Valorizando a articulação curricular, o trabalho colaborativo, as parcerias externas, as diferentes literacias, a voz crítica do aluno e os princípios que orientam o PASEO, a biblioteca escolar do AE Águeda Sul promoveu e estabeleceu, no presente ano letivo, uma parceria com o Erasmus+ "Think Globally, Unite for Climate", dando, deste modo, continuidade ao CriaLer, o programa de leitura, concebido, em 2022, no âmbito da Candidatura RBE “Leituras…com a biblioteca”.
Associando a leitura literária à científica, como estratégia para promover o gosto e o prazer de ler, o desenvolvimento de hábitos de leitura, a compreensão leitora e a produção criativa dos alunos, o CriaLer tem vindo a ser desenvolvido pela biblioteca escolar da ES Marques de Castilho em articulação com as áreas curriculares de Português, de Ciências Naturais e de Físico-Química, sendo precisamente estas as áreas que continuam a participar no projeto "Erasmus +: Pensar Globalmente, Unidos pelo Clima”, que integra cinco parceiros (Turquia, Itália, Polónia, Portugal e Servia).
Portugal aderiu a este projeto de âmbito internacional, coordenado pela Turquia, no presente ano letivo, através da biblioteca escolar do AE de Águeda, proporcionando aos alunos envolvidos das 3 turmas do 8.º ano o enriquecimento das suas experiências de socialização e de formação e o reforço da motivação para o desenvolvimento pessoal, cultural e científico, indo ao encontro do preconizado na Recomendação n.º 5/2024 do Conselho Nacional de Educação. Para além da promoção das várias competências dos alunos, da valorização da sua voz e das diferentes literacias, uma vez que o projeto trabalha o desenvolvimento sustentável integrado nas literacias digital, da informação e dos media, esta parceria externa tem também vindo a contribuir para a visibilidade, credibilidade e projeção internacional da biblioteca escolar, como lugar de aprendizagem e de formação.
Este projeto surgiu, assim como uma oportunidade para alunos do 8.º ano desenvolverem uma consciência ambiental, através do contacto com jovens de outros países que também partilham a mesma preocupação pela degradação ambiental e sustentabilidade. Efetivamente, nas diversas atividades levadas a cabo no âmbito da mobilidade à Turquia, bem como nas atividades desenvolvidas em articulação com as disciplinas de Ciências Naturais, de Físico-Química e de Português, os alunos mostram compreender as causas das alterações climáticas e apresentam sentido crítico relativamente a comportamentos sustentáveis. As atividades desenvolvidas e as que irão ser promovidas no próximo ano letivo contemplam o recurso a ferramentas digitais, à pesquisa e à produção de conteúdos, alojados no canal principal da biblioteca escolar e divulgados nas redes sociais (Instagram e Facebook), para além dos canais de difusão do projeto, geridos pela biblioteca escolar (Instagram e Facebook).
Aquando da mobilidade de Erasmus + a Itália, foram partilhadas experiências pedagógicas inovadoras e promotoras do desenvolvimento de competências significativas, empoderando os mais jovens de ferramentas necessárias para uma vida sustentável. Foi criado, neste sentido, um curso aberto na plataforma Udemy o que contribui para o impacto internacional do projeto. Este beneficiou sobremaneira da formação proporcionada por um dos seus parceiros, a ONG Creative Station, na área da literacia digital
Think Globally, Unite for Climate é, em suma, uma oportunidade de ação estratégica abraçada, de forma muito ativa, pela biblioteca escolar para promover os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 e que visam :
“Tomar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactes (ODS 13); “Conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos, os mares e os recursos marinhos, para o desenvolvimento sustentável” (ODS 14) “Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir as florestas de forma sustentável, combater a desertificação, travar e reverter a degradação dos solos e estancar a perda de biodiversidade.” (ODS 15).
Maria da Conceição Pimenta Professora bibliotecária AE Águeda Sul
Ao longo dos artigos da série “A inteligência artificial nas bibliotecas escolares” foram apresentados os desafios e as oportunidades que o uso desta tecnologia coloca às bibliotecas, numa perspetiva integrada e integradora, que deve considerar o contexto em que se insere cada escola, bem como as orientações emanadas dos documentos de referência de cada agrupamento de escolas/escola não agrupada, como é o caso do Plano de Ação de Desenvolvimento Digital (PADDE).
No entanto, a implementação destas tecnologias também levanta questões éticas e legais que devem ser cuidadosamente consideradas para garantir um uso responsável e seguro da IA em contexto educativo. Este último artigo da série “A inteligência artificial nas bibliotecas escolares” aborda estas questões.
Privacidade
Uma das principais preocupações éticas e legais é a questão da privacidade dos dados dos alunos. As bibliotecas escolares podem recolher e armazenar informações pessoais e padrões de comportamento dos alunos, por exemplo as preferências de navegação nas plataformas disponibilizadas pela biblioteca e os históricos de pesquisa, para adequar os serviços que prestam às necessidades e interesses de cada utilizador. A utilização de tecnologias de IA para processar estes dados pode aumentar o risco de violação de privacidade, especialmente se os dados forem mal geridos ou acedidos por terceiros sem o devido consentimento.
É necessário implementar medidas rigorosas de proteção através de políticas claras de retenção e eliminação de dados, para salvaguardar a privacidade dos alunos, em conformidade com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) da União Europeia (EUR-Lex, 2016).
Equidade
Garantir a equidade no acesso e na utilização das tecnologias de IA é outro dos desafios que se coloca às bibliotecas escolares. Se estes sistemas não forem desenvolvidos e implementados de forma justa e inclusiva, existe o risco de que possam perpetuar ou até ampliar as desigualdades existentes (Binns, 2018). Isto pode ocorrer devido a preconceitos incorporados nos algoritmos ou ao acesso desigual às tecnologias, deixando alguns grupos de alunos em desvantagem.
É essencial que as bibliotecas escolares adotem práticas de desenvolvimento e implementação de IA que promovam a equidade, garantindo que todos os alunos possam beneficiar destas tecnologias, em conformidade com os princípios de ética da IA propostos pela Comissão Europeia (2019).
Transparência
A transparência é fundamental para criar confiança nas tecnologias de IA. Os alunos, pais e professores devem compreender que decisões são tomadas pelos sistemas de IA, especialmente quando podem ter um impacto significativo no processo de aprendizagem ou no acesso a recursos. Isto requer algoritmos auditáveis e explicáveis, bem como a disponibilização de informações claras e compreensíveis sobre o funcionamento destas ferramentas, para que possam ser devidamente escrutinadas, se necessário, em conformidade com os requisitos de transparência estabelecidos pelo RGPD.
Regulamentação
Para enfrentar estes desafios de forma eficaz, é essencial que as bibliotecas escolares estejam em conformidade com a regulamentação em vigor relativamente ao uso de IA em ambiente educativo. Para isso, devem ser implementadas políticas claras de privacidade e segurança de dados e realizadas avaliações de impacto de proteção de dados, garantindo que os sistemas de IA são auditáveis e transparentes.
Para além da conformidade com o RGPD, as bibliotecas devem conhecer a posição do Parlamento Europeu, aprovada a 13 de março de 2024[1], que estabelece regras harmonizadas em matéria de inteligência artificial e regula os sistemas de IA de alto risco, como os utilizados em ambiente educativo.
As bibliotecas escolares desempenham um papel crucial na implementação responsável e segura da IA em contexto educativo. Ao alinhar as suas práticas com a regulamentação em vigor, implementar medidas de proteção de dados adequadas e garantir a transparência e o consentimento, as bibliotecas podem aproveitar os benefícios da IA (Mittelstadt et al., 2016) de forma justa, ética e segura para os alunos.
Binns, R. (2018). Fairness in machine learning: Lessons from political philosophy. In Conference on Fairness, Accountability and Transparency (pp. 149-159).https://arxiv.org/pdf/1712.03586
No âmbito do programa Erasmus+ do consórcio da Câmara Municipal de Torres Vedras, em articulação com o Agrupamento de Escolas Padre Vítor Melícias, a Rede de Bibliotecas Escolares participou, através da Coordenação Interconcelhia que acompanha as bibliotecas escolares de Torres Vedras, numa atividade de Job Shadowing, juntamente com mais duas Professoras Bibliotecárias e um professor Professor de Educação Especial dos Agrupamentos de Escolas Padre Vítor Melícias e Madeira Torres, tendo-se deslocado à Osnovna škola Đuro Ester, em Koprivnica, Croácia, de 6 a 10 de maio de 2024.
Trata-se de uma escola básica do 1.º ao 8.º ano de escolaridade (ensino obrigatório), com cerca de 400 alunos e 34 professores e um corpo docente estável. Além dos professores, a escola conta com uma Pedagoga, uma Psicóloga e uma Bibliotecária Escolar a tempo inteiro, mas sem Assistente de Biblioteca ou Equipa. Todos os profissionais são admitidos na escola através de candidatura direta, entrevista e seleção pela diretora da escola, incluindo a Bibliotecária Escolar/ School Librarian (SL), cuja formação específica tem que ser académica.
Na Croácia, não existe um programa semelhante ao da Rede Bibliotecas Escolares, mas foi possível constatar a existência de Bibliotecas Escolares nas escolas que, tal como em Portugal, também fornecem acesso a uma coleção bibliográfica catalogada, promovem o acesso à informação, ao conhecimento e à leitura, desenvolvem competências digitais e oferecem um ambiente acolhedor para estudo e aprendizagem. Pelo que pudemos observar também essas bibliotecas escolares se constituem como um suporte fundamental não só para as atividades letivas mas também para o desenvolvimento de projetos pedagógicos bem como para a promoção de outras atividades complementares e de interação com a comunidade, garantindo a integração das suas atividades nos projetos educativos da escola.
Desta experiência, destacam-se as sessões de literacia da informação e promoção da leitura dinamizadas pela Bibliotecária Escolar (SL), que foram especialmente relevantes para a nossa área de intervenção, assim como a visita à Biblioteca Municipal.
Para saber mais sobre estas atividades, clique aqui para ver uma apresentação.
Outro momento valioso foi a partilha de ideias e práticas com a diretora, a psicóloga, a pedagoga e a bibliotecária escolar da escola anfitriã, que formam uma equipa de trabalho na escola. Apresentaram e ofereceram algumas edições da revista da escola, da qual a pedagoga é responsável em parceria com a bibliotecária escolar. Esta revista, não só espelha a dinâmica da escola, divulgando algumas das atividades e projetos mais relevantes, mas também divulga artigos de interesse para os pais.
A visita à biblioteca pública de Koprivnica revelou-se igualmente inspiradora, especialmente na forma como promovem os seus serviços, fazendo marketing através da venda de produtos sobre o livro e a leitura. A articulação entre as bibliotecas escolares e municipal é semelhante à que promovemos em Portugal, mas com diferentes nuances, pois não existe propriamente uma rede de trabalho/ network. Segundo a Bibliotecária Escolar reúnem três vezes por ano e articulam para organização de eventos ou encontros com autor, mas não existe qualquer apoio no tratamento documental ou formação em catalogação disponibilizada pelo Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares (SABE) a que estamos habituados, nem promovem o empréstimo interbibliotecas.
Receção das colegas croatas em Torres Vedras
Após a visita a Koprivnica, tivemos o prazer de receber as colegas croatas da escola Đuro Ester, em Torres Vedras (a bibliotecária escolar, uma professora titular e uma professora de francês). Clique para ver reportagem fotográfica da visita.
Neste âmbito, organizamos um programa de Job Shadowing de 3 a 7 de junho de 2024. Este intercâmbio permitiu-nos reforçar a partilha de boas práticas e experiências no contexto educativo português, reforçando a cooperação internacional e o enriquecimento mútuo a vários níveis.
As colegas croatas puderam visitar algumas das escolas e das bibliotecas escolares dos dois agrupamentos envolvidos e a biblioteca municipal, no sentido de perceber muitas das dinâmicas implementadas e a cooperação estabelecida através da Rede Bibliotecas de Torres Vedras, a nível local, e da Rede Bibliotecas Escolares, a nível nacional.
A visita a Koprivnica e a receção das colegas croatas em Torres Vedras no âmbito do programa Erasmus+ foram experiências transformadoras. Este intercâmbio permitiu partilhar metodologias, reforçar a cooperação internacional e promover a integração cultural. As atividades desenvolvidas ao longo destes dias sublinharam a importância das bibliotecas municipais e das bibliotecas escolares como centros de aprendizagem e inovação.
As ideias e práticas partilhadas terão, certamente, um impacto duradouro nas escolas, enriquecendo a experiência educativa de alunos e professores.
É tempo de divertimento e descanso, mas também de reflexão e de usufruir de momentos de leitura.
A escola, a família e a biblioteca escolar, em conjunto, desempenham um papel essencial no processo de construção leitor. Cada um deverá assumir o seu papel numa perspetiva de colaboração e partilha com um objetivo último: promover o gosto pelo livro e pela leitura, elevar as competências leitoras, como pilares na construção de um itinerário leitor, fazendo escolhas entre géneros, autores e interesses, ganhando o gosto pela leitura. Reconhecendo-lhe valor.
Nesta época do ano letivo, é habitual os professores bibliotecários, mais uma vez, sugerirem uma última visita à Biblioteca Escolar antes de partirem de férias para verem as últimas novidades editoriais e escolherem livros para ler nestes dias quentes que se aproximam, para que sejam, ainda, mais intensos e inesquecíveis. Esta é uma oportunidade para os professores bibliotecários permitirem os leitores requisitarem livros para as férias.
É tempo de voltar à biblioteca, deixar os leitores percorrer as estantes, calmamente, ao seu ritmo, em busca de livros que vão ao encontro dos seus interesses e que lhes permitam navegar em novas aventuras, imaginar e conquistar novas geografias.
É tempo para dar a ler.
É tempo para Ler!
Aqui ficam algumas sugestões de leitura que as bibliotecas escolares poderão aconselhar aos seus jovens leitores:
Os Cinco no Lago Negro (BD), de Enid Blyton, ed. Oficina do Livro
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“Os Cinco planeavam passar umas férias tranquilas numa região deserta, mas o Tim magoou-se e têm de encontrar um veterinário o mais depressa possível.
Ao deambularem pelo campo durante a noite, não se sentem tranquilos e, ainda mais, quando descobrem que há um preso perigoso fugido nas proximidades…”
Destrava-Lengas, de Luísa Ducla Soares, com ilustrações de Helder Teixeira Peleja, ed. Livros Horizonte
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“Dando continuidade à iniciativa Luísa Ducla Soares — 50 Anos de Histórias, este livro reúne um conjunto brilhante e atrevido de lengalengas e trava-línguas, com textos inéditos escritos pela escritora Luísa Ducla Soares e uma recolha e seleção da tradição oral.”
“Um livro premiado que conta uma história repleta de segredos, reviravoltas e emoção. Anya é uma adolescente como tantas outras: sente dificuldade em integrar-se no colégio por ter uma família imigrante, está descontente com alguns aspetos do seu corpo e tem um fraquinho por um rapaz que já tem namorada.
A queda num poço antigo e fundo vai trazer-lhe uma nova amizade bastante peculiar: o fantasma de Emily, uma rapariga que morreu há um século, que depressa se torna uma ajuda preciosa (e invisível) para o dia a dia de Anya. Até que começam a surgir problemas...”
Palavras Bonitas sobre Contas, de Valter Hugo Mãe, ilustração: Cátia Vidinhas, dd. Tcharan
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“Ela quer salvar o mundo através das contas, eu quero salvar o mundo com as palavras. A nossa maior diferença, como se pode reparar, não vem de ela ser menina e de eu ser menino, vem das ideias.”
Nano: A Espetacular Ciência das Coisas Muito (mesmo Muito) Pequenas de Jess Wade, ilustração: Melissa Castrillon, ed. Lilliput
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“O ar que respiramos? Átomos. A água que bebemos? Átomos. A nossa casa e todas as nossas coisas? Átomos. E todos os seres vivos, incluindo NÓS — átomos, átomos, átomos! A união da arte e da ciência tornam este livro uma autêntica obra-prima que nos apresenta uma área inovadora do universo STEM — a Nanotecnologia. Um livro elegante, com explicações simples e ilustrações lindas e estilizadas, que nos ajuda a desvendar todas as dúvidas sobre elementos, átomos e muitos outros conceitos científicos. Um livro que convida a descobrir a magia por detrás da ciência das pequenas coisas.”
Não Me Magoas Mais, de Margarida Fonseca Santos, ed. Fábula
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“Uma iniciativa da Biblioteca Municipal aproxima duas estudantes da mesma escola, que mal se conheciam: a Terezinha, do 9ºA e a Larysa, a aluna ucraniana do 9ºC. Ao surgir a ideia de fazer um jornal escolar digital, juntam-se com mais quatro colegas e lançam mãos à obra. Mas há um problema a afetar Larysa, um namoro violento que ela tem dificuldade em admitir e terminar. É então que Terezinha se lembra de criar um «Espaço para Ouvir o que Tens Sentido», uma caixa de correio em madeira, que recebe mensagens anónimas dos alunos que são publicadas no jornal e respondidas pela psicóloga da escola. A Larysa ganha coragem aos poucos e a ajuda dos novos amigos vai ser fundamental. Ela vai finalmente iniciar uma nova fase da sua vida, menos pesada e mais feliz.”
O Caderno Vermelho da Rapariga Karateca (4ª Ed.) de Ana Pessoa, ilustração: Bernardo Carvalho, ed. Planeta Tangerina
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N não é uma menina, é karateca. N tem 14 anos, quase 15, e o seu maior sonho é ser cinturão negro e beijar o Raul.
N gosta de escrever, mas prefere lutar com o Raul. (Escrever é uma seca.) Isto não é um diário. Não tem chave, não tem segredos. (Sim, tem segredos.) Também tem vontade própria, páginas movediças, palavras como «diarreia» e «romântico» e personagens como a bruxa má que quer aprender a ser boa e a mosca que não sabia quem era.
Isto é o caderno vermelho da rapariga karateca. O objeto preferido de N, um animal de estimação, uma personagem, uma pessoa de verdade. (O que é a verdade?)
Robôcão de David Walliams, ilustração: Adam Stower, ed. Porto Editora
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Apresentamos-te o Robôcão: o futuro no combate ao crime! Bedlam é uma das cidades mais perigosas do Planeta, habitada por alguns dos piores criminosos de que há memória. A cidade precisa desesperadamente de um herói. Mas quem? Robôcão! O mais jovem recruta da Escola Para Cães-Polícia está mais do que pronto para viver aventuras. Mas conseguirá derrubar o duo mais temido da cidade e os seus planos para a destruir?
“Quando Raquel nos começa a contar a sua história, Pardalita já entrou na sua vida. Não de rompante, mas lenta e subtilmente, primeiro nos corredores da escola, depois nos ensaios do teatro. Raquel só a conhece de vista, mas conta os dias para a voltar a encontrar e começa a reparar em pequeníssimas coisas — como a etiqueta da camisola de Pardalita que lhe toca a pele do pescoço. Raquel começa a perguntar-se: “Qual é a distância a que se pode estar de alguém sem dar a entender que não se quer distância nenhuma?”
O Esquilo e o Tesouro Perdido de Coralie Bickford-Smith, ed. Relógio D´Água
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“Numa noite outonal, um jovem esquilo avista uma bolota a cintilar na floresta. Ansioso por proteger o seu tesouro de olhos atentos e bocas famintas, enterra-a. Mas após o inverno, quando regressa, ela não se encontra no mesmo local. Onde poderá estar?”
A Elegância do Ouriço de Muriel Barbery, ed. Presença
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“Número 7 da Rue de Grenelle: o endereço é burguês, os moradores são gente rica e tradicional. Tudo parece um quadro em que não há movimento: cristalizado, bem organizado, eterno. Mas há duas pessoas que parecem não encaixar.”
A Sopa da Pedra de Alain Serge Dzotap, ilustração: Irène Schoch, ed. Orfeu Negro
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“Eram tempos de fome. Há semanas que Leuk, a lebre, não trincava nada. Mas mesmo de barriga vazia, Leuk tinha sempre qualquer coisa na manga...
Ao longe, avistou uma aldeia e bateu à primeira porta que encontrou. Lá de dentro, resmungou Bouki, a hiena, conhecida pela sua avareza e gulodice. "Não vim mendigar comida — sossegou-a Leuk — empresta-me só uma panela, suja ou limpa, para cozinhar uma sopa da pedra. Com pedras moles." Bouki fica desconfiada, mas será que consegue resistir?”
A Metamorfose de Franz Kafka, ed. Livros do Brasil
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“Publicado originalmente em 1915, A Metamorfose é um texto central na obra de Franz Kafka. Uma parábola sobre a alienação humana, uma narrativa sobre o absurdo da vida e sobre os processos de exclusão, que conserva ainda hoje toda a sua carga revolucionária. «Quando uma manhã Gregor Samsa acordou de sonhos inquietos, viu-se na sua cama transformado num monstruoso inseto.» Assim se inicia esta espantosa e terrível história de um homem frente a frente com a sua repugnância, obrigado a esconder-se no interior dos seus aposentos, progressivamente rejeitado pela família, varrido por fim da sociedade com uma total e trágica indiferença.”
Desvio de Ana Pessoa, ilustração: Bernardo P. Carvalho, ed. Planeta Tangerina
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“É verão. Os pais foram de férias. Os amigos também. A namorada pediu-lhe um tempo. Miguel tem a casa só para si. Vê televisão, joga computador, lê o livro de código. O mundo parece suspenso no meio do calor. “Tudo o que quero é que nada aconteça. Que tudo permaneça como está. O planeta muito quieto. Com a sua lei da gravidade, as suas regras de trânsito.” Onde irá dar este desvio?”
Book Love de Debbie Tung, ed. The Poets and Dragons Society
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“Esta banda desenhada adorável capta, com exatidão, o que se sente quando se está totalmente apaixonado pelos livros de capa dura. E pelos livros de capa mole! E pelos ebooks! E por livrarias! E por bibliotecas!
Book Love — Para quem adora ler! é um presente, em forma de livro de banda desenhada, feito à medida de gente bebericadora-de-chá, cheiradora-de-páginas, bibliófila-acumuladora-de-livros.”
“O ano é o de 1984 e o mundo está irreconhecível. Encerrado nos confins do Departamento de Registos do Ministério da Verdade - «uma enorme estrutura piramidal de betão branco cintilante que se erguia a trezentos metros de altura» -, Winston Smith reescreve com mestria o passado, de forma que este se adapte às necessidades do Partido. No seu íntimo, contudo, Smith rebela-se contra a ordem totalitária que domina a sua vida, que exige obediência absoluta e que o controla através dos telecrãs - «enquanto permanecesse no campo de visão da placa metálica, poderia ser não só ouvido, como visto» -, o jugo do olho vigilante do Grande Irmão, personificação simbólica do líder do Partido. O diário que Smith está prestes a iniciar é decididamente contra as regras - a vigilância em massa é a única lei e a Polícia do Pensamento tem como função garantir que o pensamento individual é totalmente erradicado -, mas, assim que começa a escrever, a semente de revolta começa a brotar dentro de si.”
Os nossos heróis do desporto de Rui Tovar, ilustração: Ebert, Andrea, ed. Nuvem de Tinta, 2021
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“O que é que Rosa Mota, Cristiano Ronaldo, Alexandre Yokoshi, Telma Monteiro, Nelson Évora, Luciana Diniz ou Tiago Pires têm em comum? Todos são verdadeiros heróis do desporto, agora reunidos num só livro ilustrado perfeito.
São 50 nomes do futebol, ao surf, passando pelo atletismo, vela, judo, entre muitas outras modalidades, para miúdos e graúdos lerem.”
Uma menina de 11 anos descobre que não tem planos para o verão. Ao contrário dos seus colegas da escola que vão para locais de sonho, a situação financeira da família não permite que passe férias fora de casa. Questionada na escola, ela não resiste a inventar uma história: diz que vai passar 3 semanas numa praia do Sul da Europa. A partir daí, a mentira vai crescendo através de partilhas fictícias nas redes sociais. O problema vai ser quando o novo aluno da turma se muda para o bairro dela e descobre que ela está lá e não numa praia no Sul…. ?
As Árvores Guardam Segredos de Lucas Riera, ilutração Olivia Holden, ed. Lilliput
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“Este livro revela a vida secreta de certas árvores, cuja importância vai além do seu lugar na biodiversidade, da sua longevidade ou da sua beleza. Elas passaram por guerras, sobreviveram a secas e a tentativas de derrube. Foram abrigo para viajantes e namorados, ponto de encontro para festas e brincadeiras e inspiração para rituais. São histórias ricas e comoventes que nos fazem olhar de outra forma para as árvores perto de nós. Um livro magnificamente ilustrado, que presta uma sentida homenagem às árvores do nosso passado, presente e futuro.”
O neto do Condor Dos Andes a Barcelona de Jesús Ballaz, ilustrações de Kim Amate, ed. Akiara
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“Um menino de dez anos chega sozinho a Barcelona, onde trabalha a sua mãe. Mas houve uma confusão. Passam os dias e não a encontra. Desde logo compreende que não tem outra casa além de um banco numa praça. A vida numa aldeia dos Andes e o ritmo de uma cidade europeia, as esperanças de uma criança e a dureza da rua, a amabilidade e a distância, o medo e a festa impregnam as páginas deste relato.”
Talvez um cão de Isabel Peixeiro, ilustração Paulo Galindro, ed. The Poets and Dragons Society
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“Era uma vez um menino que queria ter um cão. Mas em casa apareceu-lhe um crocodilo. Assustador, enorme, com a boca cheia de dentes e com mais de cinco metros de altura. A partir daquele dia, a vida do menino mudou e o cantinho da brincadeira passou a ser o cantinho do medo.”
por Manuela Lourenço, Diretora do AE de Cister, Alcobaça
“Sempre imaginei o paraíso como uma espécie de biblioteca.”*
Esta frase de Borges aquilata, sem margem para dúvidas, a relevância da biblioteca e, claro, da biblioteca escolar, como espaço de informação, de aprendizagem, de conhecimento - numa perspectiva mais funcional - mas, igualmente, de prazer, de bem-estar de apaziguamento, de desconexão, de crescimento e de tranquilidade – numa perspectiva mais simbólica. Todas estas formas de viver e de fruir a biblioteca se ajustam à escola e à missão da escola junto da comunidade que a orbita.
Quem ama os livros e a leitura – é crucial que a palavra amor seja aqui declinada – ama igualmente as palavras e quer conhecê-las. Biblioteca é uma palavra composta de dois vocábulos gregos: biblion (livro) e teke (caixa ou depósito). No caso vertente, a etimologia desilude, como se uma biblioteca pudesse ser apenas uma depósito, ou uma caixa de livros, que remete para a ideia de arrumos de coisas inertes! Para mim, palavras (e os conceitos que elas arrastam), como lugar; livre acesso; paisagem; refúgio; vozes; espíritos; cultura; diálogo; viagem; empatia; mito; tempo; memória; mistério; claridade… sempre fizeram parte do campo semântico da biblioteca. Estas que escolhi traçam em breves apontamentos a convergência do meu ideário com o de Borges. Um lugar onde seja possível ter, sentir e fazer o que estas palavras prefiguram é, se não um paraíso, um lugar ideal, que existe e existe na escola.
Como lugar de livre – digam a palavra como quem a saboreia – acesso, a biblioteca é democrática, acolhe todos os que amam os livros, mas igualmente os que os entendem como objectos maçadores, procurando aí o digital e o livre acesso a outras formas de conservar e de aceder à informação e ao conhecimento. O livre acesso é gratuito, logo a biblioteca promove a igualdade, atenuando assimetrias que noutros espaços se tornam mais nítidas.
Há poucas paisagens tão emocionantes como a sucessão de estantes carregadas de livros, mimese da ordem do universo, cujas entradas codificadas são como mapas, podemos ir pelo autor, pelo título, pelo género, ou podemos simplesmente perder-nos, percorrer com as pontas dos dedos as lombadas dos livros, permitindo que um deles, por fim, nos interpele e nos convoque à comunhão com o autor e as suas palavras. É igualmente uma paisagem que nos permite fugir da dureza do quotidiano, da barbárie, do medo e da angústia. Mergulhar na leitura de um livro, está provado cientificamente, acalma o espírito, desvanece as angústias, liberta-nos das tensões, tem quase o efeito de uma noite bem dormida. Se nos entregarmos à leitura por alguns instantes, o nosso espírito fortalece-se, serena e começamos a respirar melhor. Pérez-Reverte, numa entrevista, belíssima, concedida a um jornal português, dizia que, quando o mundo se lhe tornava insuportável, refugiava-se na sua biblioteca e relia os seus autores preferidos, entre eles Pessoa.
Tenho quase a certeza que, se ficássemos, por acidente, fechados numa biblioteca durante a noite, no silêncio profundo, e se soubéssemos escutar, ouviríamos o murmúrio dos muitos autores aí guardados, em diálogo constante, numa espiral que se alimenta de si mesmo e que se alarga como os círculos na água, simultaneamente soma e multiplicação. Como não é conveniente que fiquemos fechados numa biblioteca, para abrir esse portal de acesso a um mundo fantástico, onde convivem fora do tempo e do espaço, autores de ontem e de hoje, ideias velhas que se mantêm frescas e ideias novas cujo fulgor brilha com mais intensidade por serem resultado das muitas ideias que as precederam, porque tudo é memória, para tudo isso, basta a aventura, o risco de abrir um livro, melhor se forem muitos livros, e de nos abandonarmos a eles. Viajaremos até lugares reais e fantásticos, experimentaremos todas as sensações, conheceremos todos os sentimentos. Fechado o livro, seremos maiores e melhores do que éramos antes daquele livro, porque a leitura nos torna maiores do que somos, mais livres, mais esclarecidos, mais empáticos, mais conhecedores.
Regresso a Borges, que também disse: “chega-se a ser grande por aquilo que se lê e não por aquilo que se escreve.”, que é um pensamento belíssimo e que atribui ao leitor, ao sujeito de curiosidade, de aprendizagem, uma dimensão inaugural, pois que , sem leitor, o livro está morto. Este poder, de ser, de fazer, de sentir, existe nesse lugar mágico, próximo, de livre acesso, que é a biblioteca e, se for escolar, mais ainda. Aí poderemos incluir todos os alunos, independentemente da sua origem e do seu contexto, aí poderemos cuidar da saúde mental das nossas crianças e jovens, aí poderemos levá-los a aprender e a cultivar os valores de uma cidadania esclarecida, democrática, tolerante e aberta ao outro, aí poderemos ceder-lhes diferentes formas de informação e conhecimento, aí poderemos mostrar-lhe que a memória e a cultura são inalienáveis, aí poderemos educar-nos para os direitos, aí poderemos cumprir a nossa missão, porque a biblioteca é o coração da escola.
Assim, as bibliotecas escolares do Agrupamento de Escolas de Cister são agentes de transformação e de inclusão, são parceiras inalienáveis na concretização dos objetivos do projeto educativo, são parte de todos os projetos que abraçamos, são inspiração para uma ação educativa flexível, inovadora, humanista, tecnológica, ética e estética. Não imagino as nossas escolas sem as suas bibliotecas.
Manuela Lourenço Diretora do AE de Cister, Alcobaça
Ano após ano, com maior ou menor expressão, as bibliotecas escolares assinalam o 25 de abril de 1974.
Para que nunca se esqueça, porque as bibliotecas são espaços de memória.
Desde o início da História humana, desde que se aprendeu a fazer registos escritos, as bibliotecas reúnem em si a memória da humanidade. Com tábuas de argila, rolos de papiro, pergaminhos, códices, livros impressos ou e-books… Com mapas, gravuras, registos sonoros, programas informáticos… e tantos, tantos outros formatos, nas suas coleções se reúne e preserva a nossa herança cultural e intelectual.
As bibliotecas agregam e não deixam esquecer o que a nossa ciência já alcançou, mas também as nossas criações, tradições, as nossas crenças, os nossos valores. São, portanto, essenciais para conhecermos o nosso passado individual e coletivo e nos ajudarem a compreender o presente e a equacionar o futuro.
Às bibliotecas, devemos a possibilidade de nos irmos “da lei da morte libertando”.
Pelo seu potencial sentido agregador, em uma sociedade escassa em consensos, as formas e os tempos em que essas memórias e histórias são guardadas, são apagadas, são esquecidas, são organizadas e são comunicadas não são menos críticos e estratégicos, diante da torrente informacional da atualidade que tem o smartphone como o seu totem principal. [1]
Para que sempre se celebre, porque as bibliotecas são espaços de liberdade.
As bibliotecas são espaços de liberdade porque é sua missão fornecer acesso livre ao conhecimento e à cultura, para todos, independentemente das suas múltiplas circunstâncias.
São espaços de liberdade porque as memórias que agregam são plurais e refletem o todo da variedade humana.
Porque acolhem todos, dando resposta adequada a cada necessidade individual e permitindo que cada um encontre o seu caminho e explore conhecimentos, ideias e manifestações culturais, sem qualquer tipo de constrangimento, desenvolvendo em plenitude o seu potencial.
Porque são locais de aprendizagem que promovem a leitura e o desenvolvimento de literacias críticas indispensáveis para pesquisar, estudar e interagir com o conhecimento de forma dinâmica e construirr conhecimento próprio e informado.
As bibliotecas são agentes básicos da democracia, à qual são tão necessárias como o pão na alimentação.
(…) A participação construtiva e o desenvolvimento da democracia dependem tanto de uma educação satisfatória como de um acesso livre e sem limites ao conhecimento, ao pensamento, à cultura e à informação. [2]
Foi bonita a festa, pá! [3]
Face a esta assumida vocação de preservação da memória e da liberdade, é natural o envolvimento contínuo das bibliotecas escolares com a conservação do legado de uma revolução que devolveu ao povo português a sua liberdade.
Assim, não espanta que quando, em 25 de abril de 2023, a Rede de Bibliotecas Escolares lançou o desafio Abril depois de Abril e o apelo a uma celebração especial da Revolução dos Cravos, por se assinalarem os 50 anos dessa data, as bibliotecas tenham desde logo respondido à chamada e começado a registar a sua participação na atividade. Foram 486 agrupamentos de escolas e muitas, muitas mais bibliotecas que trabalharam com todos, para que a data (e o que representa) não fique nunca esquecida.
O que espanta, isso sim (ou talvez não), é qualidade, a variedade e a criatividade das ações concretizadas e a abrangência que atingiram.
Num momento em começamos já a fazer alguns balanços de um ano letivo que se encaminha para o fim, não podemos deixar de apelar a que se explore o excelente trabalho das bibliotecas na preservação desta memória. Cada cravo, um agrupamento, várias bibliotecas, muitas ações, muitos jovens, muitos presentes e futuros…
Convidamos a apreciar, com vagar e admiração, este recordatório de tudo o que aconteceu. Para que nunca se esqueça! Para que sempre se celebre a liberdade!
Nota
* Este título feliz, foi retirado de uma publicação de uma biblioteca escolar no Instagram, em abril/ maio de 2024, que não se conseguiu localizar. Apela-se à biblioteca que o publicou que coloque a hiperligação para essa publicação como comentário a este artigo.
por Melanie Hibbert, Elana Altman, Tristan Shippen and Melissa Wright*
As equipas académicas e tecnológicas do Barnard College desenvolveram um referencial de literacia em IA para fornecer uma base conceptual que contribua para a educação e programação em IA em contextos institucionais de ensino superior.
O Barnard College é uma faculdade de letras e humanidades para mulheres. É simultaneamente uma instituição distinta e um membro do ecossistema mais alargado da Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Várias equipas pequenas mas ativas desse campus estão a trabalhar para dinamizar discussões sobre tópicos de inteligência artificial (IA) generativa. Como membros do Instructional Media and Academic Technology Services (IMATS) e do Center for Engaged Pedagogy (CEP), desenvolvemos programas educativos sobre vários tópicos de IA para a comunidade Barnard. Ao longo do ano passado, realizámos sessões de open lab para testar diferentes ferramentas de IA baseadas em texto e imagem, recebemos oradores convidados sobre direitos de autor e utilização legítima, disponibilizámos workshops para debate sobre programas de IA generativa para o corpo docente, realizámos workshops de instrução (GenAI 101) e conduzimos sessões de formação destinadas a departamentos do corpo docente. Este processo tem sido contínuo e iterativo à medida que as ferramentas mudam e as necessidades dos membros da comunidade do campus se alteram. Também implementámos mecanismos internos de inquérito, avaliação e feedback para compreender melhor as necessidades do corpo docente e do restante pessoal relacionadas com a utilização de ferramentas de IA generativa.
A necessidade de literacia em IA
O Barnard College criou vários grupos de trabalho internos e task forces para discutir questões maiores sobre o impacto da IA na nossa instituição. Atualmente, não existe qualquer ordem ou recomendação para que os professores adotem ou proíbam a IA nas suas salas de aula. No entanto, os professores são encorajados a definir e discutir as suas expectativas relativamente à utilização da IA nas suas tarefas. (O CEP criou muitos recursos para o corpo docente, incluindo árvores de decisão para orientar o corpo docente no planeamento, exemplos de de programa de estudos, tarefas que integram a IA generativa e outros materiais, para ajudar a orientar a tomada de decisões sobre se e como incorporar a IA generativa na sala de aula). Níveis mais elevados de literacia em IA podem ajudar os docentes a tomar decisões informadas sobre a utilização da IA nos seus cursos e trabalhos. No que diz respeito aos serviços de tecnologia académica, a equipa do IMATS decidiu não implementar nem procurar tecnologia de vigilância da IA para monitorizar a integridade académica devido à parcialidade e à fiabilidade questionável destas ferramentas.[1] No entanto, o panorama e as políticas dele decorrentes podem mudar à medida que as tecnologias de IA generativa evoluem.
Um enquadramento para a literacia em IA
Os membros do IMATS e do CEP desenvolveram a seguinte abordagem para orientar o desenvolvimento e a expansão da literacia em IA entre professores, alunos e funcionários do Barnard College. O nosso enquadramento fornece uma estrutura para aprender a utilizar a IA, incluindo explicações dos principais conceitos de IA e questões a considerar quando se utiliza a IA. A estrutura em pirâmide de quatro partes foi adaptada do trabalho efectuado por investigadores da Universidade de Hong Kong e da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong (ver figura 1). (O trabalho dos investigadores de Hong Kong baseia-se na Taxonomia de Bloom.) [2]
O referencial destina-se a ir ao encontro das pessoas onde elas se encontram, partindo do nível de literacia em IA de cada uma, quer tenham pouco ou nenhum conhecimento de IA, quer estejam preparadas para construir o seu próprio modelo de linguagem de grande dimensão (LLM). O referencial divide a literacia em IA nos quatro níveis seguintes:
1. Compreender a IA 2. Utilizar e aplicar a IA 3. Analisar e avaliar a IA 4. Criar IA
Ao aplicar este referencial, é importante ter em conta que a IA é um domínio vasto. Existem muitos tipos de IA, tanto reais como teóricos. Embora os conceitos enumerados neste artigo se centrem principalmente na IA generativa, a estrutura geral do referencial pode ser aplicada a outras formas de IA e literacias tecnológicas (por exemplo, cibersegurança). E, embora a informação em cada nível se baseie nos conceitos discutidos no nível anterior, não é necessário aprender tudo num nível antes de passar ao seguinte. Por exemplo, ao analisar o impacto que a IA generativa pode ter no mercado de trabalho, é útil compreender como são treinados os modelos de IA generativa; no entanto, não é necessário dominar os meandros das redes neuronais para efetuar essa análise.
Figura 1. Um enquadramento para a literacia em IA
Crédito: Melanie Hibbert. Usada pelos autores com autorização.
Nível 1: Compreender a IA
A base da pirâmide abrange termos e conceitos básicos de IA. A maior parte da programação e do ensino em Barnard tem-se centrado nos níveis um e dois (compreender, utilizar e aplicar a IA), uma vez que se trata de uma tecnologia em rápida evolução e que ainda existe muito desconhecimento sobre ela.
Competências essenciais
Ser capaz de definir os termos “inteligência artificial”, “aprendizagem automática” ("machine learning"), “modelo de linguagem de grande dimensão” e “rede neuronal”
Reconhecer os benefícios e as limitações das ferramentas de IA
Identificar e explicar as diferenças entre os vários tipos de IA, de acordo com as suas capacidades e mecanismos computacionais
Conceitos-chave
Inteligência artificial, aprendizagem automática ("machine learning"), redes neuronais artificiais, modelos de linguagem de grande dimensão e modelos de difusão
Inteligência artificial restrita, inteligência artificial geral, superinteligência artificial, máquinas reactivas, memória limitada, teoria da mente e auto-consciência
Ferramentas de IA, como o ChatGPT (ver figura 2), Siri, Alexa, Deep Blue e texto preditivo
Quadros técnicos relacionados com a IA (modelos de código aberto versus modelos fechados, API e modo de utilização)
Perguntas de reflexão
- Que tipo de IA é esta?
- Que tecnologias é que esta ferramenta de IA utiliza?
- Para que é que esta ferramenta foi concebida? Que tipo de informação aceita como input e devolve como resposta (texto, vídeo, áudio, etc.)?
- Para que é que esta ferramenta pode ser particularmente útil?
- Para que é que não seria útil?
Figura 2. Desenvolvimento de uma compreensão básica dos conceitos de IA generativa Crédito: Imagem criada por Elana Altman, Tristan Shippen, and Melissa Wright. Usada com autorização.
Nível 2: Utilizar e aplicar a IA
O segundo nível de fluência em IA indica que os utilizadores podem utilizar ferramentas como o ChatGPT para atingir os seus objectivos; estes utilizadores estão familiarizados com as técnicas de construção de prompts e sabem como refinar, iterar e editar de forma colaborativa com ferramentas de IA generativas. A programação concebida para desenvolver a fluência de nível dois no Barnard College inclui laboratórios práticos e técnicas de construção de prompts colaborativas em tempo real (ver figura 3).
Competências essenciais
Utilizar com sucesso ferramentas de IA generativas para obter as respostas desejadas
Experimentar técnicas de elaboração de prompts e afinar a linguagem do prompt para melhorar o resultado gerado pela IA
Rever o conteúdo gerado pela IA com vista a potenciais “alucinações”, raciocínios incorretos e enviesamentos
Conceitos-chave
Engenharia de prompts, janelas de contexto, alucinações, enviesamento, prompts de disparo zero ("zero-shot prompting") e prompts de disparo reduzido ("few-shot prompting")
Técnicas de formulação prompts para IA generativa baseada em texto, como adicionar especificidade, usar contexto e detalhes e pedir ao modelo que considere prós e contras ou avalie posições alternativas
Considerações sobre privacidade, confidencialidade e direitos de autor para as informações introduzidas nas ferramentas de prompts
Perguntas de reflexão
- Porque é que um prompt gerou uma determinada resposta?
- Como é que o prompt poderia ser ajustado para obter uma resposta diferente?
- Que estratégias podem ser utilizadas para reduzir o enviesamento e as alucinações?
- Como é que os resultados da IA podem ser verificados quanto a enviesamentos e alucinações?
Figura 3. Elaboração colaborativa de prompts em tempo real Captura de ecrã de uma apresentação de Marko Krkeljas, programador sénior de software e aplicações do IMATS e diretor técnico do Centro de Ciências Computacionais (CSC) de Barnard. Durante a sua apresentação aos membros da comunidade de prática de IA generativa de Barnard, Krkeljas demonstrou a engenharia rápida em tempo real com o contributo dos participantes. Usado pelos autores com autorização.
Nível 3: Analisar e avaliar a IA
Analisar e avaliar a IA envolve uma meta-compreensão mais complexa da IA generativa. A este nível, os utilizadores devem ser capazes de refletir criticamente sobre resultados, enviesamentos, ética e outros tópicos para além da janela do prompt. Um exemplo de programação a este nível é um evento que contou com a participação de um perito que discutiu as questões actuais de direitos de autor e de propriedade intelectual em torno da IA e os impactos ambientais e climáticos que a IA generativa pode ter (ver figura 3). É claro que se pode participar em conversas sobre estas questões e ideias sem conhecer todas as definições de IA. No entanto, a familiaridade com os níveis anteriores da pirâmide informa a compreensão e o vocabulário de base de uma pessoa, ajudando-a a compreender como a IA se cruza com outros domínios.
Competências essenciais
Examinar a IA num contexto mais vasto, integrando conhecimentos da sua disciplina ou interesses pessoais
Criticar as ferramentas de IA e apresentar argumentos a favor ou contra a sua criação, utilização e aplicação
Analisar considerações éticas no desenvolvimento e aplicação da IA
Conceitos-chave
Perspetivas críticas sobre a IA (Os exemplos seguintes não pretendem ser exaustivos)
sustentabilidade ambiental
trabalho
privacidade
direitos de autor
raça, género, classe e outros enviesamentos
desinformação
Questões para reflexão
- Que outras perspetivas ou enquadramentos podem ser úteis para avaliar as implicações da utilização de ferramentas de IA generativa?
- De onde podem vir os enviesamentos na IA?
- De que forma é que a utilização de ferramentas de IA generativa coincide ou diverge dos seus valores pessoais?
Figura 4. Criar imagens geradas por IA e avaliá-las quanto a enviesamentos Imagem de um workshop sobre IA generativa e artes visuais realizado por Melanie Hibbert e Emily Alexander. Durante o workshop, as imagens foram geradas e analisadas quanto a preconceitos. Esta imagem foi gerada utilizando o DALL-E 3 a partir do seguinte prompt: “Gerar uma imagem de uma equipa de filmagem a trabalhar num cenário de cinema.”
Nível 4: Criar IA
A este nível de fluência em IA, os utilizadores são capazes de interagir com a IA ao nível da criação. Por exemplo, os utilizadores podem basear-se em APIs (Application Programming Interface) abertas para criar o seu próprio LLM (large language model) ou tirar partido da IA para desenvolver novos sistemas (ver figura 5). Atualmente, Barnard oferece menos programação no nível quatro do que nos outros três níveis, mas tem havido workshops no Centro de Ciência Computacional que fornecem ensinamentos técnicos relacionados com a construção de modelos de IA e de modelos de machine-learning. É importante envolver pessoas em todos os níveis de fluência em IA.
Competências essenciais
Sintetizar a aprendizagem para concetualizar ou criar novas ideias, tecnologias ou estruturas relacionadas com a IA. Atingir este nível de literacia pode incluir o seguinte:
Conceber novas utilizações para a IA
Construir software que tire partido da tecnologia de IA
Propor teorias sobre a IA
Perguntas de reflexão
- O que há de exclusivamente humano nas suas ideias, tecnologias ou estruturas? Em que é que elas podem ser diferentes das que uma IA poderia criar?
- Que características específicas da IA conferem possibilidades únicas às ideias, tecnologias ou estruturas?
Figura 5. Utilizar ferramentas de IA para desenvolver software Imagem de um workshop ministrado por Marko Krkeljas que envolveu os participantes na utilização da IA para criar software. Utilizada pelos autores com autorização.
Conclusão e próximas etapas
Embora este referencial de literacia em IA não seja exaustivo, fornece uma base concetual para os esforços de educação e programação em IA, particularmente em contextos institucionais de ensino superior. A intenção é manter a neutralidade na utilização da IA, reconhecendo que a literacia tecnológica pode levar à decisão de não a utilizar. O impacto da IA no ensino superior será provavelmente significativo, afectando as admissões, a investigação e os currículos. A educação e a literacia de base são os primeiros passos para que uma comunidade se envolva de forma produtiva com esta tecnologia em rápida mutação.
São muitos os próximos passos que o Barnard College pode dar em relação à IA generativa, mas, especificamente no que diz respeito à abordagem da literacia em IA, as equipas do IMATS e do CEP podem explorar a possibilidade de “subir” na pirâmide da literacia em termos de programação, recursos e eventos, à medida que a sensibilização e a literacia básica aumentam. Atualmente, a maioria das nossas ofertas situa-se nos níveis um e dois, mas esperamos mudar o foco da nossa programação para os níveis dois e três. Um inquérito recente revelou que um número significativo de professores e alunos ainda não utilizou a IA generativa e tem uma perceção negativa destas ferramentas, pelo que as nossas equipas estão também a explorar formas de facilitar o envolvimento prático e crítico.
Outro objetivo da iniciativa de literacia em IA é sublinhar o aspeto humano destas tecnologias. Embora a utilização de IA generativa possa parecer quase alquimia - extrair ouro de um texto simples através de tecnologia de caixa negra - ela é em grande medida construída com base no conhecimento humano, que tem os seus próprios preconceitos e desigualdades. A utilização de uma lente crítica ao interagir com a IA generativa pode ajudar os utilizadores a identificar os enviesamentos existentes e evitar que os utilizadores os exacerbem.
[2] Davy Tsz Kit Ng, Jac Ka Lok Leung, Samuel Kai Wah Chu, and Maggie Shen Qiao, "Conceptualizing AI Literacy: An Exploratory Review,"Computers and Education: Artificial Intelligence 2 (2021); Benjamin S. Bloom, Max D. Engelhart, Edward J. Furst, Walker H. Hill, and David R. Krathwohl, Taxonomy of Educational Objectives: The Classification of Educational Goals, Handbook I: Cognitive Domain (New York: David McKay, 1956). Jump back to footnote 2 in the text.↩
* Sobre os autores
Melanie Hibbert é Diretora dos Serviços de Tecnologia Académica e de Meios de Comunicação Instrucionais e do Sloate Media Center no Barnard College, Universidade de Columbia.
Elana Altman é Diretora Associada Sénior de UX e Tecnologias Académicas no Barnard College, Universidade de Columbia.
Tristan Shippen é Especialista Sénior em Tecnologia Académica, Biblioteca Barnard e Serviços de Informação Académica no Barnard College, Universidade de Columbia.
Melissa Wright é Diretora Executiva do Centro de Pedagogia Dedicada, no Barnard College, Universidade de Columbia.
A biblioteca escolar é um espaço essencial para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças, promovendo a leitura, a escrita, a aprendizagem colaborativa e o acesso a recursos informacionais adequados a cada tempo e época. A Biblioteca Escolar da EB da Torre da Marinha, do Agrupamento de Escolas Nun’Álvares, no concelho do Seixal, foi integrada na Rede de Bibliotecas Escolares no ano de 2001 e funciona no rés-do-chão de uma escola do plano centenário. Na altura, a biblioteca foi concebida, como muitas outras no país, para se assemelhar a uma pequena biblioteca pública da época, com áreas de trabalho bem delimitadas e adaptadas ao espaço de 50 m².
Em 2023, concluiu-se que este conceito de organização, entretanto, já não atendia às necessidades da escola atual, sendo necessário repensar o que estava obsoleto e não se adaptava às características de uma biblioteca escolar do nosso tempo.
Este artigo descreve o processo de transformação, desde a reorganização das estantes até a gestão da coleção e atualização dos equipamentos, criando um ambiente mais dinâmico, flexível e acolhedor para as crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico, utilizando e reconfigurando todo o mobiliário existente sem a aquisição de novos equipamentos.
Análise da Planta Inicial
A Biblioteca Escolar da EB da Torre da Marinha seguia uma disposição tradicional, com estantes a ocupar a maior parte do espaço, um balcão de atendimento a ocupar um bom espaço útil e mesas e cadeiras dispostas rigidamente. Este layout limitava a mobilidade e a interação das crianças, resultando num ambiente pouco convidativo para a exploração e realização de múltiplas tarefas de leitura, escrita e aprendizagem.
Planeamento da nova Planta
O primeiro passo foi repensar a planta da biblioteca de modo a torná-la mais funcional e atraente, com a criação de espaços modulares e flexíveis, permitindo diversas configurações conforme as atividades, de acordo com o preconizado pela Rede de Bibliotecas Escolares . Este processo, embora não isento de dificuldades, durou cerca de quatro meses, de outubro de 2023 a janeiro de 2024, sendo necessário ajustar constantemente as ideias e a prática.
Soluções adotadas
Diante da limitação de 50 m², a principal estratégia foi criar um espaço amplo e reconfigurável:
*Área de leitura individual e em grupo:
Criamos um canto aconchegante com almofadas e pufes perto da antiga lareira. Canto este facilmente rearranjável para discussões em grupo e atividades colaborativas, com a introdução de cadeiras. Esta área também se pode transformar numa área criativa e de expressão com materiais de artes, incentivando a criatividade. A hora do conto tem seu espaço garantido com uma pequena estante de livros temáticos.
Zona de Tecnologia e Multimédia: Disponibilização de computadores e tablets em mesas baixas.
*Rearrumação das estantes
As estantes foram reorganizadas para melhorar a acessibilidade e o acesso lógico aos livros, de acordo com a sua temática, promovendo a autonomia e o gosto pela leitura. Os livros foram arrumados por temas e níveis de leitura, facilitando a busca e o interesse das crianças.
*Gestão da coleção
A reconfiguração do espaço foi uma oportunidade para rever e gerir a coleção da biblioteca, de acordo com critérios de referência nacionais e internacionais, considerando a idade dos alunos. Livros desatualizados ou em mau estado foram abatidos, abrindo espaço para novas aquisições e dando oportunidade para destacar livros “mais fixes” entre os alunos.
Também se optou por transferir alguns livros para a escola sede, entre eles os referentes à educação, por virem a construir, em conjunto, uma coleção maior e diversificada e se ganhar espaço, nas estantes, e ainda alguns livros juvenis, oferecidos e que não se adaptam às idades destes utilizadores, não fazendo sentido nesta biblioteca.
*Gestão dos Equipamentos
Identificou-se que muitos equipamentos estavam obsoletos, como computadores antigos, gravadores de fita e retroprojetores, que foram direcionados para um pequeno museu. Outros equipamentos foram mantidos, procurando-se criar um espaço híbrido de aprendizagem, onde livros físicos e recursos digitais se complementam.
*Criação de um Pequeno Museu
Durante o processo de análise e gestão da coleção, foram selecionados documentos com valor histórico (primeiras edições, livros ilustrados de referência, livros datados com interesse temático, …) e equipamentos tecnológicos antigos, que permitiram construir um pequeno museu. Este museu será utilizado pelos docentes para abordar temáticas como "A Escola dos Nossos Avós" ou "As Tecnologias Antigas".
*Envolvimento da Comunidade Escolar
O envolvimento da comunidade escolar foi crucial para o sucesso da reconfiguração da biblioteca. Professores e alunos foram objeto de consulta em várias etapas deste processo. As sugestões dos alunos, em particular, foram valiosas para entender as suas necessidades e preferências.
Resultados e Impacto
Desde a reabertura, a "nova" biblioteca tem sido um sucesso entre os alunos e os docentes, com um aumento na frequência e utilização do espaço. Os alunos sentem-se mais incentivadas a explorar e ler. A flexibilidade do novo layout permite uma maior variedade de eventos e atividades, promovendo um ambiente de aprendizagem mais dinâmico.
A transformação da biblioteca escolar não apenas melhorou o espaço físico, mas também revitalizou o seu papel na comunidade escolar. Ao criar um ambiente acolhedor, acessível e multifuncional, a biblioteca agora serve como um verdadeiro centro de aprendizagem e criatividade para crianças dos 6 aos 9 anos.
O próximo passo será a aquisição de novos equipamentos e mobiliários mais adequados a este "novo" espaço e conceito. Este projeto demonstra como um planeamento cuidadoso, vontade de mudança e uma gestão eficaz podem transformar um espaço tradicional numa área dinâmica que melhor responde às necessidades dos utilizadores e à Escola atual.
A exposição de trabalhos dos alunos dos Agrupamentos nº 1, nº 2 e nº 3 de Elvas no âmbito do projeto Rota das Fortalezas Abaluartadas da Raia, em parceria com a Rede de Bibliotecas Escolares está patente até dia 29 de setembro, no Castelo de Elvas.
As fortalezas abaluartadas de Almeida, Elvas, Marvão e Valença desenvolveram a criação de uma Rota Turística que integra os quatro conjuntos monumentais. Paralelamente, desenvolveram um projeto inovador de Educação Patrimonial em torno deste tema. A Câmara Municipal de Elvas e a Rede de Bibliotecas Escolares desenvolveram o projeto com os vários Agrupamentos de Escolas do concelho de Elvas.
O objetivo desta Rota é dar uma visão do sistema defensivo em vários pontos da fronteira luso-espanhola. Foi no âmbito deste projeto que os alunos dos vários Agrupamentos do concelho de Elvas realizaram visitas guiadas ao Castelo, Forte da Graça, Forte de Santa Luzia e Museu Militar. Após as visitas os alunos realizaram trabalhos sobre os vários monumentos e trabalharam o conteúdo do livro “Entre Cá e Lá” do autor Ricardo Henriques, livro que foi produzido no âmbito deste projeto com o objetivo de refletir sobre a cultura e o património que unem os diferentes territórios.
A exposição pode ser visitada das 9h30 às 13h00 e das 14h00 às 17h00, de terça-feira a domingo.
Clique para ver alguns dos trabalhos produzidos:
Gabinete de Comunicação da Câmara Municipal de Elvas
Esta estratégia para melhorar as competências de leitura dos alunos do ensino básico permite-lhes perceberem o seu progresso.
Quando um aluno lê um texto várias vezes, chama-se a isso leitura repetida. A leitura repetida de textos curtos, frases e nomes ou sons de letras permite aumentar e monitorizar a fluência. Os professores podem empoderar os alunos utilizando a leitura repetida como uma oportunidade para dar feedback, agir com base no feedback e registar os seus progressos. Seguem-se algumas ideias que utilizei e que os novos professores poderão considerar úteis.
Começar
Na maior parte das vezes, a leitura repetida é uma estratégia que os alunos utilizam quando estão a ler; podem ler uma frase ou uma passagem mais uma vez para aumentar a fluência e/ou verificar se faz sentido. Também pode ser necessário efetuar leituras repetidas cronometradas, o que permite aos professores medir o desempenho e ajudar os alunos a perceber e comemorar a sua evolução. Quando os alunos veem o seu desenvolvimento, compreendem a importância de ler um texto várias vezes na sua leitura independente para aumentar a sua fluência e, consequentemente, a sua compreensão.
Nas leituras cronometradas típicas, o aluno lê um texto em voz alta durante um minuto. O texto varia consoante a idade e a capacidade de concentração e pode ser uma página de letras em que o aluno diz os nomes ou os sons das letras, ou pode ser uma série de frases ou uma passagem. As avaliações de leitura cronometrada são efetuadas entre um aluno e o professor. Como alternativa, pode ser interessante para toda a turma praticar em conjunto a leitura cronometrada - por exemplo, quando uma turma do jardim de infância lê os sons de uma série de letras, para aquecer para atividades de leitura ou fonética.
É importante que os professores apresentem a leitura repetida cronometrada aos alunos como uma forma de verem o seu progresso, para que não fiquem ansiosos com o facto de serem cronometrados. Também é importante que os alunos saibam que há alturas em que o ritmo pode abrandar à medida que trabalham a expressão e a descodificação - pelo que o ritmo de leitura é apenas um indicador de crescimento. Incentive-os a ter isso em conta se houver uma diminuição na velocidade de leitura de um texto.
Fornecer feedback inicial
Se um aluno estiver bloqueado numa palavra que corresponda a uma estratégia fonética atual ou anterior, relembre-lhe a estratégia para o ajudar a decifrá-la. Escolha cuidadosamente a expressão utilizada por si, de modo a dar ao aluno o mínimo de apoio necessário para que ele possa resolver a palavra autonomamente. Se a palavra tiver uma parte irregular ou for uma palavra que é pouco provável que o aluno conheça da leitura anterior ou da fonética, o professor pode esperar alguns segundos e depois fornecê-la.
Por vezes, utilizo um marcador para destacar partes de palavras ou palavras complicadas antes da leitura e digo ao aluno: "Esta palavra pode ser nova para ti e é irregular, por isso vou dizer-te a palavra."
Quando um aluno está a trabalhar no desenvolvimento de frases, uma forma de feedback pode ser um professor a exemplificar como juntar palavras em frases. Quando o faço, coloco uma linha por baixo das palavras que juntei; alguns professores colocam uma barra entre as frases. Por exemplo: "Eu fui à loja / para comprar comida para o meu gato". Depois de o professor exemplificar a junção de palavras, o aluno pode ler para praticar, ou o professor pode ler em conjunto com o aluno, seguido da leitura pelo aluno.
Outra opção para a demonstração é a "leitura em baloiço", em que o professor lê, o aluno lê, o professor lê com uma sugestão de algo a melhorar e o aluno volta a ler. Ou o professor e o aluno podem alternar a leitura de uma palavra para trás e para a frente, depois repetem, mas trocam quem vai primeiro. Com a alternância de palavras, o aluno tem a oportunidade de ler e ouvir cada uma das palavras durante as duas leituras.
É importante sublinhar ao aluno que tem de manter os olhos no texto, independentemente de quem está a ler, para ver as palavras e ajudar o seu cérebro a tornar-se mais automático com as palavras.
Quando o objetivo de um aluno é aumentar a velocidade, peço-lhe que "persiga" as palavras. Depois, lemos juntos e eu acelero a leitura um pouco mais do que o aluno faria sozinho. Desta forma, o aluno está a perseguir as minhas palavras.
Dicas para dar feedback
O feedback deve ser específico e objetivo. Quanto mais específico for o feedback, mais significativo e fortalecedor será. Concentro o meu feedback na competência em que o aluno está a trabalhar e dou um exemplo de como ou quando utilizou a estratégia. Começo com um comentário positivo e depois posso dar uma dica. "Corrigiste a palavra 'back' quando viste que 'bake' não fazia sentido. Quando lermos da próxima vez, lembra-te de fazer uma pausa aqui no ponto final."
É importante dar um feedback conciso e não parar demasiadas vezes para dar feedback, pois o objetivo é que o aluno se empenhe na tarefa. Gosto de dar ao aluno a possibilidade de intervir e de lhe perguntar: "O que é que fizeste bem?" Se um aluno ainda não conseguir articular o que fez bem, ofereço-lhe uma lista visual de três a quatro estratégias que pode utilizar, para que tenha algumas ideias por onde escolher.
As possíveis áreas de foco para a leitura repetida e feedback incluem, mas não se limitam a, escolher palavras, usar expressividade, autocorrigir-se, usar estratégias fonéticas, não desistir, manter os olhos no texto e lembrar-se de uma palavra de um texto anterior.
Empoderar os alunos
Para além das ideias acima referidas sobre a autonomia e o empoderamento, as estratégias específicas que se seguem têm o controlo como objetivo principal.
Torná-lo visual: Forneça um gráfico de barras para o aluno colorir após a sua primeira leitura. Se ler 45 palavras por minuto, deve colorir 45 quadrados utilizando uma cor como o amarelo. Depois, após praticar o texto com leituras repetidas e receber feedback do professor, o aluno pode fazer uma leitura final e colorir a coluna seguinte de quadrados a verde.
Pergunto ao aluno o que o ajudou a melhorar (ou, se a pontuação baixou, qual poderá ser a razão). Proporcionar aos alunos formas de documentar o seu próprio progresso e refletir sobre o que contribuiu para esse progresso oferece-lhes uma ferramenta que podem utilizar na aprendizagem futura.
Estabelecer um objetivo: Quando um aluno estabelece um objetivo para a sua aprendizagem, está no lugar do condutor e, muitas vezes, fica mais empenhado e motivado ao trabalhar para atingir esse objetivo. O professor pode apoiar o aluno, ajudando-o a dar passos em direção ao objetivo e oferecendo estratégias e feedback. Os objetivos dos alunos podem incluir o número de palavras por minuto; respirar se se sentirem ansiosos ao ler uma palavra difícil; ler corretamente todas as palavras com o som /a/; ou dizer a si próprios: "Todos os leitores chegam a palavras difíceis quando leem."
Quanto mais pudermos capacitar os nossos alunos através de estratégias e feedback, mais poderemos acelerar o seu progresso na leitura. A leitura é uma competência fundamental que nós, enquanto educadores, temos de garantir que estamos a desenvolver em todos os nossos alunos. Nas palavras de Frederick Douglass, "Quando aprenderes a ler, serás livre para sempre".
O texto deste artigo foi traduzido e publicado com a autorização da Edutopia:
Sou uma aprendiz e uma colaboradora. O meu papel atual, e de sonho, é o de formadora de línguas e de literacia. Também sou coordenadora de literacia elementar em todo o distrito. Tenho 16 anos de experiência em sala de aula (espanhol K-5, primeiro, terceiro e quarto ano), sete anos como coordenadora de recursos de aprendizagem e três anos como coordenadora de currículo elementar. As minhas paixões incluem a equidade, a tutoria, a formação, a linguagem, as convicções e os sistemas. Integro a aprendizagem do meu mestrado em literacia e educação multicultural, programas de certificação (ESL e professor de leitura) e duas credenciais de coaching no meu trabalho com professores e currículo.