e o desenvolvimento equilibrado dos alunos, partilhamos algumas sugestões, adaptadas da plataforma Common Sense Education e que podem/ devem ser postas em prática, seja qual for a decisão da escola quanto aos telemóveis.

  • Refletir com os alunos sobre as razões que os levam a pegar no telemóvel, mesmo sem necessidade.

Muitas vezes esse comportamento pode dever-se a alguma ansiedade provocada por se encontrarem numa situação nova, ou por não estarem à vontade com as pessoas que os rodeiam, ou… Os alunos podem relatar as suas experiências, falar sobre o que fazem no telemóvel nessas ocasiões e pensar em como poderiam atuar se não tivessem telemóvel, refletindo nomeadamente sobre a possibilidade de conhecerem melhor os colegas e de fazerem amigos.

  • Refletir com os alunos sobre como outras pessoas que gostam de estar com eles (pais, avós, outros familiares, amigos) se sentem ao vê-los sempre a olhar para um telemóvel ou tablet.

É importante que os alunos se coloquem no lugar do(s) outro(s), elenquem possíveis maneiras de agir, experimentem pô-las em prática e conversem sobre os resultados.

  • Refletir com os alunos e com os pais sobre as suas atividades online e sobre como podem variá-las a seu favor.

É possível dar a conhecer aos alunos apps que favorecem o seu bem-estar (nutrição, fitness, mindfulness, competências socio-emocionais), disponibilizando-as nos tablets da biblioteca escolar.

Posteriormente, os pais podem ser convidados a conhecer as possibilidades que existem e a instalarem algumas dessas apps nos dispositivos dos filhos incentivando-os a usá-las, diversificando, assim o foco restrito da sua atenção.

  • Refletir com os alunos sobre aquilo que é comum a todos nós, enquanto seres humanos: temos pessoas que amamos; temos medos, ansiedades, mas também sonhos e desejos; queremos sentir-nos incluídos; …

Encontrar estratégias para não nos esquecermos do que nos une, mesmo quando não estamos de acordo com os outros, é uma das chaves para uma convivência saudável em qualquer contexto, digital ou não.

  • Refletir com os alunos sobre como podem aumentar o seu tempo e capacidade de concentração.

Sabemos que a capacidade de concentração dos alunos é cada vez menor e que ela é essencial a uma aprendizagem aprofundada. É importante implicar os alunos no encontrar de estratégias para estimular essa capacidade, (prescindindo do telemóvel) e, depois disso, criar as condições para que eles possam experimentar e comparar com o que teria acontecido se estivessem numa situação de atenção dividida com o telemóvel.

As bibliotecas escolares podem proporcionar oportunidades para que os alunos necessitem de realizar uma ou mais leituras aprofundadas para resolver um problema. Podem também, organizar o seu espaço, reservando um local para que os alunos possam experimentar a leitura individual e silenciosa e, depois de isso acontecer, conversar com eles sobre a experiência.

A escuta ativa de podcasts, sobre os quais se colocam questões prévias, também pode funcionar como um bom treino da concentração.

Prossigamos, então, na missão de fazer com que as bibliotecas escolares

“respondam de forma eficaz e inovadora aos desafios colocados à educação”. [1]

Referências

[1] Rede de Bibliotecas Escolares. (2021). Bibliotecas Escolares: presentes para o futuro. Programa Rede de Bibliotecas Escolares: Quadro estratégico: 2021-2027. RBE- Ministério da Educação. https://rbe.mec.pt/np4/?newsId=890&fileName=qe__21.27.pdf 

📷 Imagem criada em https://www.canva.com/ 

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Seg | 23.09.24

Vamos descobrir novidades?

por Júlia Martins*

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Setembro, é tempo de (re)inícios, de recomeços e reencontros. É despedida do verão e a chegada do outono.

Em setembro, crianças e jovens voltam à escola com energia renovada, entusiasmo e novos sonhos e objetivos. Os professores planificam, reajustam conteúdos, perspetivam o futuro, traçam metas, tomam consciência de onde estão e para onde querem ir. Os professores bibliotecários abrem as portas da biblioteca escolar e dão a conhecer as atividades, projetos, as novas ideias, as sessões de leitura e escrita e as novidades editoriais. Quem não gosta de passear entre as estantes da Biblioteca a descobrir as novidades? Será que encontraremos os seguintes títulos:

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O QUE NOS TORNA HUMANOS é um livro excecional! Com este livro celebramos as diferenças e as semelhanças, tomamos consciência que somos únicos, mas que precisamos (muito) uns dos outros. Um livro para pensar. Refletir. Dialogar.

Um enigmático texto poético sobre língua, história e cultura, lançado em parceria com a UNESCO em homenagem à Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032). Inteligente e instigante, O QUE NOS TORNA HUMANOS é uma introdução acessível sobre como a linguagem conecta pessoas em todo o mundo.

Este livro único celebra todas as maneiras incríveis pelas quais a comunicação molda as nossas vidas e as línguas indígenas ameaçadas de extinção.”  [sinopse disponibilizada pela editora]

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Gostas de ler poemas? Imagina que visitas uma Fábrica de poemas e um armazém de versos… o que isso mudaria a tua vida? O que aprenderias? Consegues imaginar?

Alfredo Vates ganha a vida a dar aulas de piano, mas quando os pianos automáticos chegam à cidade, apercebe-se de que precisa de procurar outro emprego. É então que encontra uma Fábrica de Poemas, onde começa a trabalhar. No armazém dos versos, Alfredo aprende a operar o metricómetro, o estrofógrafo e a esvaziar os contentores de lugares-comuns. Mas um dia as máquinas avariam e dá-se uma explosão. Como é que a poesia vai sobreviver?

Explosão na Fábrica de Poemas é uma história divertida de ler, mesmo que não saibamos a diferença entre um «soneto» e um «epitalâmio». Em todo o caso, o glossário, no final, dará uma mãozinha, explicando algumas palavras e os tipos de poemas, recorrendo a citações dos nossos poetas preferidos.[sinopse disponibilizada pela editora]

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Este delicioso diário gráfico, com muitos apontamentos, desabafos, desenhos e rabiscos, partilha com o leitor quão difícil e, simultaneamente, surpreendente e aprazível os desafios que uma (pré)adolescente vive.

A Tuva vai entrar no 7.º ano e fez uma lista de objetivos: escrever um diário até ao fim, ter um estilo fixe, construir o melhor forte na floresta com as suas amigas e muito mais. Tudo parece bem encaminhado, mas o 7.º ano divide os seus amigos em duas frações rivais: de um lado, TEAM LINNÉA e as miúdas que se maquilham e se apaixonam, do outro, TEAM BAO e as miúdas que apenas querem brincar na floresta e não ligam a roupas e paixonetas.

É então que aparece a Mariam, que não pertence a nenhum dos lados, e a Tuva sente que acaba de conhecer a sua alma gémea. Será isto que é estar apaixonado?” [sinopse disponibilizada pela editora]

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Gostas de mistérios? Policiais? Amanda tem uma missão para cumprir será que conseguirá?

“No dia em que a Amanda Black faz treze anos, recebe uma carta misteriosa que muda a sua vida. Ela e a sua tia Paula, que quase viviam na miséria, mudam-se para uma mansão gigantesca e labiríntica, que pertenceu à família Black durante gerações. É então   que a Amanda começa a manifestar capacidades inesperadas e descobre que tem de assumir um legado familiar empolgante, secreto e perigoso, para o qual tem de começar a treinar imediatamente.” [sinopse disponibilizada pela editora]

 

 

 

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Joana Bértholo habitou-nos a livros provocadores, perguntadores, sedutores, sensíveis e extraordinariamente bem escritos. Este livro narra a experiência de duas jovens de 22 anos, a mesma idade que tinha Agustina quando publicou o famoso anúncio à procura de correspondência «inteligente e culta». As duas jovens propõem-se replicar esse gesto 80 anos depois, e as dificuldades e peripécias que enfrentam…   o que será que acontece a estas duas jovens?

«- Sabes que mais? Devíamos fazer como a Agustina! - exclamou. E foi aí que tudo começou. Foi nesta frase que tudo teve início, quando Raquel desafiou Augusta a seguirem o exemplo de Agustina. Os olhos de Augusta abriram-se como se ouvisse este nome pela primeira vez. A sua atenção cativa: o que fez Agustina?, foi a questão nunca formulada mas de imediato respondida.

Raquel detalhou então a ousadia de um gesto que celebrava naquele ano - 2024 - oitenta anos. Tudo naquela história soava obsoleto: o veículo, os modos e o contexto. Mas talvez não o impulso, sentiram elas; talvez não o anseio, talvez não a carência, a volúpia ou a intensidade. Porventura nada do que realmente importa teria mudado.» [sinopse disponibilizada pela editora]

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Este é um livro bem-humorado, reflexivo e que nos suscita muitas perguntas. Uma excelente leitura para dialogar.

«Escrever é o acto de pensamento mais justo. Obriga à escolha cuidadosa das palavras, a recuperar o pensamento que estava fixado e a fazê-lo voltar a mexer-se. Muitas vezes faz com que terminemos com o resultado contrário ao que tínhamos como certo antes de escrever a primeira palavra.

Escrever crónicas obriga a um pensamento constante sobre o que nos rodeia, mas o que nos rodeia nem sempre é companhia aconselhável, e pensar sobre isso pode aumentar – para o bem e para o mal – o que antes não se via. Quando me convidaram para escrever crónicas semanais na revista Sábado (que sai à quinta, já agora), foi essa a minha dúvida: quais seriam as consequências de escolher mais uma maneira de ver de perto as coisas que me aleijam? Para me contrariar, aceitei. Enquanto escrevia dei por mim muitas vezes a pôr em causa o que pensava antes e a pensar sobre o que isso quereria dizer. Não cheguei a conclusão nenhuma, mas ao preparar este livro percebi que as coisas dentro da minha cabeça fazem muito barulho. Ordená-las e escrevê-las é ainda o último reduto de sanidade contra esse ruído. Este livro é uma compilação dessas crónicas que escrevi e que agora vieram para aqui viver todas juntas[sinopse disponibilizada pela editora]

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* Júlia Martins

Acredita no poder da leitura. Dar a ler é um desafio que gosta de abraçar. É leitora e frequenta, de forma assídua, Clubes de Leitura. Saiba mais

📷Imagem criada em https://www.canva.com/

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Sex | 20.09.24

Como ir para além de encontrar a ideia principal

por Andrew Boryga*

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Concentrar-se em atividades como resumir, analisar caraterísticas textuais e parafrasear leva a uma compreensão mais profunda da leitura.

Quando se trata de ensinar os alunos a ler textos informativos ou artísticos desafiantes, a ênfase em competências de compreensão abstratas como “encontrar a ideia principal” ou “fazer inferências” - métodos que se destinam a ser transferidos para outras disciplinas - tem vindo a cair em desuso.

Pesquisas recentes parecem ter resolvido a questão a favor de um envolvimento mais profundo com textos no âmbito de uma disciplina, como relatamos no nosso resumo anual dos estudos educacionais mais significativos de 2023.

Um grande estudo em 2020 do Instituto Thomas B. Fordham, por exemplo, descobriu que “expor as crianças a um conteúdo rico em educação cívica, história e direito” ensinava leitura de forma mais eficaz do que abordagens baseadas em competências. E em 2023, dois estudos da Universidade de Harvard e da Universidade de Brown concluíram que os currículos “ricos em conhecimento”, que enfatizam a construção de conhecimento prévio através da leitura e discussão de textos, podem levar a melhorias de 20% nos exames gerais de compreensão de leitura.

Grandes distritos escolares em estados como Maryland e Louisiana tomaram nota, adotando novos currículos, incorporando textos mais ricos na iniciação ao ELA e pedindo aos alunos que se envolvam em mais trabalho metacognitivo para processar esses textos.

Ainda assim, os professores perguntam-se exatamente como deixar de se concentrar em competências como encontrar a ideia principal, quando estas estão frequentemente enraizadas em normas e são avaliadas em exames estatais. Recentemente, um professor perguntou ao especialista em literacia Timothy Shanahan como lidar com este dilema.

Shanahan responde em pormenor no seu blogue, Shanahan on Literacy, escrevendo que, se o objetivo é aprofundar a compreensão da leitura, então envolver-se na prática de “responder a tipos específicos de perguntas”, tais como “qual é a ideia principal desta passagem?”, não é muito útil. Efetivamente, a investigação demonstra que o facto de os alunos lerem textos e responderem a perguntas sobre a ideia principal “não melhora de forma consistente ou significativa a identificação da ideia principal ou a compreensão da leitura”.

Encontrar a ideia principal não é um problema em si mesmo, observa Shanahan - os professores podem continuar a pedir aos alunos que o façam - mas concentrar-se demasiado na ideia principal limita a discussão de outras caraterísticas textuais críticas, como questões mais amplas de estrutura narrativa, hierarquia da informação, tom e utilização de linguagem expressiva.

Ajudar os alunos a perceber e a decifrar o significado destas caraterísticas de um texto exige que os incentive a praticar competências de literacia que vão muito para além de encontrar a ideia principal. Estas incluem resumir o que se leu com as suas próprias palavras, discutir decisões narrativas e o significado de frases-chave, e utilizar competências de leitura ativa e de escrita para colocar questões e prever resultados.

“Obter a ideia principal não deve ser a ideia principal”, escreve Shanahan. “Os alunos têm melhores resultados quando os objetivos de leitura são mais exigentes e mais integrados.”

Eis como outros professores estão a incentivar os alunos a pensar para além do nível superficial dos textos que leem e a aumentar a compreensão no processo.

Discutir e refletir

Para que os alunos do ensino básico consigam decifrar o significado dos textos desafiantes que leem, o educador e autor Michael McDowell recomenda que se inclua a discussão nas atividades de compreensão da leitura, para que os alunos tenham a oportunidade de processar o que leem por si próprios e desenvolver a sua compreensão através do diálogo com os colegas.

Em primeiro lugar, McDowell dá aos alunos textos “alguns níveis de escolaridade” acima do seu nível de leitura atual (Shanahan também defende esta ideia) e realiza leituras interativas em voz alta. Isto pode consistir em ler o texto em voz alta para os alunos e depois pedir-lhes para o relerem sozinhos. Depois, McDowell pede aos alunos que pensem ou escrevam um breve resumo do que acabaram de ler e, em seguida, partilham-no em pequenos grupos de reflexão-partilha.

As discussões em aquário podem ser úteis para uma discussão mais alargada na sala de aula, observa McDowell. Recomenda o protocolo dos Quatro A's, que obriga os alunos a lerem um texto e a refletirem ou escreverem respostas a perguntas como “Com o que concordas no texto?” ou “O que queres discutir no texto?”, e a partilharem essas respostas em grupo. Atividades como estas, que obrigam os alunos a reafirmar os pontos de vista de um autor e a descobrir pequenas variações, podem ajudar os alunos a desenvolver o tipo de “compreensão global” dos textos que Shanahan exige.

Após a realização dos debates, McDowell diz que os professores devem intervir e fazer uma revisão da leitura, apontando os alunos para uma interrogação do texto, tanto quanto possível.

Resumir, com as suas próprias palavras

Numa entrevista de 2023 com Edutopia, Shanahan citou pesquisas que ele conduziu que são responsáveis por identificar uma relação de reforço mútuo entre atividades de escrita e compreensão de leitura. Os estudos da década de 1980 descobriram que uma das melhores maneiras de melhorar a compreensão - e aumentar o conhecimento - é pedir aos alunos que escrevam respostas, análises ou críticas enquanto leem os textos.

As investigações mais recentes concordam. Um estudo de 2021 conclui que, quando os alunos escrevem um pequeno resumo sobre um texto difícil e lhes é dado um teste de compreensão subsequente, têm um desempenho muito superior ao dos alunos que lêem um resumo da leitura fornecido por um professor. Outros estudos revelam que é importante dar instruções aos alunos para evitarem tentar regurgitar textos literalmente: Os alunos envolvem-se “de forma mais significativa” com as leituras quando tentam parafrasear alguns aspetos com as suas próprias palavras, de memória.

Uma versão divertida para experimentar: Peça aos alunos do ensino básico para resumirem o que leram como se fosse um episódio de televisão, escreve o educador e autor Brian Kissman. Os alunos podem escrever uma ou duas frases breves, por palavras suas, que exponham a ideia principal do que acabaram de ler e, em seguida, continuar a envolver-se no texto, descrevendo elementos-chave, como as personagens envolvidas, o cenário e qualquer tensão ou conflito central. Finalmente, os alunos podem escrever um parágrafo, de memória, que resuma “os fundamentos de quem ou o quê fez o quê, onde, quando, porquê e como”, diz Kissman.

Esta abordagem funciona particularmente bem com textos de não-ficção mais longos, uma vez que pode ajudar os alunos a compreenderem os capítulos individuais e a “transportarem o significado para a frente” à medida que vão lendo.

Criar uma sala de aula “consciente da estrutura do texto"

Rebecca Alber, formadora da Escola Superior de Educação da UCLA, escreve que os educadores - os leitores mais experientes na sala de aula - podem facilmente esquecer que a leitura requer “prever, estabelecer ligações, contextualizar” e criticar à medida que lemos.

Os professores, escreve ela, têm de voltar atrás e ensinar os fundamentos da compreensão, treinando explicitamente os jovens alunos para lerem desta forma ativa e autorreflexiva. Antes mesmo de os alunos se debruçarem sobre um texto, por exemplo, a turma pode folheá-lo, colocar questões e fazer previsões. “Fale em voz alta como um grupo inteiro, convidando os alunos a fazerem previsões sobre o que vão ler”, diz Alber.

Os alunos também devem tomar nota das principais caraterísticas do texto antes de uma leitura mais profunda, de acordo com Alber: É uma longa narrativa? Um poema, uma história de ficção ou um texto de não ficção? Se for não-ficção, é algo pessoal, como uma carta, ou algo destinado a ser consumido por muitos, como um artigo de jornal? Analisar outras caraterísticas textuais mais minuciosas pode ser útil, de acordo com Alber. Existem subtítulos? Quadros ou gráficos? Há dicas no título sobre qual será o tom do texto?

“Proporcionar aos alunos o conhecimento da estrutura do texto e das suas caraterísticas ajudá-los-á a compreender e a identificar os objetivos ou a intenção do autor”, afirma.

Enquanto os alunos leem o texto, Alber sugere que se peça aos alunos que leiam com um objetivo em vez de “apenas ler”. Comece com frases como: “Esta é a sua missão enquanto lê. Procurem...” Alguns objetivos possíveis incluem “humor, objetivo do autor, utilização de artifícios literários (tais como prenúncios, imagens), factos, confusão e pistas de contexto para palavras novas”. Modelar o que isto pode parecer para os alunos num texto de amostra pode ajudá-los a começar.

Os alunos devem ser ensinados a fazer anotações nos textos para manterem um registo das suas ideias. Algumas práticas básicas de anotação que vale a pena modelar incluem numerar parágrafos para acompanhar as provas, fazer círculos em torno de palavras-chave, frases ou datas e sublinhar “as afirmações do autor e informações importantes relacionadas com essas afirmações”. Também pode mostrar aos alunos como as margens de um texto podem ser utilizadas como um valioso património pessoal - por exemplo, um lugar para deixar perguntas que tenham sobre o texto.

Durante este processo de leitura e anotação, Alber sugere que se incentive os alunos a encontrarem ligações com o texto, destacando momentos que possam relacionar consigo próprios, com outros textos que tenham lido ou com a sociedade em geral: “Isto faz-me lembrar (a minha festa de anos, um poema que lemos, a tempestade de neve do ano passado)”. Estas ligações, diz ela, ajudam os alunos a aprofundar a sua análise e a formular a linguagem necessária para discutir eficazmente as suas ideias em grupo ou escrever sobre elas durante as avaliações.

Nell K. Duke, professora e investigadora da Universidade de Michigan, escreve que este tipo de estratégias não só aprofundará a compreensão, como também criará uma “sala de aula consciente da estrutura do texto”, onde os alunos são encorajados a interessar-se “pela forma como os autores organizam os seus textos”.

Desenhar para compreender

Os esboços, rabiscos e desenhos também podem ser úteis para ajudar os alunos a consolidar a compreensão de um texto, como mostra um conjunto de investigação em desenvolvimento.

Um estudo de 2022 conclui que “desenhos organizacionais”, como mapas concetuais ou notas de esquema que tentam ligar ideias com setas, anotações ou outras marcas relacionais, ajudaram os alunos do quinto ano a visualizar a forma como as ideias e a informação estão ligadas - uma tática que pode revelar-se útil quando se tenta compreender um texto complexo. Entretanto, um estudo de 2018 descobriu que a recordação de palavras específicas do vocabulário podia ser melhorada se os alunos tentassem desenhar a palavra depois de a estudarem. Os investigadores concluíram que o desenho “melhora a memória ao promover a integração de códigos elaborativos, pictóricos e motores, facilitando a criação de uma representação rica em contexto”.

Jill Fletcher, professora de inglês do ensino secundário no Havai, põe em prática esta estratégia pedindo aos alunos que misturem arte para transmitir a sua compreensão de um determinado texto em “resumos de uma página”. Fletcher dá aos alunos uma única folha de papel normal de impressora e pede-lhes que escrevam o título e o autor do texto que leram na página, bem como uma citação do texto - “a sua frase favorita ou a que consideram mais importante” - e que expliquem por escrito porque a escolheram. De seguida, escrevem algumas das principais ideias exploradas no texto, perguntas que têm sobre o mesmo e quaisquer ligações pessoais que possam ter surgido durante a leitura.

Depois de terem feito este trabalho, Fletcher pede aos alunos para desenharem imagens relacionadas com a ideia principal do texto e esclarece que o seu nível de aptidão artística não é assim tão importante (os bonecos de palitos são bem-vindos e a investigação também sugere que as qualidades estéticas são irrelevantes). “É importante sublinhar que não se está a avaliar o “resumo de uma página” com base nas aparências - o que importa é que o aluno demonstre a sua compreensão”, diz Fletcher.

Como parte do processo criativo, os alunos de Fletcher listam alguns termos-chave do texto e tentam dar-lhes as suas próprias definições, para além de quaisquer imagens ou ícones que possam ser úteis para representar os termos (consulte esta publicação no blogue do National Council of Teachers of English para ver alguns exemplos do aspeto do produto final).

A atividade é particularmente poderosa para os alunos porque não enfatiza a procura de uma “única resposta correta” e, em vez disso, permite que os alunos sejam criativos e desafiem o seu pensamento de novas formas. “Não estão a tentar encontrar a solução - estão a tentar encontrar uma solução que consigam defender.”

O texto deste artigo foi traduzido e publicado com a autorização da Edutopia:

Boryga, A. (2024, 16 de fevereiro). How to Go Beyond Finding the Main Idea in ELA Classrooms. https://www.edutopia.org/article/how-to-go-beyond-finding-the-main-idea-in-ela-classrooms

📷 Imagem criada com https://www.canva.com/

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* Sobre Andrew Boryga

Sou um escritor, editor e educador que se importa profundamente em ajudar crianças a terem acesso à educação de alta qualidade do primeiro terceiro ciclo. Foram publicados textos meus no The New York Times , The New Yorker , The Atlantic e outras publicações. No passado, também ensinei redação para alunos do primeiro ciclo, universitários e presidiários do sexo masculino. Nasci e fui criado no Bronx, Nova York, e atualmente resido com a minha família em Miami, Florida.

 

Nota: © Excecionalmente, por se tratar de uma tradução que careceu de autorização, este trabalho tem todos os direitos reservados.

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Qua | 18.09.24

O cartaz na biblioteca escolar

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Aproxima-se o Mês Internacional da Biblioteca Escolar e este é, tradicionalmente, um período que exige das bibliotecas boas aptidões para a elaboração de cartazes alusivos à efeméride. Para apoio ao trabalho nessa área, damos início a uma série de publicações.

Hoje salientamos um conjunto de questões a considerar:

1. Um cartaz – para quê?

Num mundo cada vez mais repleto de informação, torna-se necessário encontrar formas de comunicar com eficácia.

A biblioteca escolar é, por inerência das suas práticas, um espaço de múltiplos acontecimentos, que se cruzam com tantas outras estruturas (internas e/ ou externas).  

Um bom CARTAZ é um recurso de divulgação e de informação que cumpre o seu papel com vantagem, quer seja publicado em formato digital, quer seja divulgado através de impressão, desde que sejam acauteladas algumas características fundamentais: simplicidade, equilíbrio texto+imagem, clareza da mensagem e impacto no público-alvo.

2. Um cartaz – quando?

As atividades anuais na biblioteca escolar são vastas e nem todas as iniciativas justificam a criação de um CARTAZ.

Não seria produtivo o uso de CARTAZ em todas as situações, pois, em excesso, provocaria o efeito contrário – não atingiria o seu objetivo, perdendo-se na sobrecarga de informação.

Porém, há casos em que é indicada a divulgação através deste objeto gráfico, pelo seu potencial comunicativo e apelativo.

Algumas vezes, o CARTAZ é o objetivo em si, por exemplo, em concursos ou em projetos que o incluem na sua planificação.

3. Um cartaz – como?

A conceção de um CARTAZ é, hoje, uma tarefa relativamente facilitada, pela diversidade de ferramentas digitais (offline e online) que temos ao nosso dispor. Existem inúmeros modelos que nos podem servir de base, em sítios gratuitos, bem como um manancial de imagens de livre acesso.

Porém, devemos ter cuidados especiais na seleção e disposição dos principais elementos que constituem um CARTAZ: formato, dimensão, composição, fundo, tipografia, imagens, logotipos, etc.

Dependendo da sua finalidade (divulgação, informação, chamada a participação, convite, …), há decisões que podem potenciar o seu papel ou, ao invés, anular e comprometer o produto final e o seu objetivo.

4. Um cartaz – para quem?

A biblioteca escolar concentra, frequentemente, o trabalho de divulgação, informação, solicitação de participação, etc. Funciona como um local de convergência de muitos atores do processo educativo nas nossas escolas, porque tem acervo documental, profissionais habilitados para orientar pesquisas (curadoria), meios e canais de divulgação privilegiados e uma missão naturalmente congregadora e dinamizadora.

A conceção e publicação de um cartaz, sempre que justificada, destina-se a quase toda a comunidade educativa, mas, sobretudo, aos nossos alunos. Estes podem ser, simultaneamente, destinatários e criadores. Esta é também uma das razões para darmos especial atenção à conceção do cartaz – estamos a criar modelos que estes podem vir a replicar.

Em breve, aprofundaremos um conjunto de questões importantes quanto à conceção de um cartaz.

 

📷Imagem criada em https://www.canva.com/ a partir de arte de Mohamed Hassan por Pixabay

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Seg | 16.09.24

Dominar o tempo: Soluções práticas para um(a) professor(a) bibliotecário(a) atarefado(a)

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Terminada a época de descanso, concluído o período de planificação e organização do ano letivo, eis de volta os destinatários primeiros do trabalho do professor bibliotecário e com eles a azáfama diária. Múltiplas são as tarefas que ocupam o seu quotidiano, de tal forma que facilmente se interrogam como acudir atempadamente a tudo o que exige a sua atenção.

Como bom gestor, uma das áreas críticas para o sucesso da ação do professor bibliotecário é a gestão eficaz e eficiente do tempo.

Gestão de tempo: o que é?

A gestão de tempo é uma habilidade de gestão que implica a boa alocação do tempo disponível para realizar tarefas e atingir objetivos. Ela abrange o processo de planificar, organizar, priorizar e controlar o modo como se usa o tempo para maximizar a produtividade e minimizar horas desperdiçadas. Implica sempre fazer escolhas deliberadas com base na urgência e importância das tarefas e permite evitar a procrastinação e identificar e eliminar hábitos de desperdício de tempo.

Porque é crucial?

Vários são os benefícios de uma boa gestão de tempo, que se refletem a nível profissional e pessoal:

  1. Diminuição do stress
    O atraso nos trabalhos ou a perceção de que o tempo não é suficiente para todas as tarefas causa instabilidade e stress. Se o tempo for bem administrado, é possível ter alguns momentos livres para imponderáveis que surgem e, ainda assim, manter os prazos em dia, reduzindo significativamente os níveis de stress.

  2. Melhoria da autodisciplina
    De um modo ou de outro, todos nós procrastinamos, mas quem tem a autodisciplina certa sabe exatamente quando pôr fim à procrastinação, evitar distrair-se e fazer um esforço consciente para retornar ao que estiver a fazer.

  3. Manutenção do foco
    Dedicar uma quantidade específica de tempo a um projeto ou tarefa evita a dispersão por várias ações em simultâneo, já que cada trabalho tem seu próprio intervalo de tempo. O agendamento das tarefas diárias para os momentos e locais mais adequados, ajuda a manter a atenção.

  4. Aumento da produtividade
    Uma boa gestão de tempo permite não esquecer as diferentes solicitações e executar cada uma a seu tempo, dentro do prazo necessário.

  5. Eficácia na tomada de decisões
    Quando se à pressa, é mais provável tomar-se a decisão errada. A gestão de tempo ajuda a tomar decisões de forma oportuna e bem informada.

  6. Aumento do equilíbrio entre vida pessoal e profissional
    O equilíbrio entre vida profissional e pessoal é crucial para não descurar nenhum dos lados da moeda. A gestão do tempo, ajuda a manter tudo sob controle.

Alguns truques que funcionam mesmo

Na sua maioria, o cargo de professor bibliotecário é assegurado por mulheres (cerca de 86%) e certamente já todos ouvimos o mito de que “elas” conseguem fazer tudo ao mesmo tempo 😂 😂, com altos níveis de sucesso❗❗❗Será❓Na verdade, o que os estudos na área da gestão de tempo têm mostrado é que o multitasking é altamente desaconselhado e tem fortes impactos negativos na produtividade. Fazer uma coisa de cada vez, de forma focada e consistente, é sem dúvida, a melhor forma de fazer (seja o que for).

Para uma boa gestão de tempo, considere adotar alguns dos hábitos abaixo e daqui a uns meses veremos em que ponto estamos.

  1. Faça listas de tarefas
    Elenque todas as ações que têm de ser realizadas, seja para um projeto ou para a realização de uma atividade, e coloque essas informações de forma que seja possível classificá-las para determinar aquelas que são mais relevantes. Priorize as tarefas, considerando urgências e importâncias.

  2. Defina prazos
    Definir prazos é importante para ter mais clareza sobre o tempo disponível para a realização das tarefas, tendo em vista o prazo de entrega das atividades. Conhecer os prazos ajuda a prever o tempo estimado e deixar espaço para a resolução de possíveis imprevistos.
    É tão bom riscar tarefas concluídas! Prefere em papel? Força. Digital é melhor? Há várias ferramentas de gestão de tempo à sua disposição.

  3. Use o seu calendário para tarefas
    Tente encaixar as tarefas no seu calendário. Se alguma coisa acontecer e não puder realizar a tarefa naquele momento, mova o evento para um novo horário. É muito fácil num calendário digital, no entanto, os que ainda preferem o analógico, podem usar a sua agenda e escrever a lápis.
    Vá ainda mais longe: no domingo à noite, planifique a sua semana, inserindo as suas tarefas mais importantes no seu calendário.

  4. Se demorar menos de dois minutos, faça logo
    Da próxima vez que estiver prestes a adicionar uma tarefa à sua lista de afazeres e achar que levaria menos de dois minutos para fazer, faça-a imediatamente. Fica arrumado e não pensa mais no assunto.

  5. Todas as manhãs, escreva apenas 1 a 3 coisas tem de realizar naquele dia
    Antes de abrir sua lista de tarefas — e definitivamente antes de começar a trabalhar — escolha de uma a três coisas que, se fizesse hoje (e não fizesse mais nada), fariam do seu dia um ótimo dia.
    Anote esses itens. Não escreva mais do que três. Melhor ainda, crie um tempo no seu calendário para trabalhar nesses itens todas as manhãs. Frequentemente acabamos por fazer muitas coisas fáceis em vez de uma a três que realmente deveríamos fazer.
    “Se o seu trabalho é comer um sapo, é melhor fazê-lo logo de manhã. E se o seu trabalho é comer dois sapos, é melhor comer o maior primeiro.” (Há quem diga que Mark Twain é o autor) [2]

  6. Estabeleça e proteja rigorosamente o tempo regular de trabalho profundo
    Qualquer trabalho efetivamente importante é “profundo" — trabalho focado, ininterrupto e cognitivamente exigente que desenvolve o seu cérebro.
    Leva tempo para se entrar num estado de trabalho profundo (30 a 60 minutos) e, muito importante, é preciso evitar distrações para permanecer nesse modo.
    Assim, é fundamental reservarmos algum tempo na semana para esse tipo de trabalho. Infelizmente, gasta-se muito tempo em "trabalho superficial" — tarefas cognitivamente exigentes, de estilo logístico, muitas vezes realizadas enquanto se está distraído. E isso é perfeitamente aceitável desde que se mantenha tempo suficiente para o trabalho profundo.

  7. Crie uma regra: Nenhuma reunião antes de [o mais tarde possível]
    Pode parecer absurdo, mas se se conseguir agendar reuniões apenas para a tarde, pode usar-se as manhãs (quando o cérebro está mais fresco) para trabalho generativo, criativo e profundo, tanto quanto possível. É difícil? Então que tal só um ou dois dias? Pense nisso!

  8. Mantenha o modo Não perturbe ativado
    Desligue todas as notificações, chamadas, SMS, etc., em todos os seus dispositivos.
    Vá ainda mais longe: remova fisicamente todas as distrações, por exemplo, colocando o telemóvel noutra sala 😏 para não se sentir tentado a consultar. Sabemos que a tentação de dar só uma espreitadela é bastante forte!

  9. Privilegie o trabalho assíncrono
    Sempre que possível, substitua uma reunião por trabalho assíncrono – um e-mail, por exemplo. Na maioria das vezes, uma reunião de 30 a 60 minutos pode ser substituída por uma tarefa de cinco ou dez minutos. Frequentemente, não é só o tempo da reunião que se desperdiça, é também o tempo antes da reunião (está quase na hora!), e o tempo depois da reunião.

  10. Diga não com mais frequência, mesmo quando for difícil
    Muito do esgotamento e sobrecarga não vem da falta de ferramentas e truques de produtividade, mas de assumir muito trabalho. Quanto mais se conseguir fazer a montante para tornar a carga de trabalho menos cheia, melhor fica tudo a jusante: identifique claramente os aspetos fundamentais do seu trabalho a que não pode deixar de dar atenção; aceite apenas as tarefas essenciais e explique claramente porque diz não, rejeite tarefas pouco significativas sem receios de magoar quem as pede.

Claro que estas são sugestões fantásticas para um gestor que trabalha num gabinete. No entanto, o professor bibliotecário, sendo um gestor, é também um professor e muito do que foi sugerido não pode ser aplicado liminarmente.

Tudo tem de ser devidamente encaixado nas inúmeras horas de coensino que dependem, naturalmente, dos horários das turmas com que é necessário trabalhar, assim como nos locais onde são desenvolvidas as diferentes atividades de que se ocupa. De qualquer das formas, ficam as sugestões, a aplicar q.b. e de acordo com o contexto.

Fica a ideia: pense na forma como usa o seu tempo e de que modo o pode despender de forma mais útil.

Tem outros truques? Quer contar-nos? Não se coíba. O espaço de comentários está à sua disposição. Juntos, somos mais fortes e a partilha leva-nos mais longe.

 

Referências:

[1] Herrity, J. (2024, 13 de setembro). 12 Benefits of Effective Time Management. https://www.indeed.com/career-advice/career-development/benefits-of-time-management

[2] Rachitsky, L. (2024, 13 de agosto). Time management techniques that actually work. https://www.lennysnewsletter.com/p/time-management-techniques-that-actually

[3] Rosa, F. (2022, 16 de dezembro). Ferramentas Para Organizar Tarefas e Ser Mais Produtivo. https://www.agenciamestre.com/ferramentas/gestao-do-tempo-e-ferramentas-de-produtividade/

[4] Zoloth, S. (2023, 2 de dezembro). Time Management: What Is It and Why Is It Important? https://www.nshss.org/resources/blog/blog-posts/time-management-what-is-it-and-why-is-it-important/

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Qui | 12.09.24

Manifesto da Internet da IFLA: Construir um melhor acesso digital com as bibliotecas

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No dia 5 de Agosto de 2024, uma década volvida desde que o último Manifesto da Internet da IFLA foi lançado, a instituição apresentou uma nova versão do mesmo [1], prometendo a sua revisão dentro de dois anos. Trata-se de um documento que une as vozes das bibliotecas em relação à Internet, fornece a sua visão da Internet que se pretende, defende o lugar das bibliotecas no espaço digital e apresenta uma série de recomendações para diferentes atores.

O Manifesto assenta nos seguintes princípios:

 

 

A conectividade deve ser significativa e universal:

  • Proteção de direitos: a Internet deve conectar as sociedades e promover os direitos e a autonomia dos indivíduos, permitindo-lhes participar plenamente na sociedade.
  • Acesso Adequado: todos devem ter acesso à Internet com velocidades adequadas, dispositivos acessíveis, preços razoáveis e confiabilidade, condições indispensáveis para se aproveitar a diversidade da experiência digital e as oportunidades de aprendizagem e empoderamento.

As bibliotecas devem constituir-se como infraestruturas digitais:

  • Espaços Democráticos: as bibliotecas são espaços democráticos que melhoram o acesso à informação para todos, incluindo os desfavorecidos digitalmente.
  • Parceiras na Inclusão Digital: as bibliotecas devem continuar a ser parceiras na construção de sociedades conectadas, sustentáveis e centradas nas pessoas.

A Internet deve ser centrada nas pessoas:

  • Conectividade Significativa: o acesso à Internet deve ser facilitador de liberdade, empoderamento e desenvolvimento.
  • Capacitação: todos devem ter a oportunidade de adquirir habilidades digitais, desde a alfabetização básica às habilidades técnicas e críticas avançadas.
  • Acesso à Informação: todos devem poder encontrar, aceder e aplicar a informação necessária online em termos razoáveis. O acesso a conteúdo relevante deve ser considerado um direito cultural.
  • Segurança e Privacidade: todos têm direito à segurança e privacidade online. Devem ser protegidos contra ameaças cibernéticas e conteúdo enganoso.
  • Inclusão e Respeito: todos devem poder participar no ambiente digital, independentemente da localização, crenças ou estatuto socioeconómico. Deve haver cuidado especial com grupos vulneráveis e respeito pelos sistemas de conhecimento indígenas.
  • Envolvimento: a Internet deve permitir comunicação e troca, superando barreiras e permitindo que as pessoas façam mais juntas do que sozinhas. As pessoas devem ter voz na governança da Internet.

O potencial da Internet corre o risco de ser limitado por:

  • Fragmentação: a Internet deve permitir o acesso a dados, informações e ideias de todo o mundo, acelerando a inovação e superando barreiras geográficas. Leis e políticas nacionais não coordenadas conduzem à fragmentação da Internet.
  • Desigualdade: a Internet e as tecnologias digitais devem ser acessíveis a todos para evitar a exclusão digital. Políticas e modelos de negócios que promovem a exclusão digital devem ser combatidos.
  • Prejuízo dos Direitos Humanos e ao Desenvolvimento: a Internet deve proteger e promover os direitos humanos. Políticas e práticas que minam a privacidade e a liberdade intelectual devem ser corrigidas.
  • Comercialização Excessiva: a Internet não deve ser dominada apenas por motivos financeiros. A busca pela domínio de mercado e a promoção de desinformação para maximizar a atenção são preocupações importantes.

É necessária uma forte governança da Internet:

  • Regulação Coordenada: a ação conjunta dos governos é essencial para evitar a fragmentação da Internet.
  • Regulação Abrangente e Focada em Resultados: é necessária uma abordagem coerente que apoie inclusão, educação e inovação. As leis dos direitos de autor devem ser atualizadas para a era digital, permitindo às bibliotecas manterem a sua missão.
  • Respeito pelos Direitos: as decisões sobre a Internet devem considerar os seus impactos nos direitos humanos e procurar ativamente alcançá-los.
  • Participação Democrática: a regulação deve ser transparente e participativa, com representação das bibliotecas nos processos de tomada de decisão.
  • Apoio a Iniciativas Comunitárias: as leis devem apoiar iniciativas comunitárias e bens públicos digitais.

O investimento na Internet deve ser:

  • Equitativo: devem ser feitos investimentos governamentais para superar barreiras e apoiar serviços e infraestruturas que o setor privado não suporta.
  • Relevante localmente: os investimentos devem responder às necessidades locais e permitir que cada comunidade aproveite ao máximo a Internet.
  • Abrangente: os investimentos devem alinhar-se com os princípios de uma Internet centrada nas pessoas, incluindo conectividade, competências, conteúdos e técnicos.
  • Apoio a infraestruturas públicas digitais: as bibliotecas devem fazer parte da capacitação digital e do apoio a bens públicos digitais.

Uma Sociedade da Informação inclusiva é suportada pelas bibliotecas:

  • Estratégias de cooperação digital: os governos devem colaborar com as bibliotecas para criar políticas locais relevantes e garantir melhor acesso à informação e participação cívica.
  • Conectando o próximo bilião: as bibliotecas fornecem acesso gratuito à Internet e dispositivos, atuando como pontos de conectividade para comunidades desfavorecidas.
  • Avanço das literacias digitais: o desenvolvimento de habilidades digitais é essencial para a governança da Internet e para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável.
  • Políticas e salvaguardas para IA: A colaboração com as bibliotecas para promover a compreensão das tecnologias emergentes e seus impactos é essencial.
  • Acesso a e-governo e economia digital: As bibliotecas devem ser centros cívicos que oferecem acesso a recursos estatais e suporte a empreendedores.
  • Integração digital de economias de baixo rendimento: As bibliotecas promovem os direitos de indivíduos vulneráveis, especialmente no Sul Global, e garantem a participação plena no espaço digital.
  • Parceria e impacto multinível: É imprescindível combinar os esforços de bibliotecas e outras partes interessadas para uma Internet centrada nas pessoas.

Referência

[1] IFLA. (2024). IFLA Internet Manifesto: Building better digital access with libraries. 2024 https://repository.ifla.org/items/69397ea2-f4f3-49bc-a5ef-342260f7a54c

📷IFLA Internet Manifesto – pormenor da capa

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