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Blogue RBE

Ter | 30.04.24

Preservando o passado, enriquecendo o futuro: A conversão de cassetes VHS para formato digital

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 As bibliotecas escolares são guardiãs não apenas do conhecimento contemporâneo, mas também da história cultural e educacional.

Dentro delas, existe um tesouro do passado, frequentemente negligenciado, que aguarda ansiosamente uma nova vida: as cassetes VHS, repletas de histórias, conhecimento e cultura, que constituem repositórios de memórias e recursos educativos valiosos, desde filmes de animação encantadores até documentários informativos. Essas cassetes representam uma rica tapeçaria de narrativas que moldaram gerações passadas. No entanto, o avanço da tecnologia e a obsolescência dos leitores de VHS têm colocado esses registos em risco de desaparecerem e caírem no esquecimento.

As bibliotecas escolares podem contribuir para a preservação do passado e democratização no acesso ao respetivo conteúdo, beneficiando as gerações futuras do acesso a esses recursos, que lhes permitirá estudar eventos históricos, explorar culturas do passado e compreender a evolução das artes, das ciências e da literatura.

A conversão das cassetes VHS para formato digital apresenta-se como uma solução viável à recuperação e preservação desses recursos, tornando-os utilizáveis e circuláveis como parte integrante do fundo documental disponível, uma vez que esses recursos são integrados e disponibilizados no catálogo bibliográfico através de uma hiperligação.

Os docentes podem, dessa forma, incorporar clipes de vídeo nas suas aulas através do acesso direto ao catálogo da biblioteca, sendo que este deve estar na intranet da escola através de um servidor. Pode-se, assim, enriquecer a aprendizagem dos alunos com recursos visuais autênticos e cativantes de valor comprovado sempre disponíveis sem a volatilidade inerente aos recursos online (documentários, entrevistas, animações, filmes antigos…), promovendo a imaginação e a aprendizagem ativa.

Também os alunos, poderão livremente aceder a esses recursos, valorizando-os e rentabilizando-os.

No entanto, essa tarefa não é apenas uma questão de preservação e acessibilidade, mas também de responsabilidade ética. Muitos desses materiais contêm narrativas e perspetivas que representam a diversidade de experiências humanas e este trabalho coloca as bibliotecas escolares com a missão de as manter vivas.

Para desenvolver este processo as bibliotecas escolares necessitam de:

  • Um leitor de cassetes VHS;
  • Aparelho conversor de vídeo VHS (à venda lojas de equipamento informático e respetivo software de conversão);
  • Computador portátil ou de secretária com as características suficientes para a instalação do respetivo software;
  • Disco externo para armazenamento dos formatos digitais.

A tecnologia avançou e os leitores de VHS tornaram-se relíquias do passado; muitas bibliotecas já não dispõem de tal equipamento. No entanto, o leitor de cassetes VHS e aparelho conversor, indispensáveis para este trabalho de preservação, podem ser adquiridos/ rentabilizados numa lógica de empréstimo interbibliotecas.

O processo de conversão necessita também de agentes que o operacionalizem. Aqui, entra em ação o professor bibliotecário, um guardião do património cultural da escola. Com a sua visão e a sua liderança, reconhece a importância desses tesouros do passado e de os preservar para as gerações futuras.

O professor bibliotecário lidera a iniciativa de digitalização, coordenando uma equipa que poderá ser constituída por elementos da equipa da biblioteca escolar ou alunos monitores. Esta equipa desenvolverá as ações necessárias para converter uma vasta gama de géneros de cassetes VHS em formatos digitais acessíveis. O tempo de cada conversão corresponde ao tempo de duração do recurso VHS, logo é um processo moroso, realizado em tempo real. No entanto, a tarefa apenas necessita de intervenção humana no início e no final do processo, ficando a conversão a decorrer autonomamente.

Ao longo de todo o processo, o professor bibliotecário terá a oportunidade de desenvolver um processo de seleção (é uma boa para proceder ao necessário desbaste), curadoria e organização dessa coleção digitalizada, garantindo que seja facilmente acessível, navegável, integrada e indexada em função das necessidades dos seus utilizadores.

Em suma, a conversão de cassetes VHS para formato digital é uma etapa essencial no compromisso das bibliotecas escolares com a preservação do património histórico, garantindo que o passado continue a inspirar e informar as mentes do futuro.

📷 Rawpixel

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Sobre preservação, leia também:

 

Dia Mundial do Património Audiovisual

Qui | 27.10.22

 

 

 

 

Dia Mundial da Preservação Digital

Qui | 03.11.22

 

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

Seg | 29.04.24

Concurso Interconcelhio de Leitura (ConcIL)

 

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No domínio da leitura, a Rede de Bibliotecas Escolares definiu como uma das prioridades para 2023/2024, considerando que esta é uma das áreas chave de atuação destes serviços educativos, “Prosseguir iniciativas e programas orientados para o desenvolvimento das competências de leitura e de escrita multimodais.”

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Nos concelhos de Arouca, Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira, Santa Maria da Feira e Vale de Cambra, o Concurso Nacional de Leitura congregava um elevado interesse e grande adesão por parte de alunos, docentes e famílias, pelo que rapidamente foi substituído pelo Concurso Interconcelhio de Leitura (ConcIL). A reflexão conjunta e o trabalho colaborativo que efetivamente existe entre estas redes concelhias permitiu gizar uma forma de celebrar a festa da leitura, quando alunos de diferentes concelhos se encontram para falar de leituras, garantindo, o estímulo à leitura junto de um elevado número de alunos.

Assumido por todos, incluindo municípios e serviços de SABE, como um projeto agregador em torno da leitura, este concurso contou com a adesão das bibliotecas escolares de 21 agrupamentos de escolas, tendo mobilizado um total de 7 481 alunos (2309 do 1.º ciclo, 2024 do 2.º ciclo, 2583 do 3.º ciclo e 565 do ensino secundário).

Este concurso desenvolveu-se em 3 fases, a de escola, com o envolvimento efetivo de mais de sete mil alunos, a fase municipal, que implicou 225 alunos dos 5 concelhos participantes, e a fase final, intermunicipal, com a presença de 60 alunos na prova escrita e 20 alunos na prova de palco.

 

Manteve-se a tradição de cada uma das redes concelhias se organizar internamente para a seleção das obras a ler e a elaboração conjunta de provas, distribuindo trabalho entre os Professores Bibliotecários. A colaboração de rede também se verificou nos empréstimos entre bibliotecas das diferentes redes concelhias, capitalizando um catálogo que não sendo Interconcelhio funcionou como tal, uma vez que permitiu dar resposta às exigências de fundo documental que a adesão de um elevado número de alunos ao concurso representou sobre as existências de cada biblioteca escolar.Imagem 2.jpg

A nível municipal, a dedicação e o profissionalismo dos SABE foi inexcedível e também foi interessante verificar que houve o envolvimento direto de Vereadores de Educação e/ou Chefes de Divisão de Educação e/ou da Cultura em 3 dos 5 concelhos, quer integrando júris de prova, quer estando os presentes no decurso da prova de palco, para apoiar os alunos e valorizar o seu envolvimento. O reconhecimento do valor desta iniciativa por parte dos municípios traduziu-se, também, no apoio efetivo que permitiu ter presente, nas provas de palco, escritores, como João Pedro Mésseder, individualidades ligadas à promoção da leitura, docentes já aposentados ou projetos como o de João Nina, rapper, compositor, autor, músico e produtor português, que, por exemplo, encerrou cada um dos dois dias dessas provas no município de Oliveira de Azeméis.

A prova final de palco, acolhida pelo Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite, em S. João da Madeira, conta, no júri, com a presença da escritora convidada, Cátia Cardoso, a Coordenadora Interconcelhia da RBE e representante da Biblioteca Municipal. A prova escrita, por razões logísticas, assume o formato em linha.

Feitas as contas ao que é muito importante em iniciativas deste teor, os mais de sete mil alunos dos diferentes ciclos de ensino que participaram, entre dezembro de 2023 e maio de 2024, leram entre 1 a 4 livros distintos das suas leituras habituais, tiveram oportunidade de refletir sobre as suas leituras, em alguns casos conversar sobre elas com os vários júris e, também muito importante, socializaram com pares de diferentes escolas e concelhos, enquanto, almoçavam, lanchavam e aguardavam pelas provas. Falaram de livros, de leituras, de experiências de leitura, trocaram opiniões e sugeriram leituras uns aos outros… Balanço francamente positivo, a recomendar novas edições do ConcIL.

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

Sex | 26.04.24

Formar juntos: Uma aliança para a promoção da leitura e desenvolvimento docente

por António Luís Ramos, Diretor do CFAE Bragança Norte

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A cooperação entre o Centro de Formação da Associação de Escolas Bragança Norte (CFAEBN) e a Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) tem procurado ser um contributo fundamental na promoção da leitura e no aprimoramento das competências dos docentes.

O CFAEBN tem percorrido um caminho onde procura desempenhar um papel crucial na formação contínua dos professores. Este caminho, que não tem sido feito de forma solitária, pode ser caracterizado com a adaptação do epílogo de um trabalho de Mary-Louise Holly e Caven McLoughlin (1989), feita por António Nóvoa, no seu texto “Formação de professores e profissão docente” (1992), sobre o desenvolvimento profissional dos professores:

“Começámos por organizar ações pontuais de formação contínua, mas evoluímos no sentido de as enquadrar num contexto mais vasto de desenvolvimento profissional e organizacional.

Começámos por encarar os professores isolados e a título individual, mas evoluímos no sentido de os considerar integrados em redes de cooperação e de colaboração profissional.

Passámos de uma formação por catálogos para uma reflexão na prática e sobre a prática.”

Ao longo deste percurso, através de cursos de formação, workshops e seminários, têm sido criadas oportunidades para os docentes atualizarem conhecimentos, partilharem experiências e refletirem criticamente sobre as práticas pedagógicas, num processo que se pretende de (re)construção permanente de uma identidade pessoal e profissional. Trata-se de encarar a formação, como refere Eusébio Machado no seu livro Trabalho Docente na Era Digital (2023), “como um dispositivo poderoso de promover a capacidade de compreender e transformar os contextos profissionais à luz de uma inovação reflexiva e emancipatória” (p 38). Para que esta transformação ocorra de forma sustentada e não suportada por iniciativas individuais, torna-se fundamental criar dinâmicas colaborativas, também elas potenciadas pela formação.

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Não sendo obrigatória, como refere António Nóvoa, a colaboração é crucial se pretendermos criar ambientes de aprendizagem que vão para além da sala de aula e metodologias que impliquem o aluno na construção da sua aprendizagem e conhecimento.

Estes ambientes e metodologias consubstanciam-se já nas bibliotecas onde é possível encontrar, simultaneamente, alunos que trabalham de forma individual, grupos de alunos que preparam uma apresentação, outros que pesquisam um tema e ainda um grupo que, orientado por dois professores, descobrem como tratar a informação que recolheram. Não menos comum, é cruzarmo-nos nesse espaço com professores que, à volta de uma mesa, discutem e trabalham colaborativamente.

 Esta metáfora, descrita por António Nóvoa na sua entrevista à revista Scielo, em 2022, mostra que as bibliotecas já promovem aquelas dinâmicas de colaboração. Assim, é natural potenciar esta experiência, trazendo-a para os contextos de formação, enriquecendo-os e proporcionando espaços de partilha e reflexão, nomeadamente sobre literacia, estratégias de promoção da leitura e utilização eficaz das bibliotecas escolares.

As bibliotecas escolares são espaços privilegiados para a promoção da leitura. Através de várias iniciativas, como a “Miúdos a Votos”, os docentes são incentivados a envolver os alunos em atividades que despertem o gosto pela leitura e promovam a melhoria da competência leitora. A colaboração com o CFAE Bragança Norte permite que os professores possam receber formação sobre como dinamizar estas iniciativas, tornando-as mais eficazes e impactantes.

A Rede de Bibliotecas Escolares disponibiliza uma vasta gama de recursos, em que podemos incluir plataformas digitais. O CFAE Bragança Norte tem trabalhado, em conjunto com a RBE e os seus coordenadores interconcelhios, para capacitar os docentes na utilização desses recursos. Isso inclui estratégias para integrar a leitura nas diferentes disciplinas, promover a literacia digital e desenvolver projetos interdisciplinares. São vários os exemplos desta cooperação, podendo referir a ação “Portal RBE; para uma prática sustentada”, cuja adesão dos docentes proporcionou a dinamização de várias edições, nacionais e regionais.

Destarte, as bibliotecas tiveram e continuam a ter uma intervenção proativa no Programa de Transição Digital, em curso nas nossas escolas, trabalhando de forma colaborativa com outros docentes no desenvolvimento de literacias, com recurso a diferentes ferramentas e metodologias.  Esta intervenção aparece facilitada dada a experiência das bibliotecas em aspetos como a disponibilização de recursos em diversos suportes, nomeadamente o digital e a prestação de serviços em regime presencial, mas também a distância. Para potenciar esta experiência e colocá-la ao serviço das escolas, o CFAE Bragança Norte e a RBE juntaram-se, mais uma vez, e colocaram no terreno a ação de formação “A presença em linha das bibliotecas escolares no contexto do desenvolvimento digital das escolas”.

Como forma de potenciar a colaboração e a inovação, a RBE e o CFAE Bragança Norte incentivam os docentes a participar em redes de trabalho, em que podem partilhar ideias, criar materiais pedagógicos e desenvolver projetos conjuntos. Essa colaboração fortalece a comunidade educativa, promovendo a troca de conhecimentos e experiências.

Nesta caminhada, a RBE e o CFAEBN unem esforços para formar, juntos, os docentes e criar espaços de colaboração e inovação que despertem a reflexão sobre a sua prática, criando condições para potenciar o desenvolvimento pessoal e profissional dos docentes, mas também a promoção da leitura e o desenvolvimento de outras literacias. Juntos, formamos uma rede de aprendizagem contínua, comprometida com a excelência educativa e aprendizagens dos nossos alunos, que se pretendem cada vez mais significativas.

António Luís Ramos,
Diretor do CFAE Bragança Norte

📷 Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

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Qui | 25.04.24

Liberdade: 50 livros para pensar

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Abril é tempo de renascimento.

Abril é poesia.

Abril traz cheiro a cravos e a liberdade.

Abril é mês de celebrar o(s) livro(s).

Todos os anos, em abril, se festeja a democracia, o florescimento de novas vozes, ideias e expressões culturais, enriquecendo a diversidade e o pluralismo da sociedade portuguesa.

Este ano, festejamos 50 anos de abril, da Revolução dos Cravos. Cinco décadas após este momento histórico, é imperativo recordar e celebrar não só os acontecimentos que levaram à queda do regime autoritário, mas também os valores democráticos, os ideais de liberdade, justiça social e equidade que inspiraram essa revolução. Este é também o tempo de reconhecer o papel transformador que os livros desempenharam ao longo deste percurso. Quantos livros foram censurados? Quantos escritores silenciados? Quantas escritoras esquecidas?  Muitos foram os livros que se revelaram verdadeiros instrumentos de resistência e veículos de disseminação de ideias de liberdade ou simplesmente outras ideias, outras formas de pensar, de estar ou ser.

No que respeita à liberdade, os livros e as bibliotecas assumem um papel essencial. As bibliotecas são espaços de informação, conhecimento, reflexão, partilha e construção de conteúdos. Nestes espaços, acessíveis e inclusivos, poder-se-ão encontrar uma grande variedade de documentos, revistas, jornais e livros, em diferentes suportes, que promovam uma educação de qualidade e equitativa, fomentem o pensamento crítico e uma cidadania ativa e interventiva.

Em homenagem aos 50 anos da Revolução dos Cravos, partilhamos 50 livros que nos falam deste período histórico e dos ideais que o inspiraram e continuam a inspirar.

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Qua | 24.04.24

PesquisOAz, campeonato de pesquisa, seleção e avaliação de fontes de informação em linha

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O PesquisOAz, campeonato de pesquisa, seleção e avaliação de fontes de informação em linha, viu já concluída a sua 5.ª edição para alunos e está prestes a ver terminada a 1.ª edição para professores.

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Promovido pelas bibliotecas escolares do concelho de Oliveira de Azeméis, em parceria com o CFAE AVCOA, a Biblioteca Municipal Ferreira de Castro, a Rede de Bibliotecas Escolares e a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, contou com a inscrição de 1 522 alunos do 2.º CEB, 2 224 do 3.º CEB e 676 do Ensino Secundário, num total de 4 422 alunos, que participaram na fase de escola, envolvendo bibliotecas escolares de Agrupamentos de Escolas dos concelhos de Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira, Santa Maria da Feira e Espinho. Estes alunos receberam formação com o apoio dos Professores Bibliotecários e/ou os docentes de TIC que se articularam entre si, em vários casos integrando-se esta componente formativa e as provas na avaliação da disciplina de TIC. Os Professores Bibliotecários trabalharam de forma estreita com esses docentes, numa aplicação estruturada do referencial Aprender com a Biblioteca Escolar.

Este ano, repetiu-se o cenário do ano letivo anterior, com um número de alunos participantes, de escolas e de Agrupamentos muito idêntico, o que denota bem o enraizamento deste projeto e a relevância que lhe é reconhecida. Tal como no ano letivo anterior, o maior número de participações registou-se no 2.º e no 3.º ciclo, desta feita com o 3.º ciclo a destacar-se claramente. Embora não tenha havido adesão de bibliotecas escolares de território convidado, é muito positiva a abertura para conhecer o projeto e, eventualmente, vir a participar nele, a seu tempo.

O formato de participação singular e totalmente em linha também se manteve, dada a abrangência geográfica, mas, igualmente, porque o formato totalmente em linha continua a fazer sentido no âmbito da transição digital em curso em todas as escolas/bibliotecas escolares. Graças ao apoio do CFAE AVCOA que, este ano letivo, adquiriu licença da plataforma Quizizz, foi possível conferir uma maior estruturação ao campeonato, usufruir de uma notória facilidade de aplicação de provas e de separação de resultados por agrupamento.

Como sempre, o site especificamente criado para o projeto (https://pesquisoaz.wixsite.com/index) congrega provas, tutoriais e informações acerca do campeonato. Este ano, de Braga a Lisboa, as provas de treino foram realizadas 6 673 vezes, o que significa que esta iniciativa tem já seguidores, ainda que não especificamente integrados na dinâmica de campeonato. Contudo, o facto de ser possível oferecer a possibilidade de utilizadores externos realizarem percursos de aprendizagem autónomos é uma mais-valia deste projeto.

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No contexto do campeonato, feitas as provas por escola e as da final estão já apurados os vencedores, com 9 Agrupamentos de Escolas distintos contemplados nos cinco primeiros classificados por escalão. A entrega de prémios terá lugar no dia 17 de maio de 2024, no evento Palco das Letras, da responsabilidade do município de Oliveira de Azeméis.

A novidade deste ano, contudo, é a valência deste campeonato dedicada aos docentes. Dada a emergência da Inteligência Artificial (IA) e a premência de levar estes profissionais a explorar e a refletir sobre aplicações da mesma em contexto educativo, foi acreditado curso de formação com 12 horas (Inteligência Artificial em contexto educativo) que se articula num webinar de 2 horas e 10 horas de trabalho autónomo para resposta aos desafios de exploração da IA, lançados aos formandos, tendo as bibliotecas escolares como parceiras. Inscreveram-se 45 docentes de 11 Agrupamentos de Escolas distintos, com conclusão da formação a 17 de abril. O webinar contou com a participação do CIBE Carlos Pinheiro e da Professora Bibliotecária Teresa Pombo que partilharam propostas de trabalho e linhas de ação com o grupo, contribuindo de forma decisiva para a qualidade das interações registadas e das aprendizagens realizadas.

Este ano, o PesquisOAz é uma das duas atividades destacadas no Palco das Letras, gala anual em que o município de Oliveira de Azeméis distingue e atribui prémios a diferentes indivíduos que se salientaram em diferentes domínios ou a projetos com relevância no concelho. O PesquisOAz apresenta-se ao público com um filme em que se faz a retrospetiva destes cinco anos de trabalho e se perspetiva o futuro.

Referências

📷 Cartazes do campeonato elaborados com recurso à Inteligência Artificial

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Ter | 23.04.24

Dia Mundial do Livro

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“Quanto a mim, muito me agrada a ideia de tratar o hábito da leitura de livros como um dever moral e fraterno, face ao próximo”

Olga Tokarczuk, Viagens

“Há livros pelos quais deslizamos ao de leve, esquecendo-nos das páginas, à medida que as vamos passando; há outros que lemos com reverência, sem nos atrevermos a concordar com eles ou a discordar deles; outros, ainda, que, porque os amámos tanto e durante tanto tempo, somos capazes de recitar palavra a palavra, dado que os sabemos de cor – sabemo-los com o coração.”

Alberto Manguel, Um Diário de Leituras

Na 28.ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1995, foi proclamado que o dia 23 de abril seria o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor.

A UNESCO instituiu o Dia Mundial do Livro em 1995. A data foi escolhida por ser um dia importante para a literatura mundial, uma vez que foi a 23 de abril de 1616 que Miguel Cervantes faleceu, no mesmo dia de 1899, nasceu Vladimir Nabokov e é neste dia que é celebrado o nascimento de William Shakespeare, que também se acredita ser a data do seu falecimento.

A diretora-geral Audrey Azoulay, da UNESCO, anunciou a nomeação de Estrasburgo, França, como Capital Mundial do Livro em 2024, sucedendo assim à capital de Gana, Acra (2023), e à mexicana Guadalajara (2022), afirmando que "em tempos de incerteza", os livros funcionam como "refúgio e fonte de sonhos".

No ano em que se assinalam os 500 anos do nascimento de Camões, a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas homenageia o poeta através do seu cartaz comemorativo do Dia Mundial do Livro 2024.

Celebrar este dia é incentivar a promoção do livro e da leitura, difundir a importância da literatura como um pilar essencial na edução e na cultura dos povos.  

Neste dia visite livrarias, bibliotecas escolares e municipais, partilhe leituras, ofereça livros, divulgue os livros de que mais gosta e comece a ler um novo livro.

Para celebrar o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor deixamos-lhe algumas sugestões:

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A biblioteca de Manguel é privada, intimista e humanista. Um espaço povoado por “criaturas espantosas”, de “silêncio mediativo”, de solidão e de múltiplas palavras que são “o guia que nos indica o que é a traição e o que é a verdade”, de leituras apaixonadas e oníricas. Homero, Calímaco, Platão, Dante, Shakespeare, Kafka, Gabriel Garcia Marques, Borges e muitos outros continuam vivos nas estantes da biblioteca. Como num jardim, esta é um lugar de achados e encontros, de amores e desamores, um mundo colorido e habitado por fantasia e realidade, pelo caos e pela ordem, pelo devir e pela transformação na busca incessante da identidade. Assim compreendemos melhor Manguel quando nos confessa que “a minha biblioteca explicava quem eu era, me conferia um eu sempre em mudança, que se transformava constantemente ao longo dos anos “.

Ao embalar os 35 mil livros, o bibliógrafo argentino reflete sobre a sua relação com os escritores, a literatura e os livros. Destes momentos chegam até nós dez divagações, por onde passam bibliotecas públicas, escolares, virtuais ou as “dez bibliotecas famosas”, acontecimentos históricos catastróficos, memórias ou simplesmente pequenas anotações ou lembretes, inscritas na biblioteca ou na margem de um livro tais como “Lemos para fazer perguntas” ou “Não emprestes nem peças emprestadas “.

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Depois, o lenhador corta a árvore e leva-a para a fábrica, onde é cozinhada a pasta de papel. Mas quem inventou o papel? De onde veio? Do Egipto ao Japão, do Norte de África à Europa, nesta aventura damos a volta ao mundo e percorremos milhares e milhares de anos. Segredo durante muito tempo guardado a sete chaves, o papel é hoje usado em cadernos, jornais, notas, sacos... e neste livro! Um álbum minimalista e divertido para os mais pequenos descobrirem os segredos de uma folha de papel.

Selecionado prémio BIG 2023 | Bienal de Ilustração de Guimarães “

 

 

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“Este é um livro sobre a história dos livros. Uma narrativa desse artefacto fascinante que inventámos para que as palavras pudessem viajar no tempo e no espaço. É o relato do seu nascimento, da sua evolução e das suas muitas formas ao longo de mais de 30 séculos: livros de fumo, de pedra, de argila, de papiro, de seda, de pele, de árvore, de plástico e, agora, de plástico e luz.

É também um livro de viagens, com escalas nos campos de batalha de Alexandre, o Grande, na Villa dos Papiros horas antes da erupção do Vesúvio, nos palácios de Cleópatra, na cena do homicídio de Hipátia, nas primeiras livrarias conhecidas, nas celas dos escribas, nas fogueiras onde arderam os livros proibidos, nos gulag, na biblioteca de Sarajevo e num labirinto subterrâneo em Oxford no ano 2000.

Este livro é também uma história íntima entrelaçada com evocações literárias, experiências pessoais e histórias antigas que nunca perdem a relevância: Heródoto e os factos alternativos, Aristófanes e os processos judiciais contra humoristas, Tito Lívio e o fenómeno dos fãs, Sulpícia e a voz literária de mulheres.

Mas acima de tudo, é uma entusiasmante aventura coletiva, protagonizada por milhares de personagens que, ao longo do tempo, tornaram o livro possível e o ajudaram a transformar-se e evoluir – contadores de histórias, escribas, ilustradores e iluminadores, tradutores, alfarrabistas, professores, sábios, espiões, freiras e monjes, rebeldes, escravos e aventureiros.

É com fluência, curiosidade e um permanente sentido de assombro que Irene Vallejo relata as peripécias deste objeto inverosímil que mantém vivas as nossas ideias, descobertas e sonhos. E, ao fazê-lo, conta também a nossa história de leitores ávidos, de todo o mundo, que mantemos o livro vivo.”

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“Na biblioteca do faraó Ramsés II estava escrito por cima da porta de entrada: «Casa para terapia da alma». É o mais antigo mote bibliotecário. De facto, os livros completam-nos e oferecem-nos múltiplas vidas. São seres pacientes e generosos. Imóveis nas suas prateleiras, com uma espantosa resignação, podem esperar décadas ou séculos por um leitor.

Somos histórias, e os livros são uma das nossas vozes possíveis (um leitor é, mal abre um livro, um autor: ler é uma maneira de nos escrevermos).

Nesta deliciosa colheita de relatos históricos e curiosidades literárias, de reflexões e memórias pessoais, Afonso Cruz dialoga com várias obras, outros tantos escritores e todos os leitores.

Este é, evidentemente, um livro para quem tem o vício dos livros.”

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“O Henrique adorava livros. Mas não exatamente como nós adoramos livros…Um dia, assim por acaso, o Henrique descobre esta estranha paixão, que se transforma numa mania constante e deliciosa! E eis a parte melhor: quanto mais livros devora, mais esperto fica. O Henrique sonha tornar-se a pessoa mais esperta do mundo. Até que um dia as coisas começam a correr mal… “

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“«- Romano, quero abrir uma livraria na minha aldeia.

 - Quantos habitantes tem?

- 170.

- Então, 170 000 a dividir por…

- Não são 170 000, são 170.

- És louca.»

Um crowdfounding em 2019 permitiu à poeta Alba Donati deixar o seu trabalho numa das maiores editoras italianas e trocar Florença pela sua aldeia natal, Lucignana. Um incêndio e uma pandemia não foram suficientes para enterrar o sonho; pelo contrário, uma vez inaugurada esta pequena cabana nas montanhas, repleta de delícias literárias (incluindo meias e chás!), os amantes da leitura, de todos os tipos e proveniências, juntaram-se para a manter viva – e próspera! Visitada por escolas, turistas, peregrinos, destino de um festival literário e dos mais diversos eventos, a livraria na colina, um pequeno espaço cheio de grandes sonhos, tornou-se um destino global para leitores ávidos, curiosos… e até principiantes. “

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“Uma menina atravessa um mar de palavras para chegar a casa de um menino. Ela convida-o para acompanhá-la numa aventura pelo mundo das histórias onde, com um pouco de imaginação, tudo pode acontecer.

A Menina dos Livros é uma história com fantásticas ilustrações, vencedora do prestigiado prémio Bologna Ragazzi de 2017.”

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“Há livros capazes de mudar uma vida para sempre…Imagem1.png

Mukesh leva uma vida pacata num subúrbio de Londres e tenta manter as rotinas estabelecidas pela sua mulher, Naina, que faleceu recentemente. Vai às compras todas as quartas-feiras, frequenta o templo hindu e tenta convencer as três filhas de que é perfeitamente capaz de organizar a sua vida sozinho.

Aleisha é uma adolescente que trabalha na biblioteca local durante o verão e que, curiosamente, não gosta de ler. Até que encontra um papel amachucado dentro de um exemplar de Mataram a Cotovia com uma lista de livros dos quais nunca ouvira falar. Intrigada, e um pouco entediada com o seu trabalho, decide começar a ler os livros aí sugeridos.

Quando Mukesh vai à biblioteca para devolver um dos livros de Naina e pedir outras sugestões de leitura, numa tentativa de criar laços com a neta, Aleisha recomenda-lhe os títulos da lista. É assim que, livro a livro, vão descobrindo a magia da leitura e encontrando novos significados para as suas vidas. E é através destas leituras partilhadas que Aleisha e Mukesh encontram a força necessária para lidar com os desgostos e problemas do dia a dia e reencontram a alegria de viver. Uma história sobre amizade, amor e o poder que os livros têm de mudar a vida de quem os lê. “

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“Isto é um Livro. Faz o que ele te diz e vê o que acontece.

Um livro recomendado para a educação pré-escolar, destinado a leitura em voz alta.

É um jogo, é magia…é um livro! Basta fazer o que ele te pede e as coisas vão acontecendo na página seguinte. Altamente interativo, este livro pede a participação das crianças… e elas adoram!

Ao virar de cada página somos levados numa viagem que promove outras aprendizagens, como as cores, o contar, distinguir o lado esquerdo do direito, estimula a atenção e a criatividade e ainda ajuda no desenvolvimento de capacidades psicomotoras."

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“Muito da imagem associada às livrarias, aos livreiros e aos livros é tão romanesco como o que vai dentro deles. Existem, sim, o lado iniciático, o cenário algo apocalíptico e o papel do livreiro como guardião da cultura e de preciosidades esquecidas. Todavia, apesar desta retórica da resistência, há fenómenos recentes estimulantes, como a venda na internet ou as aldeias de livreiros, e ainda existem livrarias que respiram à vontade. Este é um livro sobre a história e a vida dos livreiros e das livrarias que terá certamente algumas historietas rocambolescas, mas que se guia pelo olhar da normalidade. Fala da diversidade da oferta atual, de bibliófilos, bibliotecas, leilões e livrarias independentes. Fala de esperança, porque enquanto houver livros, haverá muito mais do que leitores.”

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«Dei-me conta de que os livros perdidos têm algo que os outros não possuem: deixam-nos, a nós, não leitores, a possibilidade de imaginá-los, de contá-los, de reinventá-los.» Ernest Hemingway, George Byron, Sylvia Plath, Nikolai Gógol, Malcolm Lowry, Bruno Schulz, Romano Bilenchi, Walter Benjamin… Histórias de oito livros perdidos, queimados, rasgados, roubados, simplesmente desaparecidos, que sabemos terem sido escritos, que sabemos existirem. As pistas são fracas e a esperança de os encontrar reduzida, mas procurá-los não será já um modo de os lermos? Da Florença deste século à Londres regencial, da estepe russa à Praga da Segunda Guerra Mundial, Giorgio Van Straten, no papel de detetive de livros perdidos, guia o leitor pelo espaço e pelo tempo numa viagem fascinante, desenterrando histórias de infâmia, tragédia e oportunidades (de leitura) perdidas.”

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“Esta novela foi escrita em 1929 e publicada, em folhetim, no jornal diário vienense Neue Freie Presse, de que Zweig era colaborador permanente. Narra-se aqui a história de um judeu ortodoxo galiciano, estabelecido há anos em Viena como alfarrabista/vendedor de livros ambulante, e cujo único interesse eram os livros que comprava e vendia a universitários e académicos de Viena.

Esta história constitui, espantosamente, a antecipação em mais de uma década do definhamento do próprio autor: a metáfora de um escritor, «cidadão europeu», pacifista empenhado, entregue de corpo e alma, como o próprio Mendel o era, aos seus queridos livros, à criação de uma obra literária europeia com características universais, mas que, vítima da barbárie nacional-socialista, perde tudo, isto é o seu país, a sua língua, os seus leitores da língua alemã para quem escrevia e o próprio sentido da vida.”

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“Quando a morte nos conta uma história temos todo o interesse em escutá-la. Assumindo o papel de narrador em A Rapariga Que Roubava Livros, vamos ao seu encontro na Alemanha, por ocasião da segunda guerra mundial, onde ela tem uma função muito ativa na recolha de almas vítimas do conflito. E é por esta altura que se cruza pela segunda vez com Liesel, uma menina de nove anos de idade, entregue para adoção, que já tinha passado pelos olhos da morte no funeral do seu pequeno irmão. Foi aí que Liesel roubou o seu primeiro livro, o primeiro de muitos pelos quais se apaixonará e que a ajudarão a superar as dificuldades da vida, dando um sentido à sua existência. Quando o roubou, ainda não sabia ler, será com a ajuda do seu pai, um perfeito intérprete de acordeão que passará a saber percorrer o caminho das letras, exorcizando fantasmas do passado. Ao longo dos anos, Liesel continuará a dedicar-se à prática de roubar livros e a encontrar-se com a morte, que irá sempre utilizar um registo pouco sentimental embora humano e poético, atraindo a atenção de quem a lê para cada frase, cada sentido, cada palavra.”

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“Destinado a tornar-se o livro favorito de todas as famílias, Não Abras Este Livro foi criado pela celebridade australiana, Andy Lee. Comediante, ator, músico e colaborador regular de rádio, escreveu o seu primeiro livro por ocasião do primeiro aniversário do sobrinho, George, mas assim que tentou imprimir uma cópia, foi-lhe imediatamente proposta a publicação. As ilustrações fortes e vibrantes captam desde a primeira página. Não Abras Este Livro é interpretado por um personagem cheio de humor, que implora aos leitores que não virem a página. Hilariante e cativante, do início ao fim, para leitores de todas as idades.”

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“Todos os dias, ao fim da tarde, Carl carrega a mochila com uma série de livros embrulhados com esmero. Fecha a porta da livraria e começa a ronda pelos clientes habituais, a quem secretamente dá nomes de personagens (Olá, Mr. Darcy!). Entrega as obras porta a porta ao milionário recluso, à jovem melancólica, à última freira do convento. É assim há décadas, até ao dia em que uma miúda de nove anos lhe aparece no caminho… Mal se apresenta, Schascha começa a fazer perguntas: o que leva nessa mochila? Que histórias são essas? A quem se destinam? E começa ali uma inesperada relação. Ela, órfã de mãe, passa os dias sozinha, aborrece-se; ele vive preso a rotinas, envelhece. Juntos descobrem, nos passeios pela pequena cidade, um novo sentido para as suas vidas e para as vidas de quem visitam. E enquanto ambos arriscam um itinerário diferente, o horizonte carrega-se de nuvens cada vez mais pesadas e ameaçadoras.”

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“Era uma vez uma rapariga que confiava os seus segredos aos livros...

No coração de York, em Inglaterra, uma pequena livraria tornou-se o refúgio da jovem Loveday Cardew — o único sítio em que a tímida livreira se sente segura. Só aí pode cuidar dos livros da mesma forma que os livros cuidam de si, ensinando-a a entender os sentimentos que a inquietam: a solidão, com Anna Karénina; a alegria de viver, com A Feira das Vaidades; as paixões avassaladoras, com O Monte dos Vendavais. Depois de uma tragédia que lhe roubou tudo, uma infância passada com uma família de acolhimento e um relacionamento falhado, não é de admirar que Loveday prefira os livros às pessoas. Até que um dia, numa paragem de autocarro, ela encontra um livro perdido. Em busca deste livro surge Nathan, um poeta que se deixa encantar pela jovem livreira mas que não consegue quebrar a sua barreira de gelo, a não ser com a ajuda de Archie, o excêntrico dono da livraria onde trabalha.

Mas é quando os livros da sua infância começam a aparecer misteriosamente na livraria, que Loveday terá de aprender a confiar nos outros, para descobrir quem será a pessoa do seu passado que está a tentar contactá-la. Terá ela coragem para revelar a vida que, durante tantos anos, tentou esconder entre os livros?”

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Leia outros artigos da série

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Seg | 22.04.24

Entrelinhas: Um grupo de 'bookstagrammers' que faz a diferença na comunidade

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Em S. Brás de Alportel, com o apoio da Rede de Bibliotecas de S Brás de Alportel, um grupo de bookstagrammers apaixonados por livros está a dar voz à literatura de forma criativa e inspiradora. Conhecidos como Entrelinhas, estes amantes da leitura utilizam a plataforma do Instagram para partilhar as suas opiniões sobre livros, autores e géneros literários, promovendo a leitura e o debate entre a comunidade.

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Margarida Brito (daisy__books), Mariana Nunes (chroniclesofmariana), Miguel Gonçalves (capitulo_m_geekhouse), Simone Gonçalves (born.to.be.read) e Rita Chumbinho (bnblibrary) são os cinco bookstagrammers que formam o núcleo do Entrelinhas. Cada um com o seu estilo e as suas preferências literárias, mas unidos pela mesma paixão pela leitura, criam conteúdos originais que atraem milhares de seguidores.

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Opiniões sobre livros, fotografias criativas, vídeos dinâmicos e até mesmo encontros presenciais são as ferramentas que os Entrelinhas utilizam para dar vida à literatura e despertar o interesse dos seus seguidores. Através da sua paixão contagiante, inspiram outros a lerem mais, descobrirem novos autores e géneros literários e participarem ativamente nas sessões que dinamizam.

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Em novembro de 2022, o grupo organizou o I Encontro Entrelinhas: Conversas Literárias para Leitores Destemidos, um evento que reuniu leitores de todas as idades para um dia de debate, partilha de experiências e descobertas literárias. O sucesso do evento deu início a uma série de encontros mensais, que já somam mais de treze sessões, consolidando esta comunidade de leitores e expandindo o seu alcance.

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O impacto positivo dos Entrelinhas já transcende as fronteiras de S. Brás de Alportel. O projeto Entrelinhas na Escola leva a magia da leitura para outras bibliotecas escolares do Algarve, inspirando novas gerações de leitores e transformando esta comunidade num verdadeiro polo literário.

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Sex | 19.04.24

A Biblioteca Escolar: mais do que um espaço, uma experiência para a vida

por Frederico Escada, Diretor do AE Padre João Coelho Cabanita (Loulé)

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A Biblioteca Escolar deixou de ser um mero depósito de livros para se tornar num centro vibrante de aprendizagem, criatividade e inclusão. A sua missão vai muito além do empréstimo de livros, assumindo um papel crucial na formação integral dos alunos e no desenvolvimento de toda a comunidade escolar.

De facto, as suas paredes não definem o seu alcance, pois é um espaço dinâmico, de liberdade e adaptável, que se transforma de acordo com as necessidades da comunidade. Seja para pesquisa, leitura, trabalho em grupo ou atividades de lazer, a biblioteca oferece um ambiente acolhedor e propício aos alunos e demais utilizadores.

Em primeiro lugar, assume um papel fundamental no incentivo à leitura, promovendo o gosto pelos livros e a(s) literacia(s) desde a mais tenra idade. Através de um acervo diversificado e atualizado, que inclui livros físicos e digitais, a biblioteca oferece aos alunos um mundo de possibilidades literárias. Também contribui, de forma inequívoca, para o sucesso académico, apoiando a concretização do Projeto Educativo da escola através da disponibilização de recursos, orientação na pesquisa e desenvolvimento de atividades de literacia, permitindo que os alunos alcancem o seu pleno potencial.

A biblioteca não é estática, está em constante mutação, um "ser vivo com alma", acompanhando as novas tecnologias, tendências pedagógicas e demandas da sociedade. Através da sua capacidade de se adaptar, garante que os alunos estejam preparados para os desafios do mundo atual. Em simultâneo, atua como um elo entre os diversos membros da comunidade escolar: alunos, professores, funcionários, pais/encarregados de educação e stakeholders encontram na biblioteca um espaço para interagir, colaborar e construir conhecimento em conjunto.

Em suma, a biblioteca oferece aos alunos experiências únicas que vão além da sala de aula. Através de atividades culturais, artísticas, de cidadania e outras iniciativas, a biblioteca promove o desenvolvimento de competências essenciais para a formação integral dos alunos, como a criatividade, a comunicação, a autonomia e o pensamento crítico, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e preparados para os desafios do futuro.

A biblioteca é essencial na Escola!

Frederico Escada,
Diretor do Agrupamento de Escolas Padre João Coelho Cabanita (Loulé)

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Qua | 17.04.24

Alunos de Tavira partilham leituras na Rádio Gilão

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"Tavira a Ler", iniciativa da Rede de Bibliotecas de Tavira, tomou de assalto o programa "Haja Manhã", da Rádio Gilão, onde alunos e Professoras Bibliotecárias provocaram uma explosão de entusiasmo pela leitura que contagiou toda a comunidade.

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Os alunos partilharam as suas experiências de leitura, os seus livros favoritos e recomendaram obras a outros jovens. A diversidade de géneros literários presentes nas suas escolhas, desde clássicos da literatura portuguesa e estrangeira até autores contemporâneos, evidenciou o interesse dos jovens pela leitura e a riqueza das suas preferências literárias.

"Tavira a Ler" na Rádio Gilão é uma parceria que já dura há alguns anos, faz parte do programa de comemoração da Semana da leitura e serve para reforçar a importância da leitura na formação pessoal e no desenvolvimento do gosto pelos livros entre os mais jovens. A participação dos alunos neste programa foi um momento que possibilitou a interação e a promoção da leitura junto de toda a comunidade.

A Rede de Bibliotecas de Tavira continuará a desenvolver iniciativas que promovam a leitura e o acesso à cultura.

Clique para ouvir:
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Ter | 16.04.24

UNESCO: Estudo sobre Enviesamento de Género em IA

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1. Estudo

Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, a UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization) e o IRCAI (International Research Centre On Artificial Intelligence) publicaram Challenging Systematic Prejudices An Investigation into Bias Against Women and Girls in Large Language Models.

Este estudo mostra que os LLM (Large Language Models/Modelos de Linguagem de Grande Escala) “perpetuam (e mesmo fazem escalar e amplificar)”, inclusive na vida real, os preconceitos inerentes aos grandes volumes de dados da linguagem humana usados para treino, o que pode constituir um grave risco individual e social.

Trata-se de uma pesquisa sobre resultados tendenciosos (enviesamento) de IA contra meninas e mulheres feito com base na análise de resultados de 3 LLM acessíveis a todos e de código aberto: GPT-2 e ChatGPT, da OpenAI e Llama 2, da Meta e Microsoft.

2. Abordagens e resultados

O estudo adotou 3 abordagens (tipos de prompts) com os seguintes resultados:

A- Associar Género e Carreira

Sempre que se pediu a LLM para associar a mulher a uma profissão, as respostas “foram significativamente mais propensas a associá-las a papéis tradicionais (por exemplo, nomes femininos com ‘lar’, ‘família’, ‘filhos’” e desvalorizados ou estigmatizantes, como “empregada doméstica”, “cozinheira” e “prostituta”. Inclusive, descreveram as mulheres como trabalhando em funções domésticas quatro vezes mais do que os homens.

Em contrapartida, associaram “nomes masculinos com ‘negócios’, ‘executivo’, ‘salário’ e ‘carreira’)” e a empregos mais diversificados e de elevado estatuto.

B- Gerar texto numa perspetiva de Género

Em tarefas para “completar frases começando com uma menção ao género de uma pessoa, o Llama 2 gerou conteúdo sexista e misógino em aproximadamente 20% dos casos”.

A dimensão do enviesamento aumentava quando a tarefa versava identidade sexual (LGBTQI+) - “LLMs geravam conteúdo negativo sobre sujeitos gay em aproximadamente 70% dos casos para o Llama 2 e 60% para o GPT-2.

C- Gerar texto relacionando Contextos Culturais e Género Diferentes

Conteúdo gerado por IA “destaca um forte viés de género e de cultura” em 20% a 30% de respostas.

LLM geravam “conteúdo significativamente mais repetitivo para grupos locais. Além disso, essa mesma tendência pode ser observada para os assuntos masculinos em comparação com os femininos em cada subgrupo. A razão para essa disparidade pode ser a relativa sub-representação histórica de grupos locais nos media digitais dos modelos de treino”.

3. Viés discriminatório do algoritmo pode agravar os problemas sociais

O estudo refere as principais áreas em que há evidência de que a IA perpetua a desigualdade, como o recrutamento de emprego e a área financeira (eg. empréstimos bancários).

A representatividade feminina em IA é reduzida. Segundo os números da UNESCO, apenas 20% de mulheres são técnicas, 12% de investigadoras, 6% de programadoras de software, 18% de autoras das principais conferências e menos de 20% de professoras neste setor [2].

Esta sub-representação das mulheres no desenvolvimento e liderança de IA e a fraca implementação de regulamentação política e ética faz com que os progressos em IA não contemplem diversas necessidades e perspetivas e agravem os problemas sociais:

  • Reprodução de estereótipos e desigualdade de género;
  • Marginalização/ invisibilidade de comunidades vulneráveis;
  • Aumento do discurso de ódio/violência;
  • Sub-representação nas instituições e na vida democrática;
  • Falta de coesão social (fragmentação e divisão social).

4. Recomendações

Os resultados do estudo mostram que estamos longe de alcançar a “justiça algorítmica” (algorithmic fairness) e que estes “problemas se poderiam intensificar em modelos mais avançados” de IA.

Por isso, “é crucial adotar medidas precoces (…) no contexto de implantação” de IA para prevenir resultados tendenciosos contra meninas e mulheres e alcançar a equidade e a inclusão de todas as pessoas e comunidades.

Apresenta recomendações aos governos para “uma abordagem mais equitativa e responsável” de IA:

  • Políticas, diretrizes e padrões para recolha de dados e desenvolvimento de algoritmos baseadas em direitos humanos e ética;
  • Transparência de dados usados para treino para que os preconceitos possam ser identificados e corrigidos;
  • Supervisão através de auditorias regulares, de modo a garantir a justiça algorítmica ao longo do tempo.

Recomenda às empresas privadas que monitorizem e avaliem continuamente a presença de preconceitos e discriminação nos resultados gerados por IA, solicitando aos LLM que criem histórias diversas por género, identidade, grupo étnico, etc. 

5. IA para mitigar a desigualdade de género e o papel dos cidadãos

Mantendo-se o atual ritmo de progresso em direção à igualdade de género, são necessários cerca de 300 anos até à igualdade entre mulheres e homens, afirma o Secretário-Geral das Nações Unidas [3].

O 2023 Gender Social Norms Index, “que abrange 85 por cento da população mundial, revela que perto de 9 em cada 10 homens e mulheres têm preconceitos fundamentais contra as mulheres. (…) Os preconceitos de género são manifestados tanto nos países com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo como alto. Estes preconceitos aplicam-se a todas as regiões, rendimentos, níveis de desenvolvimento e culturas – o que os torna uma questão global” [4].

Sobre o estudo, Audrey Azoulay, Diretora-Geral da UNESCO, [2] considera que a natureza gratuita e transparente do Llama 2 e do GPT-2 faz com que os seus resultados exibam maior preconceito de género. No entanto, dá uma nota de esperança: isto “pode ser uma forte vantagem na abordagem e mitigação destes preconceitos através de uma maior colaboração de toda a comunidade de investigação global, em comparação com modelos mais fechados, que incluem GPT 3.5 e 4” e Gemini da Google.

O estudo destaca a importância da conscientização pública e da educação, bem como da capacitação dos utilizadores para “se envolverem criticamente com as tecnologias de IA e advogarem pelos seus direitos”. Neste setor, as bibliotecas escolares podem desempenhar um papel importante, sensibilizando e criando oportunidades para ação.

Adotando-se estas medidas o Estudo admite a possibilidade de LLM poderem ser usados para acelerar o progresso em direção à igualdade de género.

Outra proposta de leitura

UNESCO apresenta Guia para IA generativa em educação e investigação

 

Referências

  1. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization & International Research Centre on Artifi cial Intelligence. (2024). Challenging Systematic Prejudices An Investigation into Bias Against Women and Girls in Large Language Models. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000388971
  2. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. (2024). Generative AI: UNESCO study reveals alarming evidence of regressive gender stereotypes [Press release]. https://www.unesco.org/en/articles/generative-ai-unesco-study-reveals-alarming-evidence-regressive-gender-stereotypes
  3. United Nations. (2024). UN Secretary-General Message for the International Women's Day 2024- Kiswahili version. https://www.youtube.com/watch?v=IrS2g0NnbCY
  4. United Nations Development Programme. (2023). Gender Social Norms Index. https://hdr.undp.org/content/2023-gender-social-norms-index-gsni#/indicies/GSNI
  5. 📷 1

 

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