A Biblioteca Escolar José Jorge Letria insere-se na Escola Básica José Jorge Letria, integrada no Agrupamento de Escolas da Cidadela, Cascais. Tem valência de 1.º ciclo e pré-escolar. O Agrupamento de Escolas possui mais duas escolas de 1.º ciclo e um Jardim-de-infância sem biblioteca integrada na RBE, pelo que a Biblioteca Escolar José Jorge Letria garante os serviços de biblioteca a estas escolas.
Esta Biblioteca Escolar tem desenvolvido ações com vista ao alargamento da oferta artística às suas crianças bem como a abertura do seu espaço à comunidade. Esta vontade cresceu no período pós-confinamento imposto pela pandemia, dada a necessidade de alargar os horizontes criativos das nossas crianças e abrir a escola às famílias e à comunidade circundante. Uma escola que se encerra sobre si não poderá oferecer aos seus alunos o sentimento de pertença a uma comunidade nem desenvolver as competências necessárias para que o ser se desenvolva em toda a sua plenitude.
Tendo em conta estas convicções, a Biblioteca Escolar, na pessoa da professora bibliotecária e da técnica de Ludobiblioteca, uniu-se à Associação de Pais da Escola e, com o apoio de todo o corpo docente e demais estruturas do agrupamento de Escolas, lançou uma campanha de angariação de fundos de forma a suprimir a falta de verbas que, bem sabemos, é comum nas nossas escolas. Considerando as candidaturas abertas pela RBE ou outras, ainda que muito louváveis, sabíamos que não seriam destinadas ao nosso propósito nem atingiriam o valor necessário que nos propusemos. Para além disso, a incerteza de sermos contemplados com o apoio era uma condição que não permitia o nosso avanço. Assim, e porque não aceitamos resignarmo-nos com a falta de financiamento, decidimos tomar outros caminhos. A nossa opção, que nos pareceu a forma mais viável, pública e clara de angariar esse financiamento, foi levar a cabo uma campanha de crowdfunding online para financiar o nosso projeto.
Oficina de livro-objeto com Pri Ballarin. Na imagem, livro túnel de Marco Taylor.
E qual é este projeto? A LudoBiblioCasa. Queremos ser a CASA com uma cultura e identidade de aceitação do outro, de experimentação e do erro, do risco, de abertura ao exterior e de satisfação da curiosidade.
Pretendemos fazê-lo pela mediação do livro e da leitura, com o acolhimento de residências de autores, atores, ilustradores, artistas plásticos, escultores, personalidades da sociedade civil, ativistas de causas sociais e ambientais com o intuito de conhecerem e construírem projetos em conjunto com as nossas crianças.
Pretendemos adquirir os materiais e ferramentas para a experimentação artística, de infraestruturas resistentes, simples e promotoras do desenvolvimento motor, caixas, armários para guardar livros, criando pequenos nichos de leitura e do brincar no recreio. Pretendemos, ainda, que a crianças desfrutem da rua para conhecerem a comunidade envolvente e descobrirem recantos e encantos.
Oficina de heliografia no recreio
A escola Básica José Jorge Letria tem a particularidade de se inserir no Bairro dos Museus, em Cascais, o que por si só é um privilégio que não poderíamos ignorar. Assim, vemos que é uma riqueza incontornável para as nossas crianças poderem usufruir da proximidade do bairro, conhecer os vizinhos, o comércio local e as estruturas culturais circundantes.
O nosso projeto nasce na LudoBiblioteca Escolar e expande-se pelo recreio, rua, bairro, jardins e vila de Cascais. Queremos ser uma biblioteca sem paredes. Um centro cultural da comunidade. Ao longo do ano letivo, temos conseguido realizar ações nesse sentido. A nossa programação é muito diversificada e conta sempre com presença de convidados das várias áreas ligadas ao livro e à arte. O projeto LudoBiblioCasa é um prolongamento do que já se faz nosso espaço, que lentamente e dia-a-dia vai crescendo.
Desafiamos todas as bibliotecas escolares a lançarem-se numa aventura deste género. Estamos muito felizes com tudo o que temos alcançado e com os fundos necessários será ainda mais bem-sucedido.
Por Artur Ferreira, Diretor do AE Patrício Prazeres, Lisboa
Porque a todos é concedido ver, mas a poucos é dado a perceber. Todos veem o que tu aparentas ser, poucos percebem aquilo que és. Nicolau Maquiável
As Bibliotecas Escolares são, nos dias de hoje, epicentros de um sem número de “trocas” e desenvolvimento de aprendizagens, numa Escola cada vez mais Global que alberga, dentro de cada unidade orgânica, um contexto cada vez mais multicultural. Ora, tendo em conta esta dinâmica, a Biblioteca Escolar assume-se como um recurso estratégico fulcral, no sentido de tornar o contexto acima referido, ponto de partida para abordagens que promovam aprendizagens e dinâmicas interculturais.
Numa altura em que os fluxos migratórios são uma realidade, mas também um desafio para as escolas, a Biblioteca Escolar deve assumir-se como “parceiro” estratégico no desbloquear, não só da barreira linguística, mas também na partilha de construtos culturais e sociais anexos a esta realidade.
Não existem já grandes dúvidas, do quão desatualizada está a ideia das Bibliotecas serem apenas repositórios históricos, onde se procuram vestígios e legados deixados por diferentes intervenientes que, nos mais variados setores, deixaram a sua marca. Esta premissa é ainda mais evidente nas Bibliotecas Escolares onde, cada vez mais, este recurso das escolas tem um papel preponderante no desenvolvimento das aprendizagens e, acima de tudo, na articulação vertical e horizontal do currículo, responsabilizando e influenciando, positivamente, os diferentes agentes educativos.
Como Diretor de um Agrupamento de Escolas e principal responsável pela conceção do seu Projeto Educativo, torna-se imperioso pensá-lo, elaborá-lo e concretizá-lo, colocando a Biblioteca Escolar num plano de destaque na visão e na missão proposta.
No caso do Agrupamento de Escolas Patrício Prazeres (AEPP), “Formar e certificar, no tempo certo, cidadãos autónomos e críticos, detentores de preparação que lhes permita uma integração social plena num mundo em constante mudança”, vamos ao encontro das perceções que tanto a UNESCO (United Nations Educational Scientific and Cultural Organization), como a IFLA (International Federation of Library Associations and Institutions) têm sobre a importância das Bibliotecas Escolares, como recurso ao serviço das Instituições Educativas.
Toda a Comunidade Educativa deve ter um papel ativo nas dinâmicas das Bibliotecas Escolares, coordenadas, como é óbvio, pela figura do Professor(a) Bibliotecário(a), cujo plano estratégico deve passar pela divulgação e fomento de toda a oferta educativa disponível, mas também na procura de parceiros estratégicos (internos e externos), que possam contribuir para o seu Plano Anual de Atividades.
A este propósito, no AEPP, devo enfatizar o trabalho colaborativo que tem sido feito com a Rede de Bibliotecas Escolares, no sentido de percebermos e integrarmos processos de melhoria contínua, num contexto em que somos muitas vezes desafiados a mudar práticas pedagógicas, para ir ao encontro do superior interesse dos nossos alunos e alunas.
Apesar de formar leitores e leitoras e aumentar o nível de literacia ser uma missão das Bibliotecas Escolares, o seu propósito não se pode resumir a estas dinâmicas, principalmente em ambientes escolares tão diferenciados como o da nossa Escola. Aqui pretende-se que existam também uma série de trocas inteletuais e afetivas, num ambiente que propicie, nos timings necessários de cada um(a), o desejo de contactar com todas as “fontes” presentes no espaço da Biblioteca Escolar, provocando nas crianças curiosidade e motivação para o desejo de ler e abertura de espírito para o desconhecido.
Não obstante do acima descrito e tendo em conta o Plano de Recuperação de Aprendizagens 21|23, o AEPP com a acção “Escola a ler”, através das actividades, “Leitura Orientada”, “Vou levar-te comigo!” e “Livr’à mão”, pretende ultrapassar lacunas existentes e maximizar os recursos alocados à Biblioteca Escolar.
Tendo plena consciência de que a imagem e o conforto do espaço, também são muito importantes para todos os utentes do mesmo, o nosso Agrupamento de Escolas candidatou-se ao projecto “(re)criar a biblioteca” da Rede de Bibliotecas Escolares, tendo sido bem sucedido e obtido financiamento para proporcionar aos nossos alunos e alunas condições mais condizentes com a realidade atual.
Certo que, apesar de termos um trajeto em crescimento, com um enorme sentido de missão de todos aqueles que fazem parte da Equipa da Biblioteca Escolar, o relaxamento será sempre o nosso pior inimigo, pelo que enfrentaremos cada dia como um novo desafio e oportunidade de aprendizagem. Deixemos para as bibliotecas a tarefa de salvaguardar o passado, pois são elas que nos ajudarão a preparar o futuro!!
Artur Ferreira Diretor do Agrupamento de Escolas Patrício Prazeres, Lisboa
No Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano, em Santarém, foram previstas várias ações no Plano de Ação para o Desenvolvimento Digital da Escola (PADDE), que, apoiadas pela Biblioteca Escolar, foram integradas na Disciplina de Projeto, lecionada em horas de Oferta Complementar nos 4º, 5º e 7º anos de escolaridade.
Perante a construção de uma sociedade digital e o emergente Plano de Ação para a Transição Digital é imprescindível que a biblioteca adeque a sua ação e contribua para o desenvolvimento digital da escola. Nesta perspetiva, a biblioteca tem de olhar de frente para esta realidade e adequar os seus produtos aos seus atuais ou futuros. Como é referido no Quadro Estratégico 2021-2027 da Rede de Bibliotecas Escolares, pretende-se que as bibliotecas escolares “respondam de forma eficaz e inovadora aos desafios colocados à educação e à escola” (2021, p. 27).
Assim sendo, a biblioteca apresentou, no Conselho Pedagógico, uma proposta de ação para promoção da competência digital dos alunos, no âmbito PADDE: “Atribuição de tempo curricular para a construção de um trabalho de investigação, a partir de um modelo de pesquisa”.
O que tínhamos pensado fazer?
Criar a Disciplina de Projeto, na qual cada turma desenvolveria um projeto de investigação em que seguiria um modelo de pesquisa, onde os alunos aprenderiam os passos que devem dar para a realização de qualquer trabalho de pesquisa. Neste percurso, aprenderiam a selecionar fontes de informação adequadas a cada pergunta inicial, conheceriam as regras de utilização responsável da informação recolhida, assim como aprenderiam a construir sínteses. Por outro lado, promoveríamos a utilização dos meios digitais para a apresentação do trabalho final.
A biblioteca apoiaria todo este trabalho, construindo documentos informativos sobre o modelo de pesquisa e guiões de literacia de informação para que se atingissem os objetivos a que nos propúnhamos:
- Utilizar um modelo de pesquisa.
- Identificar normas adequadas de comportamento ao utilizar tecnologias digitais e ao interagir em ambientes digitais.
- Avaliar criticamente a credibilidade e confiança das fontes de dados, informação e conteúdo em ambientes digitais.
O que já fizemos?
Com a aprovação em Conselho Pedagógico da criação da Disciplina de Projeto para os alunos dos 4º, 5º e 7ºanos, já houve um primeiro ano de experiência em 2021-2022.
A biblioteca criou documentos de apoio (“Como fazer um trabalho de pesquisa”, “Como pesquisar na Internet”, “Como avaliar uma página Web”, “Como fazer citações de autor”, “Como fazer referências bibliográficas”, “Como fazer citações de páginas Web”) e partilhou-os com os docentes da Disciplina de Projeto, assim como na página Web da biblioteca.
Os professores da Disciplina de Projeto reuniram regularmente para partilha de experiências e de dificuldades, assim como para definição de novas estratégias.
Foram construídos portefólios digitais (ex.: portefólio de uma turma do 4ºano) onde se registaram as várias aulas (informação disponibilizada e trabalho realizado) e fez-se uma exposição (ex.: escola de 1ºciclo) com as obras criadas em 2D/3D.
O que (ainda) não conseguimos fazer?
Apesar da experiência se ter revelado positiva e este ano ter havido continuidade (ex.: portefólio de uma turma do 4ºano), é importante que as estratégias desenvolvidas na Disciplina de Projeto sejam adotadas por todos os docentes e alunos.
No final deste ano letivo, faremos, num espaço público, uma exposição com todas as obras plásticas resultantes do trabalho de investigação de cada turma, que teve como tema aglutinador “O Património da localidade”.
Como professores bibliotecários sabemos que a colaboração é muito importante no trabalho que realizamos. De acordo com o documento National School Library Standards [2], da Associação Americana de Bibliotecas Escolares, colaborar significa “trabalhar eficazmente com os outros para alargar perspetivas e alcançar objetivos comuns”. Também entendemos que a colaboração pode assumir muitas formas.
Este ano tenho analisado as minhas aulas procurando perceber qual o seu objetivo e relevância. O meu foco tem sido fazer estas perguntas a mim mesma: “Será esta a melhor forma de ensinar este assunto?” ou “Será que este projeto, de facto, atinge os objetivos?” Ao fazer isto, reflito sobre a forma como trabalho com os outros professores na minha escola. O que descobri é que a colaboração realmente eficaz ainda necessita de tempo para se desenvolver.
Recentemente, juntei-me ao grupo de trabalho responsável pela Educação Tecnológica na minha escola. Trata-se de um grupo educadores do pré-escolar até ao 12.º ano que estão a trabalhar com o Coordenador de Educação Tecnológica no sentido de perceberem como podem integrar a tecnologia nos diferentes níveis de ensino. Este comité começou por analisar o modelo PIC-RAT, o qual permite perceber a relação entre as práticas de ensino dos educadores e o uso da tecnologia por parte dos alunos. O modelo também deixa perceber como as aulas ou os projetos podem mostrar diferentes níveis do uso da tecnologia.
Um modelo
Este modelo fez-me pensar que a colaboração também poderia ser inserida nestas caixas; por isso, comecei a procurar modelos como este, relacionados com a colaboração na educação. Na minha pesquisa simples, o que descobri é que existem muitos exemplos diferentes, contudo, a maioria deles está relacionada com outras áreas. Os que encontrei relacionados com a educação referiam-se mais ao desenvolvimento de competências entre alunos e professores ou entre os próprios alunos. Foi um pouco mais difícil encontrar modelos sobre a colaboração entre os professores. Para mim foi um sinal de que a colaboração, por vezes, pode ser um desafio. O que parece ser colaboração para uma pessoa pode não ser o que a outra tem em mente.
Na maioria dos modelos, havia elementos que podiam ser utilizados na educação e naquilo que eu estava a pensar criar para a minha própria prática. Embora o modelo PIC-RAT fosse a minha inspiração original para mergulhar neste assunto, decidi que um continuum parecia fazer mais sentido ao pensar em colaboração de uma forma linear. Utilizando os modelos que encontrei como orientação, especifiquei que níveis integram o meu continuum de colaboração.
4 níveis de colaboração
Partilha
A partilha é o nível em que começa a colaboração. Implica a partilha de recursos com os meus colegas e também inclui situações em que os professores solicitam livros ou materiais de pesquisa para aulas ou projetos. A partilha é o nível de colaboração que os professores bibliotecários conseguem controlar. Não se pode obrigar ninguém a trabalhar connosco, mas podemos estar recetivos e dispostos a partilhar sempre que a oportunidade surgir.
Cooperação
Neste nível, eu e o professor não planificamos em conjunto, mas falamos do que cada um de nós ensina para que as aulas possam estar em sincronia. Também partilhamos métodos e estratégias de ensino para que os alunos possam ter uma formação coerente.
Coordenação
Esta forma de colaboração inclui aulas ou projetos que programamos e discutimos em conjunto, mas que são ensinados por um professor ou pelo outro. Por vezes, tanto o professor como o professor bibliotecário estão presentes, mas as aulas não são verdadeiros momentos de coensino, uma vez que um dos professores é o líder e prepara a maior parte da aula.
Integração
A integração acontece quando os nossos objetivos curriculares estão verdadeiramente alinhados. Planeamos e desenvolvemos em conjunto uma aula ou projeto que vai ao encontro dos objetivos da área temática, bem como das necessidades de informação dos alunos. Coensinamos na mesma aula ou no mesmo projeto. Este nível requer confiança de ambas as pessoas e inclui a partilha de ideias e a tomada de decisões.
Penso que esta ideia foi bem explicada no Centro de Recursos de Minnesota “nenhum tipo de colaboração é "melhor" do que outro. O melhor tipo de colaboração é aquele que melhor se adapta àquilo que o professor e o seu colega esperam alcançar". Tenciono continuar a olhar para as aulas e para os projetos através desta lente durante o resto do ano letivo.
Sou a bibliotecária da Detroit Country Day Lower School, em Bloomfield Hills, MI. Trabalhei como professora bibliotecária durante os últimos onze anos. Anteriormente fui professora durante quatro anos. Trabalhei em escolas públicas e privadas. Aquilo de gosto mais na função de professora bibliotecária é a oportunidade que tenho de trabalhar tanto com alunos como com professores. Adoro as oportunidades de coensino e as conexões que tenho sido capaz de fazer! Já fiz parte dos comités da Associação Americana de Professores Bibliotecários como membro e presidente. Atualmente, sou secretária da minha associação, MAME (Michigan Association of Media in Education)
NOTA:O artigo «4 Levels of Collaboration for Teachers and Librarians» foi originalmente publicado no sítio Knowledge Quest. Texto traduzido livremente a partir do inglês, garantida a devida autorização.
O Município de Vila Real de Santo António e as Direções dos Agrupamentos de Escolas D. José I e de Vila Real de Santo António têm feito um esforço meritório, nos últimos anos, para manterem a afetação de recursos humanos às bibliotecas escolares.
Nas seis Bibliotecas Escolares deste concelho estão em exercício oito assistentes, das quais quatro são assistentes técnicas, colocadas pelo município, e as restantes são operacionais, colocadas quer pela autarquia, quer pelas direções dos agrupamentos.
A sua formação é diversificada: Técnico de Biblioteca e Documentação – BAD, Informática, Técnicas de Tratamento Documental e Arquivo, Relações Humanas, Animação da Biblioteca Escolar e Atendimento, promovida pela Biblioteca Municipal e pelos Agrupamentos.
As assistentes permitem manter as bibliotecas abertas a tempo inteiro e, por vezes, ininterruptamente das 8h às 18h, todos os dias da semana, durante o período letivo. Para além de garantirem o funcionamento, o atendimento e o apoio aos utilizadores, são ainda responsáveis pelo tratamento documental e colaboram com os professores bibliotecários na concretização do Plano anual de Atividades da Biblioteca Escolar.
Considerando a especificidade do trabalho que realizam, nomeadamente ao nível do tratamento e gestão documental, a Biblioteca Municipal tem facultado apoio e formação especializada para o desempenho de funções nas bibliotecas escolares, sempre que um novo elemento é colocado e quando o serviço assim o exige.
Em 2020-2021, a formação incidiu, essencialmente, na área das ferramentas digitais de comunicação e em gestão documental com o Biblionet; em 2021-2022 abrangeu a produção de conteúdos digitais, áreas consideradas prioritárias para o desenvolvimento dos serviços das bibliotecas escolares. Dado o investimento em formação e qualificação destes recursos humanos, procura-se que a sua afetação às bibliotecas seja permanente e de continuidade.
A permanência dos recursos humanos afetos às bibliotecas é essencial, pelo conhecimento adquirido, pelo investimento que é feito na sua formação e pela especificidade do trabalho desenvolvido nestes serviços. O executivo municipal e as direções dos agrupamentos de escolas do concelho têm tido nos últimos anos essa preocupação.
Assunção Constantino, Bibliotecária Biblioteca Municipal Vicente Campinas Vila Real de Santo António
No Dia Internacional da Educação, celebrado a 24 de janeiro, para além do Relatório sobre a Cimeira, também foi publicado o Quadro de Resultados 2023 do ODS 4 (2023 SDG 4 Scorecard) [1], Educação de Qualidade, lançado pela Equipa do Relatório Global de Monitorização da Educação (Global Education Monitoring - GEM) e pelo Instituto de Estatística da UNESCO, o qual marca o início de uma nova série anual de relatórios que será publicada todos os anos neste dia.
Este relatório indica o progresso dos países em relação aos seus indicadores de desempenho nacionais, tendo em conta as 7 metas nacionais relativas ao ODS 4: taxa de frequência da educação pré-escolar; taxa de não escolarização; taxa de conclusão; diferenças de género nas taxas de conclusão; taxas mínimas de competência em leitura e matemática; docentes com formação especializada; despesas públicas em educação.
Tem ainda em conta mais 3 indicadores de desempenho acrescentados com a Cimeira para Transformar a Educação: educação ambiental, transformação digital e participação ativa dos jovens nas políticas de educação.
Os resultados alcançados por Portugal no Relatório são bastante positivos (Cf. SDG4 Scorecard), mas neste artigo iremos seguir as Principais Conclusões do Quadro de Resultados global 2023 para o ODS4 [2] que destaca os seguintes pontos.
- Compromisso dos países com o processo de benchmarking[avaliação comparativa]:
1. Três em cada 4 países apresentaram metas nacionais e devem alcançar, até 2030, pelo menos um dos 7 indicadores-chave da educação.
2. Um resultado chave da Cimeira para Transformar a Educação foi acrescentar 3 indicadores ao quadro de monitorização do ODS 4 - educação ambiental, digital e participação dos jovens nas políticas de educação – e o trabalho de definição destes indicadores avaliativos está em curso.
3. As metas nacionais são fundamentais porque as taxas de melhoria variam muito em função do contexto, do ponto de partida dos países.
4. Falta “aguda” de dados sobre as metas educativas globais – “Metade dos países não tem dados sobre os níveis de aprendizagem das matemáticas ou a percentagem de docentes qualificados nas escolas primárias; um terço carece de dados sobre as taxas de conclusão ou de não escolarização”.
- Avaliação do progresso dos países em direção às suas metas
5. Entre os países com dados, a maioria está a fazer bons progressos nas taxas de conclusão do ensino primário, mas as taxas de não escolarização pioraram 1 em cada 10 países entre 2015 e 2020. Pelo menos 1 em cada 3 países regrediu em competências de aprendizagem e em professores qualificados de nível pré-primário e primário.
6. Alguns países demonstram uma ambição muito elevada, sobretudo para a melhoria dos resultados do primeiro ciclo, o que pode dever-se a falta de dados ou a estarem menos familiarizados com o seu progresso.
7. Este primeiro quadro de monitorização para o ODS4 analisa em profundidade 2 indicadores – a taxa de conclusão do 2.º ciclo do secundário e a taxa de participação na educação pré-primária - e mostra que apenas 1 em 3 países – os países de rendimento mais elevado - estão bem posicionados para alcançar a sua meta nacional para 2025.
8. Um em cada 3 países - e 2 em cada 3 países de baixo rendimento - não cumprem nenhum dos dois parâmetros mínimos de referência sobre o financiamento da educação. São sobretudo os países mais pobres aqueles que têm mais dificuldade em comunicar dados sobre despesa pública.
Avaliação das ligações entre as políticas e o progresso dos países em direção às suas próprias metas: o caso da taxa de participação no ensino pré-escolar
O objetivo do benchmarking é mostrar o progresso e ajudar os países a ver as ligações entre este progresso e as políticas específicas. Há 3 políticas importantes para os níveis de participação na educação pré-escolar, tema central do Relatório:
a) “Legislar: oferecer uma educação escolar gratuita e obrigatória” – Em 2020, 91 de 188 países não cumpriam esta condição; os países que ofereciam pelo menos um ano de educação pré-escolar gratuita, apresentam taxas de participação mais elevadas.
b) “Regular: Dada a grande proporção de prestadores privados de educação pré-escolar, os governos devem regulamentá-los para garantir a qualidade e a equidade” – só 26% dos países apoia o pagamento de propinas para populações vulneráveis e 15% proíbe os prestadores de serviços não estatais de operar com fins lucrativos.
c) “Financiar: O gasto na educação pré-escolar pública aumenta o número de matrículas” – Entre 2018 e 2020 gastou-se, nos 80 países com dados, 0,43% do PIB no ensino pré-escolar e, se duplicar este valor, pode conseguir-se um aumento entre 20% a 60% da taxa de participação no pré-escolar.
No contexto da crise económica e climática globais e do crescimento das desigualdades geradas pela pandemia Covid-19, o Relatório destaca as desigualdades entre países e reforça a necessidade de mobilização política em torno da educação, para que os compromissos dos países se possam traduzir em ações nas áreas críticas da Educação.
Referências
1. UNESCO Institute for Statistics & Global Education Monitoring Report Team. (2023, 24 Jan.). 2023 SDG 4 scorecard report on progress towards national SDG 4 benchmarks: Focus on early childhood. New York; UNESCO. https://www.unesco.org/gem-report/en/2023sdg4scorecard
2. UNESCO Institute for Statistics & Global Education Monitoring Report Team. (2023, 24 Jan.). 2023 SDG4 scorecard on progress towards national SDG 4 benchmarks: key findings. New York; UNESCO. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000384273
Fonte da imagem: UNESCO Institute for Statistics & Global Education Monitoring Report Team. (2023, 24 Jan.). SDG4 scorecard progress report on national benchmarks: focus on early childhood. New York; UNESCO. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000384295
Antes do interesse pela escrita, há um outro: o interesse pela leitura. E mal vão as coisas quando só se pensa no primeiro, se antes não se consolidou o gosto pelo segundo. Sem ler ninguém escreve”.
José Saramago (Revista Diário da Madeira, 1994)
É com base nestas premissas que a equipa da Rede de Bibliotecas de Condeixa, da qual fazem parte a Biblioteca Municipal Eng. Jorge Bento, as Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas de Condeixa-a-Nova, a Casa Museu Fernando Namora, e a coordenação interconcelhia do programa Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), desenvolve o trabalho que direciona aos vários públicos.
Em estreita articulação, as bibliotecas do concelho propõem, anualmente, ações e programas de índole não-formal que pretendem não só estimular a aquisição de competências leitoras, contribuindo paulatinamente para o desenvolvimento de um projeto pessoal de leitor, como também proporcionar experiências significativas que concorram para uma maior compreensão do mundo em múltiplas dimensões e que vão ao encontro das prioridades lançadas em cada ano, numa articulação estreita entre o programa da Rede de Bibliotecas Escolares e os desafios lançados às bibliotecas públicas.
Como tal, desde 2010, desenvolve-se o projeto de itinerâncias documentais “30 dias, 30 livros”, como forma de complementar o espólio das escolas que não possuem biblioteca escolar, com livros diferentes todos os meses. Regularmente, a equipa da Rede de Bibliotecas de Condeixa desloca-se às escolas participantes para realizar a habitual troca do fundo documental.
A par da itinerância documental são realizadas sessões de animação de leitura, a partir de um tema definido anualmente, que inclui dramatização de histórias e o desenvolvimento de ações informativas de carácter experimental e/ou artístico. Toda a sequência posterior implica o envolvimento dos docentes na planificação e continuidade nas dinâmicas de leitura e escrita.
No final do ano letivo, realiza-se uma sessão de encerramento do projeto, um verdadeiro dia de encontro e de festa para todos os envolvidos.
Na mesma vertente, mas num contexto extraescola, é implementado o programa não formal, de curta duração “Conto Contigo”.
Esta iniciativa lança o desafio a famílias com crianças de 5/6 anos (pré-escolar) a descobrir, de forma lúdica, as funcionalidades da leitura e da escrita, de forma a facilitar e dar sentido à aprendizagem formal que ocorre no primeiro ciclo.
O programa, da responsabilidade da Fundação Aga Khan e promovido pela Rede de Bibliotecas de Condeixa, terá este ano a sua terceira edição.
E porque o gosto pela leitura não se cria necessariamente nos primeiros anos de vida, a Rede de Bibliotecas de Condeixa tem vindo a desenvolver, com um grupo local de séniores, várias ações de leitura em voz alta para alunos do 2.º, 3.º ciclos e secundário.
O grupo Lérias, Letras & Companhia, que reúne periodicamente na Biblioteca Municipal para debater assuntos relacionados com literatura, história e património local, aceita o desafio para “assaltar”, nas salas de aula, o público mais jovem, com a partilha de textos literários e poéticos de autores portugueses consagrados, em datas comemorativas e outros momentos especiais.
Em paralelo, através da Rede de Bibliotecas de Condeixa, o acesso ao livro é facilitado pela existência do cartão de leitor único, que permite facilmente ao aluno recorrer ao espólio das várias bibliotecas escolares e também da municipal.
O tratamento do fundo documental é de responsabilidade comum, tendo a Biblioteca Municipal a função de suporte e supervisão.
Desde 2017, que a adoção da plataforma de gestão documental e de leitores disponível em linha que resultou de um significativo investimento do município e da execução de um projeto piloto de apoio à qualificação das redes concelhias, em alguns municípios, financiado pelo Programa Rede de Bibliotecas Escolares, tem possibilitado, aos utilizadores, a pesquisa bibliográfica nas bases documentais das bibliotecas, bem como o empréstimo em rede. A boa gestão integrada dos recursos documentais e o refrescamento da coleção, também para as bibliotecas escolares, são parte integrante da cooperação existente entre o município de Condeixa-a-Nova e programa da Rede Nacional de Bibliotecas Escolares, conforme o estipulado no Acordo n.º 30/2011, publicado em diário da República.
O catálogo bibliográfico online encontra-se alojado no portal da Rede de Bibliotecas de Condeixa, disponibilizado aquando da assinatura do protocolo de criação local desta rede, em 2014. Neste sítio, são publicadas notícias referentes às atividades desenvolvidas, informações úteis à comunidade, documentação diversa sobre a rede e ainda os links para os canais digitais dos parceiros.
A caminho da celebração de 10 anos de Rede concelhia, a partilha de saberes, de recursos e de experiência tem melhorado e potenciado as oportunidades, as ofertas, as ações desenvolvidas, sendo este trabalho em rede uma mais valia para o concelho.
Pelo referido, cabe apenas salientar a preocupação desta equipa em capacitar recursos humanos afetos às bibliotecas, numa dimensão mais instrumental, com os assistentes operacionais, e também globalizante quando o foco se alarga para toda a comunidade com os Encontros Formativos, que se renovarão novamente no início de 2024.
Acreditando que a união faz a força, o fomento da parceria entre biblioteca municipal e as bibliotecas dos estabelecimentos de ensino tem sido uma prioridade, esperando que o seu contributo se manifeste positivamente no percurso escolar e de vida das crianças e jovens do concelho, uma vez que esta é a geração do futuro. Trabalhamos juntos!
Ana Froufe - Coordenadora do Gabinete de Cultura e Biblioteca Inês Rodrigues - Técnica Superior de Animação Socioeducativa Biblioteca Municipal Eng. Jorge Bento Condeixa-a-Nova
As bibliotecas escolares do AE Júlio Dantas de Lagos têm desempenhado um papel importante no desenvolvimento da Rádio Tecnodantas FM, desde 2014, fornecendo recursos e suporte para a criação e produção de um programa de rádio, dinamizado por alunos de todos os níveis de ensino. A implementação deste projeto tem vindo a conquistar ouvintes e a envolver a comunidade educativa.
A equipa responsável pela dinamização da Rádio Escolar TecnoDantas FM é composta pelas professoras bibliotecárias, um professor de educação musical e uma docente de História e Geografia de Portugal, para além da colaboração de algumas professoras de Educação Especial.
Esta equipa é responsável por disponibilizar recursos diversificados que possam ser usados como fontes de informação e inspiração para os alunos criarem conteúdo para programa(s) de rádio, oferecer treino aos alunos no domínio da leitura e dos meios técnicos de produção e edição de áudio, bem como, supervisão e orientação, ajudando-os a produzir um programa de rádio com temas interessantes para a comunidade escolar.
Os jovens são convidados a produzir programas com segmentos variados. Eles dividem-se em equipas e cada equipa é responsável por planear, produzir e apresentar um segmento do programa, como notícias, entrevistas, música ou debates sobre assuntos relevantes para eles. Além disso, os alunos envolvem a comunidade escolar, convidando professores e outros membros da comunidade para participarem como convidados em certos programas. Este tipo de atividade ajuda a desenvolver habilidades dos alunos no âmbito da comunicação, trabalho em equipa e criatividade, além de ser uma oportunidade para expressarem as suas opiniões e ideias, sobre os mais variados assuntos.
Dependendo da natureza dos projetos desenvolvidos, professores da equipa e alunos articulam, também, com outros docentes e outros elementos da comunidade educativa, por forma a dar visibilidade às diversas atividades e iniciativas das escolas e enriquecer os conteúdos disponibilizados.
Esta celebração, o Dia Mundial da Rádio, que se assinala hoje, é uma ótima oportunidade para os alunos explorarem e discutirem a importância da rádio. Além disso, é uma maneira divertida e educativa de celebrar a história da Rádio Tecnodantas FM e a sua contribuição para a comunidade. Dessa forma, demos aos alunos a possibilidade de explicarem a sua participação neste projeto, valorizando o papel importante que desempenham e a oportunidade de se destacarem e serem reconhecidos.
Convidamos a todos a ouvirem este podcast e aproveitarem esta oportunidade para celebrar a rádio e a sua história!
O Relatório sobre a Cimeira Transformar a Educação 2022 [1], lançado no Dia Internacional da Educação, apresenta os resultados e decisões para mudar a educação global até 2030.
Nele destacamos o Anexo 4 sobre as Decisões do Comité Diretivo de Alto Nível, tomadas em Paris, a 8 e 9 de dezembro de 2022, que se organizam em 5 Pilares de Acompanhamento (Follow-up Pillars) que devem orientar o trabalho dos responsáveis pela educação.
Pilar 1. Dos compromissos às ações ao nível do país
Na sequência da Cimeira para Transformar a Educação, os Estados-Membros apresentaram as suas declarações nacionais de compromisso [2] e agora é preciso traduzi-las em ações concretas ao nível de cada país e comunidade local. Implicam afetação de recursos públicos suficientes, com mobilização do setor privado, bem como monitorização e avaliação, para compreender e disseminar os progressos alcançados na educação.
Cimeira para Transformar a Educação 2022: a declaração de compromisso de Portugal [2] foi elaborada com base nos contributos da Consulta Nacional, ocorrida em Lisboa, reuniu diretores, professores, estudantes, autoridades locais, ONG, setor privado e dos media, associações de pais, sindicatos de professores, associações científicas.
O Pilar 1 sublinha a importância de se envolverem os jovens na conceção e implementação dos compromissos nacionais, solicitando à Rede Juvenil ODS4 (SDG4 Youth Network) que faculte informação sobre as ações implementadas.
Pilar 2. Garantir que a transformação da educação é uma componente chave da Cimeira do Futuro
O Relatório apela aos Estados-Membros para, estrategicamente, darem lugar de destaque à educação nos próximos eventos das Nações Unidas:
- A Cimeira dos ODS que se realiza em Nova York, a 19 a 20 de setembro de 2023, para acompanhar e analisar a implementação da Agenda 2030 e que se centra nas Pessoas, marcando “o início de uma nova fase de progresso acelerado em direção aos ODS” [3];
- A Cimeira do Futuro (Summit of the Future) que se realiza em Nova York, a 22 e 23 de setembro de 2024, cujo tema é Soluções multilaterais para um melhor amanhã e que será precedida de uma reunião ministerial preparatória a realizar a 18 de setembro de 2023 [4].
Pilar 3. Movimento global para transformar a educação
Este Pilar desafia os Estados Membros e parceiros-chave a reforçarem uma política pública e ativa para “a urgência de transformar a educação”, não criando novas iniciativas que exigiriam mais recursos, mas incorporando este movimento nas ações previstas e em curso.
Apela aos Estados Membros o reforço do “envolvimento dos jovens e estudantes na educação através da criação de mecanismos nacionais como órgãos de representação ou comités consultivos da juventude,envolvendo-os ativamente na conceção, implementação e monitorização de políticas [sublinhado nosso]”, bem como a mobilização de organizações da sociedade civil e de professores nos processos de política de educação, reconhecendo o seu “papel central”, conforme é dito no Relatório.
Pilar 4. Transformação do financiamento da educação
Entre outras medidas, este Pilar apela aos países para aumentarem o financiamento na educação, especialmente em situações de emergência e solicita, aos Comités Técnicos de Finanças da Educação, a publicação de dados sobre investimentos nacionais (níveis, equidade e eficiência) e a implementação de uma estratégia de advocacia para abordar o tema nos principais fóruns internacionais (G7, G20, Fundo Monetário Internacional, Fórum Económico Mundial), “incluindo um fórum periódico ministerial, de Ministros da Educação e de Ministros das Finanças”.
Pilar 5. Iniciativas globais TES
Por entre as prioridades da educação, este Pilar destaca 3 novas áreas: educação ambiental, transformação digital e participação dos jovens no ODS 4. Solicita ao seu Comité Técnico de Dados e Monitorização a criação de um quadro de referência com indicadores realistas que apoiem a monitorização do progresso dos países até 2030 nestas áreas da educação, bem como a curadoria de boas práticas SDG4 [5] e a monitorização de ações dos compromissos nacionais para tornar transparente o progresso dos países.
No seu conjunto, a implementação dos 5 Pilares, que se sucede à discussão sobre as 5 Linhas de Ação Temática, contribuirá para acelerar o progresso da educação até 2030.
O papel da Biblioteca Escolar no Plano de Ação de Desenvolvimento Digital da Escola
Articulado com o Projeto Educativo, o Plano de Ação de Desenvolvimento Digital da Escola (PADDE) do Agrupamento de Escolas Lima-de-Faria (AELdF), Cantanhede, tem doze ações de natureza pedagógica, estruturadas em torno de @5C - Capacitar, Colaborar, Criar, Comunicar e Contaminar. Os Serviços de Biblioteca Escolar estão envolvidos como dinamizadores ou parceiros em sete destas ações.
O crescimento profissional dos docentes passa pelas redes de colaboração, pela partilha contaminante a partir da observação e da análise reflexiva de exemplos bem-sucedidos. Planificar, implementar, refletir e partilhar é, assim, essencial para a constituição de comunidades de práticas, as quais podem ser amplificadas pelas potencialidades das tecnologias digitais enquanto meios de comunicação.
Neste contexto, na ação Contaminar, surge a Comunidade de Práticas do Agrupamento.
O que pensámos fazer?
Para se ir alcançando essa comunidade de práticas, foi proposta uma sessão de partilhas por mês, com a duração de duas horas, em regime não presencial.
As sessões foram organizadas em dois grupos, a saber um grupo de docentes do 1.º e 2.º ciclos e outro grupo de docentes do 3.º ciclo e do ensino secundário.
Em cada sessão, pretendia-se que fossem apresentados planos de sequências de aulas, com ou sem integração curricular, e nos quais fosse possível observar o recurso a tecnologias digitais e promoção explícita de competências em literacia da informação e literacia digital.
Inicialmente, pretendia-se que os professores convidados a partilhar fossem os que na aplicação do Check In foram identificados como líderes e especialistas.
Posteriormente, a partir de janeiro de 2022, pretendia-se que qualquer professor do Agrupamento se disponibilizasse a realizar uma partilha.
Estabeleceu-se como meta para os dois anos de implementação do PADDE, doze partilhas para o primeiro grupo e dezoito partilhas para o segundo grupo.
O que já fizemos?
Na primeira sessão, em outubro de 2021, duas colegas da Escola Secundária de S. Pedro de Vila Real apresentaram os fundamentos e a sua experiência, de longos anos, de constituição de uma comunidade de práticas.
Posteriormente, decorreram, até ao final do ano letivo, mais sete sessões, com um total de vinte e dois planos de sequências de aulas apresentados, alguns dos quais decorrentes das dinâmicas de formação da Capacitação Digital de Docentes e outros da dinâmica do próprio PADDE, cuja Ação 1 previa a formação na modalidade de estágio em inquiry, problem, challenge e phenomen learning.
Em cada partilha, os professores começaram por apresentar os fundamentos pedagógicos do trabalho desenvolvido e o respetivo enquadramento curricular. Em seguida, efetuaram uma descrição do processo, com destaque para os instrumentos de orientação dos alunos, as atividades e produtos por estes realizados, os recursos digitais usados e as razões para a sua utilização, os mecanismos de trabalho colaborativo e de feedback. Por fim, apresentaram um balanço sobre os resultados alcançados, necessidades de desenvolvimento profissional como docentes e reflexão sobre os meios físicos e digitais e a sua implicação na organização colaborativa da aprendizagem.
Neste processo, a Biblioteca Escolar foi sobretudo um parceiro da Direção na organização do processo.
O que (ainda) não conseguimos fazer?
Apesar da relevância das práticas partilhadas e do espaço de debate gerado, uma comunidade de práticas exige continuidade.
Porém, no presente ano letivo apenas se conseguiu calendarizar duas tardes de partilha. Uma em janeiro e outra em maio. As restantes tardes, com tempos comuns a todos os professores, estão ocupadas com outras solicitações, nomeadamente formação para a implementação de uma conceção pedagógica de avaliação. Projetos, formações e reuniões sobrepõem-se e competem entre si, não permitindo uma consolidação de processos.
A realidade muda, e verificamos que muitos professores do AELD estão a usar tecnologias digitais, num sentido amplo do termo, e a desenvolver com os alunos competências em literacia da informação e da comunicação. Porém, há necessidade de uma atuação sistémica, que está longe de ser alcançada.
Esperamos que a implementação de uma outra ação do PADDE, a criação de um espaço institucional e colaborativo, para professores, na Classroom, seja mais um passo em direção a uma comunidade de práticas.
Isabel Bernardo, professora bibliotecária (AE Lima de Faria, Cantanhede)