Bibliotera, uma Biblioteca na Biblioteca é um projeto educativo do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra [CAPC] de circulação pelas escolas, este ano em articulação com a Biblioteca Escolar.
A Bibliotera é uma instalação das artistas Filipa César, Marta Lança e Marinho de Pina apresentada originalmente no Anozero'22 - Bienal de Coimbra, com projeto educativo de Jorge Cabrera. Propõe-se, agora, esta versão de circulação pelas escolas, uma parceria do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC) | Anozero - Bienal de Coimbra – Plano Nacional das Artes (PNA) - Escola e Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), com o propósito de incentivar o interesse pelo livro, criar um ambiente de convivência criativa nas bibliotecas escolares e acionar o poder social e transformador da educação pelas artes.
A Escola Secundária Avelar Brotero, através do Projeto Cultural da Escola e da Biblioteca Escolar, aceitou o desafio de realizar esta experiência piloto, com convite a outros estabelecimentos escolares que, posteriormente, desejem aderir a esta iniciativa.
A iniciativa desenvolve-se do seguinte modo:
A instalação Bibliotera é montada na biblioteca da escola (ou em outro espaço, caso não seja exequível na biblioteca).
Há um período para angariação de livros através de doações provenientes da comunidade. Os livros devem ter interesse literário ou cultural de qualquer natureza e encontrar-se em bom estado de conservação; embora usados, não devem estar danificados, nem rubricados ou sublinhados.
É enviado um convite a todas as turmas de todos os níveis de escolaridade com uma breve apresentação da proposta; as turmas interessadas, inscrevem-se na atividade, que tem uma duração aproximada de 90 minutos.
Com os livros angariados, são dinamizadas sessões de mediação com turmas em que, em grupos, os alunos são convidados a visitar a exposição, construir instalações com livros que lhes são atribuídos, refletirem sobre o que poderá ser uma Bibliotera e encontrarem uma definição para o termo.
Após o período da exposição, o acervo de livros arrecadados por doações poderá ser transferido para as bibliotecas de outras escolas, criando-se uma rede social colaborativa.
Local: «Bibliotera, uma biblioteca na biblioteca» Escola Secundária Avelar Brotero Biblioteca Escolar R. Dom Manuel 127, 3030-320 Coimbra
Campanha de doação de livros: 1 a 31 de março de 2023 Exposição: 24 de abril a 2 de junho de 2023
O documento Orientações para professores e educadores sobre o combate à desinformação e a promoção da literacia digital através da educação e da formação [1] foi publicado em outubro de 2022, enquadrado no Plano de Ação para a Educação Digital (2021-2027), da Comissão Europeia, e resulta do trabalho desenvolvido com o apoio de um conjunto de peritos no combate à desinformação e na promoção da literacia digital através da educação e da formação.
Dada a relevância da temática em foco no contexto atual, o documento está disponível nas 24 línguas oficiais da União Europeia eestabelece conceitos técnicos, orientações práticas para apoio em contexto educativo, sugestões concretas de ensino e aprendizagem, planos de atividades, entre outras informações úteis. Como o título indica, dirige-se, sobretudo, a professores/ educadores dos ensinos básico e secundário e nasce da convicção de que urge reforçar o papel da educação e da formação no combate à desinformação, o que implica apostar na promoção da literacia digital e da literacia mediática, fundamentais para formar cidadãos digitais europeus informados, capacitados e empenhados.
Partindo do contexto atual, em que as tecnologias digitais têm um impacto profundo em todas as áreas da sociedade, é destacada a necessidade de a escola ajudar os jovens a adquirir as competências de que necessitam para se tornarem aprendentes ao longo da vida num mundo cada vez mais digital. Tal implica promover situações de aprendizagem que contribuam para o desenvolvimento de competências digitais que os ajudarão a tornar-se cidadãos ativos e capacitados no século XXI. Estas competências ensinam-se e aprendem-se e cabe aos educadores um importante papel na promoção da literacia digital e no combate à desinformação, num contexto em que o centro da aprendizagem e do ensino se processa no meio digital, em ambientes em linha complexos, heterogéneos e poucos controlados.
De facto, as informações que chegam hoje aos alunos apresentam uma grande variedade de autores e fontes, cada um com pontos de vista e agendas particulares. Por isso, mais do que nunca é preciso ajudá-los a distinguir factos de opiniões e levá-los a perceber que informação não é conhecimento, podendo ser, até, o contrário. Estes precisam de professores/ educadores que os ajudem a navegar, tendo em conta a abundância e pluralidade de informações com que se deparam, e que os ajudem a fazer a distinção entre alegações de verdade e provas, entre factoides (informação sem fundamento real, que se divulga ou aceita como facto verdadeiro, dada a forma como é apresentada e repetida) e informação credível e fidedigna. O documento assenta na convicção de que a democracia pode ser posta em causa quando as fontes de informação são prejudicadas por má informação, informação errada e desinformação, uma tríade perigosa com impactos profundos na sociedade coeva.
Deste modo, é imperativo desenvolver nos alunos competências relacionadas com a literacia digital, entendida, no presente documento, como capacidades que lhes permitem aceder, gerir, compreender, integrar, comunicar, avaliar, criar e divulgar a informação de forma segura e responsável, utilizando tecnologias digitais.
A literacia digital ajuda os alunos a participarem ativamente na sociedade, a interagirem socialmente, a aprenderem e a construírem carreiras gratificantes, sendo, por isso, uma condição prévia para o desenvolvimento de uma cidadania digital responsável, entendida no documento como “capacidade de participação ativa, contínua e responsável em ambientes digitais (locais, nacionais, globais, em linha) a todos os níveis (político, económico, social, cultural e intercultural).”. Por isso, há que ajudar os alunos a evitar comportamentos nocivos em linha e a adquirir o autoconhecimento e as competências para o fazer de forma independente.
Para ajudar os professores/ educadores, são apresentadas abordagens educativas que se podem revelar particularmente eficazes no domínio da literacia digital, nomeadamente trabalhar o currículo em espiral, a sala de aula invertida, o ensino misto, aprender fazendo e a aprendizagem com base em jogos e na ludificação.
A pedagogia digital implica, deste modo, a utilização de ferramentas digitais inovadoras e de novas abordagens conceptuais, que passam por reduzir o tempo de aula expositiva e utilizar métodos mais interativos, como o método socrático de aprendizagem, a aprendizagem indutiva e baseada em problemas e várias metodologias de aprendizagem colaborativa e cooperativa.
No documento, é sublinhada a ideia de que as bibliotecas locais podem ajudar a realizar atividades na comunidade com vista a desenvolver a literacia digital, num alinhamento claro com o desígnio assumido há muito pela Rede de Bibliotecas Escolares e espelhado no referencial Aprender com a biblioteca escolar, cuja primeira edição data de 2012.
Ao longo do documento, são apresentados doze planos de atividades (cuja consulta sugerimos) a desenvolver nas aulas com vista a desenvolver a literacia digital, para que os jovens:
- saibam lidar com a desinformação;
- percebam o que é a multiperspetiva com base em fontes múltiplas;
- monitorizem a sua pegada digital e se protejam;
- saibam distinguir factos de opiniões e proceder à verificação de factos;
- saibam avaliar a informação a que acedem e percebam os motivos da criação da desinformação, discutindo a economia da desinformação e as teorias da conspiração;
- reflitam e debatam a liberdade dos meios de comunicação.
A centralidade da literacia digital na sociedade contemporânea faz com que esta competência seja um repto global, que ultrapassa a escola, pelo que o documento sugere que as instituições de ensino recorram a iniciativas e programas virtuais e/ ou físicos da sociedade civil, que irão beneficiar o ensino e enriquecer a aprendizagem dos alunos.
Afigura-se vantajoso ligar as atividades escolares às principais redes e eventos internacionais e nacionais, como o Dia da Internet Mais Segura (em fevereiro), o Dia Internacional da Verificação de Factos (abril) ou campanhas de sensibilização (Semana Europeia da Literacia Mediática, Semana Global da Literacia Mediática e da Informação da UNESCO), a que se pode somar a operação 7 dias com os media, proposto pelo GILM, Grupo Informal sobre Literacia Mediática de que a RBE faz parte.
Organizações internacionais, como a Comissão Europeia, a UNESCO, a OCDE, o Conselho da Europa, a União Internacional das Telecomunicações (UIT), a UNICEF e os sindicatos de jornalistas desenvolveram recursos, redes e orientações que podem enriquecer o trabalho dos professores.
O documento termina a remeter para o Final report of the Commission expert group on tackling disinformation and promoting digital literacy through education and training [2], que apresenta, nos anexos finais, listas com a identificação das estruturas e iniciativas existentes nesta área, com links de acesso a recursos disponíveis, a diretrizes, a exemplos de currículos, às principais pesquisas e recursos (relatórios, artigos científicos, entre outros).
Em suma, o documento Orientações para professores e educadores sobre o combate à desinformação e a promoção da literacia digital através da educação e da formação chama a atenção para a necessidade de um trabalho metódico e contínuo nas escolas com vista a desenvolver a literacia digital dos jovens e reconhece o papel das bibliotecas nesse desígnio.
Esta é uma ideia que a Rede de Bibliotecas Escolares defende há muito, promovendo sistematicamente a criação de programas de literacias nas escolas:
- Publicou em 2012 (com atualização de 2017) o referencial Aprender com a biblioteca escolar que apresenta os conhecimentos e competências, atitudes e valores a desenvolver pelos alunos nos diferentes níveis/ ciclos e aponta estratégias de operacionalização;
- Tem valorizado continuamente os programas de literacia desenhados e implementados nas escolas, que se espera venham a crescer. Recorde-se também, a título de exemplo, a adesão ao Desafio de Educação para os media, de que resultou uma recolha significativa de atividades.
O caminho faz-se caminhando. Em cada dia. E é sempre gratificante quando documentos externos vêm validar (e apoiar e complementar) o trabalho que já se encontra em curso, embora ainda com um longo caminho por percorrer. Vamos lá, bibliotecas?
Referências
1. Comissão Europeia, Direção-Geral da Educação, da Juventude, do Desporto e da Cultura. (2022). Orientações para professores e educadores sobre o combate à desinformação e a promoção da literacia digital através da educação e da formação. Serviço das Publicações da União Europeia. https://data.europa.eu/doi/10.2766/218432
2. Comissão Europeia, Direção-Geral da Educação, da Juventude, do Desporto e da Cultura. (2022). Final report of the Commission expert group on tackling disinformation and promoting digital literacy through education and training. Serviço das Publicações da União Europeia. https://data.europa.eu/doi/10.2766/283100
De 17 a 20 de março, o Alto Alentejo e o município de Gavião celebram a festa do livro, da leitura e da ilustração com inúmeras atividades para todas as idades.
O livro não deixa ninguém para trás nem ninguém de fora. No dia 17 de março de 2023 nasce o LIGA-TE - Literatura e Ilustração de Gavião, que pretende valorizar o património natural e cultural do concelho, através da conexão entre artistas e residentes.
Subjacente a essa lógica, dividimos o projeto em subtemas e procurámos encontrar os melhores artistas para cumprir os objetivos:
LIGA-TE à PALAVRA, com vários escritores e contadores de histórias tais como Afonso Cruz, Pedro Seromenho, Kiara Terra, Estefânia Surreira, Andreia Duarte, entre outros.
LIGA-TE à FAMÍLIA, com a peça “O meu avô consegue voar” da companhia de Marionetas Mandrágora, assim como um “Ateliê de Conto e Ilustração” para famílias e a apresentação dos livros “O avental da minha avó”, “As gravatas do meu pai” e “Os livros que devoraram o meu pai” no âmbito das comemorações do dia 19/03.
LIGA-TE à TERRA, através de uma oficina de ilustração e performance com vinho pelo Paulo Galindro, além de uma instalação artística com os artistas Carlo Giovani, Zita Pinto, Pedro Seromenho, Bárbara R. e os alunos do concelho, para se criar um mural com cubos de sabão-pedra. A ilustradora Bárbara R. fará a exposição de tapeçaria intitulada “Atrás de uma montanha há sempre outra. E outra. E outra.” e duas oficinas de ilustração em escolas, inspirando-se nas mantas e tapeçarias de Belver.
LIGA-TE ao OUTRO, numa série de atividades inclusivas e intergeracionais com horas de conto adaptadas, oficinas e jantar literário com a Universidade Sénior.
Resumindo, será uma programação rica com escritores, ilustradores, contadores e artistas de renome nacional e internacional, em quatro dias repletos de espetáculos literários, teatrais e musicais para todos, relevando a obra infantojuvenil junto das escolas e dos leitores de todas as idades! Haverá oficinas de ilustração, apresentação de livros, espetáculos musicais, exposições e workshops, que tornarão o evento único.
O LIGA-te será um Festival inclusivo e intergeracional, que convida o público e envolve as instituições locais. Antes do arranque, criaremos uma identidade gráfica própria e faremos uma comunicação focalizada. Queremos que o LIGA-te seja um Festival de AFETOS! Neste programa não foi esquecido o enfoque pedagógico nas escolas, professores e famílias, para a leitura e a ilustração ser um motivo de UNIÃO e FESTA!