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Blogue RBE

Seg | 15.05.23

Município de Gavião: trabalho conjunto entre a Biblioteca Municipal e a Biblioteca Escolar

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O trabalho conjunto entre as bibliotecas municipais e as escolas são de extrema importância, pois trazem benefícios para os alunos, professores e toda a comunidade.

A cooperação entre estas instituições amplia o acesso dos alunos a recursos disponíveis, proporcionando um acervo mais diversificado e atualizado, além de promover a leitura e o hábito de frequentar bibliotecas.

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As redes concelhias ao trabalharem em conjunto, partilham recursos e serviços que vão ao encontro das necessidades dos seus utilizadores e esta partilha favorece também a otimização dos recursos financeiros, humanos e materiais, proporcionando a realização de projetos que não seriam possíveis se cada biblioteca trabalhasse de forma isolada.

No Município de Gavião o Festival LIGA-TE , Festival de Literatura e Ilustração de Gavião, Festival de Literatura e Ilustração de Gavião só foi possível graças à colaboração existente entre a Biblioteca Municipal e a Biblioteca Escolar. Este Festival teve a duração de quatro dias, com atividades direcionadas para o publico escolar, para as IPSS do concelho, para a comunidade em geral e também para professores e bibliotecários.

A Rede de Bibliotecas de Gavião dispõe de várias atividades centradas na promoção da literacia e que vão ao encontro dos objetivos de desenvolvimento sustentável, como clubes de leitura, de escrita criativa, exposições, oficinas, concursos de leitura, entre outros, aproximando a leitura à comunidade. 

O nosso catálogo coletivo é uma mais-valia para os utilizadores, alargando a diversidade de livros, de periódicos e outros recursos disponíveis para consulta e empréstimo. Num território tão pequeno como o concelho de Gavião faz todo o sentido trabalhar em conjunto, só assim é possível conseguir ter uma programação que vá ao encontro das necessidades dos nossos munícipes.

A articulação entre as bibliotecas é salutar, pois promove a integração da comunidade, permite ser um espaço de ligação para a realização de atividades culturais, partilha de saberes e de recursos. Criam-se laços mais fortes com a comunidade, oferecendo novas vivências e aprendizagens, contribuindo para a criação de um ambiente mais colaborativo, decisivo para o desenvolvimento da Sociedade do Conhecimento e da Informação.

Ana Lucas
Bibliotecária Municipal

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Sex | 12.05.23

“Lançar e acertar, diverte-te a jogar!” com a biblioteca escolar

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No passado dia 21 de abril de 2023, a convite do EUROPE DIRECT Região de Coimbra e de Leiria, a Rede de Bibliotecas Escolares, através da coordenação interconcelhia, participou na sessão de apresentação da obra “Lançar e acertar, diverte-te a jogar!”, com autoria de docentes e investigadores do Politécnico de Leiria - Rui Matos, José Amoroso, Nuno Amaro e Raul Antunes. Com publicação promovida pelo Europe Direct Região de Coimbra e Leiria que envolve respetivamente 19 e 10 municípios, foi dinamizada e cofinanciada pela Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra e pelo Centro de Documentação Europeia de Leiria e apoiada pelas Bibliotecas do Instituto Politécnico de Leiria. 

“Lançar e acertar, diverte-te a jogar!” é uma coletânea com 27 jogos tradicionais dos estados-membros da União Europeia, com temática transversal a diferentes conteúdos curriculares e que representa um orientador para ensinar os miúdos e os jovens a brincarem à moda antiga, mas numa europa muito global. Paula Silvestre, gestora do Europe Direct da Região de Coimbra e de Leiria, afirmou, na apresentação, que este é um livro “para todas as faixas etárias e será também uma forma de preservar a história da Europa, no âmbito do desporto e da etnografia”.

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Tal como inicialmente planeado, as 27 propostas explicadas e ilustradas vão ficar disponíveis nas bibliotecas escolares da área deste Europe Direct, onde já começaram a chegar. Devidamente integradas em situações de aprendizagem que configurem pesquisa e aprendizagens associadas à cultura e cidadania, serão, sem dúvida, um ponto de partida para saber+ sobre o estados da União Europeia. 

Brevemente este produto será disponibilizado em formato digital/ebook e encontra-se em fase de preparação para que seja um livro multiformato, integrando o projeto de #parcerias #cidadania #inclusão

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Qui | 11.05.23

Bibliotecas Escolares de Silves unem-se para incentivar a escrita

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As Bibliotecas Escolares do concelho de Silves têm vindo a desenvolver, anualmente, projetos de escrita criativa conjunta.

Um desses projetos envolveu o Geoparque Algarvensis (projeto que visa a promoção e preservação do património geológico do Algarve), no âmbito da educação ambiental e valorização do património geológico e natural do concelho de Silves.

A partir dessa temática, as bibliotecas escolares, no intuito de possibilitar a compreensão e valorização do tema, incentivaram todas as turmas do 4.º ano do concelho a criar fábulas alusivas a animais do Geoparque. Foi uma excelente oportunidade para trabalhar a escrita e a leitura de textos. O resultado deste projeto está disponível através de uma apresentação virtual.

 

 

Trata-se de um exemplo de como a cooperação entre instituições pode ser benéfica para a promoção da educação e da cultura local. Além disso, é uma oportunidade para que os alunos e cidadãos tenham acesso a informações e atividades que estimulem a compreensão e valorização do património geológico e natural da região.

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Qua | 10.05.23

Margem e Caminho: Leituras de Fronteira

Homenagem ao escritor Mário Cláudio

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É para a Rede de Bibliotecas Escolares uma honra ser parceira desta festa de celebração da palavra e da cultura, que exalta/ eleva a língua através da imaginação criadora, da literatura que, para o escritor homenageado Mário Cláudio [2], não está apenas nos seus diferentes géneros, dos quais foi exímio cultor, mas

a literatura está em toda a parte, nas pequenas coisas da vida"

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Da esquerda para a direita: Presidente do Instituto Politécnico de Tomar, Professor Dr. João Coroado; escritor homenageado, Mário Cláudio; Presidente da Comissão de Honra do Festival, Professor Dr. Guilherme Oliveira Martins e Diretora do Centro de Formação Os Templários, Agripina Vieira. 

Formado em biblioteconomia e autor de vasta e premiada obra, Mário Cláudio é, para as bibliotecas escolares, mestre da palavra e do pensamento: livre, lúcido, sensível, que não se deixa aprisionar por uma lógica/ estética linear, fixa e hierarquizada, mas está em constante transformação para acrescentar pontos de vista/ versões ficcionadas à biografia ou à História nacional, dando voz/ dignidade - e vida! - a pessoas anónimas, nas margens do poder/ História. 

A biblioteca escolar cria oportunidades para exploração/ descoberta de obras e fontes de referência do património comum. Este é uma viagem/ aventura da leitura, que permite a cada criança/ jovem encontrar um caminho/ voz, crítico e interventivo na comunidade e transcender os próprios limites, desenvolver talento e espiritualidade que confere sentido/ propósito à vida.

A biblioteca escolar trabalha a leitura/ escrita, incentivando todas as linguagens/ expressões e suportes, inclusive digital. Num contexto em que se normaliza o uso de sofisticadas ferramentas tecnológicas – como o ChatGPT - que mimetizam a inteligência humana, a Rede de Bibliotecas Escolares enaltece caminhos de contemplação inativa/ inútil, de espanto e (auto)questionamento crítico, de recriação simbólica da memória/ raízes e do património comum que humaniza, constrói comunidade, dá sabedoria e que é a última fronteira e reduto da condição humana, que nos aproxima talvez de Deus. 

Nota:

Esta foi uma intervenção da Rede de Bibliotecas Escolares na sessão de Abertura do Festival Literário Bibliotecando em Tomar, que, na sua edição de 2023, se subordinou ao tema, “Margem e Caminho: Leituras de Fronteira”. 

Referências: 

  1. Fonte da imagem: Bibliotecando em Tomar
  2. Município de Parede de Coura. Centro de Estudos Mário Cláudio. Paredes de Coura: MPC. https://www.paredesdecoura.pt/locais/centro-de-estudos-mario-claudio/
  3. Universidade do Porto. (2019). U. Porto atribui título de Doutor 'Honoris Causa' ao escritor Mário Cláudio. Porto: UP. https://www.youtube.com/watch?v=PIVh0sK_btE

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Ter | 09.05.23

Fatias de Poesia: Encarregada de Educação e Biblioteca Escolar promovem leitura de poesia

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Fatias de Poesia é um projeto de leitura de poesia desenvolvido por Ana Teresa Andrade, Encarregada de Educação, em parceria com a Biblioteca Escolar da EB 1 da Estação, em Tavira, que tem como objetivo incentivar a leitura e a compreensão de poesia, entre todos os alunos do 2.º ano (envolvendo cerca de 80 alunos).

A iniciativa consiste na leitura e interpretação de poemas selecionados pela encarregada de educação, que são partilhados, trimestralmente, em várias sessões, com os alunos, de acordo com várias temáticas e explorando diferentes géneros e autores.

Além da leitura e interpretação de poemas, o projeto também inclui atividades complementares, como a criação de textos/ poemas pelos alunos, para que possam expressar a sua criatividade e compreensão das obras. Por vezes, nem sempre, também há fatias de bolo a acompanhar a sessão.

Segundo a encarregada de educação responsável pelo projeto, a ideia surgiu da sua paixão pela poesia e da vontade de partilhar essa paixão com os alunos. A parceria com a biblioteca escolar tem sido uma mais-valia para a implementação desta iniciativa. Uma articulação feliz, dado que, para esta biblioteca, o envolvimento e mobilização dos pais, encarregados de educação e famílias para o desenvolvimento de projetos e atividades continuadas, no domínio da promoção da leitura e das literacias, era um dos aspetos em que era necessário investir.

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Seg | 08.05.23

“Retalhos” que me dão certezas

Por Edite Félix, professora bibliotecária do AE da Ericeira, Mafra

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“ Sabes com quem eu aprendi a ler?” - perguntou uma criança de sorriso no rosto ao passar por mim na entrada da escola. 

Sugeri várias hipóteses: a professora, os pais,...Com um brilho no olhar disse-me: ”Foste tu; foi contigo!” Fiquei sem palavras e abracei-o. São "retalhos" como este que me dão a certeza de que a biblioteca escolar é o meu lugar. É aqui que eu partilho, que eu dou, que eu recebo e um dos lugares onde sou simplesmente eu.

Desde que assumi o cargo de professora bibliotecária, logo senti que esta função é muito mais do que simplesmente gerir um espaço cheio de livros. É uma profissão que requer um amor pela leitura e uma inteligência emocional refinada, capaz de criar um ambiente acolhedor e que promova uma verdadeira inclusão.

Nos dias em que entro na biblioteca encarnando uma das personagens das histórias que vou partilhar, todo o espaço se transforma e as crianças mergulham no mundo da fantasia, ficando à porta o mundo real. A leitura com amor permite tudo isto. É mágica, é acolhedora, é um refúgio. Não há dois dias iguais vividos na biblioteca; cada dia traz uma nova oportunidade para aprender algo diferente e estimulante. A abertura da biblioteca traz consigo a luz do sol e o brilho nos olhos das crianças, enquanto os dias chuvosos são iluminados pelas vozes e risos dos alunos.

 

Que prazer é guiar os alunos pelos "cantos da casa" e mostrar como cuidar do espaço que é nosso! Só então, estes conseguem movimentar-se na biblioteca e com ela crescerem de forma completa e harmoniosa. A biblioteca de hoje deve ser dinâmica, abrangente e diversificada, proporcionando uma ampla gama de experiências de leitura e usos diferentes para diferentes públicos. 

A promoção de atividades de leitura em voz alta com as crianças, através do projeto “Voluntários da leitura”, tem sido verdadeiramente gratificante. Trata-se de momentos de enorme partilha e sente-se o poder da leitura. O silêncio, a escuta ativa e o olhar sonhador das crianças que assistem, reflete-se no sorriso genuíno do transbordar de satisfação do aluno leitor voluntário. Estes momentos são quase indescritíveis e enchem a biblioteca de paz e harmonia em torno da leitura que todos adoram. Como se de uma poção mágica se tratasse!

“Can I read for the other class?”- perguntou-me uma aluna recém chegada ao nosso país. Espantada respondi: “Of course, you can!” O sorriso expresso naquele rosto mostrou-me, mais uma vez, que a leitura não tem qualquer barreira. Assim, ser professora bibliotecária tem sido bastante desafiador para mim. Encontrar formas criativas de envolver e motivar os alunos a ler e usar a biblioteca requer muita dedicação e esforço. É preciso desenvolver e aprimorar continuamente a inteligência emocional para criar uma ligação/proximidade com o aluno e acompanhá-lo no seu percurso de leitor. Só assim faz sentido!

Cada dia vivido na biblioteca escolar tem trazido experiências reveladoras de amor. A ida  às salas de aula para desafiá-los a participar em concursos, workshops, encontros com escritores, ateliês de escrita, entre outras atividades, é uma oportunidade de desenvolver estratégias de promoção para incentivar o uso da biblioteca e assim torná-la o centro da escola, onde recebo a  todos de “braços abertos”. 

Tudo isto só é possível com o apoio e a colaboração dos professores com quem trabalho. Eles são as minhas asas. Acreditam e permitem-me voar. Enquanto assim for, é aqui que eu vou estar.

Edite Félix, professora bibliotecária
Agrupamento de Escolas da Ericeira

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1. *Qualquer semelhança entre o título desta rubrica e a obra Retalhos da vida de um médico, não é pura coincidência; é uma vénia a Fernando Namora.

2. Esta rubrica visa apresentar apontamentos breves do quotidiano dos professores bibliotecários, sem qualquer preocupação cronológica, científica ou outra. Trata-se simplesmente da partilha informal de vivências.

3. Se é professor bibliotecário e gostaria de partilhar um “retalho”, poderá fazê-lo, submetendo este formulário.

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Qui | 04.05.23

Final da 5ª edição do Concurso "Ser Leitor é Cool"

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O concurso “Ser leitor é cool!” é organizado pelos professores bibliotecários do grupo interconcelhio das Redes de Bibliotecas Escolares dos concelhos de Alter do Chão, Arronches, Avis, Campo Maior, Castelo de Vide, Crato, Elvas, Estremoz, Fronteira, Gavião, Marvão, Monforte, Mora, Nisa, Ponte de Sor, Portalegre e Sousel, com o apoio da Coordenadora Interconcelhia Fátima Bonzinho.

Organizada, este ano, pelo agrupamento de Escolas de Castelo de Vide, a final da 5ª edição do concurso interconcelhio de leitura "Ser Leitor é Cool" realizou-se no passado dia 27 de abril. 

Faziam parte do júri: Ana Paula Travassos, Diretora do Agrupamento de Escolas de Castelo de Vide; Ana Martins pela Delegação Regional do Alentejo; Vereadora Helena Esteves pelo Município de Castelo de Vide; Susana Carapeto, Presidente da Junta de Freguesia de Santiago Maior e Luís Pargana, Adjunto da Direção do Agrupamento de Escolas de Castelo de Vide.

Contámos com a participação de Ana Paula Ferreira, em representação de Manuela Pargana Silva, Coordenadora Nacional da Rede de Bibliotecas Escolares.

Neste evento participaram 22 agrupamentos e 86 alunos, repartidos por quatro anos de escolaridade (3º, 4º, 5º e 6º).

A Senhora D. Luísa Quadrado, figura sobejamente conhecida em Castelo de Vide pelo seu espírito empreendedor, apadrinhou a 5.ª edição do Concurso, encantando com a sua presença.

Foi ainda homenageado o Comendador Rui Nabeiro, o primeiro padrinho do concurso, recentemente falecido.

Vencedores e Menções honrosas:

3º ano

1º lugar: Eduarda Condessa, Agrupamento de Escolas de Nisa
Menção Honrosa: Maria Arguelles, Agrupamento de Escolas de Arronches

4º ano

1º lugar: Francisco Capelas, Agrupamento de Escolas nº 2 de Elvas
Menção Honrosa: Tomás Martins, Agrupamento de Escolas de Fronteira

5º ano

1º lugar: Maria Alves, Agrupamento de Escolas de Ponte de Sor
Menção Honrosa: Dinis Castanho, Agrupamento de Escolas de Arronches

6º ano

1º lugar: André Almeida, Agrupamento de Escolas nº 2 de Elvas
Menção Honrosa: Bárbara Moura, Centro Educativo Alice Nabeiro

Além do apoio incondicional da Direção do Agrupamento de Escolas de Castelo de Vide, o programa contou com os apoios de docentes e não docentes do Agrupamento; Município de Castelo de Vide; Juntas de Freguesia de: Santa Maria da Devesa, São João Baptista, Santiago Maior e Nossa Senhora da Graça de Póvoa e Meadas; Biblioteca Municipal; Rede de Bibliotecas Escolares, LEYA; Hotel Castelo de Vide; Hotel Sol e Serra; INATEL de Castelo de Vide, CIMAA Leya,

Parabéns a todos os vencedores e a todos os participantes!

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Ter | 02.05.23

A Educação e a Década: Contributos da Biblioteca Escolar

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1. A Década e o papel da educação

Portugal - através do Ministério dos Negócios Estrangeiros - integra a Década Internacional de Afrodescendentes 2015-2024 [2], instituída pela Assembleia Geral da ONU, a 23 de dezembro de 2013 e cujo tema é “Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento”.

No âmbito do Programa de Atividades da Década (2014) [3], da Assembleia Geral da ONU, a educação pública é área transversal de promoção de:

- Reconhecimento das importantes contribuições dos afrodescendentes em todo o mundo;

- Políticas/ medidas de acesso à Justiça, de equidade e inclusão social;

- Direito ao Desenvolvimento e adoção de medidas contra a pobreza e que incentivem a criação de comunidades melhores e mais prósperas nas áreas da educação, emprego, saúde e habitação de qualidade, em linha com a Agenda 2030 das Nações Unidas.

E de luta para erradicação/ prevenção da discriminação múltipla e do racismo, de que as pessoas afrodescendentes são frequentemente alvo e de promoção dos direitos humanos.

2. Porque é que é importante comemorar a Década?

- Jovens negros são especialmente vulneráveis - em alguns países, até 76% NÃO trabalham/ estudam/ fazem formação, em comparação com 8% da população em geral;

- 30% dizem ter sofrido assédio racial nos últimos cinco anos e 5% foram atacados fisicamente – e.g. Bruno Candé (Portugal), Marielle Franco (Brasil);

- 45% vive em habitações superlotadas, em comparação com 17% da população em geral. 14% dizem que os senhorios privados não lhes alugam alojamento - isto é especialmente problemático, pois apenas 15% têm propriedade, em comparação com 70% da população em geral;

- 24% foram mandados parar pela polícia nos últimos cinco anos e entre estes 41% sentiram que foi por motivos de discriminação racial;

Estes são dados do relatório da Agência para os Direitos Fundamentais da UE que reúne as perceções/ experiências de quase 6.000 pessoas negras em 12 Estados-Membros [4].

3. Contributos da RBE 

No Sumário Executivo do seu Quadro Estratégico 2021 - 2027, a RBE afirma centrar a sua ação nas Pessoas e compromete-se a “garantir que as bibliotecas são organizações que promovem a defesa da dignidade humana e da justiça” [5].

A Rede de Bibliotecas Escolares condena ativamente todas as formas de racismo e discriminação, as quais são contrárias aos direitos humanos e valores das bibliotecas escolares, que passam por um efetivo respeito pela diferença e eliminação de políticas e práticas assimilacionistas, opressoras ou promotoras de exclusão.

A RBE é parceira do Plano Nacional de Combate ao Racismo e à Discriminação – Portugal contra o racismo 2021-2025 e, no passado 31 de março, assinou um Protocolo de Cooperação com o Alto Comissariado para as Migrações, oficializado pela Coordenadora Nacional da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), Manuela Pargana Silva e a Alta-Comissária para as Migrações, Sónia Pereira.

4. Documentos de referência da IFLA/ RBE

O Quadro Estratégico 2021-2027 da RBE segue/ participa nas orientações da International Federation of Library Associations and Institutions que formalizam esta visão - e responsabilidade na sociedade - das bibliotecas, a partir de diversos documentos de referência:

A fim de promover a inclusão e erradicar a discriminação, os bibliotecários e outros profissionais da informação garantem que o direito de acesso à informação não seja negado e que serviços equitativos sejam prestados a todos, independentemente de sua idade, cidadania, crença política, capacidade física ou mental, identidade de gênero, herança, educação, renda, status de imigração e requerente de asilo, estado civil, origem, raça, religião ou orientação sexual” [6].

“bibliotecas de todos os tipos devem refletir, apoiar e promover a diversidade cultural e linguística nos níveis internacional, nacional e local e, assim, trabalhar para o diálogo intercultural e a cidadania ativa. […]

Atenção especial deve ser dada a grupos frequentemente marginalizados em sociedades culturalmente diversas” [7].

5. Abordagem da biblioteca escolar

A biblioteca escolar trabalha as questões da cultura africana e afrodescendente e do racismo e da discriminação de forma integrada/ contextualizada:

- No currículo (aprendizagens essenciais), 

- Nas artes e cultura (aprendizagem não formal);

- Na experiência/ vivência subjetiva/ local – para que as crianças e jovens possam construir uma aprendizagem/ conhecimento significativo e útil a cada um e à sociedade. É importante que as aprendizagens tenham efeitos/ transformem a família, a escola/ local de trabalho, a comunidade.

6. Evidências

De que forma é que a biblioteca escolar contribui para os Objetivos da Década?

No âmbito do Plano Nacional de Combate ao Racismo e à Discriminação, a RBE comprometeu-se a:

- Medida 2.2. Disponibilizar recursos pedagógicos; 

- Medida 2.7. Promover o conhecimento de livros e reforçar propostas pedagógicas de abordagem à leitura, às artes e à cultura.

Nos dois primeiros anos de implementação do Plano Nacional de Combate ao Racismo e à Discriminação, a RBE lançou às bibliotecas escolares um questionário voluntário para saber quais as ações desenvolvidas. Os resultados foram os seguintes: 

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Temas por ordem decrescente: Direitos Humanos, Racismo, Crise dos refugiados, Segurança, Defesa e Paz, Holocausto, Pessoas com deficiência, Igualdade de género, violência doméstica e no namoro, Pessoas ciganas, o menos trabalhado.

7. Abordagens educativas

Neste âmbito, as bibliotecas escolares realizam atividades criativas, baseadas na leitura, escrita, diálogo e participação a partir de livros, filmes/ vídeos e outros documentos com exploração de media e ferramentas digitais e envolvimento da comunidade. Exemplos:

- Encontros e debates com escritores, especialistas e pessoas da comunidade – e.g. Cristina Roldão e Beatriz Gomes Dias (AE Leal da Câmara, Sintra)

- Círculos de reflexão em assembleia de turma e com outras escolas, sobre estereótipos negativos - e.g.: “Racismo no séc.XXI?! Naa...deve ser Engano!”

- Sondagem sobre a questão do pedido ou não de desculpas sobre os séculos de escravatura – e.g. Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Vagos 

- Reescrita de provérbios com mensagens discriminatórias - e.g. AE João da Silva Correia, S. João da Madeira, “Provérbios - vamos dar a volta ao texto”

- Biblioteca Humana que cria um ambiente seguro para perguntas difíceis e diálogo sobre preconceitos e estereótipos – e.g. AE Alberto Sampaio, Braga 

- Cartazes a partir de pesquisa e verificação de notícias e com criação de códigos QR – e.g. Projeto Toc'a Ser do AE de Mortágua

- Exposição de poemas ilustrados sobre “Diz não ao Racismo” – AE Mortágua

- Clube da Amizade a partir do livro Posso juntar-me ao clube? - AE Manteigas

- Vídeo-instalação sobre Direitos Humanos - AE João de Araújo Correia

- Comemoração de efemérides - A biblioteca escolar incentiva o reconhecimento da memória das vítimas, evocando datas que são uma oportunidade para sensibilizar/ consciencializar e mobilizar para problemas globais. A maioria das escolas opta por destacar datas abrangentes, como o Dia Internacional dos Direitos Humanos ou o Dia Internacional da Paz. 

e.g. 21 de março: Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial – AE do Fundão; AE Leal da Câmara, Sintra; AE Dr. Ferreira da Silva, Oliveira de Azeméis.

 

8. Bibliodiversidade

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Propostas de títulos das bibliotecas – exemplos

 

A RBE apoia uma sociedade plural e culturalmente diversa. Incentiva 

- Coleções que apresentem diversos autores/criadores e perspetivas e experiências representativas das diferentes comunidades, para que todos os leitores se sintam representados e compreendidos;

- Em diferentes línguas – multilinguismo e interculturalidade – e dando particular enfoque à língua materna dos seus utilizadores, ligando-os à sua herança histórica e incentivando-os a participarem da recriação da própria cultura. 

A biblioteca escolar deve alargar as suas coleções a autores lusófonos e de outros países não europeus e não americanos, incluindo autores portugueses afrodescendentes e com ligação ao Brasil, a Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Contribuirá, desta forma, para celebrar a diversidade e a criatividade da língua portuguesa

 

9. Criadores lusófonos contra o racismo

A Rede de bibliotecas Escolares tornou público o sítio recém-criado Criadores lusófonos contra o racismo que dá visibilidade à literatura afrodescendente e inclui propostas em crioulo (kriolu) ou língua cabo-verdiana, que não sendo a língua oficial de Cabo-Verde, é usada por muitos falantes deste país que vivem em Portugal – e.g. Dino de Santiago e Chullage.

Inclui propostas de leitura nas suas múltiplas expressões: literatura (romance, contos, poesia…), narrativas memorialísticas/ documentais (diários, biografias, cartas…), imprensa (reportagem, crónica, entrevista…); audiovisual (fotografias/ exposições, vídeos, filmes, podcast…) e artes do espetáculo (letristas/ músicos, performances, festivais…). 

O sítio ultrapassa as 60 entradas – é pouco – mas algumas são antologias ou plataformas digitais, que remetem para diversos autores/ criadores e dá visibilidade a criadores que assumem um compromisso humanista e antirracista.

 

10. O caminho para a educação 

Segundo o relatório da Comissão Internacional sobre os Futuros da Educação (UNESCO), Reimaginar os nossos futuros juntos: um novo contrato social para a educação (2021, 10 nov.), historicamente a formação tradicional do conhecimento tem contribuído para “a construção de barreiras/ divisões e reprodução de desigualdades”, geradoras de discriminação, ódio e conflitos. Propriedade de uma elite que, através dele, mantém a sua hegemonia nos diversos setores da sociedade, o conhecimento tradicional é intencionalmente incompleto (apresenta “exclusões”) e “requer correções”. 

O caminho para uma educação de qualidade, com a biblioteca escolar, passa por incentivar uma compreensão crítica da História e da imprensa e media, mostrando que há estereótipos negativos da comunidade africana e afrodescendente que continuam a ser transmitidos e que têm raízes no período da escravatura e do colonialismo.

A biblioteca escolar incentiva ainda uma reflexão crítica da comunicação digital, pois a internet personalizada gera fenómenos de tribalização e de “comunicação sem comunidade” (Byung-Chul Han, livro Infocracia). A utilização de inteligência artificial e de outros processos e ferramentas algorítmicas (e.g. ChatGPT) amplifica preconceitos observados em dados usados para treino.

A biblioteca escolar tem um importante papel neste caminho com a qual se vai desenhando um futuro – e um passado - mais inclusivo, democrático e coeso. 

 

Nota

Esta foi uma comunicação apresentada pela RBE no Seminário de 26 de abril de 2023, Década Internacional de Afrodescendentes 2015-2024: O caminho para a educação promovido pelo Alto Comissariado para as Migrações Painel II. A Educação e a Década: Explorar percursos e encontros: Contributos da biblioteca escolar [1].

 

Referências

📷 [1]

1. Alto Comissariado para as Migrações. (2023, 26 abr.). ACM promove Seminário "Década Internacional de Afrodescendentes: O Caminho para a Educação". Lisboa: ACM. https://www.acm.gov.pt/ru/-/acm-promove-seminario-decada-internacional-de-afrodescendentes-o-caminho-para-a-educacao-

2. Nações Unidas. (2023). Década Internacional de Afrodescendentes. EUA: ONU.  https://www.decada-afro-onu.org/

3. ONU. (1914). Programa de Atividades da Década. EUA: ONU. https://nacoesunidas486780792.wpcomstaging.com/wp-content/uploads/2016/05/WEB_BookletDecadaAfro_portugues.pdf

4. Agency for Fundamental Rights (FRA). (2018, 28 Nov.). Being Black in the EU - Second European Union Minorities and Discrimination Survey. Austria: European Union. https://fra.europa.eu/en/publication/2018/being-black-eu#publication-tab-2

5. Rede de Bibliotecas Escolares. (2021). Bibliotecas escolares presentes para o futuro (p.17). Quadro Estratégico 2027. Portugal: RBE. https://www.rbe.mec.pt/np4/qe.html

6. IFLA. (2012, Agu.). IFLA Code of Ethics for Librarians and other Information Workers. https://www.ifla.org/publications/ifla-code-of-ethics-for-librarians-and-other-information-workers-full-version/

7. IFLA/ UNESCO. (2006). IFLA/ UNESCO Multicultural Library Manifesto. https://www.ifla.org/ifla-unesco-multicultural-library-manifesto/

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