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Blogue RBE

Qua | 31.07.24

Um ano de conteúdos ricos e diversificados

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Com a chegada das férias, é o momento perfeito para fazermos uma pausa nas nossas atividades diárias, refletirmos sobre o que foi conquistado e recarregarmos as energias para os desafios futuros. Aqui, no Blogue RBE, também vamos aproveitar este período para descansar e para nos prepararmos para o próximo ano.

Durante o mês de agosto, não iremos publicar novos conteúdos, mas temos uma ótima notícia: vamos recuperar e destacar alguns dos artigos que partilhamos ao longo de 2023-2024.

Entre setembro e julho, o Blogue RBE foi publicando artigos, dicas, notícias, crónicas… que abordaram uma ampla gama de temas, desde práticas inovadoras, passando por divulgação de livros e mesmo sugestões com boas ideias para professores bibliotecários. Fizemos questão de levar até si informações relevantes para a área da edução, provenientes de múltiplos organismos. Sabemos que, no meio do ritmo acelerado e das exigências do dia a dia, muitos destes conteúdos podem ter passado despercebidos.

Queremos que os professores bibliotecários descansem e esqueçam as bibliotecas escolares durante o mês de agosto. Mas se não resistirem a dar uma espreitadela, vamos:

  1. Relembrar informações úteis: Com a correria do quotidiano, é fácil esquecer ou deixar de lado informações preciosas. Revisitar conteúdos anteriores ajuda a relembrar práticas e conhecimentos úteis que podem ser aplicados nas nossas bibliotecas.

  2. Proporcionar reflexão e profundidade: Voltando aos artigos anteriores, podemos absorver as informações com mais calma e refletir sobre o modo como se podem aplicar à nossa realidade.

  3. Ajudar novos seguidores: Se só se juntou a nós recentemente, talvez não tenha tido a oportunidade de explorar todos os nossos conteúdos. Em agosto poderá aproveitar o melhor do que partilhamos ao longo do ano.

Destaques de 2023-2024

Eis alguns dos temas que iremos revisitar durante as férias:

  • Retalhos da vida de um professor bibliotecários;
  • Vozes que decidem;
  • Aconteceu nas bibliotecas;
  • Práticas em rede;
  • Tempo para ler;
  • Espaços de bibliotecas;
  • Design de sítios web;
  • Inteligência artificial;
  • Literacia informacional e mediática.

Boas Férias!

Agradecemos a todos os nossos leitores o apoio constante e a interação ao longo do ano. Desejamos a todos um período de férias relaxante e revigorante.

Se lhe apetecer, aproveite este tempo para explorar os conteúdos que preparamos em 2023-2024 com tanto cuidado e dedicação. Estamos ansiosos para voltar em breve, com novas ideias e projetos.

Boas férias e boa leitura!

 

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

Ter | 30.07.24

Desligue! O programa segue dentro de momentos

Carta aberta aos professores bibliotecários

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Caros Professores Bibliotecários,

Em tempo de prestação de contas, a Rede de Bibliotecas Escolares agradece a cada um o trabalho incansável e a dedicação que demonstrou ao longo do ano letivo, reconhecendo sempre que o empenho e a paixão dos professores bibliotecários são a força motriz que permite o excelente trabalho das nossas bibliotecas.

Permanentemente, são coelhos brancos de relógio em punho e fazendo da frase “É tarde! É tarde!” o mantra eternamente repetido. A todo o momento, falta desenhar um projeto, preparar uma atividade, selecionar um conjunto de livros, falar com A, com B, com C, responder a outros tantos, para resolver assuntos mil. Dificilmente se encontram, ao longo do ano letivo, momentos em que a lista de tarefas esteja concluída e seja permitido relaxar. Na verdade, até aquilo a que o comum mortal designa por “férias escolares” e os docentes sabem bem que são meras interrupções da atividade letiva, são bastamente aguardadas para conseguir manter em níveis aceitáveis a lista dos afazeres.

Agora que foi preenchida a base de dados, apresentado no Conselho Pedagógico o relatório de atividades 2023-2024, submetido o relatório de execução do plano de melhoria, do projeto aLer mais e melhor, do projeto Todos Juntos Podemos Ler, e outros e outros…

Agora que foi concluída a catalogação daqueles livros que não foi possível terminar durante o ano letivo e absolutamente não se queria deixar de ter disponíveis no início do ano letivo…

Agora que se aproveitaram as limpezas de primavera para repensar e rearrumar a biblioteca…

Agora que os meninos já estão entregues às suas famílias e já se despediram…

Nada mais há de inadiável. É tempo de dedicação exclusiva a si próprio e aos tantas vezes menos priorizados, os seus.

Não queremos que se motive para aproveitar o defeso para estudar, pesquisar, programar... Pelo contrário, exigimos que se convença de que não existem alunos, de que bibliotecas é um conceito para o qual não tem nenhum contributo a dar, de que projetos de leitura, de informação, de media serão certamente bem pensados por alguém, em algum momento!

É nossa vontade que finalmente seja bem-sucedido em ficar off 🎉.

Para o caso de estar sem ideias, apresentamos-lhe abaixo um conjunto de sugestões. Pela sua saúde, siga os nossos conselhos e aperfeiçoe-os.

1. Descontração e Renovação:

  • Desligue-se: Afaste-se do e-mail, das redes sociais e das tarefas relacionadas com a biblioteca e a escola. Aproveite para viver o momento presente sem distrações digitais. Permita-se tempo para descomprimir e recarregar baterias.
  • Priorize o sono: Sabemos todos que dormir o suficiente é essencial para a saúde física e mental, mas às vezes esquecemo-nos. Pense bem: não tem andado a tomar mais um cafezinho só para ter uma dose extra de energia e acuidade? Reduza agora e durma! Aproveite as férias para regular o seu sono e acordar descansado e revigorado.
  • Pratique atividades físicas: Exercite-se regularmente, caminhe, nade, pratique qualquer outra atividade que lhe traga alegria. A atividade física representa um excelente momento para não pensar em mais nada além do esforço que está a despender e é uma excelente forma de limpar a cabeça.
  • Ligue-se à natureza: Passe tempo ao ar livre, faça caminhadas em parques, visite praias ou simplesmente descontraia no seu jardim. Há quanto tempo não faz um piquenique? Está lembrado de que o contato com a natureza é uma ótima maneira de recarregar as energias?
  • Cultive hobbies e paixões: Dedique-se a atividades que lhe tragam prazer, seja ler, pintar, tocar um instrumento, cozinhar ou qualquer outra atividade que lhe traga alegria. Experimente algo novo! Já alguma vez fez jardinagem? Atividades manuais são ótimas para descontrair e estimular a criatividade.
  • Faça uma maratona de séries e filmes: Coloque em dia aquela série ou filme que não teve tempo de ver durante o ano. Prepare pipocas e aproveite! Mas não exagere! Também não queremos que se transforme numa batata no sofá!
  • Invista em dias de spa em casa: Prepare um dia de spa em casa com banhos relaxantes, máscaras faciais e música suave. Mime-se com um dia de cuidados pessoais. Bem merece!
  • Envolva-se em culinária: Que tal experimentar novas receitas ou até mesmo fazer um curso de culinária? Cozinhar pode ser uma atividade terapêutica e deliciosa.

2. Crescimento pessoal:

  • Participe de cursos e workshops: Utilize o tempo livre para aprender algo novo, relacionado com a sua atividade ou, sobretudo, com um interesse pessoal.
  • Leia livros e artigos: Mergulhe num bom livro ou explore artigos sobre temas que lhe interessam. Se possível deixe de lado os livros académicos e mergulhe em romances, ficção científica, policiais ou qualquer outro género que lhe traga prazer. Que tal aquele livro que está na sua lista há meses? Está com falta de ideias? Veja as nossas Sugestões de leituras para as férias dos professores bibliotecários.
  • Visite museus e bibliotecas: Explore a cultura local e expanda os seus horizontes visitando museus, bibliotecas e outras instituições culturais.
  • Faça voluntariado: Dedique algum tempo a uma causa que lhe seja importante e faça a diferença na sua comunidade.

3. Relação e Alegria:

  • Passe tempo com a família e amigos: Reúna-se com aqueles de quem gosta. Organize encontros, jantares ou simplesmente desfrute da sua companhia. Partilhe momentos especiais e crie memórias duradouras.
  • Viaje e explore novos lugares: Desbrave novos destinos, conheça diferentes culturas e expanda os seus horizontes. Planeie uma viagem curta para uma cidade vizinha ou um destino que sempre quis conhecer. Às vezes, uma mudança de cenário é tudo aquilo de que precisamos e nem sequer tem de ser um local muito distante.
  • Experimente novas gastronomias: Saboreie novos pratos e descubra diferentes sabores do mundo. Atreve-se?
  • Pratique atividades em grupo: Participe em aulas, clubes ou grupos que lhe permitam conhecer novas pessoas e fazer novos amigos. Abra-se ao outro!
  • Cuide do seu bem-estar mental: Pratique meditação, yoga ou outras técnicas de descompressão. São práticas que ajudam a relaxar a mente e o corpo, proporcionam uma sensação de bem-estar e contribuem para a sua saúde mental.

Esperamos que estas sugestões ajudem a planear umas férias maravilhosas e calmantes. Mas atenção! Embora seja tentador preencher cada dia com atividades, lembre-se de deixar espaço para a espontaneidade ou para, simplesmente, não fazer nada! Às vezes, os momentos mais memoráveis são aqueles que não foram planeados. Se puder, ria! Muito!

A Rede de Bibliotecas Escolares orienta sistematicamente aqueles com que conta diariamente para a cumprir e agosto não é exceção. Durante este mês, precisamos que verdadeiramente aproveite o seu tempo para cuidar de si mesmo, explorar os seus interesses e fortalecer os seus laços com a família e os amigos. Essa é a sua tarefa em agosto e esperamos que se entregue a ela com a mesma dedicação que lhe merece o exercício das múltiplas funções de professor bibliotecário.

Lembre-se, o mais importante é fazer o que o faz feliz e recarregar energias para enfrentarmos juntos mais um ano de trabalho, nas nossas bibliotecas escolares, em 2024-2025.

Boas férias! Aproveite! 🌞

📷 Imagem criada com Rawpixel.

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

Seg | 29.07.24

Concurso "Escrever é Viver" | 4.ª edição: O texto “Escrever é Viver” conquistou o 1.º prémio

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No dia 20 de maio, às 11h30min horas, realizou-se, nas instalações do IMultimédia a sessão de entrega de prémios aos jovens autores de textos sobre a temática Liberdade e Tolerância, no âmbito do Concurso “Escrever é Viver” que já vai na sua 4.ª edição. Durante a sessão, foi lançado o livro digital do concurso: Concurso Escrever é Viver 2024.

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Foram vários os textos recebidos e analisados pelos membros do júri. Saiu vencedor, o texto Escrever é Viver escrito pela aluna Maria Fernanda Fernandes, da Escola Escultor António Fernandes de Sá_Oliveira do Douro – Vila Nova de Gaia.

A sessão decorreu no Estúdio do Instituto Multimédia, com a presença do júri, presidido pelo Dr. Pires Laranjeira, professor na Faculdade de Letras de Coimbra, contando com a participação de Susana Ferreira Baião, representante da Rede de Bibliotecas Escolares; Carla Maia, representante do Instituto Multimédia (IM); Ilídia Ferreira, representante da Associação de Professores de Português (APP); e Jorge Ascenção, representante da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP); dos alunos premiados, familiares e professores.

A escrita permite aos jovens expressar ideias e sentimentos, refletindo sobre temáticas sociais. Os trabalhos submetidos a concurso demonstraram isso mesmo. Com uma escrita fluída e envolvente, cativaram o leitor e foi permitido fazer um mergulho emocional por entre os textos.

A liberdade é vista como um direito e uma responsabilidade, enquanto a tolerância é essencial para uma convivência respeitosa. Ao longo do folhear do ebook, repleto de textos criativos, faz-se um percurso recheado de reflexões profundas em que, muitas das vezes, somente pela escrita, esta ferramenta tão poderosa, se conseguem expressar os mais diversos pontos de vista.

A seleção dos textos homenageia os talentos literários e sublinha a importância da reflexão sobre valores fundamentais. Fomentar a liberdade de expressão e a tolerância constrói uma sociedade equitativa, onde cada voz é valorizada. As bibliotecas escolares, guardiãs do conhecimento, promovem a liberdade e a tolerância, oferecendo um espaço seguro onde os jovens podem aprender e crescer em harmonia.

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

Qua | 24.07.24

Comemorações do 50.º aniversário do 25 de abril em Aljezur: uma celebração de liberdade e democracia

2024-07-24.jpgAs comemorações do 50.º aniversário do 25 de Abril em Aljezur foram um marco significativo, estimulando uma reflexão profunda sobre os conceitos de liberdade e democracia. Organizados pela Associação Lavrar o Mar, em colaboração com a Câmara Municipal de Aljezur, os espetáculos "E se fizéssemos tudo outra vez" destacaram-se pela forte participação comunitária e pela contribuição ativa da Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas Professora Piedade Matoso, envolvendo mais de 30 alunos e professores.

Esta ação integrou-se na iniciativa "Integrar Abril", proposta pela Rede de Bibliotecas Escolares no âmbito de "Abril depois de abril", envolvendo a comunidade escolar na criação de conteúdos e na realização dos espetáculos nos dias 24 e 25 de abril.

Desenvolvido por Madalena Victorino e Giacomo Scalisi, o projeto celebrou a Revolução dos Cravos, incentivando a participação de toda a comunidade de Aljezur, incluindo a comunidade escolar, e promovendo a colaboração entre entidades culturais e educacionais. A Biblioteca Escolar desempenhou um papel crucial, fornecendo o espaço necessário para as performances e facilitando o processo criativo através de workshops.

Nestes workshops, alunos e professores envolveram-se em atividades como composição de letras, ensaios de poesias cantadas, aprendizagem de músicas da época, e preparação e apresentação de danças. Estas atividades culminaram em dois eventos principais: o Jantar Revolucionário, no dia 24 de abril, caracterizado por música, dança e gastronomia típica, e a Assembleia Popular Revolucionária, no dia 25, que combinou poesia, teatro, música e dança, reforçando a união e o significado histórico desta data.

Para visualizar o espetáculo

Para ver os ensaios

Para mais informações visite a página da biblioteca

 

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

Seg | 22.07.24

Sugestões de leituras para as férias dos professores bibliotecários

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As bibliotecas escolares são recursos imprescindíveis à escola, os professores bibliotecários agentes de mudança com responsabilidade acrescida no processo educacional e nas aprendizagens dos alunos.  O valor da biblioteca escolar é indiscutível, numa escola de qualidade.

Durante o ano letivo o professor bibliotecário assume vários papéis: de facilitador das aprendizagens e do desenvolvimento de diferentes competências de literacia no processo formativo dos alunos, mas também do trabalho de cooperação, colaboração e uma partilha efetiva; de conector entre todos os elementos da comunidade educativa; de catalisador em prol do trabalho conjunto e da criação de redes de conhecimento, e por último, o poder da comunicação. 

Agora, chegou o tempo dedicado à reflexão, à planificação, à reorganização e arrumação, para, em breve, gozar do merecido descanso e usufruir de excelentes momentos de leitura.

Chegou o tempo para ler!

Partilhamos algumas sugestões de leitura para os professores bibliotecários:

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Ponham-nos a Ler! - A leitura como antídoto para os cretinos digitais, de Michel Desmurget; Contraponto Ed.

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Neste livro, a leitura surge como a base que permite à criança desenvolver os três pilares da sua essência humana: aptidões intelectuais, competências emocionais e habilidades sociais. Michel Desmurget mostra-nos ainda que, apesar dos esforços dos media para nos convencer do contrário, os jovens não só leem cada vez menos, como leem cada vez pior. Segundo ele, saber ler é mais do que decifrar o alfabeto e juntar letras e sílabas - é preciso que a criança compreenda e interprete o que está escrito. Só assim poderá aprender a compreender o meio em que está inserida. O papel dos pais é, por isso, fundamental, cabendo a estes estimular nos filhos o gosto pela leitura mediante as estratégias apontadas pelo autor.

Face à sedução crescente dos ecrãs que tanto prejudicam o desenvolvimento dos nossos filhos, tanto a nível intelectual e cognitivo como físico-motor, Michel Desmurget apresenta-nos a leitura como a única forma de resistência possível ao avanço incontrolável do digital, num livro absolutamente imprescindível para pais e educadores.

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O Livro Que Gostaria Que Os Seus Pais Tivessem Lido, de Philippa Perry; Ed. Arena

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Nesta obra absorvente, inteligente e divertida, a reconhecida psicoterapeuta britânica Philippa Perry explica o que é realmente importante e que tipo de comportamentos devemos evitar ou fomentar no relacionamento com os nossos filhos. Em vez de desenhar o plano "perfeito", Perry oferece-nos uma visão geral de como pais e filhos podem alcançar um bom relacionamento. Cheio de conselhos sábios e saudáveis, este é o livro que todos os pais quererão ler e que todos os filhos agradecerão que os seus pais leiam também.

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A Livraria na Colina, de Alba Donati; Ed. Pergarminho

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«- Romano, gostava de abrir uma livraria na minha aldeia.
- Muito bem, quantos habitantes tem?
- 180.
- Então, 180 mil a dividir…
- Não é 180 mil, é 180.
- És doida.»
Um crowdfounding, em 2019, permitiu à poeta Alba Donati deixar o seu trabalho numa das maiores editoras italianas e trocar Florença pela sua aldeia natal, Lucignana. Um incêndio e uma pandemia não foram suficientes para enterrar o sonho; pelo contrário, uma vez inaugurada esta pequena cabana nas montanhas, repleta de delícias literárias (incluindo meias e chás inspirados em livros e autores), os amantes da leitura, de todos os tipos e proveniências, juntaram-se para a manter viva - e próspera! Visitada por escolas, turistas, peregrinos, com um festival literário e diversos eventos culturais, a Libreria Sopra la Penna - pequeno espaço cheio de grandes sonhos - tornou-se um destino global para leitores ávidos, curiosos e até principiantes.

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Adolescentes, de Margarida Gaspar de Matos; Ed. Oficina do Livro

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Tudo o que sempre quis saber sobre o que pensam, o que desejam, o que sentem.
Baseado em estudos e evidência científica, Adolescentes pretende auxiliar pais e educadores que se vejam a braços com esse mistério frequente que é compreender os adolescentes. Este livro procura entender quais as suas expectativas e os seus sonhos, e ir ao encontro das suas necessidades físicas e emocionais, aceitando os seus receios e uma forma de estar muito própria desta fase da vida, que se tornou ainda mais exigente com todos os acontecimentos mundiais ligados à pandemia e às suas consequências mais diretas, como o isolamento e as alterações nas relações sociais e meio ambientais.
A especialista Margarida Gaspar de Matos vai, através da sua experiência enquanto investigadora, mas também com testemunhos de adolescentes, mostrar aos leitores «ferramentas» que ajudam em termos mais práticos e informados a lidar de forma mais tranquila com esta geração que representa o futuro e a mudança.

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Poesia reunida, de João Luís Barreto Guimarães; Ed. Quetzal

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A poesia de João Luís Barreto Guimarães oscila, sempre, entre a contemplação da História, a ironia sobre as coisas comuns e quotidianas, a transformação dos sentimentos em meditação sobre a passagem do tempo, a construção de um universo próprio com as suas personagens, obsessões e descobertas.
Há nos seus versos uma atenção meticulosa voltada para os objetos quotidianos e que, a cada livro, foi dando lugar a uma geografia e uma enumeração afetuosa de lugares, memórias e personagens. Fala da casa, das viagens, das leituras, das histórias do mundo, da afirmação da vida. Está marcada pela ironia mas também pela gravidade e pela melancolia, pelo pormenor e pelo retrato de conjunto, pela leitura da solidão mas também do amor, da amizade, das coisas de todos os dias.
Como se todos nós tivéssemos direito à poesia como ao pão de cada dia.

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Como Organizar Uma Biblioteca, de Roberto Calasso; Ed. Edições 70

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«Organizar uma biblioteca é um tema altamente metafísico.»
Aqueles que tentam pôr os seus livros em ordem devem ao mesmo tempo reconhecer e modificar uma boa parte da sua paisagem mental. Esta é uma tarefa delicada, cheia de surpresas e descobertas, mas sem uma solução. Muitos já o experimentaram, desde o estudioso do século XVII Gabriel Naudé até Aby Warburg. Vários episódios são aqui relatados, misturados com fragmentos de uma autobiografia involuntária. Segue-se um perfil do breve momento em que certas revistas, entre 1920 e 1940, atuaram como polinizadores da literatura, e uma crónica do emblemático nascimento da recensão, quando Madame de Sablé se viu na situação embaraçosa de dar publicamente conta das Máximas do seu querido e sensível amigo La Rochefoucauld. Por fim, o tema da arrumação reaparece no último ensaio desta coletânea, desta vez aplicado às livrarias de hoje, para as quais é uma questão vital e quotidiana.

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O Livro que Me Escreveu, de Mário Lúcio Sousa; Ed. D. Quixote

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Diagnosticado com uma doença cardíaca grave, um jovem decide escrever o Livro da sua vida - e escrevê-lo literalmente com o coração. Sempre ao lado da mulher, leva trinta anos para completar a empreitada, passando fome e privações e vivendo a crédito, esperando pagar as dívidas quando o Livro for publicado.
Assim que o termina, manda as folhas dactilografadas ao seu editor, mas este nunca as recebe. O desespero leva o casal e os amigos e vizinhos a uma busca desesperada em todas as estações de Correios do mundo, até que o editor dá a entender que finalmente recebeu o livro. Só que não era o Livro…. Então, começam a chover livros assinados com o nome do escritor, e o povo começa a ler desenfreadamente, tornando a leitura um fenómeno à escala global.
O Livro que Me Escreveu é uma novela genial, um elogio maravilhoso à solidariedade e à leitura, essenciais na formação do ser humano.

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A Colher, de Sandra Siemens, Bea Lozano (Ilustr.); Ed. Fábula

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Além de utilidade prática, alguns objetos têm histórias secretas, que vão passando de geração em geração, alimentando o seu valor afetivo e criando elos que durarão para sempre.
Esta obra premiada, da escritora argentina Sandra Siemens e da ilustradora espanhola Bea Lozano, é particularmente tocante para leitores cujas famílias tiveram de migrar, mas convida todos os leitores à partilha de memórias, que por vezes estão guardadas em simples objetos.

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História de um Homem Comum, de George Orwell, Jacinta Maria Matos (Int., trad. e notas); Ed. E -Primatur

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Neste romance que oscila entre um registo cómico e um registo pessimista – especialmente no que diz respeito ao capitalismo especulativo, às ameaças políticas externas e à morte de uma certa Inglaterra rural – George Bowling é um angariador de seguros na meia-idade, que vive numa casa geminada de um subúrbio inglês com a mulher e dois filhos. Um dia, depois de ganhar algum dinheiro numa aposta, e antecipando os tempos terríveis que se adivinhavam tanto para si como para o país, tenta recuperar a sua infância idílica e regressa a Lower Binfield, o lugar onde nasceu, para pescar carpas num lago que lhe ficou na memória durante trinta anos. Infelizmente esse lago já não existe, o vilarejo tornou-se irreconhecível e o principal acontecimento da sua escapadela está longe de ser aquilo que se esperava.

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A Lista de Leitura, de Sara Nisha Adams; Top Seller

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Mukesh leva uma vida pacata num subúrbio de Londres e tenta manter as rotinas estabelecidas pela sua mulher, Naina, que faleceu recentemente. Vai às compras todas as quartas-feiras, frequenta o templo hindu e tenta convencer as três filhas de que é perfeitamente capaz de organizar a sua vida sozinho.
Aleisha é uma adolescente que trabalha na biblioteca local durante o verão e que, curiosamente, não gosta de ler. Até que encontra um papel amachucado dentro de um exemplar de Mataram a Cotovia com uma lista de livros dos quais nunca ouvira falar. Intrigada, e um pouco entediada com o seu trabalho, decide começar a ler os livros aí sugeridos.
Quando Mukesh vai à biblioteca para devolver um dos livros de Naina e pedir outras sugestões de leitura, numa tentativa de criar laços com a neta, Aleisha recomenda-lhe os títulos da lista. É assim que, livro a livro, vão descobrindo a magia da leitura e encontrando novos significados para as suas vidas. E é através destas leituras partilhadas que Aleisha e Mukesh encontram a força necessária para lidar com os desgostos e problemas do dia a dia e reencontram a alegria de viver.
Uma história sobre amizade, amor e o poder que os livros têm de mudar a vida de quem os lê.

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A Crise Da Narração, de Byung-Chul Han; Ed. Relógio D´Água

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«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.»
É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades.
Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação.
Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração.
E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade.

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Somos Animais Poéticos, de Michèle Petit; Ed. Kalandraka

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Uma reflexão imprescindível sobre a importância da arte e da literatura, da beleza como feito fundamental e da necessidade do ‘inútil’ em tempos críticos.
A partir de testemunhos e de textos inicialmente escritos para intervenções em jornadas que reuniam professores, bibliotecários, promotores de leitura, entre outros, Michèle Petit analisa aqui o contributo que a literatura (oral e escrita) e a arte em todas as suas formas podem ter hoje em contextos difíceis e que nestes últimos anos não têm parado de se multiplicar, desde guerras, migrações de refugiados, alterações climáticas aos atentados terroristas ou à pandemia de covid-19. Neste ensaio, pleno de sensibilidade, a autora faz uma apologia à arte nas suas várias formas, ora abordando a superação do trauma através da contemplação do belo, ora exaltando a transmissão cultural em cenários de exílio, ou a linguagem e o canto como meios de conexão com a natureza, as bibliotecas como casas de pensamento e convívio, e ainda a importância da literatura como fomentadora do sonho.
Por diferentes vias, a antropóloga francesa relembra que o utilitário nunca nos basta e que não podemos ser reduzidos a variáveis económicas, nem mesmo aos nossos papéis sociais, pois somos também, e talvez acima de tudo, verdadeiros animais poéticos.

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48 Ensaios, de Virginia Woolf; Ed. Relógio D´Água

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Reúnem-se aqui quarenta e oito ensaios da autora de As Ondas que nos falam de escritores como Jane Austen, Defoe, Henry James, Christina Rossetti, Conrad, Sterne, Thomas Hardy, Walt Whitman, Montaigne e dos russos que eram os seus favoritos, como Tolstói, Dostoievski e Turgenev. Virginia Woolf escreve ainda sobre a personagem ficcional, o romance gótico, histórias de fantasmas, o tempo passado em bibliotecas, a arte da biografia e a situação de estar doente. Assuntos como o cinema e as mulheres escritoras são também abordados, assim como o declínio da escrita ensaística, a crítica ou o modo como se deve ler um livro. Nos últimos ensaios, pairam já as sombras da II Guerra Mundial, como em «Pensamentos de Paz num Ataque Aéreo» (1942).

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História do Repouso, de Alain Corbin; Ed. Quetzal

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O descanso não é sono, nem imobilidade, nem uma solução para a fadiga - mas um momento em que o ser humano se reconstrói, caminha, esquece, encontra um lugar apenas seu.
Durante muito tempo o repouso foi relegado para a «vida eterna», depois da morte e de um destino obediente e conformado. Mas tudo mudou com o século XIX, tornando-se também uma necessidade terapêutica - e um convite ao lazer, com a sua indústria organizada e lucrativa.
Nos dias de hoje, o tempo de lazer ocupa o tempo livre, invade o espaço humano, cria novas formas de dependência e de cumprimento de horários. Erradamente, não falamos mais de descanso, mas de momentos de relaxamento, diversão e evasão, o que equivale a substituir a fadiga por mais tensão, mais tarefas, mais disciplina e mais consumo.

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A Vida na Selva, de Álvaro Laborinho Lúcio; Ed. Quetzal

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Há quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.

Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura - e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance.

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Lenços pretos, chapéus de palha e brincos de ouro, de Moreira Marques; Ed. Companhia das Letras

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Um relato de viagem que tem como guia As mulheres do meu país, escrito no final dos anos 1940 por Maria Lamas, figura de proa do ativismo político em Portugal.
Um ensaio sobre os textos que as mulheres não escreveram e as vidas que elas não viveram, e que poderiam ter mudado a visão da História.
A narrativa autobiográfica de uma escritora que tenta encontrar e desvendar a sua própria história nas histórias das mulheres anónimas que povoam o nosso imaginário.
Susana Moreira Marques viaja pelas aldeias ruidosas do passado e as aldeias-museu do presente; passa por hotéis modernos onde já chegou o progresso de ter um quarto só para si; encontra mulheres que ainda vivem no silêncio de antigamente; procura registar velhas memórias e fazer perguntas que sejam úteis hoje: começa a desenhar as mulheres do país do futuro.

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Os Rostos, de Tove Ditlevsen; Ed. Dom Quixote

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Copenhaga, 1968. Lise, uma escritora de livros infantis e mãe de três filhos, casada, vê a sua vida quotidiana a esvair-se. É cada vez mais assombrada por rostos e vozes sem corpo. Além disso, está convencida de que o seu marido, extravagantemente infiel, a vai deixar. Mas, acima de tudo, tem medo de não voltar a escrever. No entanto, à medida que mergulha num mundo de comprimidos e hospitais, começa a interrogar-se: será a loucura algo que realmente se deva temer, ou será que traz uma espécie de liberdade?

Em Os Rostos Tove Ditlevsen reflete sobre casamento e divórcio, amor e loucura, medo, ternura e maldade, utilizando magistralmente os meios literários para tornar tangíveis as mudanças na perceção de uma mulher.

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Vemo-nos em Agosto, de Gabriel García Márquez; Ed. Dom Quixote

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Todos os anos, a 16 de agosto, Ana Magdalena Bach apanha o ferry que a leva até à ilha onde a mãe está enterrada, para visitar o seu túmulo. Estas viagens acabam por ser um convite irresistível para se tornar uma pessoa diferente durante uma noite por ano.
Ana é casada e feliz há vinte e sete anos e não tem motivos para abandonar a vida que construiu com o marido e os dois filhos. No entanto, sozinha na ilha, Ana Magdalena Bach contempla os homens no bar do hotel, e todos os anos arranja um novo amante. Através das sensuais noites caribenhas repletas de salsa e boleros, homens sedutores e vigaristas, a cada agosto que passa Ana viaja mais longe para o interior do seu desejo e do medo escondido no seu coração.
Escrito no estilo inconfundível e fascinante de García Márquez, Vemo-Nos em Agosto é um hino à vida, à resistência do prazer apesar da passagem do tempo e ao desejo feminino.

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Vinte Grandes Contos de Escritoras Portuguesas, de Várias autoras; Ed. Sibila Publicações

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«Sendo as autoras aqui representadas nascidas entre 1831 e 1982, ou seja, separadas entre si por mais de um século e meio, e, como tal, apresentando-nos narrativas que se inserem em diversos estilos e sujeitas a diversos dogmas sócio-histórico-culturais, seria expectável que encontrássemos uma variedade temática que representasse a distância temporal entre estas. Surpreendentemente, podemos identificar dois temas constantes em todos os textos, de forma implícita ou explícita: um deles refere-se à incapacidade masculina de corresponder ao amor feminino. O segundo, de certa forma relacionado com o primeiro, aborda a violência e a subjetivação do espaço feminino, seja este físico ou cultural.» Da introdução de Deolinda M. Adão

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Deus Cérebro, de Anabela Almeida & António J. de Almeida; Ed. Oficina do Livro

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Foram dados passos gigantes nos últimos 20 anos na exploração do cérebro humano, mas a dimensão do que está para lá do nosso conhecimento permanece um enigma. À medida que se avança no conhecimento da mais impenetrável fortaleza da humanidade, maior é a perceção de que há um vasto universo por descobrir. Se os maiores mistérios da Natureza são a mente e o Universo, poderá o cérebro humano responder a diferentes estados de acordo com a influência de algo mais vasto e superior a nós – o próprio Universo? Neste livro, tal como na série, encontramos as mais recentes abordagens e testemunhos de personalidades e investigadores de referência a nível mundial a partir dos quais são cruzados pontos de vista e dados para uma reflexão sobre os mistérios do cérebro humano. Como chegámos aqui e o que nos torna únicos? Qual a origem das emoções e dos mecanismos por detrás do Eu? Qual o poder da genética e da sociabilidade? Poderemos influenciar o comportamento humano partindo do estudo do cérebro? Que consequências poderá trazer ao cérebro humano a fusão com a tecnologia?

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Augusta B. - Ou as Jovens Instruídas 80 Anos Depois, de Joana Bértholo; Ed. Caminho

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«— Sabes que mais? Devíamos fazer como a Agustina! — exclamou.
E foi aí que tudo começou.
Foi nesta frase que tudo teve início, quando Raquel desafiou Augusta a seguirem o exemplo de Agustina.
Os olhos de Augusta abriram-se como se ouvisse este nome pela primeira vez. A sua atenção cativa: o que fez Agustina?, foi a questão nunca formulada mas de imediato respondida.
Raquel detalhou então a ousadia de um gesto que celebrava naquele ano — 2024 — oitenta anos.
Tudo naquela história soava obsoleto: o veículo, os modos e o contexto.
Mas talvez não o impulso, sentiram elas; talvez não o anseio, talvez não a carência, a volúpia ou a intensidade.
Porventura nada do que realmente importa teria mudado.

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O Aprendiz de Gutenberg, de Alix Christie; Ed. Saída de Emergência

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Peter Schoeffer é um jovem ambicioso à beira de alcançar o sucesso como escriba em Paris quando o seu pai adotivo, o rico mercador Johann Fust, o convoca à cidade de Mainz para conhecer um homem extraordinário. Gutenberg, inventor de profissão, criou um método revolucionário - há quem diga blasfemo - de produção de livros: uma máquina a que chama de prensa. Fust está a financiar a oficina de Gutenberg e ordena a Peter que se torne o seu aprendiz. Ressentido por ser forçado a abandonar uma carreira tão prestigiante como escriba, Peter inicia a sua aprendizagem na “arte mais negra”. À medida que as suas habilidades crescem, assim cresce também a admiração por Gutenberg e a dedicação a um projeto ousado: a impressão de cópias da Bíblia Sagrada. Mas quando forças externas se alinham contra eles, Peter vê-se num dilema entre os velhos costumes e as novas criações que ameaçam transformar o mundo. Conseguirá ele encontrar uma forma de superar os obstáculos numa batalha que poderá mudar a História?

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📷 Imagem de dixiepicks por Pixabay

Leia outros artigos da série

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Qua | 17.07.24

Tecnologia nos termos dela

por Audrey Azoulay, Diretora-Geral da UNESCO

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O Relatório sobre o Género 2024, publicado pela UNESCO em abril de 2024 [1], conta a história cada vez mais positiva do acesso das raparigas à educação, o que está a ajudar a inverter décadas de discriminação. Mas há muito mais a dizer sobre a igualdade de género na e através da educação.

Na apresentação deste relatório, Audrey Azoulay, Diretora-Geral da UNESCO, afirma:

A tecnologia é uma ferramenta. Promete um acesso mais fácil à educação; experiências de aprendizagem personalizadas e enriquecidas. No entanto, ela ainda não é neutra em termos de género.

Este relatório de Monitorização Global da Educação, Tecnologia à medida dela, diz-nos muito sobre a tecnologia na educação, especialmente sobre o seu papel na reprodução e amplificação dos preconceitos de género.

Em primeiro lugar, o relatório sublinha que homens e mulheres têm um acesso desigual às tecnologias da informação e da comunicação:

Por exemplo, menos 130 milhões de mulheres do que homens possuem um telemóvel e menos 244 milhões de mulheres têm acesso à Internet em todo o mundo - apesar de as ferramentas digitais poderem ser uma tábua de salvação para raparigas e mulheres em zonas rurais, áreas mais pobres e em situações de crise.

Além disso, de acordo com este relatório, não só algumas mulheres e raparigas não conseguem aceder às oportunidades de aprendizagem que a transformação digital pode oferecer, mas também não podem ajudar a moldá-la em pé de igualdade.

De facto, as mulheres estão atualmente sub-representadas no processo de conceção e implantação tecnológica: em 2022, elas detinham menos de 25 por cento dos postos de trabalho nas áreas da ciência, engenharia e tecnologias da informação e da comunicação. Atualmente, representam apenas 26% dos trabalhadores no setor dos dados e da inteligência artificial.

Esta falta de representatividade tem consequências reais nos algoritmos e nas fontes de dados, que perpetuam e amplificam os preconceitos de género. Com resultados demasiado previsíveis: de acordo com um estudo recente da UNESCO sobre modelos de IA generativa, uma mulher é descrita como "modelo" ou "empregada de mesa" em 30 por cento dos textos gerados automaticamente, enquanto os nomes masculinos são associados termos como "negócio" e "carreira".

Esta situação também se deve a preconceitos perniciosos e poderosos entre os geradores de conteúdos: estereótipos negativos pintam ciência, tecnologia, engenharia e matemática como campos orientados para os homens, fazendo com que as raparigas e jovens mulheres se afastem das carreiras STEM - apesar das suas capacidades reais nestes domínios.

Estes estereótipos estão também muito difundidos nas redes sociais, onde as raparigas passam mais tempo. Elas estão, portanto, mais vulneráveis ao risco de serem expostas a conteúdos que promovem profissões de género, padrões corporais irrealistas, partilha de imagens sexualmente explícitas, ciberbullying - tudo isto coloca uma pressão acrescida na sua saúde mental e bem-estar e, por sua vez, afeta o seu desempenho académico.

Todos estes fatores criam um círculo vicioso: as raparigas são expostas a normas de género negativas, afastadas do estudo de STEM e privadas da oportunidade de moldar as ferramentas que as expõem a esses estereótipos.

A solução, como sublinhado no relatório, começa com a educação, que desempenha um papel importante no reequilíbrio da dimensão de género na tecnologia.

Reduzir a exposição a redes sociais e a estereótipos de género negativos. Incentivar mais raparigas a estudar em carreiras científicas através de modelos femininos nos domínios STEM. Garantir que as aplicações tecnológicas deixem de ser predominantemente concebidas por homens. Estas são algumas das recomendações apresentadas ao longo das páginas deste relatório, que a UNESCO já está a instar os decisores políticos a implementar.

Por exemplo, a nossa Recomendação sobre a Ética da Inteligência Artificial, adotada por unanimidade pelos nossos Estados-Membros em novembro de 2021, estabelece um quadro ético claro que incorpora a monitorização e avaliação contínuas de enviesamentos sistémicos na IA. Essa recomendação sublinha também a importância da literacia mediática e da informação, para permitir que os utilizadores de ferramentas de IA pensem de forma crítica e desconstruam estereótipos. Além disso, a UNESCO lançou recentemente a Women4Ethical AI, uma plataforma de colaboração para garantir que as mulheres estejam igualmente representadas no processo de conceção e implementação da IA. E, todos os dias, damos formação a professores para que transmitam a sua paixão pela ciência às raparigas e mulheres - para que estas possam tornar-se futuras protagonistas nestes domínios.

Em última análise, a principal lição deste relatório é a seguinte: o progresso tecnológico pode apoiar o progresso educativo e social - mas apenas se formos os senhores das ferramentas tecnológicas e não os seus vassalos. Só se tirarmos partido da tecnologia na educação, nos nossos termos.

Audrey Azoulay
Diretora-Geral da UNESCO

Leia o relatório completo, para conhecer os resultados apresentados.

Referência

[1] UNESCO. 2024. Global Education Monitoring Report: Gender report – Technology on her terms. https://doi.org/10.54676/WVCF2762

 

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Ter | 16.07.24

BIT - Best Idea Tod@y: alunos de Portimão destacam-se no APPLICA-TE!

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A biblioteca da Escola Básica Professor José Buísel, do AE Manuel Teixeira Gomes em Portimão, está em festa. Dois talentosos alunos do 3º ciclo, Miguel Nunes e Victor Vaz, destacaram-se na 9ª edição do NOVA IMS Challenge - APPLICA-TE 2024.

Este concurso, organizado pela Universidade Nova de Lisboa, desafia estudantes do 7.º ao 12.º ano a desenvolverem aplicações inovadoras que respondam a desafios nas suas comunidades locais, alinhadas com pelo menos um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Miguel e Víctor, sob a orientação da professora bibliotecária Sandra Marques e da docente Carla Carvalho, apresentaram a APP "BIT - Best Idea Tod@y". Esta aplicação para telemóveis oferece funcionalidades que tornam a interação com a biblioteca escolar mais eficiente e acessível. Entre as funcionalidades destacam-se:

  • Requisição de livros e serviços da biblioteca escolar à distância.
  • Requisição de computadores da biblioteca escolar.
  • Verificação da ocupação da biblioteca escolar para eventos.
  • Sugestões de livros da semana.

Graças à sua criatividade e espírito empreendedor, a APP conquistou o 2º lugar na competição. Este reconhecimento celebra a inovação tecnológica e destaca a importância de desenvolver soluções que beneficiem a comunidade educativa.

A participação de Miguel e Víctor reflete os valores do empreendedorismo e da inovação, demonstrando como a biblioteca escolar pode ser um espaço vital para desenvolver competências essenciais para o futuro, tais como o pensamento crítico, a resolução de problemas e a criatividade.

Ao apoiar iniciativas como o APPLICA-TE, a biblioteca escolar desempenha um papel crucial na promoção dessas competências, enriquece o ambiente educativo e prepara os alunos para enfrentarem os desafios do futuro de maneira inovadora e sustentável.

Estamos orgulhosos de Miguel e Víctor pelo seu excelente desempenho e pela contribuição significativa que a sua APP traz para a comunidade escolar. Parabéns também às professoras Sandra Marques e Carla Carvalho pela orientação exemplar. Que este sucesso inspire outros alunos a seguir os seus passos e a explorar novas formas de aplicar os seus conhecimentos e criatividade para o bem comum.

Continuem conectados para mais atualizações e celebrações dos talentos dos nossos alunos!

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Para mais informações sobre:

0 - o concurso APPLICA-TE: visite NOVA IMS Challenge.

0 - o projeto: visite a página eletrónica do AE Manuel Teixeira Gomes: https://www.aemtg.pt/gerat-final/

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Sex | 12.07.24

Teatro “O nosso tesouro”

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Este projeto, delineado com base na Educação Inclusiva e no Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), foi dinamizado ao longo do ano letivo de 2023/2024 pelo Centro de Apoio às Aprendizagens (C.A.A.) da Escola Básica de Sobrado (Agrupamento de Escolas de Valongo), pela Biblioteca Escolar e por Musicoterapia (C.M.V.), integrado no tema do Agrupamento "Abril raízes de mudança."

Os cenários e todos os adereços foram produzidos pelos alunos no Clube das Artes e dos Ofícios, Clube da História e da Atualidade e C.A.A. Constituiu uma oportunidade para os alunos experienciarem técnicas variadas na área do desenho, da pintura, da costura em máquina e de bordado, muito importantes para adquirirem competências no âmbito das manualidades e da criatividade. Os atores e figurantes foram alunos, assistentes operacionais, psicólogos do S.P.O. e professores.

A Biblioteca Escolar desenvolveu um trabalho de apoio: orientação na seleção da obra, na adaptação e dramatização do texto, na recriação dos retratos de época, na seleção musical, na iconografia, na disponibilização de recursos e de espaços, na organização, nos contactos, na definição de calendarizações, divulgação e realização de materiais de apoio (planificações, gravação de vozes, vídeos de divulgação, desdobráveis. Todo este trabalho foi desenvolvido em estreita colaboração com todos os intervenientes, em especial com a docente de Educação Especial.

O texto foi gravado previamente com vozes diferentes (narrador e diferentes personagens). Foi dada uma especial atenção às características de cada aluno envolvido. Procurou-se que todos participassem, mas dando espaço a que se envolvessem naquilo de que mais gostavam e que mais os motivava. Em trabalho de pesquisa descobriram-se elementos iconográficos do antes e do depois da Revolução (as espingardas, o aerograma, o cravo vermelho…) assim como muito vocabulário específico (censura, denunciante, polícia política, guerra colonial, exílio…).

Procurou-se destacar a qualidade do texto. Desenvolveu-se a leitura reforçando-se um trabalho ao nível da fluência, da entoação e da expressividade. Descobriram-se músicas e cantores de intervenção. Ao mesmo tempo, eram abordados conteúdos das disciplinas de Português, História, Geografia, Cidadania...

A banda musical formada pelos alunos de Musicoterapia fez o acompanhamento ao vivo.

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Na avaliação do projeto foram destacados, como excelentes, os seguintes aspetos: desempenho dos alunos do C.A.A. quer na banda quer na interpretação da personagem do agricultor; desenvolvimento de múltiplas competências; adereços realizados pelos alunos e docentes da equipa do C.A.A.; articulação entre todos, partilha de ideias e de soluções e o bom ambiente que o projeto proporcionou; potencial de inclusão que o projeto promoveu; a mensagem da obra “importância da liberdade e a associação entre liberdade e felicidade” foi transmitida de uma forma eficaz, o que foi visível na atenção e no envolvimento de todo o público; os pais/ee destacaram o gosto especial em virem à escola assistir ao desempenho dos seus educandos e testemunhar a sua felicidade.


Manuela Antunes/Helena Cerejo
Escola Básica de Sobrado
Agrupamento de Escolas de Valongo
Abril de 2024

 

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Qua | 10.07.24

Para aumentar a compreensão da leitura

por Shengnan Ma*

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Uma estratégia de colaboração para aumentar a compreensão da leitura nas aulas de línguas estrangeiras

Semelhante ao método “Jigsaw”[1], “Quote, Quote, Mingle”[2] foi concebido para que os alunos trabalhem em conjunto de modo a descobrirem a ideia principal de um texto.

Há alguns anos, tomei conhecimento de uma estratégia chamada “Quote, Quote, Mingle” através do nosso orientador pedagógico da escola secundária, numa sessão de formação profissional. Esta estratégia ajuda os alunos a adquirirem conhecimentos através de conversas com os colegas com base no que leram. Com quanto mais pessoas os alunos falarem, mais informação obtêm, o que os ajuda a construirem uma imagem mais completa do tópico. (Ainda me lembro do artigo que lemos nesse dia sobre o sexto dígito de um panda - uma extensão óssea rudimentar, semelhante a um polegar).

Esta estratégia pode parecer familiar. Tem muito em comum com o método “jigsaw”, mas enquanto este método implica que grupos de alunos se tornem "especialistas" em diferentes aspetos de um tópico e depois partilhem as suas descobertas com os colegas, o método “Quote, Quote, Mingle” exige que os alunos formulem hipóteses sobre um texto, colocando questões e fazendo inferências sobre o mesmo com base na leitura de uma pequena parte.

Enquanto professores de línguas estrangeiras, tentamos utilizar o maior número possível de textos para alargar a competência de leitura dos nossos alunos. No entanto, ensinar textos informativos com vocabulário de nível 2 e de nível 3 pode ser complicado, o que também faz com que o empenho na aprendizagem diminua inevitavelmente. Assim, nestas circunstâncias, convidei uma das nossas professoras de chinês e as suas turmas a experimentarem esta estratégia, que funcionou bem num contexto de iniciação.

O objetivo de aprendizagem era compreender a ideia principal de um texto informativo do terceiro ano em chinês, que apresentava a história e o impacto das batatas na nossa vida quotidiana. Antes de implementar a estratégia, fizemos também algum trabalho de preparação para tornar todo o processo mais claro para os alunos.

Começar

A professora e eu dividimos o texto informativo em pequenas partes. Por exemplo, segmentámos o texto sobre batatas em seis partes e colocámo-las em cartões de índice. Cada aluno recebeu então um cartão com uma parte do artigo.

Durante a implementação, seguimos estes passos:

  • O professor descreve a atividade aos alunos com as seguintes instruções: "Vamos ler um artigo e vocês têm de encontrar a ideia principal. Vão deslocar-se pela sala de aula com um cartão de índice e trocar informações com três colegas, o que chamamos "mingle". E eu vou cronometrar para vos lembrar que após quatro minutos a sessão termina. Depois, têm de falar com outro grupo de três pessoas e partilhar as “informações” da última sessão."

  • Em seguida, o professor utiliza um temporizador para os alunos se prepararem para a próxima sessão de "mingle" e dá-lhes instruções para falarem com outros colegas. Ambos percorremos a sala de aula durante este tempo para verificar se os alunos precisam de ajuda ou de mais esclarecimentos.

  • Em seguida, o professor dá instruções aos alunos para regressarem aos seus grupos iniciais e partilharem a informação que recolheram nestas sessões de mistura. O professor convida os alunos a identificarem a ideia principal com base na discussão em grupo, e anotam-na numa folha de papel.

  • Os alunos partilham as suas conclusões com toda a turma, e os professores podem comentar as diferenças ou semelhanças. Na etapa final, os alunos leem o texto completo e o professor incentiva-os a encontrar as partes que foram validadas ou contestadas através do debate.

Salientamos que os alunos precisam de discutir a ideia principal com todas as pessoas com quem falam. Consideramos que esta orientação cria uma oportunidade significativa para interagirem com os textos e com os colegas.

 3 lições aprendidas com a utilização do "quote, quote, mingle”

  1. Esta atividade envolve os alunos em conversas significativas. Obriga-os a ler os textos com cuidado e a resumi-los antes de iniciarem uma conversa com os colegas. Precisam de se manter concentrados para se lembrarem das partilhas dos colegas quando trocam informações.

  2. “Quote, Quote, Mingle” incentiva a participação ativa e a colaboração com o movimento do corpo. Temos tendência a pensar que ensinar textos informativos é um desafio e a abordagem mais comum é os professores explicarem as partes difíceis aos alunos através de instrução direta. No entanto, este método diminui a participação ativa dos alunos e a apropriação da sua própria aprendizagem. A utilização de uma abordagem colaborativa na leitura académica ajuda a aliviar a ansiedade dos alunos quando se deparam com tópicos desconhecidos.

  3. Esta estratégia promove a proficiência linguística e a fluência. Ler estes pequenos trechos e resumi-los é uma ótima prática para a compreensão da leitura. Além disso, usar a conversa para trocar informações exige que os alunos afinem as escolhas de palavras e a sua apresentação num ambiente de tempo limitado. Quanto mais falarem com os seus pares, mais oportunidades terão de desenvolver a fluência linguística.

A incorporação de estratégias de colaboração na aprendizagem de línguas faz com que os alunos deixem de ser recetores passivos quando se trata de ler e passem a ser aprendentes ativos. Também incentiva os alunos a pensarem em voz alta quando comunicam com os seus pares, o que também os ajuda a refletirem sobre a sua compreensão do texto.

Notas:

[1] Trata-se de um modelo de aprendizagem cooperativa.

[2] “Quote, quote, mingle” é também um modelo aprendizagem cooperativa; sugere a ideia de que os alunos devem conversar sobre um texto e trocar informação.

📷 imagem criada com https://www.rawpixel.com/ 

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O texto deste artigo foi traduzido e publicado com a autorização da Edutopia:

Ma, S. (2024, 12 de fevereiro). A Collaborative Strategy to Increase Reading Comprehension in World Language Classes. Edutopiahttps://www.edutopia.org/article/collaborative-reading-strategy-world-languages

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*Sobre Shengnan Ma

Shengnan Ma é uma professora licenciada do ensino básico K-6 com um mestrado em ensino de chinês como segunda língua. Tem também experiência no Programa de Bacharelato Internacional para o Ensino Primário, uma mentalidade de investigação e uma paixão pela integração da tecnologia no ensino e na aprendizagem. Shengnan utiliza frequentemente a tecnologia no processo de ensino, o que permite que os alunos criem e interajam com conteúdos digitais para potenciar a sua criatividade e inovação. Atualmente, trabalha como formadora de professores de chinês em Pequim.

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Seg | 08.07.24

Configurar um programa de 'media' criado por alunos na sua escola

Por Darcy Bakkegard*

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Os alunos do ensino secundário têm a ganhar se aprenderem a criar diferentes media de uma forma responsável.

Dada a sua natureza omnipresente, os media desempenham um papel fundamental na educação quotidiana dos alunos. O consumo de media por parte dos adolescentes tem sido associado ao declínio da saúde mental, o que nos obriga a capacitar os alunos como consumidores críticos de media.

Jeremy Murphy, professor de multimédia na San Jacinto High School, em San Jacinto, Califórnia, observa: "Os alunos estão constantemente expostos a mensagens dos media em todas as plataformas, pelo que a compreensão das decisões, dos processos e das orientações éticas para o desenvolvimento eficaz dos media pode torná-los consumidores mais perspicazes dos mesmos".

Além disso, vamos capacitá-los para criarem media significativos e relevantes que contem as suas histórias de forma positiva. Para além da utilização dos media como textos ou da inclusão de tarefas de criação de media, as salas de aula e as escolas podem adotar programas de media dirigidos pelos alunos. Ao fazê-lo, os alunos adquirem competências profissionais e reais para o seu futuro, ao mesmo tempo que desenvolvem competências de pensamento crítico e de resiliência em relação aos media.

Porquê os media liderados por alunos

David Gamberg, ex-diretor das escolas de Southold e Greenport, em Nova Iorque, afirma que, embora a transmissão televisiva pelos estudantes dê certamente voz aos alunos no seu liceu, faz "muito mais no que respeita à narração de histórias, à cidadania digital e até ao envolvimento cívico de qualquer comunidade escolar".

As competências autênticas que os cursos de media desenvolvem não podem ser replicadas noutras aulas, em parte porque os media se destinam a ser partilhados. E quando os alunos sabem que o seu trabalho vai ser partilhado como parte dos objetivos do curso, o público autêntico dá mais relevância ao projeto: Pessoas reais - não apenas um professor - vão ver isto. Tem de ser bom. Murphy explica que "por definição, os cursos de media exigem que os alunos criem produtos para consumo público. Não se trata apenas de trabalhos que só serão vistos pelo professor, mas de produtos criativos que serão disponibilizados para visualização pública. A publicação dos produtos de media dos alunos exige que estes abordem os seus projetos de forma responsável e considerem o seu público durante o processo de criação."

Gamberg e Murphy observam que os media dirigidos pelos alunos encorajam a colaboração com a escola e a comunidade local, contando as histórias de alunos, clubes e outras organizações escolares. Murphy desenvolveu este ponto, referindo que as equipas de media estudantis podem também "transmitir em direto eventos desportivos e atividades escolares, praticando todas as competências necessárias para a cobertura de eventos em direto" e permitindo a participação de pessoas da comunidade que não podem assistir fisicamente aos eventos.

Como começar

Enquanto a criação de um curso de media costumava ser uma viagem em direção a câmaras caras e formação de elite, existem hoje muitos recursos para ajudar quase qualquer pessoa a lançar um curso ou unidade curricular no domínio dos media. Com apenas um telemóvel, pode ajudar os alunos a contarem as suas histórias e a ligarem-se a conteúdos relevantes e significativos.

Murphy, um veterano do ensino dos media que lançou vários programas de media liderados por estudantes, explica que, mais do que dinheiro, é necessário "um grupo de alunos que estejam empenhados em iniciar um programa de nível profissional. Com um grupo de alunos dedicado, é possível criar um programa de media eficaz com poucos custos iniciais". Muitos estudantes têm dispositivos com vídeo e áudio de alta qualidade, permitindo a qualquer pessoa captar imagens, áudio e vídeo.

As organizações de media locais e nacionais fornecem orientações e apoio para ajudar qualquer professor - mesmo aqueles com pouca ou nenhuma experiência - a apoiar os media dos alunos. O Student Reporting Labs da PBS apresenta o Storymaker, repleto de instruções, planos de aulas e conselhos para iniciar um programa de media. Estas ferramentas permitem que qualquer professor integre no seu currículo uma aprendizagem baseada em projetos centrada nos media ou crie um curso completo de media a partir do zero, independentemente do seu nível de especialização pessoal.

Aproveite os sites da escola existentes e as contas de redes sociais para partilhar o conteúdo criado pelos alunos. Sites gratuitos como o Adobe Creative Cloud, YouTube e Weebly também permitem que os grupos publiquem os seus media e os partilhem com a sua comunidade.

Embora os alunos sejam nativos digitais, podem ser ingénuos em relação à cidadania digital. "O passo mais importante é ajudá-los a navegar pelas diretrizes éticas e responsabilidades legais do desenvolvimento dos media", diz Murphy. "Assim que tiverem uma boa compreensão da missão do seu grupo de media, os alunos podem começar a contar as histórias fantásticas que se passam na sua escola e a partilhar essas histórias com a comunidade."

Tarefas autênticas, feedback autêntico

A relevância da produção de media é igualada pela autenticidade do feedback que os alunos recebem sobre o seu trabalho. "Uma vez que os produtos dos alunos são disponibilizados para consumo público", diz Murphy, "normalmente recebem feedback sobre alguns dos seus projetos durante o ano letivo. O feedback positivo é guardado e partilhado com todo o grupo para ajudar a reforçar a validade do seu programa de media estudantil."

Uma vez que um dos objetivos dos programas de media para alunos é criar um envolvimento autêntico, as críticas e o feedback positivo ou negativo proporcionam oportunidades reais para refletir sobre o trabalho: O elogio ou a crítica são justificados? Porquê ou porque não? A crítica ou o elogio é específico? O feedback fornece mudanças acionáveis ou crescimento que podemos incorporar no futuro? O que é que faz com que a peça ressoe (ou não) junto do público? Em geral, que tipo de feedback estamos a receber? Quais são as peças que recebem mais comentários? A maior positividade? As mais negativas? Porquê?

As organizações de media também oferecem oportunidades para os estudantes competirem por reconhecimento e tempo de antena. O Student Reporting Labs transmite os trabalhos dos estudantes no PBS NewsHour; a NPR organiza um desafio anual de podcasting; e numerosos concursos locais e regionais de radiodifusão estudantil ajudam a homenagear e a celebrar os criadores de media estudantis.

Os Broadcast Awards for Senior High (BASH) reúnem as candidaturas dos estudantes a programas noticiosos e fornecem feedback de especialistas em media. Organizado pela Universidade de Hofstra, o BASH não só celebra o trabalho dos estudantes em várias categorias, como também oferece formação e apoio aos educadores. Para aqueles que não têm um curso de radiodifusão, o Student Television Network Challenge envolve os estudantes num desafio de uma semana para produzir conteúdos.[i]

Algumas conclusões

Ler e criar media são competências fundamentais para a vida que ajudam os alunos a pensarem e a analisarem a informação de forma crítica. Murphy tem visto o poder dos media nos seus alunos: "Ao longo do seu envolvimento num programa de media estudantil, os alunos aprendem o valor de contar histórias, de fazer reportagens precisas, de transmitir mensagens claras e de envolver o público."

O ex-diretor Gamberg concorda: "Os programas de media são oportunidades maravilhosas para dar aos alunos a possibilidade de aprenderem de forma prática, real e autêntica. É consequente. É impactante. Dá-lhes a oportunidade de fazer algo que é significativo para eles".

Os alunos estão inundados de media e a IA promete tornar o panorama dos media mais difícil de percorrer. Podemos deixar os alunos à deriva e à mercê de si próprios, ou podemos dotá-los de competências e ensiná-los a ler e a criar media. Podemos dar-lhes as competências necessárias para conseguirem compreender e discriminar os media e proporcionar-lhes saídas positivas para se ligarem à sua comunidade. Podemos honrar as suas histórias e elevar as suas vozes. Dada a riqueza de recursos gratuitos e sistemas de apoio disponíveis para todos os educadores, o momento de mergulhar e fazer com que a criação de media aconteça é agora.

Nota de tradução

[i] Em Portugal, chamamos a atenção para o excelente programa PÚBLICO na escola, uma louvável iniciativa gratuita e aberta a todas as escolas do país, que disponibiliza recursos, concursos de jornalismo, visitas às redações, workshops… e que vale bem a pena ter em conta ao pensar um projeto de jornalismo na escola. É de lembrar que o programa lançou no presente ano letivo a plataforma TRUE, uma ferramenta de criação de jornais escolares digitais, fácil de utilizar e gratuita, para alunos e professores dos ensinos básicos e secundário.

Existe também disponível o Jornalissimo.com, um site de informação destinado a jovens a partir dos 12 anos de idade, com notícias sobre ambiente e animais, ciência e tecnologia, artes, desporto e política.

📷 imagem criada com https://www.rawpixel.com/ 

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O texto deste artigo foi traduzido e publicado com a autorização da Edutopia:

Bakkegard, D. (2024, 18 de abril). Setting Up a Student Media Program in Your School. Edutopiahttps://www.edutopia.org/article/setting-high-school-student-media-program/

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*Sobre Darcy Bakkegard

Darcy Bakkegard é uma professora de inglês/teatro e formadora que se fartou do desenvolvimento profissional tradicional passivo e agora cria o tipo de desenvolvimento profissional que sempre quis com o Laboratório de Educadores. Com 10 anos de experiência no ensino de inglês e teatro, Bakkegard é especialista em estratégias interativas para a sala de aula, integração tecnológica significativa e construção de relações com os alunos. Bakkegard é uma educadora certificada pela ISTE, uma apresentadora internacional experiente e formadora de professores. Co-escreveu o livro The Startup Teacher Playbook para ajudar os professores a reacender a sua chama pelo ensino e a tornar o desenvolvimento profissional relevante. 

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

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