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Blogue RBE

Qui | 30.06.22

BE e PDSPC: Sinergias em sintonia

2022-06-29 Colaboração biblioteca escolar PNPS

Leitura: 7 min |

No prefácio do Quadro Estratégico 2021-2027 do Programa Rede de Bibliotecas Escolares, o então Secretário de Estado Adjunto e da Educação, atualmente Ministro da Educação, concebe a  biblioteca escolar como um “órgão  vital” da escola, “nunca entendido para além do currículo, mas na certeza de que o currículo se cumpre também na biblioteca, através da biblioteca e com a biblioteca”, reconhecendo a sua centralidade na “educação e formação de todos os jovens (mesmo todos!) em dimensões que vão muito para lá do mero saber enciclopédico”(RBE, 2021, p.9), num alinhamento claro com as medidas dos Planos de Desenvolvimento Pessoal, Social e Comunitário (PDPSC), cuja finalidade é contribuir para a melhoria das aprendizagens e do bem-estar escolar de todos os alunos.

Nesse caminho ainda em processo, em muitas escolas o(a) professor(a) bibliotecário(a) integrou a equipa responsável pelo desenvolvimento das medidas, pelo que, para além de disponibilizar e otimizar os espaços da BE e os seus recursos documentais, desempenhou um papel pró-ativo na implementação das mesmas, mobilizando capacidades múltiplas e reinventando-se constantemente com vista a responder aos grandes desafios da educação de uma escola que se quer efetivamente inclusiva.

AE Raul Proença, Caldas da Rainha

No âmbito das medidas com vista ao desenvolvimento de competências de leitura, escrita e comunicação, este AE contou sempre com a colaboração da biblioteca escolar na planificação, desenvolvimento e avaliação das medidas implementadas. No Pré-Escolar e no 1.º Ciclo (1.º e 2.º anos), a medida “Começar bem para bem continuar” traça, a partir do diagnóstico de alunos com dificuldade de acesso ao “Programa de Desenvolvimento de Aptidões para a Aprendizagem”, sequências de aprendizagem da leitura em que a equipa da biblioteca escolar articulou na escolha do livro e das tarefas com a professora titular de turma, a psicóloga contratada e a EMAEI. Tais sequências implicam a leitura de textos e livros com a família, quer na escola, em momentos especiais, quer em casa, para que se verifique a promoção de uma boa relação com a leitura e com a aprendizagem.

Como exemplo destas abordagens,  encontramos as atividades A que sabe a Lua? ou Mochila Já Sei Ler. Ainda no âmbito do PNPSE, a medida “Recuperar aprendizagens promovendo a literacia” parte do princípio de que a competência leitora é fundamental para aceder ao currículo. Com a colaboração da psicóloga e das professoras titulares de turma, a equipa da biblioteca escolar identifica temas, textos e tarefas que são passíveis de ser exploradas com alunos do primeiro ciclo (3.º e 4.º anos), numa intervenção mais individualizada. O livro é o mediador do conhecimento e, muitas vezes, o trabalho da psicóloga ou da professora bibliotecária é coadjuvado por um aluno mentor mais velho, integrado no projeto Conto Contigo – Voluntários da Escola Secundária. Assim, no AE Raul Proença as medidas implementadas beneficiam do trabalho colaborativo entre todas as estruturas da escola – educadores, professores, serviços de psicologia, equipa EMAEI e equipa da BE-, decidindo os melhores caminhos para aprender e, indubitavelmente, ler muitos e diversificados livros é já meio caminho andado.

AE Atouguia da Baleia, Peniche

A medida significativamente intitulada “Contrato Para o Sucesso do Aluno”, plasmada no vídeo de apresentação,  implicou várias ações envolvendo uma estreita colaboração e articulação da psicóloga e da animadora sociocultural (ambas contratadas no âmbito do PDPSC), da equipa da BE, coordenada pela professora bibliotecária, e de toda a comunidade escolar, envolvendo até encarregados de educação e pais, dados os reconhecidos efeitos positivos do envolvimento parental na escola no desempenho e ajustamento académico dos alunos.

Foram realizadas sessões de formação para o desenvolvimento pessoal,  social e comunitário, foi implementado um programa de promoção de inteligência socioemocional numa abordagem multinível, foram desenvolvidas sessões em contexto de turma  no âmbito das seguintes temáticas/áreas de intervenção: Filosofia para crianças; Penso em mim e valorizo-ME; Eu decido, eu aprendo; Eu escuto, eu falo; A minha viagem; Exercício da mente; Ginástica da Mente; Mais Saúde, mais sucesso; Aprendo a Estudar/Métodos e hábitos de estudo. Muitas das dinâmicas envolveram a leitura de livros e resultaram em trabalhos bastante diversificados e em diferentes suportes. Face ao exposto, percebe-se que o AE de Atouguia da Baleia promoveu um conjunto de ações promotoras da saúde física e mental, de bem-estar socioemocional que, a par da necessidade de aprofundamento nos domínios da literacia, numeracia, literacia digital, garantem uma aprendizagem de qualidade e potenciam o sucesso em diferentes as áreas curriculares.

AE Marinhas do Sal, Rio Maior

A medida “Dinamização do vídeo” possibilitou um trabalho colaborativo entre a BE, o técnico informático contratado e professores de diferentes áreas curriculares/disciplinas, de que resultaram cenários de aprendizagem enriquecedores e potenciadores de aprendizagens muito significativas em diversas áreas- comunicação e linguagem (oral e escrita), leitura, literacia digital, socioemocial, como espelhado na micro-apresentação. A professora bibliotecária integra a equipa responsável pelo desenvolvimento da medida e muitas das atividades realizadas no âmbito de Domínios de Articulação Curricular (DAC), do Projeto Cidadania, da criação e dinamização  do canal Youtube, do apoio ao clube TV Marinhas, e os  demais clubes a funcionar na escola implicaram, também, um trabalho direto com a equipa da biblioteca e na biblioteca.

A nível nacional, o público-alvo preferencial das medidas desenhadas no âmbito do PDPSC foram alunos do ensino básico, no entanto os alunos do ensino profissional não foram negligenciados, conforme se depreende das medidas implementadas nas duas escolas que se seguem.

Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Cister (EPADRC),  Alcobaça

A medida “Somos EPADRC! Somos Ensino Profissional!” foi concretizada por meio da realização de encontros com pessoas inspiradoras de referência nas áreas de formação (Ex: Engenheiro João Santiago, para uma conversa com os alunos do 2.° ano do curso de Técnico Profissional de Agropecuária sobre inseminação artificial em suínos; Engenheira Dulce Alves, para uma palestra sobre apicultura em modo biológico; escritor Telmo Mendes, para falar do seu último trabalho; ex-alunos da EPADRC, agora no ensino superior, para partilharem o seu percurso…), de  projetos associados ao currículo com recurso a ferramentas multimédia e digitais e a impressoras 3D como, por exemplo, o Trabalho de Projeto do 2 TRB (Técnico Profissional de Restaurante e Bar) em CLE-Inglês sobre o  restaurante pedagógico “Sabores Epadrc”, do programa de mentoria e da iniciativa “EPADRC solidária e voluntária”. Foram desenvolvidas ações diversas de estímulo à inteligência socioemocional, ao desenvolvimento pessoal e profissional e, ainda, ao desenvolvimento de competências digitais e de comunicação.

Escola Secundária Dr. Augusto César da Silva Ferreira, Rio Maior

A medida “+ Sucesso no Ensino Profissional” (ver vídeo) possibilitou a contratação de uma Técnica de Desenvolvimento Pessoal e Social e , num trabalho de grande proximidade com as estruturas educativas e com a biblioteca escolar, deu-se novo alento ao ensino profissional, verificável na significativa melhoria dos resultados e da taxa de conclusão, bem como na redução da taxa de abandono. Durante as interrupções letivas impostas durante da pandemia, a equipa da biblioteca escolar, ainda que reduzida, continuou a disponibilizar os seus espaços, os seus recursos e serviços e geriu o empréstimo de equipamentos e de acessos à internet. A técnica contratada, com a colaboração da professora bibliotecária, acompanhou diariamente os alunos sem equipamentos, com dificuldades em acompanhar o ensino a distância, forneceu a necessária formação e interagiu com os pais/encarregados de educação, de forma a garantir o sucesso de todos. Foi implementado um plano de mentoria e tutoria para acolhimento, integração e acompanhamento de alunos com maiores dificuldades e, paulatinamente, foi criada uma verdadeira comunidade com sentimento de pertença, nascendo o boletim #ProSecundário, que já conta com 4 edições, e tendo sido organizado o “Seminário #Ensino Profissional: passado, presente e futuro na ESDACSF”. Ademais, foi atribuído à escola o selo de conformidade EQAVET e esta avançou com uma candidatura ao selo “SaudávelMente” e, ainda, à  # RecuperaçãoEmAção, com vista à criação de um Centro Tecnológico Especializado.

Em suma, é notável a abrangência das medidas implementadas (considerando o seu público-alvo, os recursos humanos envolvidos, reforçados pelos técnicos especializados contratados) e o sucesso das mesmas para o desenvolvimento de competências socioemocionais, de desenvolvimento pessoal e, ainda, para o desenvolvimento de competências de leitura e escrita e das literacias emergentes. Trabalhando juntos e melhor poderemos vir a apostar em medidas preventivas em vez de investir em medidas de remediação, que se revelam sempre menos eficazes.

 

Referências bibliográficas

RBE (2021). Bibliotecas Escolares: presentes para o futuro. Programa Rede de Bibliotecas Escolares:  Quadro estratégico: 2021-2027.RBE- Ministério da Educação. https://rbe.mec.pt/np4/?newsId=890&fileName=qe__21.27.pdf

Verdasca, J., Neves, A., Fonseca, H., Fateixa, J., João, M. J., Procópio, M., & Magro-C, T. (2022). A ação estratégica das escolas portuguesas no desenvolvimento pessoal, social e comunitário dos alunos durante a pandemia de COVID-19. ME/PNPSE. https://pnpse.min-educ.pt/estudo7

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Qua | 29.06.22

Reforçar competências de literacia com a biblioteca escolar: o projeto WEIWE(R)BE

2022-06-30 Pesquisa de informação.png

Pelo terceiro ano consecutivo, a Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), em parceria com a Rede Académica WEIWER® – LE@D, Universidade Aberta, dinamizou o projeto WEIWE(R)BE, que tem como principal objetivo desenvolver nos alunos as competências de literacia de informação, de forma integrada, articulada e sistemática, através do trabalho colaborativo entre a biblioteca escolar e a sala de aula.

2021-2022

Em 2021-2022, integraram o projeto cinco novas escolas: Escola Secundária Alves Redol (Vila Franca de Xira), Escola Secundária Avelar Brotero (Coimbra), Escola Secundária Infanta D. Maria (Coimbra), Escola Secundária Matias Aires (Sintra) e Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro (Caldas da Rainha). Ao longo de vários meses, os professores bibliotecários (PB) destas escolas, em articulação com docentes de várias áreas curriculares, e apoiados pelos coordenadores interconcelhios para as bibliotecas escolares (CIBE), implementaram cenários concretos de aprendizagem, a partir dos quais os alunos das turmas envolvidas no projeto, com recurso a diversas fontes de informação, em particular Recursos Educacionais Abertos (REA), realizaram trabalhos de pesquisa fazendo um uso crítico e ético da informação.

O projeto teve como suporte científico-pedagógico um curso de formação, dirigido aos professores envolvidos – PB, CIBE e docentes de várias áreas curriculares –, ministrado por elementos do Gabinete Coordenador da Rede de Bibliotecas Escolares e da Rede Académica WEIWER® – LE@D, Universidade Aberta, tendo funcionado exclusivamente a distância.

A sessão de encerramento do curso teve lugar no dia 8 de junho, com a partilha de experiências de ensino e de aprendizagem no âmbito do projeto, não só pelos PB, pelos docentes com quem estes articularam e pelos CIBE, mas também pelos alunos, os verdadeiros protagonistas da sessão. A expectável e enriquecedora multiplicidade de perspetivas deixou, no entanto, transparecer algumas ideias-chave comuns aos porta-vozes das diversas turmas envolvidas, que destacaram a relevância do projeto para a melhoria dos trabalhos escolares.  

Apresentam-se, abaixo, algumas dessas perspetivas comuns, formuladas na primeira pessoa pelos porta-vozes dos alunos das respetivas escolas:

Este projeto também é facilitador na sua implementação nas turmas do Ensino Profissional, uma vez que o primeiro módulo de TIC […] consiste numa abordagem aos temas da pesquisa, direitos de autor e licenças, credibilidade da informação [entre outros].

ES Alves Redol

Aprendemos que temos de atribuir direitos de autor, fazendo citações, quer quando parafraseamos, quer quando transcrevemos as palavras dos autores consultados. Contudo, foi também uma experiência que nos trouxe algum desassossego, principalmente pelo desconhecimento que tínhamos das licenças Creative Commons e do uso da Wikipédia de forma informada e crítica.

ES Avelar Brotero

Aplicámos a estratégia KWL, o que nos orientou na busca de informação e, mais tarde, aprendemos também algumas técnicas para refinar a pesquisa. […]  Aquando da seleção de fontes de informação, aplicámos o teste CRAAP, o que estimulou o nosso sentido crítico […]; referenciar fontes consultadas de acordo com a norma internacional APA foi algo importante que aprendemos a fazer.

ES Infanta D. Maria

Achamos que vamos encontrar esta metodologia de trabalho ou equivalente no nosso percurso académico. [...] Tínhamos de [marcar a página] para fazer as citações, para respeitar os direitos de autor, [indicando] quem é que era o respetivo dono.                             

            ES Matias Aires

 [Este projeto] alertou-nos para adquirir mais informação da forma correta nos nossos trabalhos futuros, quer no nosso ensino secundário, quer num futuro menos próximo nas nossas vidas profissionais. Ajudou a expandir horizontes, mudar perspetivas e a [perceber] aquele que será o nosso caminho daqui para a frente.                                                  

        ES Rafael Bordalo Pinheiro

Face a um balanço expressivamente positivo, todas as escolas manifestaram a sua intenção de dar continuidade ao projeto no próximo ano letivo, alargando-o a mais turmas e/ou a mais anos de escolaridade, o que as tornará elegíveis a receberem o Selo WEIWE(R)BE.

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Selo WEIWE(R)BE 2021-2022

No presente ano letivo, e porque continuaram a apostar na regularidade dos processos e metodologias subjacentes ao projeto para além do primeiro ano de implementação, foram distinguidas seis escolas com o Selo WEIWE(R)BE 2021-2022: Escola Básica e Secundária Amélia Rey Colaço (Oeiras); Escola Básica e Secundária de Penacova; Escola Básica e Secundária Gama Barros (Sintra); Escola Secundária Braamcamp Freire (Odivelas); Escola Secundária Damião de Goes (Alenquer); Escola Secundária da Ramada (Odivelas).

Também no dia 8 de junho, teve lugar a sessão para atribuição simbólica da versão digital do selo a estas escolas, representadas pelos professores bibliotecários, que deram o seu testemunho sobre o trabalho de continuidade que promoveram no âmbito deste projeto. Nas várias intervenções, foi notório o reconhecimento da necessidade de criar situações de aprendizagem que envolvam os alunos, de forma ativa, na aquisição e no desenvolvimento de competências de literacia, com enfoque na literacia de informação, que devem ser trabalhadas logo nos primeiros anos de escolaridade.

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Concluída a edição deste ano, todos os intervenientes são unânimes em considerar que esta é uma área prioritária para a ação a desenvolver pelas bibliotecas escolares, pelo que se afigura de máxima importância a consolidação deste trabalho, a realizar em estreita articulação com a sala de aula.

 

Veja também:

Quando a estratégia para a literacia da informação implica um trabalho continuado – a experiência com o projeto WEIWE(R)BE 

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Ter | 28.06.22

Literacias

Escola Básica e Secundária Pintor José de Brito, Viana do Castelo

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Leitura: 3 min |

Literacias é uma disciplina de Oferta Complementar, obrigatória para todos os alunos dos 2.º e 3.º ciclos da Escola Básica e Secundária Pintor José de Brito, Santa Marta de Portuzelo, Viana do Castelo, desde 2011/2012. Semanalmente, os alunos contam com 45 minutos no seu horário, dedicados a esta disciplina, lecionada pelos docentes de Oferta Complementar e, em momentos previamente planificados, simultaneamente pela professora bibliotecária, em situações de coensino.

A partir de situações de aprendizagem que se pretendem aprofundar numa determinada disciplina, os docentes de Oferta Complementar (que lecionam também as diferentes disciplinas), em articulação com a professora bibliotecária, planificam o trabalho a realizar, identificam as competências a desenvolver e a forma como o processo e os produtos criados irão ser avaliados.

Na biblioteca ou em sala de aula, os alunos, normalmente organizados em grupos, realizam aprendizagens relacionadas com os conteúdos programáticos da disciplina envolvida e desenvolvem, em contexto, competências de informação: pesquisam em livros, revistas e/ou na Internet, aprendem a avaliar as fontes, a utilizar um guião de pesquisa de informação, a organizar a informação de forma clara e rigorosa, a fazer referências bibliográficas e a comunicar, utilizando diferentes recursos e estratégias.

A avaliação do processo e dos produtos criados é realizada também, em simultâneo, pelo professor de Oferta Complementar e pela professora bibliotecária. Além dos saberes inerentes às disciplinas envolvidas, são também avaliados conhecimentos, capacidades e atitudes que se materializam em competências transversais, na área da linguagem, da informação e comunicação, do raciocínio e resolução de problemas, do pensamento crítico e criativo, do relacionamento interpessoal, do desenvolvimento pessoal e autonomia dos alunos.

A criação desta disciplina surgiu na sequência do diagnóstico realizado, aquando da elaboração do Projeto Educativo, em 2010/2011, que dava conta das fragilidades dos alunos ao serem confrontados com a necessidade de procurar informação fiável, de fazer o tratamento dos dados recolhidos com rigor e de comunicar as aprendizagens realizadas com clareza. Aproveitando o lançamento do referencial «Aprender com a Biblioteca Escolar», por parte da Rede de Bibliotecas Escolares, e o desafio para o aplicar, enquanto escola piloto, a Escola Básica e Secundária Pintor José Brito deu início a uma experiência de trabalho que dura há uma década e se tem vindo a adaptar à realidade educativa do agrupamento, ano após ano.

Além da melhoria de desempenho verificada nas apresentações de trabalhos, por parte dos alunos, e do aumento de requisição de documentos para a sala de aula, o impacto desta iniciativa verifica-se também ao nível das relações de trabalho entre os docentes. As orientações sobre a flexibilização curricular não encontraram grande resistência neste agrupamento, uma vez que os docentes há muito tempo que trabalham numa lógica de articulação e transversalidade.

O desenvolvimento de competências na área da informação e da comunicação continuam o cerne das linhas programáticas desta disciplina, um espaço ideal para a concretização do trabalho que se pretende realizar com a biblioteca escolar.

Ver também o vídeo: https://www.rbe.mec.pt/np4/228.html

 

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Seg | 27.06.22

Leitura partilhada

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Leitura: 5 min | 

No contexto de mudança e incerteza quanto ao futuro e de aumento significativo dos problemas de saúde mental, Atlanta Meyer, Presidenta da Secção de Leitura e Literacia da International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA) afirma que a “Seção de Leitura e Literacia está atualmente a concentrar-se na Leitura para o Bem-Estar. Este assunto tem sido o nosso foco principal nos últimos dois anos e atualmente estamos a planear iniciativas e programas em torno de Biblioterapia, Leitura Partilhada, Leitura Consciente e Contar Histórias”.

Neste contexto, propomos-lhe sugestões sobre como orientar a discussão em grupo de um livro lido por todos os participantes, bem como iniciar cada sessão ou resolver questões práticas.

Discussão sobre o livro: diretrizes & questões

Segundo Diretrizes para Discussão do Livro da Cooperative Children’s Book Center (CCBC) [1], é importante que “Olhe para cada livro pelo que é, ao invés do que não é” e, por isso, o diálogo deve iniciar-se com comentários positivos sobre o que gostou no livro e porquê. Exemplo: A fábula de Esopo, O menino, o velho e o burro mostra que devemos pensar e decidir por nós próprios, sem ter em conta as opiniões dos outros.  

Só depois de todos, sem exceção, dizerem o que gostaram no livro se deve falar de dificuldades que os leitores tiveram com aspetos específicos do livro. A CCBC sugere que apresentemos as dificuldades sob a forma de pergunta, em vez de juízo crítico. Exemplo: Porque é que o autor colombiano, Gabriel García Márquez, no romance O Amor nos Tempos de Cólera usa palavras semelhantes para descrever os efeitos do amor e da cólera? 

Recomenda ainda que não se faça o resumo do livro e que se tente comparar o livro com outros livros da lista de discussão para incentivar leituras e encontros futuros.

Relativamente à dinâmica de intervenções, é importante advertir que na discussão não há respostas certas, que todos os cometários são importantes para dar vida e aprofundar o significado do texto e desenvolver uma perspetiva crítica. É fundamental que todos partilhem o seu ponto de vista com todos respondendo, sempre que oportuno, aos comentários, de modo a que conversem uns com os outros sobre o livro, criando laços de pertença e sentido de comunidade.

Library Booklists [2] disponibiliza recursos para grupos de leitura - por exemplo: conselhos sobre como começar um grupo, listas temáticas de livros em inglês para diferentes públicos e calendário de aniversário de autores – e, com base neles, propomos-lhe que crie um guião específico para o livro ou, em alternativa, que dê início a tópicos gerais que possam constituir ponto de partida para a livre expressão dos pontos de vista de cada um a propósito do livro: 

- O que gostaram e porquê; 

- Capa e títulos dos capítulos: que pistas lançam, há algo que não faça sentido; 

- Excertos marcantes: seu significado e experiência pessoal semelhante;

- Protagonista: identifica-se com os seus valores e atuação;

- Personagem menor: que papel desempenha na narrativa;

- Final: é o esperado, que sugestão para final alternativo. 

Quebra-gelo

Cada sessão de leitura pode iniciar-se - ou terminar - com momento descontraído que suscite aproximação entre os participantes e melhor conhecimento do livro. Exemplo de jogos:

- Colocar num cesto perguntas genéricas, cada leitor tira uma e responde de imediato: Qual é o livro da sua vida? Que personagem literário é mais parecido consigo? Com que escritor gostaria de ir jantar? 

- Se a história do livro decorre no passado, cada leitor descreve um personagem como se a história ocorresse na atualidade (características físicas e psicológicas, local onde habita, familiares e amigos, música e comida preferidas, ocupação…); 

- Sugerir elenco da transposição do livro para filme;

- Cada leitor escreve uma pergunta sobre o livro numa tira de papel, dobra-a e coloca-a num frasco, cada um responde a uma pergunta e ganha o que tiver mais respostas corretas – também pode ser jogado entre 2 equipas e em suporte digital com questões de escolha múltipla (Kahoot). 

Como iniciar um grupo de discussão 

A America Library Association [3] dispõe de questionário e sugestões que lhe permitem planear e estruturar a atividade e resolver situações difíceis, como por exemplo: Quem não leu o livro pode participar? Todos devem ter o mesmo tempo para falar?

Grupos de leitura 

O Plano Nacional de Leitura tem uma página sobre Grupos de Leitura, na qual dá exemplos de clubes nas escolas e em organizações que se reúnem presencialmente e à distância - clubes virtuais de leitura - bem como exemplos de boas práticas e propostas de leitura para todas as idades. 

O importante agora é começar, na escola ou comunidade, pois uma experiência de leitura partilhada é importante, pois pode constituir uma oportunidade de:

- Através do convívio social, conhecer, escutar e aprender a lidar com outras pessoas que têm ideias e experiências de vida diferentes;

- A partir de um livro, descobrir e partilhar sentimentos, inquietações e reflexões;

- (Re)descobrir o gosto por ler, atividade que faz bem à saúde, para além de ter inegáveis benefícios cognitivos, económicos e sociais. 

 

Referências 

1. Kruse, G. & Horning, K. (1989). CCBC Book Discussion Guidelines. USA: Cooperative Children’s Book Center. https://ccbc.education.wisc.edu/literature-resources/ccbc-book-discussions/ccbc-book-discussion-guidelines/

2. Library Booklists. (1996). Resources for Reading Groups. S.l.: LB. https://librarybooklists.org/readinggroups/index.htm

3. America Library Association. Book Discussion Groups. USA: ALA. https://libguides.ala.org/bookdiscussiongroups/startguide

4. Fonte da imagem: Chiagano, F. (2019, 1 Sep.). Unsplash. Kyoto, Japan. https://unsplash.com/photos/rDwIXsgb2LY

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Sex | 24.06.22

Disciplina de Projeto

Agrupamento de Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano, Santarém

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Leitura: 1 min

No Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano de Santarém, como oferta complementar no 4.º ano, temos a Disciplina de Projeto onde se pretende que os alunos se apropriem de métodos de trabalho, de pesquisa e de investigação, utilizando o modelo de pesquisa BIG6. A metodologia de projeto implementada nas turmas do 4.º ano há dois anos, foi integrada este ano letivo no PADDE deste Agrupamento e alargada às turmas dos 5.º e 7.º anos. É seguindo as seis etapas do modelo de pesquisa BIG6 que os alunos são orientados na investigação de um tema. Em relação ao 4.º ano, a temática abordada foi o património de Santarém. 

O processo é iniciado com o anúncio, pelo professor, do tema, da data-limite da entrega do trabalho e qual o público-alvo da apresentação do mesmo. Em seguida, dado o tema ser muito alargado, os alunos escolhem um subtema, identificam o que já sabem e questionam-se sobre o que não sabem, construindo várias perguntas que constituem as linhas orientadoras de todo o trabalho de pesquisa.

Posteriormente, identificam, para cada pergunta, as possíveis fontes de pesquisa para recolherem a informação.

Segue-se a pesquisa in loco, em livros e em páginas Web. Na fase da pesquisa os alunos conhecem as regras básicas para uma maior eficácia a pesquisar na Internet, aprendem a reconhecer páginas Web de confiança, assim como a fazerem referências bibliográficas de livros e de páginas Web.

Seguidamente, há o registo da informação que dá resposta às perguntas feitas inicialmente. 

A etapa seguinte é a escolha da forma mais adequada de apresentar o trabalho ao público-alvo. Escolhida a forma de apresentação, constroem-se os artefactos.

Por fim, há a avaliação do processo e do produto. Finalizada a avaliação, é organizado o evento de apresentação do trabalho de pesquisa.

Todo o trabalho que se vai realizando nas aulas é partilhado num portefólio digital usando o Sway, uma aplicação do Office (https://sway.office.com/JtqxHwDVpESUbAgp?ref=Link / https://sway.office.com/rHrW7PvnfPvyAudp?ref=Link).

A ligação do Sway é partilhada com os encarregados de educação que, assim, seguem passo a passo a metodologia de trabalho e ficam com o registo das informações transmitidas nas aulas, podendo posteriormente acompanhar os seus educandos em trabalhos futuros.

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Qui | 23.06.22

Palmo e meio de Leituras

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Leitura: 2 min | 

No passado dia 27 de maio teve lugar a final do "Palmo e Meio de Leituras" - Concurso de Leitura do 1.º Ciclo do Concelho de Peniche, uma atividade dinamizada no âmbito do trabalho conjunto desenvolvido pelas Bibliotecas Escolares dos três Agrupamentos de Escolas do concelho, da Biblioteca da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar (ESTM) e da Biblioteca Municipal de Peniche, e que já conta com 12 edições.

A iniciativa surgiu da aposta clara do grupo de trabalho concelhio em fomentar o gosto pela leitura e em desenvolver a competência leitora dos “leitores de palmo e meio”. Assim, exclusivamente dirigido aos alunos 1º Ciclo do Município de Peniche, este projeto concretiza-se por meio de três fases: a primeira decorre ao nível de escola, no segundo período; a segunda ao nível de agrupamento (Agrupamento de Escolas de Peniche, Agrupamento de Escolas D. Luís de Ataíde e Agrupamento de Escolas de Atouguia da Baleia), no início do terceiro período; a terceira ao nível do município, numa grande festa que ocorre sempre para fechar o mês de maio com “chave de ouro”.

A edição deste ano promoveu a leitura de textos poéticos de vários autores da literatura nacional, dadas as potencialidades do modo lírico para facilitar a aprendizagem da escrita e da leitura, bem como o aperfeiçoamento da oralidade, mas também pelo seu valor intrínseco. Assim, durante o serão, aos 36 alunos finalistas (3 de cada agrupamento, num total de 9 por ano de escolaridade) foi proposta a leitura de textos poéticos de qualidade com um grau de dificuldade e de beleza crescentes, proporcionando um agradável e emocionante sarau sui generis a todos os presentes.

Depois de duas edições em formato online, a final do concurso retomou o formato presencial e decorreu no auditório da ESTM, voltando este a encher para celebrar a leitura, reunindo alunos, professores, familiares, amigos, representantes dos Agrupamentos e do Município, da ESTM e da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE). À poesia juntou-se a música e o sarau foi abrilhantado pela TUNA do Agrupamento de Escolas de Atouguia da Baleia, que agraciou a plateia com interpretações de temas criteriosamente selecionados para a ocasião.

Para o ano, o grupo de trabalho concelhio continuará a celebrar os livros e a leitura ao longo de todo o ano… mas a última sexta-feira do mês de maio de 2023 já está reservada para a próxima final do concurso "Palmo e Meio de Leituras".

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Qua | 22.06.22

Mentoria A++

“Matching” perfeito entre a Biblioteca e o Plano de Desenvolvimento Pessoal, Social e Comunitário

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Leitura: 5 min |

A Resolução do Conselho de Ministros n.º 53-D/2020, 20 de julho no âmbito do Plano de Desenvolvimento Pessoal, Social e Comunitário (PDPSC) estimulou o AE de Santa Comba Dão  a criar o Programa Mentoria A++, robustecendo as medidas para que apontava o Plano Nacional de Promoção do Sucesso Escolar (PNPSE), promovendo-se  ao longo do presente ano letivo o estímulo  e reforço do Relacionamento Interpessoal e a Cooperação entre Alunos.

Deste programa de Mentoria A++, que conta com o envolvimento das Bibliotecas do Agrupamento, destacam-se duas das medidas: Medida 1 Apoiar a Aprender (alunos do 3º Ciclo e Ensino Secundário) e Medida 2 Aprender a Aprender” (alunos do 2º Ciclo).

Apoiar e Aprender

De alunos para alunos, esta medida pressupõe diversas etapas, desde a formação dos mentores (cf com planos de atividades), até à criação de recursos de apoio, pela biblioteca, para serem usados em contexto das sessões de encontro/ trabalho dos pares. Esta ação decorre da articulação entre a Técnica de Educação Especial e Reabilitação e a Professora Bibliotecária e implica, para além do processo de planificação, todo o acompanhamento aos mentorandos.

Todas as semanas, preferencialmente no espaço da biblioteca escolar, os alunos mentores apoiam os seus pares, designadamente no desenvolvimento das aprendizagens, esclarecimento de dúvidas, integração escolar, preparação para os momentos de avaliação e em outras atividades conducentes à melhoria dos resultados escolares.

Assume-se esta medida como uma iniciativa articulada de promoção do sucesso académico, prevenção do abandono escolar e desenvolvimento de competências socioemocionais, complementando, neste domínio, todas as restantes medidas do Agrupamento.

Como referido, as sessões decorrem frequentemente na biblioteca escolar, privilegiando a envolvência, os estímulos e recursos existentes e/ou disponibilizados (devidamente validados), impulsionadores da criação de ambientes de aprendizagem favoráveis ao desenvolvimento da criatividade e à promoção da liberdade de expressão. O processo de monitorização é feito pela equipa.

Aprender a Aprender

Dirigida ao 2º CEB, esta medida depende exclusivamente da equipa do Programa, que assume o papel de “Mentor”. Esta equipa é constituída pela Técnica de Educação Especial e Reabilitação e pela Professora Bibliotecária. Semanalmente, em horário estabelecido e num processo pedagógico sequencial, são implementadas com os alunos dinâmicas que implicam o treino da leitura e de competências de acesso, interpretação, síntese e uso da informação em momentos de produção escrita em suporte físico ou digital.

Paralelamente às ações supramencionadas, desenvolve-se um programa formativo para docentes, não docentes e pais e encarregados de educação. Articulando planos e integradas no plano de atividades da biblioteca, realizam-se ações que procuram dotar os docentes de ferramentas que contribuam para a criação de situações de aprendizagem promotoras do sucesso educativo e simultaneamente enriqueçam o portfólio das competências de leitura e escrita dos alunos. Com o propósito de fornecer estratégias e medidas que possam implementar junto dos alunos e dos educandos, também se privilegiam ações de sensibilização a pais e encarregados de educação e pessoal não docente. Estas ações de formação fomentam ainda a partilha de conhecimento e de experiências, tendo ainda como propósito o enriquecimento das áreas curriculares e do desenvolvimento pessoal, social e comunitário (ver sítio deste programa).

 Mais informação nos canais da Escola / Biblioteca Escolar:

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Ter | 21.06.22

VivenciArte: um projeto com artes

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Leitura: 2 min |

Este projeto, desenvolvido em parceria entre as quatro salas do Jardim de Infância (JI) e a biblioteca escolar (BE), vai ao encontro do tema atual do JI da Venda do Pinheiro, VivenciArte, iniciado já no passado ano letivo.

As leituras e atividades dinamizadas semanalmente pela BE, feitas a partir de livros relacionados com o domínio da arte, são o mote para desafios lançados às educadoras e crianças. Como repositório de atividades e materiais usados, a BE criou uma apresentação digital interativa, na qual vão sendo registados alguns dos momentos de exploração artística em várias modalidades. A par das técnicas de expressão plástica experimentadas, aí se encontram também recursos como curtas de animação, música e divulgação de pintores e museus.

Entendendo que a arte não é um complemento educativo, mas antes faz parte de uma educação integral do ser humano, a exploração deste domínio, no ensino pré-escolar, constitui uma forma de promover o sentido estético e crítico, a curiosidade, a expressão individual da criança na descoberta de si mesma, do(s) outro(s) e do mundo, potenciando o seu desenvolvimento em várias áreas do saber.

VivenciArte espelha, assim, o processo colaborativo deste ano, com destaque para as criações das crianças, orientadas pelas educadoras Eugénia Assunção, Mariana Ferreira, Sara Janeiro e Susana Rocha (também coordenadora do estabelecimento). Além dos trabalhos realizados em sala, esta ferramenta digital dá ainda conta dos que foram feitos com a participação das famílias.

O site está em construção até ao final do ano letivo, e este será o nosso museu virtual, para podermos mostrar e recordar o que fomos fazendo em conjunto sob a influência inspiradora da(s) arte(s).

A entrada é livre - façam favor de entrar

Rosário Anselmo (professora bibliotecária)

Susana Rocha (coordenadora do JI da Venda do Pinheiro)

 

Referências

Fonte da imagem: Biblioteca Escolar e Jardim de Infância da EB1/ JI da Venda do Pinheiro. (2020). Vivenciarte: um projeto com artes. Venda do Pinheiro: Biblioteca Escolar e Jardim de Infância da EB1/ JI do Agrupamento de Escolas Venda do Pinheiro.  https://view.genial.ly/61a555d6b2876c0e0a0712cb/presentation-vivenciarte

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Seg | 20.06.22

Mental Health Europe: É tempo de falarmos…

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Leitura: 6 min |

Maio é mês de saúde mental há mais de sete décadas, tendo sido o primeiro anúncio feito em 1949 pela ONG centenária e sem fins lucrativos, Mental Health America. A celebração tem recebido crescente interesse por formuladores de políticas e sociedade civil, particularmente no Reino Unido, onde há um ministério da solidão, atualmente presidido por Baronesa Barran, que trabalha para diminuir o preconceito à volta do tema, incentivar a procura de ajuda e a incorporação da solidão ou relações sociais nas políticas públicas e promover a realização de estudos que aprofundem a sua compreensão e combate eficaz [1].

A Semana de Conscientização da Saúde Mental realizou-se em maio em diferentes datas consoante país e organização responsável. Por exemplo, no Reino Unido a Mental Health Foundation comemora-a na terceira semana há mais de 20 anos e em 2022 criou uma publicação com 10 dicas para cuidar da saúde mental [2]:

1. Fale sobre os seus sentimentos;

2. Mantenha-se ativo;

3. Coma bem;

4. Beba com moderação;

5. Mantenha contato com pessoas;

6. Peça ajuda;

7. Faça uma pausa;

8. Faça algo em que seja bom;

9. Aceite quem você é;

10. Cuide dos outros.

Na Europa esta semana foi criada e posta em prática, pelo terceiro ano consecutivo, pela Mental Health Europe. Este ano realizou-se entre 9 a 13 de maio, subordinou-se ao tema “Fale pela Saúde Mental” - #SpeakUpForMentalHealth #EuropeanMentalHealthWeek – e destacou a saúde mental dos jovens como desafio central da sociedade, disponibilizando materiais editáveis para cidadãos e instituições se fazerem ouvir nas suas comunidades [3].

Porquê destacar a saúde mental dos jovens?

Em Portugal, o estudo publicado a 27 de maio pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, Um Novo Normal? Impactos e Lições de Dois Anos de Pandemia em Portugal, conclui que, de todos os grupos etários avaliados, os jovens são os que têm “menor sentimento de bem-estar, menor satisfação com a vida e mais níveis de depressão, ansiedade e stresse” e, no geral, pior qualidade de relações pessoais e menor satisfação com a vida. Na pandemia “um em cada dez jovens refere que passou a consumir calmantes, tranquilizantes ou outros fármacos com efeito psicotrópico”. Para responder a esta situação os “investigadores apontam ausência de medidas governamentais” e, no entanto, os jovens “devem ser encarados como um grupo de risco no futuro”. O estudo revela ainda que “são os jovens que apresentam menores índices de confiança no governo e na ciência” o que poderá ter implicações nas políticas públicas e democracia.

No relatório do Fórum Europeu da Juventude 2021 [4] baseado num inquérito a 4500 jovens europeus, concluiu-se:

Quase dois terços dos jovens podem ser afetados por questões de saúde mental e bem-estar na pandemia. Saúde mental e bem-estar das jovens mulheres era pior do que o dos homens jovens. Jovens em situações marginalizadas são também mais afetados. Fatores que afetam saúde mental foram, sentimento de solidão, incerteza sobre o trabalho ou a escola, infelicidade com mudanças no trabalho, educação ou circunstâncias de vida, ansiedade geral relacionada com pandemia” e decisores de políticas não apresentam respostas eficazes para o problema.

O Atlas de Saúde Mental 2020 da Organização Mundial de Saúde afirma que apenas 25% dos países-membros integram a saúde mental nos seus sistemas universais de saúde, deixando a maioria dos doentes sem tratamento, não obstante os encargos económicos destas doenças corresponder em média a 4% do PIB. Aqueles que são tratados são ainda muitas vezes alvo de discriminação e preconceito e de maior violação de direitos humanos.

Na página reservada à Saúde Mental, a OMS refere que em 2019 o suicídio era a quarta principal causa de morte de jovens entre 15 a 29 anos. 

Segundo a revista britânica The Lancet, a pandemia aumentou drasticamente o número: mais 53,2 milhões de casos de transtorno depressivo e mais 76,2 milhões de casos de transtornos de ansiedade no mundo, sendo mulheres e jovens os mais afetados [5].

E ainda não conhecemos os efeitos da guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia, que provavelmente aumentará a gravidade do problema.

Porque é que é vital falarmos de doença mental na biblioteca escolar?

1. Porque a saúde mental deve ser trabalhada em todos os setores, inclusive na educação porque não é apenas o tratamento especializado que contribui para a sua diminuição da doença, mas também aspetos sociais e económicos, como educação, trabalho, habitação. Neste contexto a Organização Mundial de Saúde reconhece que as metas da saúde e bem-estar – ODS 3: “Garantir o acesso à saúde de qualidade e promover o bem-estar para todos, em todas as idades” - podem ser alcançadas através de outros objetivos para o desenvolvimento sustentável.

2. Porque a biblioteca escolar é um espaço seguro, de inteira liberdade - sem preconceito - e que pode disponibilizar recursos, atividades e contactos para falar de sentimentos, abordar temas difíceis e pedir ajuda. Em maio de 2022 uma das iniciativas da britânica Mental Health Foundation foram histórias de solidão que podem ser desenvolvidas com a biblioteca [6].

A prevenção da doença e a construção de sociedades saudáveis e resilientes exige que este seja um tema fundamental da leitura, conforme recomenda a IFLA em 2022.

Deixamos excerto da mensagem de Kehlani, jovem compositora e cantora de R&B e Hip Hop, da música Bright:

“Você é o que escolhe ser

Isso não cabe a mais ninguém

Portanto, seja grande, seja amável consigo

Não os deixe diminuir a sua luz

Porque um ser humano como um sol deve permanecer sempre brilhante”.

 

Referências

1. House of Commons Library. (2022, 9 May). Mental Health Awareness Week 2022: Loneliness. UK Parliament. https://commonslibrary.parliament.uk/mental-health-awareness-week-2022-loneliness/

2. Mental Health Foundation. (2022). How to look after your mental health. UK: MHF. https://www.mentalhealth.org.uk/publications/how-to-mental-health

3. Mental Health Europe. (2022). European Mental Health Week [vídeo]. Europe: MHE. https://www.mhe-sme.org/emhw/

4. Moxon, D., Bacalso, C., Șerban, A., Ciuciu, A. & Duncan, V. (2021, 17 Jun.). Beyond Lockdown: the ‘pandemic scar’ on young people - The social, economic and mental health impact of COVID-19 on young people in Europe. Brussels: European Youth Forum. https://www.youthforum.org/files/European20Youth20Forum20Report20v1.2.pdf

5. The Lancet. (2021, 8 Oct.). Global prevalence and burden of depressive and anxiety disorders in 204 countries and territories in 2020 due to the COVID-19 pandemic. UK. Elsevier. https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(21)02143-7/fulltext

6. Mental Health Foundation. (2022). Stories of loneliness. Europe: MHE. https://www.mentalhealth.org.uk/campaigns/mental-health-awareness-week/stories-of-loneliness

7. Fonte da imagem: Mental Health Europe. (2022). European Mental Health Week 2022: Speak up for mental health [vídeo]. Europe: MHE. https://www.youtube.com/watch?v=biIrCejdwm0

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Sex | 17.06.22

ONU: Conferência dos Oceanos 2022 – Lisboa

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Leitura: 3 min |

Atualmente há consciência pública de que a ação humana tem efeitos destrutivos nos mares, oceanos e recursos marinhos devido à poluição plástica, pesca ilegal, aquecimento, acidificação e perda de oxigénio por emissões de dióxido de carbono e gases de efeitos de estufa.

Para alcançar o ODS 14, “Conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e os recursos marinhos”, são necessárias abordagens mais ambiciosas e inovadoras baseadas em dados da ciência [1].

Portugal acolhe pela primeira vez a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, aprovada pela Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas n.º 73/292, de maio de 2019. Vai realizar-se em Lisboa, entre 27 de junho e 1 de julho de 2022, tem por tema Reforçar a ação dos oceanos com base na ciência e na inovação para a implementação do ODS14: avaliação, parcerias e soluções e visa discutir desafios, oportunidades e parcerias.

Esta Segunda Conferência dos Oceanos – a primeira realizou-se em 2017 - é organizada pelos governos de Portugal e Quénia e visa mobilizar a ação global para conservar e utilizar, de forma sustentável, mares, oceanos e recursos marinhos.

Dada a situação de emergência global que vivemos, seria fundamental que este encontro de especialistas, o maior realizado, se focasse nas prioridades e medidas a implementar por todos os países, designadamente os que têm uma ação mais destrutiva. O Dia Mundial dos Oceanos destaca esta necessidade de todos contribuirmos.

 

Salvar o Oceano, Proteger o Futuro – Vídeo [2]

A saúde e bem-estar humano e do planeta depende da saúde dos oceanos:

- Cobrem mais de dois terços da superfície da Terra e contêm 97% da água do planeta;

- Absorvem mais de 90% do excesso de calor do sistema terrestre, fornecem água e oxigénio;

- Contribuem para erradicação da pobreza e geram emprego a cerca de três bilhões de pessoas;

- Constituem reservatório essencial de vida na terra;

- São elemento central da história, cultura e identidade pessoal e coletiva - lembramos a poetisa Sophia de Mello Breyner: “Quando eu morrer voltarei para buscar/ os instantes que não vivi junto do mar” [3].

Para Portugal os oceanos são uma área estratégica, não só por razões de conservação e conhecimento, mas também por razões económicas e de governação, pois o país tem um território de mar exclusivo (Zona Económica Exclusiva), o Atlântico Nordeste, que é o terceiro maior da União Europeia - a maior parte do território nacional encontra-se submerso – e no qual circula mais de metade do comércio externo da UE e abundam uma diversidade de ecossistemas e recursos do novo paradigma energético, como sol e vento [4].

 

Referências

1. United Nations. (2015). Oceans and Seas. NY: UN. https://sdgs.un.org/topics/oceans-and-seas

2. Nações Unidas. (2022, 8 mar.). “Salvar o Oceano, Proteger o Futuro”. EUA: ONU, in: Direção-Geral de Política do Mar. (2022, 8 mar.). Vídeo da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, em Lisboa. Lisboa: DGPM. https://www.youtube.com/watch?v=lMTJ3rlMCa4

Notícias:

- Sessão de lançamento: República Portuguesa. (2022, 8 mar.). Apresentação de vídeo e debate sobre Conferência dos Oceanos da ONU 2022. Lisboa: RP. https://www.youtube.com/watch?v=8sKXM8QpzJo

- Contribuição da delegação portuguesa: United Nations. (2022). United Nations Ocean Conference. Lisboa: UN. https://sdgs.un.org/sites/default/files/2022-02/Interactive_Dialogues_Contribution_from_Portugal_2022.pdf

3. Andresen, S. (1920). Mar. Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal. https://purl.pt/19841/1/1920/1920-1.html

4. República Portuguesa. (2021). Estratégia Nacional para o Mar 2021-2030. Portugal: RP. https://www.portugal.gov.pt/pt/gc22/comunicacao/documento?i=estrategia-nacional-para-o-mar-2021-2030

5. Fonte da imagem: Nações Unidas. (2022). Conferência do Oceano da ONU. Lisboa, Portugal: ONU. https://www.un.org/en/conferences/ocean2022

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