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Blogue RBE

Seg | 18.10.21

Desenho e conceção de um cartaz na prática do professor bibliotecário | Como começar?

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Divulgar as atividades e iniciativas das nossas bibliotecas é uma tarefa muito importante. Por norma, recorremos a cartazes ou imagens digitais que podem ser poderosos instrumentos de marketing e que pretendem comunicar com um determinado público-alvo (crianças, jovens, encarregados de educação...). Muitas vezes são o rosto das próprias iniciativas, passando uma primeira ideia das mesmas (divertidas, misteriosas, aventureiras…).

Os cartazes têm um papel importante, se forem eficazes, capaz de passar a informação e/ou de aliciar ou persuadir o público-alvo a participar, envolvendo-se nas iniciativas. O seu sucesso depende da forma como é concebido e executado, o que numa escola, ganha particular importância pedagógica, dado que os alunos, certamente, irão fazer os seus cartazes segundo os critérios ou princípios que conseguem observar nos que são expostos no seu ambiente escolar.

Torna-se, assim, pertinente que sejamos capazes de refletir sobre as nossas práticas, de modo a que possamos, de forma crítica, melhorar e facilitar a tarefa de divulgação dos nossos eventos, iniciativas ou simples informações.

Não será possível fazer aqui uma abordagem exaustiva, mas vamos deixar várias pistas que permitem avaliar as opções tomadas ao longo da conceção de um cartaz, melhorando o seu impacto visual.

No nosso dia-a-dia, somos constantemente invadidos por imagens, quer através da comunicação social e da internet, associadas ou não a publicidade, quer nos cartazes, em outdoors ou múpis, que são afixados nas ruas das nossas vilas e cidades. Estas imagens devem merecer a nossa particular atenção, pois são pensadas e desenhadas por profissionais – designers gráficos – com os quais temos sempre muito para aprender.

O cartaz deve atrair a atenção do observador e permitir uma leitura muito rápida. Repare-se que quando estamos a fazer scroll numa página da internet, apenas paramos nas imagens que nos prendem a atenção de imediato. O mesmo se passa com um cartaz ou imagem que seja colocada na rua: nós passamos e só paramos se algo conseguir despertar o nosso interesse. Quer isto dizer, que não devemos tentar passar toda a informação de igual modo (o que não permitiria a leitura muito rápida). Esta deve ser hierarquizada conforme a sua importância, jogando com a dimensão, posição e características visuais dos diferentes elementos gráficos (forma, cor, paleta de cores selecionada…) facilitando diferentes níveis de leitura e consequentemente uma boa leitura visual.

Um cartaz deve passar uma mensagem simples (texto curto e bem legível). Normalmente, é constituído por imagem e texto que, no seu conjunto deve constituir um produto apelativo, primando pela simplicidade de organização dos elementos, por um conjunto de cores harmoniosas e pela sua originalidade.  

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Como começar?

Antes de mais, devemos ter sempre presente as respostas às seguintes questões que vão determinar o desenho e conceção do cartaz:

- Qual a mensagem a transmitir? Qual o objetivo? (passar informação, passar uma ideia, publicitar um evento…)

- A quem se destina? Qual o público alvo? (crianças, jovens, encarregados de educação…)

- Qual a melhor forma de chegar a esse público-alvo?

- Onde vai ser divulgado? (afixado numa parede, nas redes sociais, na página web da BE…).

 

Paulo Rodrigues
(prof. bibliotecário)
Escola Básica Carlos Ribeiro
Agrupamento de Escolas de Pinhal de Frades

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Seg | 18.10.21

Redesenhar o papel do professor na escola e na comunidade

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De acordo com o relatório Education at a Glance 2021 1, as condições de trabalho dos professores e o investimento público são fatores fundamentais para a qualidade e equidade da educação.

Os salários dos recursos humanos das escolas, particularmente professores e diretores, são a maior despesa pública em educação. Poderiam ser fonte de atração pelos profissionais, mas em Portugal, de acordo com a Portugal Country Note 2021 2, evidenciam desigualdade e são reduzidos face às elevadas qualificações que exigem.

Na OCDE os salários aumentam com a progressão na carreira e número de anos de ensino - em 2020 os salários dos professores, do pré-escolar ao secundário, com qualificações máximas e no topo da carreira eram 86% a 91% superiores aos educadores/ professores com qualificações mínimas e no início de carreira. Em Portugal a desigualdade salarial pode atingir 116%, embora a maioria dos professores receba vencimentos intermédios.

Na OCDE, entre 2005 e 2020, os salários de professores com 15 anos de experiência e qualificações mais frequentes, aumentaram 2% (ensino básico) a 3% (ensino secundário), apesar da crise financeira de 2008, mas em Portugal diminuíram 6%. O número de horas letivas anuais é mais reduzido em Portugal do que na OCDE – a grande variação ocorre no pré-escolar: em 2020 os educadores trabalharam menos 104 horas – mas este fator por si dificilmente justifica a não atualização salarial.

Outro dos problemas é o envelhecimento docente que, segundo o relatório, pode colocar “muitos governos sob pressão para recrutar novos professores”. A idade aumenta com o nível de ensino e, em Portugal, a média de idades é superior aos países da OCDE – em 2019, 44% dos professores do 1.º e 2.º ciclos tinham 50 anos e a média da OCDE é 33%.

Em Portugal, o Conselho Nacional de Educação estima que até 2030 mais de 50 mil docentes (metade dos do quadro) poderão aposentar-se 3 e tem apelado à “integração urgente de mais professores no sistema para obviar a falta que já se faz sentir, possibilitando ao mesmo tempo o rejuvenescimento dos quadros e o aumento da estabilidade dos docentes nas escolas” 4. Em março solicitou que o Plano de Recuperação e Resiliência contemplasse verba para formar e atrair mais professores.

Acresce a esta situação a falta, em Portugal, de candidatos para cursos superiores de Educação: em 2021 entraram apenas 1100 e muitos não serão professores - o número de estudantes inscritos nestes cursos caiu cerca de 70% desde o início do século: passaram de 51.224 em 2001/ 2002 para 13.781 o ano passado 5. Este fator expressa a pouca atratividade e reconhecimento social da profissão. Um estudo da OCDE de 2018 evidencia que as perceções dos professores sobre o valor da profissão docente são reduzidas, designadamente em Portugal: 6 a 9% dos professores “concordam” ou “concordam totalmente” que a sua profissão é valorizada na sociedade (a média da OCDE é 26%) 6.

Para além de baixos vencimentos e falta de valorização social, as dificuldades em ingressar e progredir (existência de quotas) na carreira pode desmotivar estes profissionais e novos candidatos.

Para tornar os sistemas educativos capazes de alcançar maior qualidade e equidade em situações de crise pandémica, climática ou outras, a OCDE e a Education International, federação global de sindicatos de professores, estabeleceu um conjunto de 10 princípios 7 que podem orientar a cooperação internacional e local das autoridades, organizações e profissionais da educação na procura de soluções para a recuperação e crescimento na educação e sociedade.

Nos múltiplos papeis que a escola e a comunidade reservam aos professores – facilitadores, pares, líderes, mentores, tutores… - é importante que saibam, rápida e constantemente, atualizar-se, adaptar ensino e estratégias de aprendizagem a novas circunstâncias, responder a necessidades sociais e emocionais, desenvolver experimentação e micro-inovações/ estruturas de aprendizagem, fomentar uma cultura de aprendizagem. Por conseguinte, o documento sublinha que “O bem-estar dos professores é parte integrante do bem-estar dos alunos”, tendo “efeito nos resultados dos alunos” e da escola, devem ser “plenamente reconhecidos, recompensados e valorizados” e é necessário “rever condições de trabalho dos professores, a fim de identificar áreas que precisam ser melhoradas”.

De acordo com este documento, no futuro, os países devem preparar-se para desenvolver três tipos de ensino em simultâneo, de modo a garantir a continuidade da aprendizagem dos alunos: na escola (especialmente importante nos primeiros anos), híbrida e digital. A OCDE admite a construção de uma infraestrutura de aprendizagem à distância, segura, coerente, interoperável (pode funcionar com outras soluções) e multimodal (com ferramentas de aulas virtuais, aprendizagem em linha, tutoria inteligente, educação televisiva, radiofónica e de comunicação social) com recursos e experiências de aprendizagem para dentro e fora da escola, que permita variedade de oportunidades e inclua canais de retorno eficazes entre professores, alunos, líderes escolares e comunidade – a sua criação e avaliação deve envolver todas as partes interessadas, sobretudo professores e deve conter contribuições e curadoria da comunidade de aprendizagem em linha (crowd-sourcing/ crowd-curation). Considerando os efeitos da pandemia, propõe ainda “a criação de uma estratégia sistémica para aprendizagem dos professores com base em lições da pandemia”.

 

Referências

1. Organisation for Economic Co-operation and Development. (September 16, 2021). Education at a Glance 2021: Executive Summary. https://www.oecd-ilibrary.org/sites/b35a14e5-en/index.html?itemId=/content/publication/b35a14e5-en

2. Organisation for Economic Co-operation and Development. (September 16, 2021). Education at a Glance 2021: Portugal - Country Note. https://www.dgeec.mec.pt/np4/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=1278&fileName=EAG_2021_Country_Note_Portugal_em_l_ngua.pdf

3. Conselho Nacional de Educação. (julho, 2019). Regime de Seleção e Recrutamento do Pessoal Docente da Educação Pré-escolar ao Ensino Secundário. https://www.cnedu.pt/content/noticias/estudos/Estudo_Selecao_e_Recrutamento_de_Docentes.pdf

4. Conselho Nacional de Educação. (dezembro, 2020). Estado da Educação 2019. https://www.cnedu.pt/content/edicoes/estado_da_educacao/EE2019_Digital_Site.pdf

5. Público. (2 de outubro, 2021). Número dos que estudam para ser professor caiu 70% desde o início do século. https://www.publico.pt/2021/10/02/sociedade/noticia/numero-estudam-professor-caiu-70-desde-inicio-seculo-1979559

6. Organisation for Economic Co-operation and Development. (23 de marco, 2018). TALIS 2018 Results: Teachers and School Leaders as Valued Professionals (vol. 2). https://www.oecd.org/education/talis-2018-results-volume-ii-19cf08df-en.htm

7. Organisation for Economic Co-operation and Development; Education International. (2021). Principles for an Effective and Equitable Educational Recovery. https://www.oecd.org/education/ten-principles-effective-equitable-covid-recovery.htm

Fonte da imagem: Organisation for Economic Co-operation and Development. (2021). Principles for an Effective and Equitable Educational Recovery. https://www.oecd.org/education/ten-principles-effective-equitable-covid-recovery.htm

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