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Blogue RBE

Seg | 31.10.22

Vozes que decidem!

por Isabel Contente, Diretora do AE da Vidigueira

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Ao longo de 19 anos, a Biblioteca Escolar (BE) do Agrupamento de Escolas de Vidigueira tem desenvolvido um processo em contínuo crescendo tornando-se, hoje em dia, um núcleo ativo no cumprimento das metas e na difusão dos valores do Projeto Educativo.

De entre os múltiplos serviços que presta, tendo em vista o desenvolvimento integral dos nossos alunos, a BE incrementa programas em sala de aula que trabalham a formação de leitores, a literacia da escrita e da informação, proporcionando uma aprendizagem que contempla os diferentes ritmos das crianças e jovens.

Todas as valências da BE (disponibilização de recursos e programas pedagógicos, prestação de serviços, online e offline), desenvolvidas pela sua equipa e/ou em cooperação com outros docentes, conferem-lhe centralidade e um papel ativo nos projetos estruturantes do Agrupamento.

Realçamos a colaboração desenvolvida com a Biblioteca Municipal, que tem como objetivo criar uma rede concelhia de leitura. Neste âmbito, pelo impacto na comunidade e número de pessoas envolvidas, destacamos os projetos: Versos Entrelaçados/ Concurso de poesia, Chá poético, Semana da Leitura, com a participação de vários escritores, ilustradores e outros agentes difusores da leitura e escrita, Um conto por mês, Contos viajantes, Leituras de vez em quando.

O trabalho da BE de Vidigueira também tem tido reconhecimento a nível nacional a partir dos projetos Planificar para gerir, gerir, gerir para inovar; Para lá dos exames; e Escritas em dia, todos eles, Ideias de Mérito, e do projeto Juntos.com que recentemente foi destacado pelo PNL e pela RBE.

A missão da Biblioteca Escolar, encarada como verdadeiro centro de aprendizagem, tem contribuído para veicular os valores defendidos pelo Agrupamento, melhorando a relação que os alunos estabelecem com a informação, dotando-os com competências que lhes permitam ser cidadãos autónomos e críticos.

Isabel Contente
Diretora do Agrupamento de Escolas da Vidigueira

 

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Sex | 28.10.22

UNESCO: Semana Global MIL 2022

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Propósito

A Semana Mundial da Literacia Mediática e da Informação (Global Media and Information Literacy [MIL] Week) [1], promovida anualmente pela UNESCO, é uma ocasião importante para reafirmar e aumentar o compromisso MIL para todos e aprofundar a compreensão e dar visibilidade ao seu papel no restabelecimento da confiança, da proteção social e da solidariedade, designadamente na governação e media.

Permite ainda destacar progressos alcançados, obter resultados mensuráveis e expandir este setor da educação a partir de novas iniciativas.

 

Tema(s)

Em 2022 as comemorações têm por tema "Alimentando a Confiança: Um Imperativo da Literacia Mediática e da Informação" e são organizadas por Abuja, capital da Nigéria.

De acordo com a sua Nota Concetual [2], a Semana Global MIL reúne atividades no âmbito de 7 subtemas:

1. MIL alimenta a confiança, a proteção social e a solidariedade coletiva;

2. Acelerar o acesso à MIL em paralelo com o acelerar da conectividade digital universal;

3. MIL é componente-chave para exercício dos direitos humanos fundamentais;

4. Popularizar os padrões globais MIL popularizados pela UNESCO, designadamente a partir dos seguintes recursos:

Media and Information Literate Citizens: Think Critically, Click Wisely/ Cidadãos Literatos de Media e Informação: Pense Criticamente, Clique com Sabedoria [3];

Addressing conspiracy theories: what should educators know/ Abordando teorias da conspiração: o que devem saber os educadores [4];

5. Desenvolver formas inovadoras de diminuir desigualdades no acesso aos meios de comunicação e informação;

6. Parcerias e financiamento para promover a literacia em todos os níveis da sociedade;

7. Desenvolver a política MIL, a nível nacional e regional, “para assegurar a equidade e o acesso ético a informação de qualidade”.

 

Contexto

A Nota Concetual do evento parte da ideia de que "Há uma crescente desconexão entre as pessoas e as instituições que as servem... uma cada vez mais profunda crise de confiança fomentada por uma perda de verdade e compreensão partilhada".

Sublinha a importância da literacia da informação e media para alimentar a confiança ao nível dos governos, plataformas de comunicação digitais, meios de comunicação social, empresas e instituições, ONG e pessoas de diversas geografias, culturas e condições.

É no relatório Our Common Agenda/ Nossa Agenda Comum que o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, destaca os valores da confiança e da solidariedade como a cola para a coesão social, num contexto dominado pela “crescente desinformação, discurso do ódio, desigualdades, falta de equidade e transparência, inclusive nos espaços digitais”.

 

Evidências

De acordo com o 2022 Edelman Trust Barometer que estuda a variável da confiança há 22 anos e cujo relatório anual se baseia num universo de mais de 36.000 entrevistados em 28 países e, mais precisamente, nas suas “10 principais descobertas” [5] verificamos que:

- A desconfiança é o padrão, impedindo as pessoas de discutir e colaborar;

- As pessoas confiam mais nos negócios (61%) do que nas ONG (59%), governos (52%) ou meios de comunicação social (50%);

- Governo e media vivem um ciclo de desconfiança – respetivamente, 48% e 46% dos inquiridos encaram governo e meios de comunicação social como “forças que dividem a sociedade”, i.e., governantes e jornalistas são os líderes sociais menos confiáveis;

- As preocupações com as notícias falsas, usadas como arma para manipulação, atingem o ponto mais alto de todos os tempos (76%);

- Há um colapso da confiança nas democracias que beneficia o crescimento da extrema-direita e do populismo – na Alemanha, Espanha, Reino Unido e EUA e maioria dos países menos de metade das pessoas confia nas instituições;

- O medo social, por exemplo, em relação ao desemprego ou crise climática, cresce;

- Há necessidade de as empresas privadas, cujas competências e ética são preferidas face aos governos, responderem a problemas sociais. Os inquiridos têm a perceção de que elas não estão a fazer o suficiente nesta área, incluindo crise climática (52%), desigualdade económica (49%), requalificação da mão-de-obra (46%) e informação fidedigna (42%);

- “A liderança social é agora um papel das empresas”;

- “As empresas devem liderar a quebra do ciclo de confiança”.

Quando empresas privadas não eleitas democraticamente para exercer o seu poder no domínio público colhem mais respeito por parte dos cidadãos do que instituições democráticas, será que vivemos numa democracia?

Esta é uma oportunidade para a biblioteca escolar servir de contraponto e, através das literacias, gerar a consciencialização e a mudança.

 

Atividades e livros

A UNESCO apresenta sugestões de atividades para realizar nas escolas, em organizações de jovens, bibliotecas, redes ou meios de comunicação social [6].

      

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Dois exemplos de atividades para dinamizar com as bibliotecas escolares:

- Selecionar álbuns gráficos, livros ou revistas sobre o tema e dinamizar um encontro para discutir o fator da confiança a partir de um dos títulos, por exemplo: Gosto, logo existo: Redes sociais, jornalismo e um estranho vírus chamado fake news de Bernardo P. Carvalho e Isabel Meira, Login de Cláudia Pascoal e Betweien e Aprender a rezar na era da técnica de Gonçalo M. Tavares [7].

- Promover a iniciativa nas redes sociais convidando a comunidade a partilhar conteúdos multimédia que ajudem a restabelecer a confiança.

Através do hashtag #GlobalMILWeek faça parte desta conversa global.

 

Referências

1. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. (2022, Oct.). Global Media and Information Literacy Week (24-31 October). UNESCO: Paris. https://www.unesco.org/en/weeks/media-information-literacy

2. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. (2022, Oct.). Concept Note. UNESCO: Paris. https://euimg.vfairs.com/uploads/vjfnew/10000103/uploads/vjf/content/misc/1665491149Global%20Media%20and%20Information%20Literacy%202022%20Concept%20Note%20(2).pdf

3. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. (2021). Media and information literate citizens: think critically, click wisely! UNESCO: Paris. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000377068

4. Rede de Bibliotecas Escolares. (2022, 11 out.). Teorias de conspiração: o que os professores precisam de saber. Lisboa: RBE. https://blogue.rbe.mec.pt/teorias-de-conspiracao-o-que-os-2649043

5. (2022, January). 2022 Edelman Trust Barometer: The Cycle of Distrust. EUA: Edelman. https://www.edelman.com/trust/2022-trust-barometer

6. United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. (2022, Oct.). How libraries can celebrate. UNESCO: Paris. https://euimg.vfairs.com/uploads/vjfnew/10000103/content/files/1665501067gmw-flyer-literacy-v4-pdf1665501067.pdf

United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. (2022, Oct.).  How youth organisations can celebrate. UNESCO: Paris. https://euimg.vfairs.com/uploads/vjfnew/10000103/content/files/1665501106gmw-flyer-youth-v2-pdf1665501106.pdf

United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. (2022, Oct.).  How schools can celebrate. UNESCO: Paris. https://euimg.vfairs.com/uploads/vjfnew/10000103/content/files/1665501098gmw-flyer-schools-v3-pdf1665501098.pdf

7. Carvalho, Bernardo & Meira, Isabel. (2022, 6 mai.). Gosto, logo existo: Redes sociais, jornalismo e um estranho vírus chamado fake news. Lisboa: Planeta Tangerina. https://www.planetatangerina.com/pt-pt/loja/gosto-logo-existo/

Pascoal, Cláudia & Betweien Login. Lisboa: Universal Music Group. https://universalmusic.pt/claudia-pascoal-lanca-login-livro-pedagogico-sobre-a-utilizacao-das-redes-sociais/

Tavares, Gonçalo. (2022). Aprender a rezar na era da técnica. Lisboa: Relógio d’Água. https://relogiodagua.pt/produto/aprender-a-rezar-na-era-da-tecnica-pre-venda/

Fonte da imagem: United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. (2022, Oct.). Global Media and Information Literacy Week (24-31 October). UNESCO: Paris. https://www.unesco.org/en/weeks/media-information-literacy

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Qui | 27.10.22

Dia Mundial do Património Audiovisual

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Em 2005, a UNESCO proclamou o dia 27 de outubro como o Dia Mundial do Património Audiovisual. A data foi selecionada com a intenção de comemorar a aprovação na 21ª sessão da Conferência Geral da UNESCO, em 27 de outubro de 1980, da Recomendação sobre a Salvaguarda e Conservação das Imagens em Movimento. [1]

Nesta recomendação, os Estados-Membros são convidados a tomar todas as medidas necessárias para assegurar a preservação sistemática das imagens em movimento que fazem parte do seu património audiovisual, uma vez que as imagens em movimento:

  • constituem novas formas de expressão, particularmente características da sociedade atual, onde se manifesta uma parte importante e cada vez maior da cultura contemporânea;
  • têm um papel cada vez mais importante a desempenhar como meio de comunicação e compreensão mútua entre todos os povos do mundo;
  • constituem um meio fundamental de registo do desenrolar dos acontecimentos e, como tal, constituem testemunhos importantes e muitas vezes únicos, para a história, do modo de vida e cultura dos povos e para a evolução do universo;
  • têm um papel cada vez mais importante a desempenhar como meio de comunicação e compreensão mútua entre todos os povos do mundo;
  • contribuem amplamente para a educação e o enriquecimento de cada ser humano, ao difundirem conhecimento e cultura pelo mundo;
  • são extremamente vulneráveis e devem ser mantidas em condições técnicas específicas, constituindo o seu desaparecimento, por deterioração, acidente ou eliminação injustificada, um empobrecimento irreversível desse património.

Assim, “os arquivos audiovisuais contam-nos histórias sobre a vida e as culturas de pessoas de todo o mundo. Eles representam um património inestimável que é uma afirmação da nossa memória coletiva e uma valiosa fonte de conhecimento, pois refletem a diversidade cultural, social e linguística das nossas comunidades. Eles ajudam-nos a crescer e compreender o mundo que todos partilhamos. Conservar esse património e garantir que ele permaneça acessível ao público e às gerações futuras é um objetivo vital para todas as instituições de memória, bem como para o público em geral.”

Este Dia Mundial é também uma oportunidade para os Estados-membros da UNESCO avaliarem seu desempenho no que diz respeito à implementação da Recomendação de 2015 relativa à preservação e acesso ao património documental, inclusivamente em formato digital. [2]

As comemorações

O Dia Mundial do Património Audiovisual 2022 é comemorado em conjunto com o 30º aniversário do Programa Memória do Mundo. A celebração decorre de 27 de outubro a 5 de novembro de 2022, sob o tema Valorização do património documental para a promoção de sociedades inclusivas, justas e pacíficas.

O papel das bibliotecas escolares

Assumido o valor inalienável do património audiovisual e o papel inestimável das instituições de memória na conservação e disponibilização desse património, chegamos, naturalmente, às bibliotecas, designadamente, às bibliotecas escolares. 

Estando estas integradas em comunidades locais restritas (as comunidades relativas às escolas onde se inserem), de que modo se transpõe a vocação das bibliotecas para a preservação do património audiovisual para este nível micro?

Para respondermos a esta questão, colocamo-nos algumas outras:

  • Também nos compete colaborar nesta missão de preservação do património audiovisual?
  • Que tipo de documentos devemos preservar?
  • Como operacionalizar?
  • A que metodologias podemos recorrer?
  • Com quem poderemos contar?
  • Como disponibilizar?

Talvez fosse interessante inspirarmo-nos na Recomendação de 2015 relativa à preservação e acesso ao património documental, inclusive em formato digital, da responsabilidade da UNESCO[3] e na Lista de verificação de recomendações da UNESCO 2015[4] preparada pela IFLA – International Federation of Library Associations and Institutions para refletirmos em conjunto sobre esta matéria. Brevemente voltaremos ao assunto!

Referências

[1] UNESCO (1980, 27 de outubro). Recommendation for the Safeguarding and Preservation of Moving Images. https://www.unesco.org/en/legal-affairs/recommendation-safeguarding-and-preservation-moving-images 

[2] UNESCO (s.d.). World Day for Audiovisual Heritage. UNESCO International Days. https://www.unesco.org/en/days/audiovisual-heritage 

[3] UNESCO (2015). Recommendation concerning the preservation of, and access to, documentary heritage, including in digital form. http://www.mowcapunesco.org/wp-content/uploads/FA_UNSC_Recommendation_150318.pdf 

[4] IFLA (s.d.). Lista de verificação de recomendações da UNESCO 2015. https://www.surveygizmo.com/s3/5505764/UNESCO-2015-Recommendation-Checklist 

Fonte da imagem: Imagem de flockine por Pixabay 

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Ter | 25.10.22

Biblioteca Móvel

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O município de Cascais inaugurou ontem, Dia Internacional da Biblioteca Escolar, a Biblioteca Móvel, que irá servir as escolas do concelho que não dispõem de espaço para a instalação de uma biblioteca.

Este projeto nasceu da colaboração entre a Fundação D. Luís I e Câmara Municipal de Cascais,e a cerimónia de inauguração decorreu na Escola Básica Bruno Nascimento, em Alcoitão, com a presença de Carlos Carreiras, presidente da CM de Cascais, aproveitou a ocasião para distribuir Cartões de Leitor aos alunos, os quais também dão acesso às bibliotecas municipais de Cascais.

A Biblioteca Escolar Móvel, uma carrinha que faz lembrar as   Bibliotecas Itinerantes de antigamente, que levavam livros aos locais mais isolados do país ( projeto de que Branquinho da Fonseca, figura de referência de Cascais, foi principal mentor) irá percorrer, entre segunda e sexta-feira , 12 escolas do concelho, abrangendo um total de 800 alunos. A todos os alunos será ainda distribuído um saco de tecido, para facilitar o transporte dos livros requisitados.

Além da comunidade escolar, a Biblioteca Móvel de Cascais serve também a comunidade em geral, com a presença no Parque Urbano da Quinta da Alagoa (sábado de manhã) e no Parque Urbano da Quinta da Carreira (sábado à tarde).

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Seg | 24.10.22

Tem a palavra... Teresa Calçada

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É com gosto que festejo e saúdo o Dia das Bibliotecas Escolares!

Conhecem a minha dedicação à causa das bibliotecas - pequenas , grandes, imponentes ou modestas, universitárias, municipais e escolares. O importante é que sejam bons e bonitos lugares de acolhimento de todos, pelo que oferecem: livros, recursos e meios, mediação e orientação, acesso livre, gestão profissional e liderança, com o propósito de um uso sem barreiras de qualquer espécie, com vista à oferta de bens de cultura, entretenimento, informação e conhecimento.

Como tão bem disse Zadie Smith, “As bibliotecas bem geridas estão cheias de gente porque o que uma biblioteca oferece não pode ser encontrado noutro lugar: um espaço público coberto onde não é preciso comprar nada para aí ficar.”

Que a ambição não nos falte e a exigência profissional e moral seja permanente. Toda a sociedade civil tem responsabilidades para com as bibliotecas enquanto espaços de liberdade, igualdade e saber.

As bibliotecas escolares estão no meu coração e têm de mim um carinho, um respeito e uma confiança muito especiais. Porque vejo nelas uma oportunidade infinita para os que frequentam a escola, desde muito cedo nas suas vidas, de os levar a ter interesse pelas coisas, a desenvolver capacidades e competências, apetências também, a procurar largueza de ideias, gostos e interesses, a cultivar a palavra, a literatura, as artes e as ciências, a respeitar a história e a reconhecer os preconceitos que formatam e limitam as pessoas, a conhecer o eu e os outros, a preservar a memória para melhor escolher o futuro, a valorizar o conhecimento.

Não menos importante, a biblioteca escolar ensina a adquirir hábitos de leitura e escrita, de estudo, e métodos de trabalho manuais e intelectuais. A trabalhar em equipa, em rede, a gerir projectos e a compreender o valor das atitudes e das ações. Proporciona aprendizagens fundacionais e fundamentais, indispensáveis ao crescimento, autonomia pessoal e responsabilidade social.

É verdade que das bibliotecas escolares se espera tudo e nelas se ensina(quase) tudo!

As bibliotecas escolares são um espaço de iniciação e espanto, promotor de equidade entre pares, um ambiente de igualdade e inclusão, onde os profissionais fazem curadoria de conhecimentos e cuidam dos que estão em formação e crescimento.

Mas, se por economia ou falta de opção estratégica, não lhes forem criadas e dadas condições, aumentam exponencialmente as dificuldades para desempenharem e cumprirem tão relevante missão social, incontornável no desempenho e desenvolvimento pessoal e coletivo de todos.  

As políticas públicas de leitura não podem, não devem, afrouxar o investimento, conscientes do pilar que estas constituem para a educação e qualificação. Todos sabemos que as bibliotecas são caras, mas também muitos sabemos quanto mais caro é não as ter!

Nunca podem ser vistas como despesa, mas sim como o melhor dos investimentos.

O que vale para os alunos, vale para educadores, para os professores e para as equipas que trabalham nas escolas, de quem se espera que reconheçam nas bibliotecas escolares o melhor, o mais útil, necessário e indispensável para que as escolas sejam o verdadeiro portal cultural, onde todas as literacias contam. 

Entre nós o motor de tamanha empreitada são os professores bibliotecários, responsáveis pela sua gestão e organização, de quem se espera formação, qualificação e permanente actualização e, claro, muita dedicação. Natural é, assim, que lhes sejam proporcionadas, quer pelas direções das escolas, quer pela tutela política, as melhores e mais adequadas condições de trabalho. Sem tais condições fica decididamente comprometido o sucesso deste valioso equipamento democrático por excelência, que tanto pode ajudar a incrementar os resultados escolares, desde a pré-escola ao fim da escolaridade obrigatória, passando pelo ensino profissional e de adultos.

Comprometido está, o seu desempenho, se igualmente falharem livros físicos e digitais, diversificados e actualizados, recursos técnicos e tecnológicos em quantidade e qualidade, redes digitais de informação e comunicação e meios humanos com reconhecida aptidão e formação para as variadas actividades assacáveis às bibliotecas escolares.

Dentre este grupo de profissionais com formação especializada, uma muito especial referência aos designados coordenadores interconcelhios das bibliotecas escolares que, enquanto parte de uma estrutura intermédia e territorial da maior importância, constituem a guarda avançada do que é a Rede de Bibliotecas Escolares, cabendo-lhes coordenação logística e operacional, organização  técnica e biblioteconómica, responsabilidade pedagógica e cultural em certas áreas geográficas à sua guarda.

Acrescem as relações inter-bibliotecas , bem como a colaboração e partilha com estruturas autárquicas e instituições de diferentes natureza, cultura, desporto, trabalho, empresas, saúde, solidariedade social, formação…. e tantas outras.

As bibliotecas têm, no mundo, um público manifesto reconhecimento histórico, a que nem sempre correspondem investimentos, e muitas vezes ocorrem mesmo recuos e retrocessos dramáticos, como é por todos sabido.

Num tempo em que as crises mundiais se agravam, as guerras nos ameaçam globalmente, em que a raparigas e mulheres é vedada a alfabetização, em que pandemias comprometem o papel das escolarização e, entre nós, também as desigualdades sociais se agravam e são já fortes condicionantes das aprendizagens, particularmente dos mais débeis, só podemos, neste Dia das Bibliotecas Escolares, requerer o seu reforço e valorização!

Acresce que estes tempos cruéis, agitados e vorazes, em que se vive, como se vive, de forma apressada e alienada, não conduzem à reflexão, ao pensamento lento, tempos em que o poder de novos modos de comunicação, ubíquos e aditivos, nos tornam mais permissivos à desinformação e ao ruído, e igualmente mais vulneráveis ao mercado das redes sociais e afins, há que saber distinguir razão de emoção, opinião de conhecimento.

As bibliotecas sempre serviram para tal, para fortalecer o humano e as humanidades. 

As bibliotecas escolares são as primeiras a cumprir essa missão, preparando “leitores” para serem, ao longo da vida, activos e gratos, utilizadores de Bibliotecas.

                                                                                    Contem comigo!

Saudações e estima.
Teresa Calçada

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Qui | 20.10.22

OCDE : Education at a Glance 2022 – um retrato português

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Education at a Glance é um relatório anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) constituída por 38 países, entre os quais Portugal, e que inclui dados sobre os países parceiros.

Com base na Country Note de Portugal [1], destacamos elementos do retrato da educação nacional face ao panorama internacional.

 

Aumento das qualificações e melhores perspetivas de emprego e salários

O relatório regista aumento significativo do pré-escolar em Portugal, frequentado por 93% das crianças entre os 3 e os 6 anos de idade.

Portugal é um dos países com maior aumento de jovens licenciados (25 a 34 anos de idade): 47% em 2021 – em 2000 eram apenas 13% - não obstante só 38% terminar a licenciatura no tempo esperado. A maioria dos estudantes portugueses do ensino superior está em licenciaturas - 57%, seguindo-se mestrados - 33%.

Tal como nos restantes países da OCDE, em Portugal elevadas qualificações estão associadas a elevadas expetativas de emprego e salário. Em 2021 jovens portugueses licenciados com 25 a 34 anos de idade apresentam uma percentagem de emprego 26 pontos percentuais mais elevada do que os que têm um nível básico e 8 pontos percentuais mais elevada do que os que têm o ensino secundário. Esta ligação entre nível académico e empregabilidade é ainda mais significativa para as mulheres.

O curso que frequentam também influencia as perspetivas de emprego e condições de vida. Neste segmento populacional, em 2021, estavam empregados 96% dos que estudaram TIC e 83% dos que estudaram ciências naturais, matemática e estatística. "Apesar da necessidade crescente de competências digitais e das boas perspetivas de emprego dos estudantes com cursos em tecnologias da informação e comunicação, apenas uma pequena percentagem dos novos alunos escolhe esta área" – em Portugal só 3% escolhem cursos TIC, sendo a média da OCDE 6%.

Em Portugal a vantagem salarial destes licenciados é maior do que a média da OCDE: em 2020 os trabalhadores com ensino secundário ganharam 25% mais do que os com ensino básico e os licenciados ganharam mais do dobro. A área de estudos também é importante para obter vantagem salarial: licenciados em TIC entre 25 a 64 anos de idade recebem mais do dobro do que os com ensino secundário, mas os licenciados em artes só ganham mais 26%.

Na maioria dos países da OCDE, incluindo em Portugal, adultos mais qualificados têm taxas mais elevadas de participação na educação e formação não formal e ao longo da vida.

Ao nível do ensino secundário, 57% dos alunos estão inscritos em cursos gerais e 35% em cursos profissionais, o que é uma média superior à da OCDE, que é de 55% e 31%, respetivamente. A idade média de conclusão do secundário profissional é 20 anos de idade. abaixo da média da OCDE, 22. No ensino secundário profissional, Portugal é um dos 12 países da OCDE onde todos os diplomados têm acesso directo ao ensino superior.

Análises particulares evidenciam:

- Por género

55% dos licenciados e dos que têm diploma dos cursos gerais do ensino secundário são mulheres, 54% dos que concluem o secundário profissional são rapazes e taxas de conclusão das licenciaturas são mais elevadas para as mulheres em todos os países da OCDE - 79% das mulheres em Portugal licencia-se em 3 anos, em comparação com 63% dos homens.

- Por geografia

Há desigualdades nas qualificações dentro de cada país, sobretudo por diferente oferta de oportunidades e razões económicas. Em Portugal, em 2021, a maioria dos licenciados - 41% - é da Área Metropolitana de Lisboa e a percentagem mais baixa - 17% - é da Região Autónoma dos Açores.

 

Necessidade de flexibilização e diversificação do ensino superior

Não obstante a procura das universidades, elas "oferecem oportunidades de estudo moderadamente diversificadas e relativamente inflexíveis, o que representa uma barreira que limita o seu papel em 'upskilling [melhorar competências] e reskilling [reajustar competências para nova área de trabalho]'" fundamentais no contexto da revolução digital. O “ensino superior em Portugal está largamente orientado para as necessidades dos estudantes dos grupos etários tradicionais”, não estando adaptado a formação de adultos e ao longo da vida. Esta necessidade de adaptação das universidades é importante porque a população em Portugal “está a envelhecer a um ritmo mais rápido do que as populações da maioria dos países da OCDE” e estas instituições devem encorajar os adultos a requalificarem-se.

O relatório também sugere que se facilite o acesso ao ensino superior, incluindo a possibilidade de estudar a meio tempo, importante para quem tem filhos ou precise de trabalhar para pagar os estudos.

 

Baixo investimento por aluno

Tendo em conta a Paridade do Poder de Compra (PPC) e o Produto Interno Bruto (PIB) de cada país, bem como o que é dito no relatório, de que não há grandes diferenças de custo entre níveis de ensino até ao secundário, Portugal em 2019 gastou anualmente 10.854 euros por aluno, valor abaixo da média da OCDE que é 12.353 euros.

Relativamente ao ensino superior, apesar da tendência para massificação, Portugal está “entre os que menos gastam”, investindo menos de um terço neste setor da educação: 12 mil euros - 11.858 dólares, 1,1% do PIB - por ano por cada estudante universitário, despesa muito abaixo da média da OCDE que é de 17.559 dólares anuais, 1,5% do PIB.

Durante a pandemia as escolas estiveram encerradas a tempo inteiro - em Portugal, 47 a 62 dias no ano lectivo de 2019/20, 25 a 45 dias no ano letivo 2020/21 – e gerou-se, em muitos países da OCDE e em Portugal, uma crescente digitalização da educação com maior oferta de equipamentos e ferramentas digitais, avaliações digitalizadas, aprendizagem e formação à distância e híbrida – que, para Portugal, representou um aumento da despesa entre 1% a 5% do pré-escolar ao secundário e 5% para o ensino universitário.

 

Salários dos professores, co-docência e autonomia das escolas

Entre 2015 e 2021 os salários dos professores do ensino básico aumentaram metade (3%) em relação à média da OCDE (6%), mas “Portugal é um dos poucos países onde os salários médios reais dos professores continuam a ser superiores aos dos trabalhadores com formação superior, pois a população docente está a envelhecer e, consequentemente, uma grande proporção de professores está próxima do topo da sua carreira” e os vencimentos do topo de carreira dos professores são superiores à média dos trabalhadores licenciados do país.

A “profissão docente em Portugal é experiente e envelhecida”, diz o relatório: 88% dos professores em funções tem mestrado ou qualificação superior e 45% tem mais de 50 anos de idade, proporção acima da OCDE que é de 40%. Só 4% dos estudantes que estão a fazer uma licenciatura quer seguir uma carreira na educação. Este factor, acrescido ao do envelhecimento docente, “suscita preocupações sobre escassez de professores num futuro próximo em Portugal”.

Na maior parte dos países da OCDE os professores são remunerados em função das suas habilitações académicas, mas em Portugal progridem com base nos anos de serviço e no desempenho profissional.

No país a diferença entre salários reais médios de professores de diferentes níveis de ensino é reduzida – “53.441 euros no pré-escolar e 51.500 no secundário”, mas na OCDE esta diferença é superior a dez mil euros. Os salários dos diretores escolares são muito mais elevados do que os de outras profissionais com a mesma formação superior e esta situação verifica-se em Portugal e na OCDE.

O número de horas de ensino diminui à medida que o nível de educação lecionado aumenta, mas no ensino secundário os professores investem 51% do seu tempo de trabalho com atividades não letivas, como preparar aulas e corrigir testes e a média da OCDE é ainda superior, 56%.

Segundo o relatório, Portugal beneficiaria com mais oportunidades de “envolvimento no trabalho colaborativo [por exemplo, co-ensino e observação de pares] e autonomia das escolas para escolherem os professores cujos perfis melhor se adaptam às suas necessidades [sublinhado nosso]”. Esta última recomendação vai ao encontro da proposta do Ministro da Educação, João Costa, apresentada no início deste ano letivo, de dar autonomia aos diretores para selecionarem um terço dos seus professores, tendo em conta o perfil dos docentes e os projectos educativos da escola.

 

Referências

[1] Organisation for Economic Co-operation and Development. (2022). Education at a Glance 2022: Portugal. OECD Publishing: Paris. https://www.oecd-ilibrary.org/education/education-at-a-glance-2022_75a5b3e9-en;jsessionid=Ed8lz3xLQ0bhgw8wJahFdIExQ9McEMyZM9NuzyYV.ip-10-240-5-95

 

Veja também

OCDE : Education at a Glance 2022

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Qua | 19.10.22

OCDE: Education at a Glance 2022

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Education at a Glance [1] é um relatório anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que reúne um conjunto de indicadores para informar, comparar e compreender a evolução e o retorno no investimento na educação ao nível dos países membros e de países parceiros. Estes indicadores são complementares aos do Objetivo para o Desenvolvimento Sustentável 4, “Educação de Qualidade”, abrangem todos os níveis de educação e ensino e podem ajudar todos os níveis de governação, da academia e do público a “construir sistemas educativos eficazes e equitativos” (Prefácio). A edição 2022 é dedicada ao ensino superior.

Apresentam-se abaixo dados sobre o panorama mundial da educação com recomendações para o futuro.

 

Educação na pandemia

Devido à pandemia Covid-19, até à primeira metade de 2022 as ausências de professores e alunos, devido ao contágio e à quarentena, continuaram a perturbar o processo de aprendizagem e 8 dos 11 países que apresentaram dados comparáveis sobre ausências dos professores, registaram um aumento de faltas dos professores.

Quase todos os países da OCDE quantificaram as perdas de aprendizagem resultantes do confinamento obrigatório e cerca de 80% dos países implementaram programas de recuperação das aprendizagens - no pré-escolar estes programas foram menos comuns, mas foram implementados em 19 dos 28 países com dados disponíveis.

Apoio psicológico e socio-emocional para estudantes até ao ensino secundário foi disponibilizado em 19 dos 29 países.

 

Pré-escolar

Ao nível da OCDE, 83% das crianças dos 3 aos 5 anos de idade está matriculada no pré-escolar – em média entre 2005 e 2020 registou-se um aumento de 8 pontos neste indicador. Até aos 3 anos só 27% estão matriculadas em creches.

 

Ensino superior e retorno económico e social com recomendações para o futuro

A média de jovens entre 25 e 34 anos de idade com qualificação superior registou um aumento sem precedentes - de 27% em 2000 para 48% em 2021 em toda a OCDE - e sobretudo ao nível das mulheres - 57% das mulheres têm mestrado ou doutoramento.

As qualificações têm forte impacto no mercado de trabalho - em 2021 4% dos licenciados estavam desempregados e 6% das pessoas com ensino secundário estavam desempregadas e 11% dos desempregados tinham e4nsino básico – e nos salários - trabalhadores licenciados ganham em média cerca de 50% mais do que aqueles com o secundário e quase duas vezes mais do que aqueles que não têm o secundário. Durante a pandemia o desemprego aumentou muito mais para aqueles com um nível de instrução inferior ao secundário do que para os licenciados. As qualificações têm também impacto na vida social e bem-estar: por exemplo, adultos com mais qualificações usam mais facilmente novas tecnologias - 71% dos licenciados de 55-74 anos de idade na pandemia usou chamadas através da internet ou videochamadas, ao invés de 34% dos adultos da mesma idade e com menos qualificações.

Segundo Andreas Schleicher, Diretor do Departamento de Educação e Competências da OCDE, “O aumento dos trabalhadores do conhecimento não levou a um declínio em seus salários. […] Em média nos países da OCDE, adultos com mestrado ganham agora 88% mais do que os que têm ensino básico e no Chile quase cinco vezes mais [sublinhados nossos]”. Apesar do número de licenciados ter aumento no mundo para quase metade das pessoas com 25 a 34 anos de idade, “Os dados mostram que a vantagem salarial entre os adultos mais jovens permaneceu estável nos últimos anos” [2].

 

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No artigo Is the sky the limit to the rise in education?, que comenta Education at Glance 2022, Schleicher refere que no âmbito do estudo sobre Pesquisa de Riscos da OCDE, face à pergunta “A vantagem salarial é reflexo justo do investimento das pessoas em educação ou os governos deveriam fazer algo para reduzi-la […], através de pagamento de impostos e de benefícios sociais?”, a maioria dos entrevistados - inclusive com qualificação superior – responde que os governos deveriam fazer mais ou muito mais para diminuir as desigualdades entre ricos e pobres.

O nível de recompensa através dos salários depende do tipo de cursos frequentados ao nível do ensino superior: áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) tendem a gerar maiores rendimentos e “artes e humanidades (exceto línguas), ciências sociais, jornalismo e informação geram rendimentos relativamente baixos”.

Schleicher também refere que há desigualdades de género a nível salarial, pois “as trabalhadoras ganharam apenas 77% do que seus colegas do sexo masculino [sublinhado nosso]. As diferenças na escolha da área de estudo entre homens e mulheres contribuem para as disparidades salariais entre homens e mulheres [estas optam menos pela área das STEM]. No entanto, mesmo comparando trabalhadores com nível superior na mesma área de estudo, o trabalho das mulheres ainda é menos bem remunerado do que o dos homens”.

Outra questão de Education at Glance 2022 e deste artigo é a do custo do ensino superior que tem grandes variações entre os países e universidades. Segundo Scleicher, “a partilha dos custos entre indivíduos e contribuintes parece ser a abordagem mais sustentável para financiar uma maior expansão do ensino superior”, mas era importante que os governos divulgassem melhor informação “sobre a qualidade dos estudos universitários e as oportunidades do mercado de trabalho que lhe estão associadas [sublinhado nosso]” para que os estudantes do ensino superior possam fazer as suas escolhas de forma mais consciente.

Outro desafio levantado por Education at a Glance 2022 é que perante a elevada procura do ensino superior, é preciso torná-lo mais diversificado para que possa satisfazer necessidades de todos os estudantes, de todas as idades e que procuram novas competências em várias fases da sua carreira e sempre que o mercado de trabalho muda.

Segundo este relatório, o aumento generalizado de qualificações pode levar os empregadores a pensar que o diploma do ensino superior é o novo normal, levando alunos que beneficiariam mais do profissional a escolher uma via de ensino superior académica. Contudo, “programas de ensino secundário profissional que possam competir com o ensino superior em termos de qualidade e de resultados do mercado de trabalho são importantes, mas continuam a ser raros”. Para que o Ensino e Formação Profissional (EFP) seja uma primeira escolha é preciso ligá-lo ao ensino superior que deve garantir a oportunidade destes estudantes prosseguirem os seus estudos numa fase posterior.

Education at a Glance 2022 recomenda que na pós-pandemia é preciso “manter a dinâmica da digitalização” e, para isso, é preciso “reforçar a cultura de inovação na educação [sublinhado nosso]” através da contratação de pessoas recetivas às oportunidades digitais e de incentivos (Editorial).

Recomenda ainda a realização de estudos com estatísticas para políticas educativas inovadoras que utilizem soluções digitais para verificar se respondem às necessidades atuais e futuras do mercado de trabalho, que verifiquem o impacto da aprendizagem ao longo da vida e da formação no local de trabalho.

Education at a Glance 2022 resulta da colaboração entre os governos, especialistas e instituições e foi dirigido por Marie Hélène Doumet e Abel Schumann.

Porque a educação tem efeitos na economia e sociedade, a OCDE continuará a “avaliar políticas de recuperação da aprendizagem, a aproveitar as iniciativas e inovações digitais adotadas durante a pandemia e a desenvolver sistemas de educação que podem alimentar melhores empregos e melhores vidas para o futuro” (Editorial).

 

Referências

1. Organisation for Economic Co-operation and Development. (2022). Education at a Glance 2022: Portugal. OECD Publishing: Paris. https://www.oecd-ilibrary.org/education/education-at-a-glance-2022_75a5b3e9-en;jsessionid=Ed8lz3xLQ0bhgw8wJahFdIExQ9McEMyZM9NuzyYV.ip-10-240-5-95

2. Schleicher, Andreas. (2022, Oct. 3). Is the sky the limit to the rise in education? OECD: Paris, France. https://oecdedutoday.com/high-rate-tertiary-education/

 

Artigos sobre edições anteriores do relatório no blogue RBE:

Education at a Glance 2021

Education at a Glance 2021 | O nível socioeconómico pode determinar quem queres ser?

Redesenhar o papel do professor na escola e na comunidade

Education at a Glance 2020 - Valorizar a aprendizagem baseada no trabalho e construir sociedades mais resilientes

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Ter | 18.10.22

Apresentação do livro A várias mãos #6

Rede de Bibliotecas Escolares da Póvoa de Varzim

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A Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e a Rede Concelhia de Bibliotecas Escolares da Póvoa de Varzim apresentam hoje, pelas 18:30h, Cine Teatro Garrett, o livro A várias mãos #6, resultado de um projeto concelhio de escrita colaborativa.

A várias mãos #6 é a continuidade do projeto concelhio promovido pelos professores bibliotecários e a Biblioteca Municipal Rocha Peixoto, envolvendo todos os agrupamentos escolares e escolas secundárias poveiras.

 

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O processo de escrita teve como mote “Verde cor de mar” associado à Póvoa de Varzim, com estrutura e conteúdo na modalidade de Prosa.

Cada escola/ agrupamento trabalhou as temáticas ambientais, de sustentabilidade, ecologia, prevenção de resíduos e espaços verdes da cidade, com os objetivos de sensibilizar para diferentes níveis de vida e projetar novos modos de vivência ecológica.

As sessões foram realizadas em contexto letivo e em articulação com os respetivos docentes dos alunos, desde o pré-escolar até ao ensino secundário, nos vários estabelecimentos de ensino.

Em cada ciclo de aprendizagem, do pré-escolar, do ensino básico ao ensino secundário de cada escola ou agrupamento, foram mobilizados alunos ou turmas para o processo de escrita colaborativa e para a ilustração dos textos.

Para além dos alunos, este projeto foi ainda dinamizado pelas famílias, com a participação dos encarregados de educação e pais dos alunos.

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Seg | 17.10.22

Famalicão, cidade educadora, cidade leitora

Afirmação das bibliotecas municipais e das bibliotecas escolares

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Ao longo da sua já longa história, Vila Nova de Famalicão tem sido frequentemente mencionado como um dos principais centros culturais, comerciais e industriais em Portugal. E hoje continua a afirmar-se no país como um dos territórios que mais contribui para a afirmação de Portugal no Mundo. Este é o local que Camilo Castelo Branco escolheu para viver e produzir a maioria das suas obras literárias, tornando-se no maior romancista da Língua Portuguesa. Outras personalidades tiveram em Vila Nova de Famalicão o seu berço ou aqui encontraram terreno fértil para a sua afirmação. São os casos de Bernardino Machado, Arthur Cupertino de Miranda ou Alberto Sampaio. Terra da cultura e do conhecimento é também (…) uma cidade do presente e, sobretudo, do futuro, destacando-se pelo dinamismo da sua política cultural.

É desta forma que o Município de Vila Nova de Famalicão se apresenta e se dá a conhecer a quem acede à sua página web e, portanto, pareceu-me completamente ajustado começar com este excelente “cartão de visita”. Feito este prelúdio, e sendo Vila Nova de Famalicão terra da cultura e do conhecimento, é também através de uma vibrante rede de bibliotecas municipais e de bibliotecas escolares que se destaca e se afirma. Ora, sendo um município sempre atento à necessidade de servir condignamente a sua população, Vila Nova de Famalicão assinou, logo em 1987, o contrato-programa com o então Instituto Português do Livro e da Leitura para adesão da sua Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco à Rede Nacional de Bibliotecas Públicas que acabava de se constituir.

Após este importante passo, e no ano de 1989, entrou em funcionamento em Vila Nova de Famalicão o serviço de Biblioteca Itinerante, que ainda hoje continua a percorrer as escolas do concelho com o objetivo de disponibilizar o serviço de empréstimo domiciliário às escolas que não são servidas por uma biblioteca.

Alguns anos mais tarde, em 1996, esta marca de liderança e de visão para a causa da leitura pública foi novamente consubstanciada com a adesão do município de Vila Nova de Famalicão ao arranque do Programa Rede de Bibliotecas Escolares, lançado pelos Ministérios da Educação e da Cultura, com o objetivo de instalar e desenvolver bibliotecas em escolas públicas de todos os níveis de ensino, disponibilizando aos alunos os recursos necessários para o acesso, uso e produção da informação em diferentes suportes.

Com toda esta experiência adquirida e acumulada, o município de Vila Nova de Famalicão, através da sua Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, formalizou, em 2008, a criação do Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares, embora em boa verdade já disponibilizasse o devido apoio técnico e de dinamização da rede de bibliotecas escolares do concelho logo desde a criação das primeiras bibliotecas escolares em 1996.

Por todas estas evidências se pode demonstrar o pioneirismo de Vila Nova de Famalicão em todas as frentes que se iam abrindo na área da promoção do livro e da leitura. Ao cumprirem as suas funções básicas, como por exemplo a leitura, a pesquisa, o empréstimo e o uso das novas tecnologias; e as suas atividades não básicas, como o local de encontro, de recreação, de acesso livre e gratuito e de formação ao longo da vida, as bibliotecas municipais e as bibliotecas escolares de Vila Nova de Famalicão contribuem, inegavelmente, para um panorama educativo, cultural e social vibrante em todo o concelho.

Assumindo-se também como um município educador, Vila Nova de Famalicão aderiu, em 2010, ao movimento das Cidades Educadoras. As cidades que partilham esta “filosofia de intervenção” entendem que a educação não é mais um exclusivo da família e das instituições formais de ensino, mas também, acontece e se realiza na e pela cidade, através das suas diferentes gentes, nos seus espaços e tempos, onde se produzem vários cenários formais e informais, conscientes e inconscientes de comunicação e partilha de aprendizagens, em que a educação é um processo permanente, que se realiza ao longo da vida.

Ora, sendo Vila Nova de Famalicão uma Cidade Educadora, é natural que numa lógica de acesso plural ao conhecimento como condição fundamental para a construção e consolidação de uma sociedade livre, se possa tornar e assumir, também, como uma Cidade Leitora. Para cumprimento dessa missão, a Rede Municipal de Leitura Pública, onde se incluem a Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, os seus cinco Polos de Leitura e a Biblioteca Itinerante, assim como a Rede de Bibliotecas Escolares do concelho, onde se incluem atualmente 29 bibliotecas escolares, assumem-se como um instrumento integrado e territorialmente abrangente da política de promoção do livro e da leitura que a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão pretende disponibilizar a todos os famalicenses.

Em perfeita simbiose e harmonia, o trabalho de articulação e cooperação entre as bibliotecas municipais e as bibliotecas escolares em Famalicão concretiza-se diariamente através de um conjunto de iniciativas e eventos que é coordenado pelo Grupo de Trabalho das Bibliotecas de Famalicão. A afirmação destas duas importantes estruturas tem sido concretizada, ano após ano, através de um conjunto vasto e diversificado de ações conjuntas, como são o caso da Semana da Leitura das Bibliotecas de Famalicão; o Encontro de Serviços de Apoio às Bibliotecas Escolares: Partilha de Boas Práticas; o Concurso Nacional de Leitura, a visita anual a uma rede de bibliotecas municipais e escolares fora do concelho, entre outras.

Porque julgo que merece aqui o devido destaque, partilho uma boa prática, em particular, que só tem sido bem-sucedida e afirmada pela articulação próxima entre a Biblioteca Municipal e as Bibliotecas Escolares. Refiro-me ao projeto “ODS Juntos Mudamos o Mundo”, o projeto vencedor da última edição do Prémio Maria José Moura: Boas Práticas em Bibliotecas Públicas Municipais, promovido pela Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, que premeia anualmente serviços ou projetos inovadores e de grande impacto na comunidade, desenvolvidos pelas bibliotecas públicas municipais portuguesas. Por todas estas razões, aqui fica o testemunho de uma Biblioteca Municipal que muito deve às Bibliotecas Escolares do seu concelho! Felicitações às Bibliotecas de Famalicão!

 

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Carla Araújo
Diretora da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco
Vila Nova de Famalicão

 

Fonte da imagem de capa: Direção Geral Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB). https://www.flickr.com/photos/rnbp/sets/72157646244598508/

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Sex | 14.10.22

Livros infantis: porque é a diversidade tão importante?

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João Costa: 

Porque gostar de ler não é um gosto qualquer. Ler é ferramenta para a liberdade e não podemos ser cúmplices de contextos que não propiciam a liberdade. (…)

Na biblioteca, todos têm lugar. Os livros são diferentes, sorriem para perfis diferenciados, respeitam o ritmo e motivação. (Tem a palavra… João Costa)

Dos Estados Unidos, chegam notícias recorrentes de obras proibidas em bibliotecas escolares, chegando mesmo a falar-se de ondas de proibições massivas de leitura. Impotentes, os autores, deparam-se com as suas obras em listas negras das escolas, sob pretextos inacreditáveis. Em setembro de 2022, um novo relatório da Pen America apontava para 2.500 proibições de livros diferentes promulgadas em escolas em 32 estados dos EUA durante o ano letivo de 2021-2022. Em todo o país, pais, alunos, professores, bibliotecários e grupos comunitários têm lutado contra os ensaios de proibição, derrotando tentativas bem financiadas (por certos grupos políticos) de censurar livros que abordam questões de raça, sexualidade e género. [1]

Este é um assunto em que vale a pena pensar e relacionar com as bibliotecas escolares em Portugal e com o trabalho que aí fazemos diariamente, seja o mais técnico de seleção documental, seja o mais pedagógico de abordagem da literacia da leitura.

Para que serve a literatura infantil?

Esta é claramente uma questão provocatória. A literatura serve para alguma coisa, hoje? Tem de servir? Mas esse será tema de outra conversa e não cumpre o propósito deste artigo.

Genericamente pode dizer-se que a literatura permite partilhar as experiências de outras pessoas, usar a imaginação, exercitar o pensamento crítico, aprimorar competências linguísticas e entender melhor culturas e comunidades. O mesmo se aplica à literatura infantil.

Os livros e as histórias com que uma criança contacta levam-na para além das vivências próprias, tornam-lhe acessíveis as vidas de outras pessoas, imersas em realidades com que nunca contactaram diretamente.

E isso leva à questão no título deste artigo: porque é fundamental a diversidade nos livros infantis? [2]

'Diversidade' deveria ser chamada apenas 'realidade'. Os seus livros, programas de televisão, filmes, artigos e currículos devem refletir a realidade.

— Tananarive Due, autora e vencedora do American Book Award

 

O que se entende por literatura diversificada?

Pode entender-se por literatura diversificada livros que representam e contam histórias a partir da perspetiva de muitas culturas, crenças e cores de pele, em resumo, livros que não representam apenas a população em número dominante.

Quando a literatura disponível (por exemplo, na biblioteca escolar) apenas apresenta as ideias, os valores, a cultura de um grupo, aqueles que não se identificam com esses pontos de vista, personagens ou cenário podem sentir-se pouco valorizados. Por outro lado, os que se sentem representados nessas obras, podem entender-se como detentores da verdade absoluta e menosprezar pontos de vista diferentes dos seus.

Pelo contrário, quando os livros expostos nas estantes das bibliotecas escolares representam diferentes habilidades, culturas, crenças e cores de pele, isso…

  • Ajuda os alunos a entenderem melhor os problemas atuais do mundo;

  • Aumenta a consciência de práticas sociais, valores e sistemas de crenças de outras culturas;

  • Promove a unidade e a empatia: os alunos aprendem a aceitar, compreender, banalizar as diferenças;

  • Promove a interação de alunos de diferentes origens étnicas;

  • Promove o pensamento crítico, a reflexão e a construção de conhecimento próprio;

  • Promove a capacidade de escolha e a liberdade.

 

Poderemos falar de bibliotecas inclusivas sem existirem, nas estantes, livros com perspetivas diversificadas?

Poderemos falar de bibliotecas inclusivas sem promovermos atividades em que os alunos contactem com realidades diversas?

É possível garantir INCLUSÃO sem respeito pela individualidade e pela pluralidade?

Esta é uma questão a considerar… quando elaboramos listas de aquisições, triamos e incorporamos doações ou selecionamos a leitura para a próxima atividade.

 

Referências

1. Gabbat, A. The Guardian. Como vencer a proibição de livros: alunos, pais e bibliotecários reagem. https://www.theguardian.com/books/2022/sep/20/us-book-bans-fight-school-library
2. EveryLibrary (2022, 7/10). Are We Facing a Future Without Diverse Stories?. https://medium.com/everylibrary/are-we-facing-a-future-without-diverse-stories-72cbeb02899a
3. Imagem de Theo_Q por Pixabay . https://pixabay.com/pt/photos/arte-cores-saskatoon-mural-711273/

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