Re-word-it é um projeto fantástico que vale a pena explorar. É todo um programa de incentivo à escrita, à leitura, ao domínio das palavras e do seu universo de combinações, de significados, de ritmos, de imagens associadas…
‘Brincar a sério com as palavras’ é a forma como se nos apresenta (em https://re-word-it.wixsite.com/rewordit). E, em verdade, o próprio nome do projeto remete para um jogo de palavras e de sentidos.
Por um lado, há um convite à insistência, à revisitação de cada palavra. Porque um (bom) texto não se faz sem o apurar de uma ideia por sucessivas revisões dos esboços iniciais; e porque dominar da arte da escrita não se faz sem perseverança, sem um exercitar continuado e entusiasta.
Mas, por outro lado, há em ‘re-word it’ a insinuação de uma recompensa, no trocadilho com o verbo reward. E ela existe de facto! É o crescimento interior, o alargar de horizontes, o enriquecimento cognitivo, afetivo, relacional que essa ‘séria brincadeira’ consegue proporcionar.
A ‘visão’ de que o projeto se reclama é tão clara que vale a pena citá-la: “Priorizar a escrita e a leitura ao trabalhar a inteligência cognitiva e emocional, focados na atenção e na motivação para o desenvolvimento da criatividade e da curiosidade enquanto âncoras da aprendizagem”. Assim se condensam as várias dimensões que encontramos depois, explanadas com mais detalhe:
- Recuperar o prazer na escrita – porque sim, é preciso recuperá-lo! – utilizando desafios de desbloqueio, para alunos de todas as idades.
- Fomentar a criação de hábitos de leitura, usando textos escolhidos por cada leitor, discutidos em contextos de grupo, mas incentivando, ao mesmo tempo, a curiosidade pela leitura silenciosa individual.
- Exercitar a atenção e a concentração, não com imperativos cuja rigidez bloqueia, mas, pelo contrário, usando a descontração como instrumento, de modo a que verdadeiras aprendizagens possam ocorrer.
- Estimular o exercício da audição interior, explorando a fluidez dos textos, e associando memória com emoção.
- Trabalhar a metacognição – pensar sobre o pensamento – permitindo que cada aluno se observe e intervenha na sua própria evolução, promovendo, assim, a sua autonomia e motivação.
Na coordenação, Margarida Fonseca Santos, escritora e formadora com ligações à música, que há tantos anos trabalha nesta área. Associou-se-lhe Isabel Peixeiro, uma formadora e escritora com formação em biologia. Rosário Ribeiro e Paula Isidoro completam a equipe.
O projeto disponibiliza aulas continuadas e cursos para todas as idades – crianças, jovens, pais, educadores, professores; e possibilita o acesso a materiais didáticos, livros, guiões de leitura, toda uma gama de jogos e desafios adequados a diferentes necessidades, objetivos, níveis etários, etc.
Um dos desafios criado por Margarida Fonseca Santos, que já se tornou emblemático, é o das ‘Histórias em 77 palavras’, um projeto que tem o seu próprio sítio web (https://77palavras.blogspot.com/).
77 é uma espécie de número mágico: não é demais, não é de menos; é a quantidade certa de palavras para que um texto seja suficientemente curto para não intimidar, permitindo soltar a imaginação, mas não tão curto que não possibilite o desenvolvimento de um enredo ou de uma ideia com estrutura e consistência.
Quem se lança no desafio tenderá, naturalmente, a escrever mais do que 77 palavras. O objetivo é então que se façam sucessivas revisões, e nesse apuramento vão-se limando arestas, dispensando o que estava a mais ou podia dizer-se com mais clareza, porque a concisão é sinal de apuramento.
Atingir esse ‘número mágico’, em todo o caso, é apenas o pretexto da caminhada. O importante é o processo, a exercitação da escrita. Porque a criatividade não se encontra apenas numa ideia inicial que nos ocorra num momento inspirado. A criatividade é necessária, também, a cada passo da procura laboriosa da melhor palavra, da melhor expressão, do melhor encadeamento narrativo. “A inspiração existe, mas tem que te encontrar trabalhando”. Esta frase atribuída a Pablo Picasso, podia bem ter sido dita a respeito da escrita.
Não nos restam dúvidas do bem que fazem estes desafios, como exercício, como partilha, como pretexto lúdico. Por essa razão, fizemos, a Margarida Fonseca Santos, um pedido que prontamente aceitou: dedicar um desafio de 77 palavras à nossa Rede.
Dedica-lo aos professores bibliotecários, aos alunos, a todos quantos trabalham e vivem nas bibliotecas das nossas escolas. Um desafio-presente, em homenagem aos que tanto fazem pela leitura e pela escrita.
Assim, com um grande bem-haja à Margarida Fonseca Santos e à sua equipa, temos o prazer de anunciar que, neste dia 30 de abril, o tema do ‘desafio das 77 palavras’ é:
Todos os que dão vida, rosto e alento às bibliotecas escolares estão convidados. Esperamos que o aceitem com tanto prazer quanto o que nos deu prepará-lo.
A Biblioteca da Escola Secundária Júlio Dinis, em Ovar, promove o Concurso literário e de Ilustração "Júlio Dinis em Ovar", em parceria com a Câmara Municipal de Ovar e a Rede de Bibliotecas Escolares.
O concurso integra-se no programa cultural e evocativo que está a ser desenvolvido para assinalar os 150 anos do falecimento de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, mais conhecido pelo pseudónimo Júlio Dinis.
Este programa agrega um vasto conjunto de iniciativas e eventos, organizados pela autarquia através do Museu Júlio Dinis – Uma Casa Ovarense, em parceria com investigadores e entidades relacionadas com o estudo e a promoção da vida e a obra do médico e escritor a homenagear.
O concurso, intitulado Júlio Dinis em Ovar, tem como objetivo recriar, numa vertente literária e artística, o conteúdo das obras dinisianas mais marcantes no contexto ovarense, numa iniciativa que associa as artes ao valor da leitura, através da apresentação de trabalhos originais e inéditos nas áreas da escrita e da ilustração.
Os trabalhos selecionados pelo júri serão expostos no Museu Júlio Dinis – Uma Casa Ovarense, e os premiados serão divulgados no dia 12 de setembro de 2021, num evento integrado no Festival Literário de Ovar.
O Pacto Ecológico Europeu é o novo modelo económico e de sociedade proposto pela Comissão Europeia e que nos ajuda a dar o salto ambicioso, mas urgente, para um desenvolvimento realmente mais sustentável em todas as áreas da nossa vida comum. Todas as ações e políticas da UE são alinhadas para contribuir para os seus objetivos. A cultura e o património são, mais que um setor, elementos essenciais na nossa identidade, diversa e comum. No dia 22 de março foi lançado o Livro Verde sobre o Património Cultural Europeu que confirma como o património comum da Europa está no centro do Pacto Ecológico Europeu e pode ser essencial nesta transição.
O Pacto Ecológico Europeu foi concebido para enfrentar os desafios climáticos e ambientais que são a tarefa determinante desta geração. O futuro do património cultural europeu depende do seu êxito. Ao mesmo tempo, os valores comuns da Europa e o património comum oferecem um potencial inegável para ajudar a cumprir a missão do Pacto Ecológico. É por esta razão que o património cultural é essencial para o êxito do Pacto Ecológico Europeu. O Livro Verde sobre o Património Cultural Europeu visa integrar o património cultural na ação climática e inspirar a mobilização da comunidade do património para uma ação climática transformadora.
O presente documento pioneiro demonstra a importância do património cultural para a consecução dos ambiciosos objetivos do Pacto Ecológico Europeu. O Livro apresenta uma correlação entre as capacidades do património cultural e todos os domínios fundamentais do Pacto Ecológico Europeu, incluindo a energia limpa, a economia circular, a vaga de renovação, a mobilidade inteligente, o financiamento do prado ao prato, o financiamento verde e uma transição justa, a investigação e a inovação, a educação e a formação, bem como a diplomacia do Pacto Ecológico. São também identificados potenciais conflitos entre a salvaguarda do património e a ação do Pacto Ecológico Europeu, bem como estratégias vantajosas para ambas as partes para superar esses conflitos.
A ligação da cultura à transição ambiental e à necessária mobilização de todos para a mudança está subjacente também na recém-lançada iniciativa do novo Bauhaus europeu da Comissão Europeia [1], anunciada pela presidente Ursula von der Leyen no seu discurso sobre o estado da União de 2020. Se os instrumentos financeiros como o NextGenerationEU e as várias propostas políticas são essenciais para acelerar os objetivos da sustentabilidade, é preciso um novo projeto cultural para a Europa. O novo Bauhaus europeu é uma iniciativa de cocriação interdisciplinar, juntando o poder da criatividade e do design para encontrar formas futuras de viver, de produzir e consumir, de viajar, de usar energia, de nos relacionarmos, no cruzamento entre arte, cultura, inclusão social, ciência e tecnologia. É um projeto para todas as regiões e todos os cantos da Europa. Trata-se de um projeto ambiental, económico e cultural que visa combinar a conceção, a sustentabilidade, a disponibilidade, a acessibilidade de preços e o investimento, a fim de ajudar a concretizar o Pacto Ecológico Europeu das pessoas. Fazer das grandes mudanças um processo de todos. Por conseguinte, os seus valores fundamentais são, a sustentabilidade, a estética e a inclusividade. Esta semana daremos dois grandes passos neste projeto com uma primeira Conferência de lançamento e a abertura do respetivo Prémio.
Neste sentido de incentivo à participação, aproveito para convidá-los a descobrir a plataforma digital multilingue em futureu.europa.eu, o núcleo central da Conferência sobre o Futuro da Europa, lançada a 19 de abril. A Conferência sobre o Futuro da Europa faz parte do compromisso da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de dar mais voz aos europeus sobre a ação da UE e de reforçar a ligação entre eles e as instituições que os servem. É um exercício sem precedentes, aberto e inclusivo, de democracia deliberativa. Coloca no centro os cidadãos de todos os quadrantes e de toda a Europa. Convido-vos a todos a fazerem ouvir a vossa voz e acompanhar este tema com os marcadores #TheFutureIsYours e #OFuturoéTeu.
Cada lugar tem uma identidade única e é esse conjunto e essa diversidade que cria a rica cultura europeia. A cultura, o património e a criatividade são importantes condutores da inovação e da mudança. E é nesta participação conjunta que podemos transformar melhor e juntos, rumo à sociedade que queremos.
Nota:
[1] Ler a propósito o artigo de Sofia Colares Alves, Uma nova Bauhaus europeia, publicado no dia 18/11/2020.
Considerando a biblioteca escolar como um centro de ensino e aprendizagem que desenvolve um programa educativo integrado nos conteúdos curriculares, a promoção e acompanhamento de projetos colaborativos nacionais e internacionais ajuda a promover a interdisciplinaridade e a inserção das crianças num trabalho de grupo com base na cooperação. Como tal, a biblioteca promove e acompanha o desenvolvimento de projetos eTwinning e tem um papel importante no desenvolvimento dos mesmos, uma vez que: dá apoio aos professores na planificação e desenvolvimento das atividades; disponibiliza e apoia a utilização de ferramentas digitais; ajuda estabelecer “pontes” para um trabalho integrado e relacionado com o projeto educativo da escola; ajuda na divulgação das atividades e na formação de professores.
Era uma vez… é desta forma, “puxando a brasa à sua sardinha”, que a biblioteca inicia e apoia muitos dos projetos colaborativos.
A obra literária, apresentada em sessões de leitura, como motor que impulsiona e dá vida, à problemática dos projetos. A magia, o encantamento das histórias a promover a motivação para o trabalho colaborativo de várias escolas e países. E como muitas vezes se consegue a mesma obra com tradução em diferentes línguas, o quadro ganha mais vida com a paleta de cores que cada um utiliza.
Uma bela “Sopa de Nada” foi o prato que alimentou o projeto “Elos de Leitura com Sopa de Nada”. Este projeto promoveu um trabalho colaborativo, de alunos e professores portugueses e espanhóis, aos quais se juntaram diferentes instituições, e que proporcionou múltiplas experiências pedagógicas e excelentes aprendizagens.
No projeto “Leituras por um fio” foi a leitura do livro, “História da Aranha Leopoldina” que nos motivou para uma nova aventura. Através da história da Leopoldina, uma aranha que em vez de fazer teia, queria fazer meia, os alunos aprenderam que há diferentes formas de viver a vida, de aprender e de mudar o mundo.
E com uma visita ao “Jardim do Arco-íris”, na hora conto, encontramos motivação para construir “Um jardim florido na raia”, inspirando-nos nas qualidades da formiga Mari e da borboleta Didi: ser persistentes e decididas. Mesmo na altura do E@D não baixamos os braços e o nosso jardim deu lindíssimas flores.
E para terminar, numa época em precisamos tanto de retomar os abraços, é com o livro “A Maior Flor do Mundo” que o nosso abraço vai acontecer, no projeto “Um livro… Uma flor… Um abraço…”. Um abraço de alunos, professores, pais e comunidade escolar, para saudar a aprendizagem e a criatividade.
Os projetos apresentados foram dinamizados com o apoio da Biblioteca Escolar e contribuíram para a aproximação de três cidades vizinhas (Badajoz, Elvas e Campo Maior - EUROBEC), que se fundiram numa Eurocidade. Contribuíram ainda, para promover a valorização do património (local e global), estimular a criatividade, desenvolver o gosto por diferentes manifestações culturais e criativas, enquanto marca distintiva da humanidade.
O PesquisOAz é um campeonato que nasceu na Biblioteca Escolar da escola sede do Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro, em Oliveira de Azeméis. Levada a ideia para as reuniões de rede concelhia, rapidamente ganhou projeção e passou a assumir-se como iniciativa concelhia, promovida pelas bibliotecas escolares do concelho, em parceria com o CFAE AVCOA, a Biblioteca Municipal Ferreira de Castro e a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, que o patrocina.
Trata-se de um campeonato de pesquisa, seleção e avaliação de fontes de informação em linha que viu o seu início no ano letivo 2018/ 2019 e que, numa primeira fase, apenas se destinava a alunos do 3.º ciclo e do ensino secundário. Compreende duas fases, a de escola e a final, e, em 2019/ 2020, no que seria a 2.ª edição, apenas foi possível realizar a fase de escola, dado o contexto pandémico. Este ano letivo, amadurecidas soluções, regressa enquanto 2.ª edição, já que a anterior não se concluiu, mas é alargado ao 2.º ciclo e às escolas/bibliotecas escolares dos concelhos de Entre Douro e Vouga (S. João da Madeira, Arouca, Castelo de Paiva, Espinho, Vale de Cambra, Santa Maria da Feira). Continua a compreender duas fases, mas, atendendo ao contexto atual, passa temporariamente a funcionar totalmente em linha e as participações são singulares, ao invés de em pares. A festa final, que reúne todos os participantes e onde são anunciados os vencedores, terá também, este ano, um formato distinto.
Este campeonato visa o desenvolvimento de competências de literacia da informação, tendo por referência o Perfil dos Alunos à saída da Escolaridade Obrigatória, nas Áreas da Informação e Comunicação e Raciocínio e Resolução de Problemas, bem como o Referencial Aprender com a Biblioteca Escolar.
As bibliotecas escolares participantes recebem um Guião de Formação PesquisOAz, já que a fase de escola prevê que o Professor Bibliotecário faça formação prévia com os alunos, e um bloco de treino (com desafios distintos dos que irão enfrentar mas de estrutura idêntica).
O campeonato decorre na plataforma Quizizz, em ambas as fases. Os conteúdos abordados nos desafios decorrem, por ora, do trabalho colaborativo dos Professores Bibliotecários do concelho de Oliveira de Azeméis que selecionam aqueles que consideram mais pertinentes, tendo em conta a sua experiência de trabalho com os alunos e com os docentes e as necessidades que vão registando, prevendo-se, futuramente, a participação de todas as Bibliotecas Escolares participantes neste momento preparatório. Pretende-se, essencialmente, que estes conteúdos vão ao encontro de necessidades de âmbito curricular.
As inscrições foram já lançadas nas diversas bibliotecas escolares, estando em curso a formação, com as eliminatórias nas escolas a decorrerem até 7 de maio, sendo que a fase final e a divulgação de resultados estão previstas para 21 e 24 de maio, respetivamente. Para melhor perceber a dinâmica do projeto, vale a pena espreitar o site de apoio ao projeto.
Em futuras edições está ainda previsto o alargamento ao 1.º ciclo, com as devidas adaptações.
No mundo interconectado e em veloz transformação, não se pode esperar o futuro como extensão do presente, mas como incerteza, imprevisibilidade, da qual a pandemia Covid 19 é exemplo. É com lentidão que a educação se adapta às possibilidades da internet, à inteligência artificial e à Quarta Revolução Industrial. Daí perguntar-se: quando o conhecimento é omnipresente, gratuito e à medida de cada um, como educar para uma realidade que desconhecemos?
Provavelmente já não precisamos ensinar rios e montanhas de Portugal ou cronologia dos Descobrimentos, mas precisamos que as crianças e jovens aprendam a pensar e a desenvolver soluções criativas para um problema, identificar informação relevante e ler criticamente notícias, construir um portfólio e desenvolver um projeto, discutir e comunicar em público, falando fluentemente diferentes línguas e usando vários media, ajudar colegas e a associação local, nadar ou brincar.
Segundo Ken Robinson 1 para educar para a imprevisibilidade é preciso fomentar a criatividade - capacidade de ter ideias originais com valor social - e as artes, tão importantes como aprender a ler e escrever. Quando chegam à escola, as crianças são criativas, mas “a escola mata a criatividade” porque as prepara para um modelo de aprendizagem académico, verbal e lógico-matemático que incide a sua ação na cabeça, esquecendo o resto do corpo. É assim que currículos do mundo inteiro privilegiam matemáticas, ciências e línguas e desprezam educação física e artes e, dentro das artes, também criam hierarquias: artes visuais e música têm estatuto mais elevado do que teatro ou dança - “Não há um sistema educacional no planeta que ensine dança todos os dias às crianças da mesma forma que ensina matemática. Por quê? Por que não? 2”
Para Howard Gardner, autor da Teoria das Inteligências Múltiplas (MI), a criatividade tem duas características principais: exige domínio aprofundado da matéria e é, não uma inteligência independente, mas uma característica da personalidade associada ao gosto em correr riscos, não ter medo de falhar e tentar novamente, ser atraído pelo desconhecido, ir além do status quo4. Este traço de personalidade pode manifestar-se em diversas inteligências independentes entre si que, para o psicólogo da Harvard School of Education, são sete principais:
- Verbal ou linguística, manifesta em escritores como Agustina Bessa-luís ou jornalistas como Fátima Ferreira;
- Lógico-matemática, em cientistas como Elvira Fortunato ou Vítor Cardoso;
- Visual ou espacial, em pintoras como Sarah Afonso e arquitetos como Souto Moura;
- Musical, em maestros como Joana Carneiro;
- Cinestésica e física, em bailarinos como António Casalinho e futebolistas como Jéssica Silva;
- Interpessoal, em líderes como António Guterres;
- Intrapessoal [capacidade de se conhecer a si próprio], em terapeutas como Júlio Machado Vaz.
Segundo Gardner todos os seres humanos possuem todas estas inteligências/ talentos num certo grau, mas o modo, estilo e contexto com que cada um as combina e aprende é diverso, razão pela qual é preciso centrar a educação no indivíduo e suas diferenças, seguindo uma abordagem personalizada e desenvolver estratégias de aprendizagem diversificadas: histórias, debates, jogos, filmes, diagramas, exercícios práticos, dramatizações, visitas guiadas… Habitualmente estas inteligências manifestam-se de forma articulada - a inteligência tecnológica resulta da combinação entre as inteligências lógica, espacial e física e o humor das inteligências lógica e intrapessoal – e desta interação gera-se criatividade. Outro aspeto a destacar é que “As crianças [sobretudo as mais novas, abaixo dos 10 anos] aprendem melhor quando estão ativamente envolvidas na matéria; elas querem trabalhar diretamente com materiais e media; nas artes estas forças e inclinações traduzem-se quase sempre em fazer/ produzir algo” 5. Também é importante que a aprendizagem seja significativa, que o currículo se enraíze em temas-problemas e materiais ligados à vida das crianças. Sobre a construção de portefólios -“processfolios”, termo que prefere - de que é adepto, Gardner sugere que integrem não apenas os melhores trabalhos, pelos quais o estudante seria julgado numa competição, mas o trabalho integral em curso - “esboços provisórios, críticas de si próprio e de outros, obras de arte de outros que admira ou não gosta”, devendo expressar a consciência sobre suas forças e fraquezas, capacidade de refletir com rigor, autocriticar-se e fazer uso de críticas dos outros, identificar e resolver novos problemas, estabelecer marcos de desenvolvimento pessoal 6.
Na escola, a biblioteca distingue-se dos outros espaços de sala de aula por dispor de oportunidades para desenvolver a inteligência de modo integral. Esta é a descrição de Gardner de uma das primeiras bibliotecas escolares MI7:
“a expressão biblioteca de múltiplas inteligências parece um oxímoro porque as bibliotecas sugerem a hegemonia de livros e, portanto, de uma ou duas inteligências. De facto, a biblioteca MI [da New City School em St. Louis, Escola Básica do Estado de Missouri, EUA] tem generosamente guardados livros, quer para as crianças, quer para os pais e adultos interessados. Os livros são organizados tendo em vista as inteligências que o seu conteúdo implica. Mas o que torna a biblioteca diferente é o seu aprovisionamento de uma variedade de ambientes de aprendizagem nos quais as crianças podem exibir e desenvolver várias inteligências – áreas para desenhar e fazer construções tridimensionais; para criar em filmes e media digitais; para espetáculos de teatro; para explorações musicais; para trabalho de grupo para as crianças, tal como áreas confortáveis onde os adultos se podem sentar, relaxar (…) ler sozinhos ou com as suas crianças.”
Fundador do Projeto Spectrum8, Gardner trabalha no sentido de desenvolver em cada criança um perfil de competências ou espectro de inteligências dinâmico, por meio da educação e ambientes ricos em recursos e atividades.
No futuro considera que o desafio da sociedade não está tanto em formar indivíduos mais inteligentes, mas em humanizar a inteligência, dando-lhe um sentido de responsabilidade ética, de modo a que os fins que a dirigem sejam orientados para a prática universal do bem 9. Desenvolver um modelo de aprendizagem holístico centrado no relacionamento deverá ser uma tendência a aprofundar.
A RBE estabeleceu há 9 anos uma parceria com a Escola Virtual, por acreditar que esta plataforma é de grande utilidade para todos os alunos.
O Plano Bibliotecas Escolares foi pensado para disponibilizar às bibliotecas as mais-valias da Escola Virtual. Com conteúdos desde o pré-escolar até ao 12.º ano e ensino profissional, a Escola Virtual alia a tecnologia ao ensino e à aprendizagem e a cada ano melhora a oferta e a diversidade de recursos. É um serviço educativo digital, que permite que os alunos possam recorrer à autoaprendizagem e tenham à disposição recursos interessantes que incentivam o estudo.
NOVIDADES
OBRAS LITERÁRIAS DIGITAIS
Na área ‘Biblioteca’ vai encontrar a versão digital de muitas obras literárias, de leitura recomendada.
ENSINO PROFISSIONAL
Foram desenvolvidos recursos para esta tipologia de ensino, com um total de 13 novas disciplinas.
RECURSOS INTERATIVOS
Os alunos dispõem de várias tipologias de recursos interativos, desde aulas, testes, exercícios, interatividades, vídeos, tutoriais, animações.
O que os alunos aprendem nas aulas podem consolidar na biblioteca da sua escola.
ÁREA “MEU FUTURO”
Área de exploração vocacional direcionada a alunos do 3.º Ciclo e Secundário, onde podem explorar vídeos sobre centenas de profissões. Através de quizzes, os alunos vão ter uma ajuda complementar para traçar o seu perfil.
JOGO “EU LEIO” É um jogo para crianças que estão a iniciar o seu percurso escolar ou evidenciem dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita.
Este ano, a Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) escolheu os ilustradores Susana Diniz e Pedro Semeano para conceberem a imagem do cartazde comemoração. A dupla, conhecida por Adamastor, obteve uma Menção Especial do Prémio Nacional de Ilustração em 2020. O Dia Mundial do Livro é comemorado desde 1996 por decisão da UNESCO.
O mundo inconstante e plural em que vivemos exige-nos, frequentemente, a criação, gestão e avaliação de projetos, pessoais ou profissionais. Também em educação a utilização do trabalho de projeto é cada vez mais frequente, pois coloca o aluno no centro da sua própria aprendizagem. O projeto permite desenvolver competências consideradas essenciais para a vida em sociedade, nomeadamente o de enfrentar problemas complexos, para além das vantagens que traz ao nível da motivação, cooperação com os outros ou resolução de problemas.
A abordagem por projeto leva o aluno a conceber, organizar e avaliar projetos, favorecendo situações de aprendizagem com significado (Perrenoud, 1999). Para além disso, o projeto mobiliza os alunos, pois apoia-se em situações concretas, isto é, em práticas sociais que favorecem a autonomia e a capacidade de fazer escolhas e de negociar. Desta forma, fomenta a diferenciação pedagógica, porque se adapta à heterogeneidade do grupo turma e ajuda os alunos a terem confiança nas suas capacidades e a desenvolverem o espírito de cooperação e de equipa, pois, em conjunto, têm de resolver problemas, gerando processos de socialização e de transformação da relação com o saber.
O que é o trabalho de projeto?
O trabalho de projeto é uma abordagem pedagógica, realizada num contexto que se caracteriza pela interação entre pares e pela autorregulação, através da qual os alunos, ao realizarem de forma ativa e autónoma, sob a supervisão do professor, um conjunto de atividades que planearam, com vista à consecução de um determinado projeto que responde a um problema de partida, desenvolvem competências, não só específicas de determinadas áreas do saber, mas sobretudo transversais, num processo de aprendizagem contínuo que lhes permite atribuir sentido às suas aprendizagens (Ferreira Rodrigues, 2005).
Esta definição realça:
- a importância do contexto e da interação entre os alunos e o próprio professor, que assume um papel de supervisor, de mediador;
- o papel da autorregulação, essencial para avaliar o processo de realização do projeto, tendo em conta a consecução dos objetivos definidos, e para orientar a tomada de decisões dos alunos;
- o desenvolvimento de competências, não só específicas de determinadas áreas curriculares, mas sobretudo transversais, isto é, metodológicas, sociais, intelectuais;
- a passagem da intenção, isto é, da planificação, ao resultado, à consecução do projeto, que se traduz num produto final.
Como se implementa?
As etapas propostas por Ferreira Rodrigues (2005) para a realização de um trabalho de projeto são apresentadas na figura abaixo.
Figura 1 – Etapas do trabalho de projeto
Apresenta-se de seguida cada uma destas fases.
Fase 1 - Escolha do Problema
Esta fase inicial é essencial para o sucesso de qualquer projeto. Nesse sentido, é importante que o problema definido seja:
significativo, pertinente e desafiante, para que os alunos invistam na sua realização;
exequível, isto é, os alunos devem ser confrontados com situações resolúveis, pelo que se deve ter em conta, entre outros, o grau de complexidade, as características dos alunos, os recursos e o tempo disponíveis;
real, pois só assim os alunos se envolverão na descoberta de pistas, explorando ideias, discutindo e pondo em questão a sua própria maneira de pensar e a dos outros, validando resultados.
A resolução de problemas é aqui vista na aceção de Polya (1994), para quem resolver um problema é descobrir um modo desconhecido, encontrar uma forma de contornar um obstáculo, atingir um fim desejado.
Fase 2 - Formulação de problemas parcelares
Após a escolha do problema a trabalhar, os grupos, previamente formados, deverão reunir, para definir problemas parcelares, que devem levar à resolução do problema central, com base em:
análise do problema apresentado,
discussão de propostas individuais,
negociação de propostas,
formulação de objetivos.
A formulação de problemas parcelares é importante, pois, para além de facilitar a distribuição de tarefas no seio do grupo, permite delimitar claramente o campo de investigação. Estes problemas parcelares devem ser apresentados e discutidos em plenário, procedendo-se à sua validação.
Fase 3 - Preparação e planificação do trabalho
Nesta fase, o grupo deve estabelecer a estratégia a seguir e para isso é preciso que haja:
definição de regras claras de funcionamento;
distribuição de papéis e de tarefas;
organização de subgrupos de trabalho, se necessário;
gestão dos recursos existentes;
definição de mecanismos de controlo.
A planificação é essencial para o sucesso do projeto, pelo que os alunos deverão planificar cuidadosamente o trabalho a realizar, em cada etapa, tendo em conta as características individuais de cada elemento do grupo, os recursos existentes, o tempo disponível, bem como o próprio contexto e os objetivos a atingir. É também nesta fase que os alunos distribuem tarefas, escolhem modos de regulação do funcionamento do grupo, definem o calendário de trabalho e os métodos a utilizar para a recolha de dados.
Fase 4 - Pesquisa e tratamento da informação recolhida
O período de pesquisa e tratamento da informação recolhida implica o acesso a fontes diversificadas, que permitam a recolha de todos os elementos necessários. Para isso, os alunos devem fazer um inventário de todos os recursos existentes, tendo em conta a sua adequação aos objetivos do projeto. O professor assume nesta fase um papel importante, pois, para além de sugerir recursos complementares, deve levar os alunos a refletir sobre a pertinência dos recursos que escolheram. Para o tratamento da informação recolhida, os alunos devem traduzir fielmente as informações pertinentes, indicando as suas fontes; distinguir o essencial do acessório; estruturar a informação recolhida com base nos problemas parcelares definidos e com vista à sua resolução.
Este é o tempo propício para a aquisição de saberes. É, por excelência, o período de experimentação, em que os alunos desenvolvem competências metodológicas, como a observação, a tomada de notas e a análise dos dados. É também nesta fase que se efetua a análise, comparação e seleção dos dados recolhidos.
Fase 5 – Preparação da apresentação
Após a fase de pesquisa e tratamento da informação, o grupo está preparado para apresentar e discutir os resultados alcançados, isto é para propor a resolução para os problemas definidos. Para isso, tem de preparar a apresentação do seu projeto, planificando-a, com base nos objetivos, os meios disponíveis, o público-alvo e o tempo disponível. O professor deve facultar aos alunos a informação sobre os vários tipos e modalidades de apresentação existentes, para que estes possam escolher a que melhor se adequa ao seu projeto.
Fase 6 - Apresentação
Esta é uma etapa muito importante, pois o grupo transmite aos outros o resultado do seu projeto, isto é a concretização de uma intenção do grupo e assume, por isso, uma dupla função, social e formadora. Desta forma, valoriza-se não só o trabalho do grupo, evidenciando-se as capacidades de comunicação, individuais ou coletivas, mas também a obra realizada e a sua utilidade.
Fase 7 - Avaliação Global
A avaliação decorre ao longo de todo o projeto, sempre com carácter formativo e regulador. Deve privilegiar-se, sobretudo, a autoavaliação e a coavaliação, isto é a avaliação pelos outros. Esta avaliação pode ser efetuada de variadíssimas formas, dependendo dos objetivos que se pretendem alcançar, de que são exemplo os relatórios, os diários, os portfolios ou as grelhas de verificação.
A avaliação final, que deve ser promovida nesta etapa do projeto, com base nos critérios de avaliação previamente definidos e discutidos com os alunos, é um tempo de reflexão e reajustamento, tendo em conta os objetivos definidos e os resultados alcançados, quer pelo aluno e pelo grupo, quer pela turma e pelo próprio professor.
Deve avaliar-se não só o produto final e a sua adequação aos objetivos inicialmente definidos, mas também todo o processo de realização do projeto, quer do ponto de vista dos alunos, quer do professor, ou seja, as aprendizagens efetuadas, e as competências desenvolvidas, ao nível cognitivo, afetivo, interpessoal, comunicacional e metodológico (Proulx, 2004).
Esta proposta, bem como as etapas que a constituem, é apenas indicativa, visto que cada projeto tem características próprias e condicionantes que estão dependentes não só do contexto em que se inserem e dos atores que o realizam, mas também dos objetivos delineados para esse projeto.
Qual o papel da biblioteca escolar?
A biblioteca escolar pode contribuir de forma significativa para a implementação desta metodologia, nas suas várias fases:
- favorece o contacto dos alunos com fontes de informação diversificadas, apoiando o tratamento da informação;
- fomenta a utilização de ferramentas digitais adequadas a cada momento do trabalho e às características dos alunos e do projeto;
- apoia os alunos na criação de artefactos digitais, sobretudo para a apresentação do projeto;
- apoia os professores ao longo do projeto, nomeadamente na (co)avaliação formativa, que é transversal a todo o projeto.
- …
Referências
Ferreira Rodrigues, A. P. (2005). Desenvolver competências através de projetos: Os contributos da área de projeto. Um estudo de caso (Tese de Mestrado). Lisboa: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa.
Perrenoud, P. (1999). Apprendre à l’école à travers des projets: Pourquoi? Comment ?. Acedido em 15/04/2021 em https://bit.ly/3tErKgr
Polya, G. (1994). Comment poser et résoudre un problème. Sceaux : Éditions Jacques Gabay.
Proulx, J. (2004). Apprentissage par projet. Québec : Presses de l’Université du Québec.
Aproxima-se o momento para o qual nos preparámos ao longo deste ano: finalmente os “miúdos” vão votar nos seus livros preferidos. Depois da campanha possível decorrente da situação epidemiológica da doença COVID-19, no dia 27 de abril, é o dia da eleição nacional.
Sabemos que vivemos tempos estranhos que nos exigem uma adaptabilidade permanente mas, paralelamente à promoção da leitura, esta é uma atividade de cidadania que privilegia a participação dos alunos em todas as etapas do processo, pelo que se apela à vontade dos professores responsáveis para que esta possa continuar a acontecer na medida do possível.
O voto é um direito e um dever. Da mesma forma que deve ser dada oportunidade de votar a todos os alunos da escola, nenhum aluno deve ser coagido a votar caso entenda não o fazer.
De acordo com o regulamento, a votação poderá ser organizada por cada escola, de acordo com diferentes modalidades. A votação pode ser realizada na habitual assembleia de voto, que corresponde a um espaço na escola onde deverá haver uma urna de voto por cada ciclo/ nível de ensino. Nos casos em que não seja possível criar as condições de segurança sanitária para a implementação de a assembleia de voto, a escola pode optar pela recolha de votos porta a porta, em cada turma/ sala de aula, através de uma urna móvel por cada ciclo/ nível de ensino. Se não for possível a votação presencial, a escola pode organizar uma votação eletrónica. Neste caso, o boletim de voto pode ser transposto para um formulário, utilizando as plataformas digitais adotadas na escola, facultando o direito de votar a todos os alunos desde que se salvaguarde, tal como nas outras modalidades, a unicidade do voto e o seu anonimato.
Qualquer que seja a modalidade escolhida, deverá ser fixado e comunicado aos alunos um horário para a votação.
O boletim de voto é o fornecido pela organização (em anexo) e terá de conter o nome de todos os livros que vão a votos no respetivo ciclo de ensino. Caso seja transposto para um formulário online deve seguir a ordem e a informação constante dos respetivos boletins de votos.
Tal como aconteceu nas edições anteriores, é necessário que existam cadernos eleitorais (corresponderão às pautas das turmas), onde se vai anotando quem já votou, de forma a que, no final, seja possível contabilizar se o número de votos corresponde ao número de votantes. Devem também ser constituídos grupos de alunos que acompanhem a votação, ajudem o professor responsável e supervisionem a contagem de votos (tal como acontece nas eleições políticas).
O escrutínio e comunicação de resultados, após a contagem dos votos, coordenados pelo professor bibliotecário/ professor responsável (ou quem ele designar) e pelo grupo de alunos nomeado para o efeito, terá de ser comunicado à Pordata até 30 de abril de 2021, através dos formulários disponibilizados por nível de ensino.
As escolas deverão guardar os votos até 14 de maio de 2021, para o caso de ser necessário fazer uma recontagem de votos.
A escola poderá tornar públicos os resultados da votação ali efetuada, se assim o entender, antes da divulgação dos resultados a nível nacional.
Disponibiliza-se um vídeo, realizado em colaboração com a Comissão Nacional de Eleições, que ajudará alunos e professores que estiverem nas mesas de voto e que forem responsáveis pela contagem de votos.