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Blogue RBE

Seg | 30.06.25

Palavras que nos unem

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O repto foi lançado pela Biblioteca da Escola do AE do Bonfim, em Portalegre, na voz da professora bibliotecária Marcolina Guerra e foi com grande entusiamo que a turma F, do 11.ºano, participou nesta atividade do READ ON Portugal 2024-2025, uma iniciativa que visa promover a escrita criativa e colaborativa entre jovens estudantes e escritores contemporâneos de expressão portuguesa.

Com este projeto os participantes foram desafiados a desenvolverem, em coautoria com um autor convidado, um texto original com cerca de 10 a 12 páginas, refletindo sobre temas como a cidadania e a interculturalidade. As sessões de trabalho decorreram entre novembro de 2024 e março de 2025, em formato online, promovendo o diálogo, a criatividade e o espírito crítico.

A turma 11.º F do AEB abraçou este desafio com grande dedicação e empenho, contribuindo para uma das 15 histórias que integram esta edição da Antologia, criada por mais de 400 alunos de todo o país. Com o apoio de docentes e da Rede de Bibliotecas Escolares, os estudantes envolveram-se num processo de escrita colaborativa exigente, mas extremamente enriquecedor, que lhes permitiu refletir sobre o mundo atual e sobre o papel transformador da palavra.

A Antologia READ ON 2025 celebra, assim, a força das ideias, a diversidade de perspetivas e o poder da escrita como ferramenta de construção de uma sociedade mais consciente, inclusiva e participativa. O contributo dos alunos do 11.º F, com a supervisão e mentoria do escritor Ricardo Fonseca Mota, ficará agora registado nesta obra coletiva, que representa uma verdadeira ponte entre gerações, culturas e modos de ver o mundo.

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

Sex | 27.06.25

Concurso Concelhio de Leitura de Chaves: a força do trabalho em equipa

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A 1.ª edição do Concurso Concelhio de Leitura de Chaves (CCLC) demonstrou como o trabalho em equipa pode transformar a experiência educativa, promovendo o gosto pela leitura e o desenvolvimento de competências fundamentais nos alunos.

Objetivos

Promovido pelo Grupo de Trabalho das Bibliotecas Escolares de Chaves (GTBEC), com o apoio da Câmara Municipal de Chaves e da Rede de Bibliotecas Escolares, o concurso teve como principais objetivos:

  • Fomentar o interesse e o prazer da leitura;
  • Melhorar a competência leitora;
  • Desenvolver a expressão oral e escrita;
  • Estimular a capacidade discursiva e argumentativa dos alunos.

Etapas e dinâmicas

Destinado aos alunos dos Agrupamentos de Escolas de Chaves (AE Dr. António Granjo, AE Dr. Júlio Martins e AE Fernão de Magalhães), o CCLC destacou-se por valorizar o trabalho em equipa, promovendo a entreajuda e a partilha de saberes entre pares, envolvendo alunos do 1.º ao 3.º ciclo, organizados em equipas de três elementos.

O concurso decorreu em duas fases:

  1. Prova Escrita (fevereiro):
    Realizada nas escolas dos agrupamentos, esta etapa avaliou individualmente o conhecimento das obras literárias selecionadas. As classificações dos três elementos de cada equipa foram somadas, apurando-se as equipas finalistas de cada escalão.

  2. Prova Oral (final, 3 de abril):
    No auditório da Escola Profissional de Chaves, 16 equipas enfrentaram três etapas – Lê-me!, Convence-me! e Adivinha-me! – que desafiaram os alunos a ler expressivamente, argumentar com criatividade e demonstrar conhecimento profundo das obras.

O trabalho em equipa dos alunos

O formato do concurso, centrado no trabalho em equipa, permitiu aos alunos desenvolver competências de colaboração, comunicação e liderança. Destacou-se o espírito de entreajuda, promovendo a confiança e a autonomia. O entusiasmo e a participação ativa dos alunos são reflexos do impacto positivo desta iniciativa, que enriqueceu o seu percurso escolar e cultural.

O trabalho em equipa dos professores bibliotecários

O Grupo de Trabalho das Bibliotecas Escolares de Chaves (GTBEC), composto por professores bibliotecários dos três agrupamentos de escolas do concelho, foi o grande mentor desta iniciativa. O seu trabalho articulado garantiu a organização exemplar do concurso, a motivação dos alunos e o acompanhamento pedagógico necessário para que cada equipa pudesse dar o seu melhor.

Colaboração entre instituições: parcerias para a leitura

O sucesso do CCLC foi possível graças à colaboração entre várias entidades:

  • Conceção e organização: GTBEC (professores bibliotecários dos Agrupamentos de Escolas de Chaves), com o apoio incondicional dos Diretores dos agrupamentos;
  • Apoio logístico e prémios: Câmara Municipal de Chaves;
  • Apoio à realização e participação no júri: Rede de Bibliotecas Escolares (RBE);
  • Apresentação da fase final e participação no Júri: Associação Cultural INDIEROR;
  • Acolhimento da final: Escola Profissional de Chaves.

Esta articulação de parcerias reforça a importância da colaboração institucional na promoção da leitura, convertendo-a numa experiência enriquecedora, cultural e socialmente inspiradora.

Um prémio final inesquecível

O prémio para os vencedores da prova oral foi uma visita à icónica Livraria Lello, no Porto, oferecida pela Câmara Municipal de Chaves. Os agrupamentos escolares complementaram o prémio, permitindo que todas as equipas vencedoras da prova escrita participassem nesta experiência. Para além do contacto com um dos espaços literários mais emblemáticos do país, a visita foi uma celebração do empenho, da autonomia e do espírito de equipa dos alunos, convertendo a leitura numa viagem fascinante de descoberta e aprendizagem.

O Concurso Concelhio de Leitura de Chaves revelou que, quando alunos, professores e instituições trabalham em equipa, a leitura ganha um novo significado — transforma-se numa ponte para o conhecimento, a criatividade e a cidadania, contribuindo para formar leitores mais críticos, confiantes e colaborativos.

Mais informações

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0

Qui | 26.06.25

"A Floresta" e a espera

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Demoraram décadas a reencontrar o livro que lhes ficou na memória pela capa e no coração pelas emoções que despertou. Ambas recordam com nitidez o momento em que “A Floresta”, de Sophia de Mello Breyner Andresen, lhes foi apresentado por uma professora.

Uma, num tempo de instabilidade escolar e ausência de bibliotecas; outra, numa aldeia onde não havia livros nem bibliotecas, mas havia uma professora que emprestava livros com cuidado e intuição.

São histórias de leitura adiada, mas também de encontros marcantes, da força que tem uma história bem contada e da ausência de estruturas que, durante muito tempo, impediram que as crianças encontrassem o seu livro, o seu autor, a sua floresta.

Hoje, com bibliotecas escolares em funcionamento em todo o país e com professores bibliotecários atentos aos interesses e necessidades dos alunos, é possível garantir que ninguém precise de esperar vinte anos para encontrar um livro que o emocione, o toque, o transforme.

Demorei 20 anos a ler “A Floresta”, de Sofia de Melo Breyner. Conseguem imaginar porquê?

Testemunho de uma leitora que se transformou em professora bibliotecária

Eu frequentava o que hoje é o quinto ano, em 1975, no ano pós 25 de abril. Havia muita instabilidade nas escolas. Os professores ficavam pouco tempo na escola onde eu andava que era muito longe dos centros importantes e estavam sempre a mudar.

Um dia, chegou à escola uma professora de português que era muito jovem, muito simpática, alegre e muito inovadora, com roupas muito, muito modernas. Cativou-nos imediatamente!

Nas aulas de português ela pegou num livro e leu-o em voz alta para nós. Quando a história estava no melhor, foi-se embora. Eu estava lá no meio da sala e não conseguia ler o nome do livro, nem da autora, só sabia como era a capa: verde, com árvores. A professora foi embora na parte em que a história estava melhor e eu queria saber o resto. Não havia professor bibliotecário e eu era muito tímida, os alunos não tinham à vontade para falar com os professores e eu fiquei assim inquieta, curiosa, sem tapete.

Na minha casa só havia livros de adultos que a minha mãe lia, eram os romances de Eça de Queiroz, de Camilo Castelo Branco, Júlio Dinis e essas coisas.   Eu não sabia como conseguir encontrar aquele livro.

Em 1995, estava numa livraria que me deixou entrar para a parte das estantes, comecei a ver os livros e de repente deparei-me com aquela capa. Era o livro que eu procurava há 20 anos. Sentei-me nas escadas e comecei a ler, entretanto vieram chamar-me e eu tive que interromper a leitura.

Fui ao balcão, paguei e levei o livro comigo. Nessa mesma noite não fui dormir sem ler aquela história que ainda hoje é uma das minhas preferidas.

E as bibliotecas escolares? Pois é, só começaram a surgir em 1998.  E na cidade onde vivo a única biblioteca pública que havia não era em livre acesso! Só inaugurou em 2009 e claro fiz logo o meu cartão de leitora.

Entretanto hoje, nas bibliotecas escolares, temos professores bibliotecários que, neste ambiente de liberdade, nos ajudam a encontrar os livros que melhor nos ‘assentam’.

 

Pois eu, demorei um dia a ler "A Floresta"... mas só descobri 20 ou 30 anos depois!

Outro testemunho. Outra leitora. Outra professora bibliotecária.

Foi assim:

Durante a minha, então, instrução primária não havia biblioteca de qualquer tipo, nem escolar, nem pública e, na minha aldeia, não passava sequer a biblioteca itinerante da Gulbenkian. Na minha casa, havia apenas os poucos livros infantis que a minha mãe comprava e os muitos que a minha amiga rica lá da aldeia me emprestava.

Um dia, andaria eu pela segunda ou terceira classe, a minha professora chamou-me e disse: "Tenho aqui um livro de que acho que vais gostar e vou emprestar-to..."

Peguei-lhe com reverência e levei-o com muito cuidado. Mal cheguei a casa, li-o, sem parar até chegar ao fim.

No dia seguinte, com a mesma reverência da véspera, fui até à secretária da professora e devolvi o livro.

Percebi, muitos anos mais tarde, a desilusão na cara da minha professora quando me perguntou: "Não gostaste?"

"Gostei sim, mas já li!"

"Todo?"

"Sim"

Não sei o que se passou depois, nem antes, só recordo esta cena que me ficou gravada para sempre.

Não fixei o título. Apenas as árvores da capa e algum conteúdo.

Só depois de me tornar professora bibliotecária, voltei a abrir A Floresta e percebi que a minha querida professora Adelaide, de forma muito simples, me tinha apresentado Sophia, naquele retalho que ficou registado na minha memória.

 

Estas memórias são relatos pessoais, mas também lembretes do que esteve ausente e do que agora se tornou essencial: o direito ao livro certo, no momento certo, com mediação qualificada e afetiva.

Porque uma biblioteca escolar é sempre um lugar de encontros!

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Qua | 25.06.25

Aprender e Agir: Alunos do AE Venda Pinheiro dão voz às suas ideias pelo ambiente

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Pelo segundo ano consecutivo, o Agrupamento de Escolas da Venda do Pinheiro (AEVP) promoveu um Conselho Pedagógico extraordinário com um propósito muito especial: dar voz aos alunos.

Esta iniciativa, inspirada no desafio da Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) sob o mote "Aprender e Agir", reuniu alunos de todos os ciclos de ensino numa reflexão conjunta sobre o papel de cada um na melhoria do ambiente escolar e das zonas envolventes. Foi uma verdadeira aula de cidadania ativa, em que se passou das ideias à proposta de ações concretas.

Partimos de sessões, em várias turmas, de apresentação do tema: Fauna e Flora: representações artísticas locais, dinamizada pelos professores bibliotecários, onde os alunos puderam apresentar propostas de alteração de comportamentos, ou ações que pudessem contribuir para a proteção do meio ambiente que os rodeia. Nestas sessões foram identificados os alunos que se destacaram pela sua presença e pela sua capacidade oratória.

Numa segunda fase, os professores bibliotecários, em conjunto com os coordenadores das escolas de 1.º ciclo, ou membros da equipa, no caso da escola sede, reuniram todos os possíveis candidatos a  estarem presentes na reunião do Conselho Pedagógico Extraordinário e chegou-se à conclusão de quem era o melhor candidato. Assim, cada escola do 1.º ciclo fez-se representar por um aluno, tal como cada ano de escolaridade da escola sede. Com entusiasmo, clareza e sentido de responsabilidade, os jovens apresentaram propostas que demonstram não só preocupação com o ambiente, mas também uma forte vontade de fazer a diferença. 

As ideias partilhadas apontam caminhos para um futuro mais sustentável, com ações que se esperam ver concretizadas já no próximo ano letivo. Um momento marcante que mostra como a voz dos alunos pode (e deve) ser ouvida nos espaços de decisão das escolas (Facebook).

Na sequência desta iniciativa, algumas das ações propostas pelos alunos de 1.º ciclo, que foram identificadas como muito importantes, serão agora implementadas na escola sede, fruto de alguns desses alunos transitarem de ciclo, ingressando na escola com segundo e terceiro ciclos.

Esta atividade dá continuidade ao trabalho que o AEVP tem desenvolvido no âmbito das iniciativas da RBE, como "Transformar a Educação: Dá voz às tuas ideias!", "Das ideias à ação!" e "A Voz dos Alunos: Transformar a Biblioteca Escolar". Em todas estas oportunidades, o agrupamento respondeu com empenho e criatividade, reforçando o seu compromisso com uma educação participativa, transformadora e alinhada com os desafios contemporâneos.

Parabéns a todos os alunos envolvidos! Que bem que estiveram! Aprendemos e, agora, está mesmo na hora de agir.

 

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Ter | 24.06.25

A arte de perguntar e escutar, com Joana Rita Sousa

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Joana Rita Sousa é uma pessoa inquieta, curiosa, generosa, criativa e com uma sensibilidade ímpar. Viciada em livros e colecionadora de perguntas. Gosta de desafiar os porquês. Costuma apresentar-se como filósofa e perguntóloga. É fundadora da Filocriatividade (https://filosofiaparacriancas.pt/)  — um blogue que professores bibliotecários, professores, educadores, pais e todos aqueles que se interessam por educação e filosofia deverão visitar e a cuja newsletter poderão subscrever.

A atividade filosófica da Joana Rita Sousa contraria a ideia de que a filosofia é inútil. As suas oficinas evidenciam o valor da escuta e do diálogo.  A Joana realiza, por esse país fora e não só, formações, workshops, mentorias e consultorias, e colabora regularmente com várias entidades ligadas à filosofia, à literatura e à infância. Quando lhe perguntam o que faz, responde: «Faço perguntas e arrisco respostas.»

Para conhecer melhor o trabalho da Joana Rita Sousa recomendamos o livro Como Desenvolver o Pensamento Crítico das Crianças.

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Que poderemos dizer sobre este livro?

Não é um romance, mas trata-se de uma narrativa, muito bem organizada, que entrelaça pensamentos, ideias que já foram testadas, inferências retiradas dos exercícios experimentados e leituras realizadas (aqui habitam muitos outros livros, todos mencionados na bibliografia). A narrativa parte da sua prática efetiva. Trata-se de uma verdadeira práxis.

Não é um livro de histórias, embora conte algumas.

Não é um livro sobre empatia, apesar de nela habitar muita empatia — sobretudo a empatia cognitiva.

Não é um livro de pedagogia, embora fale de pedagogia.

Não é um livro de exercícios, embora contenha muitas propostas de atividades. Nele encontramos espaços para escrever, anotar ideias, registar as nossas concordâncias e discordâncias, mas também os critérios adotados, listar os nossos livros perguntadores e inventariar as nossas perguntas.

Não é um livro de filosofia, embora o trabalho filosófico esteja bem presente ao longo do livro.

Afinal, que livro é este?

É um livro que provoca, inquieta, questiona e convida à reflexão. Desafia educadores, e adultos no geral, a repensarem práticas e a reconsiderarem a sua relação com as crianças e jovens.

É um livro que demonstra a pertinência da filosofia nos dias de hoje. Uma prova de que a filosofia é útil e preciosa.  O seu valor é invisível, mas real.  Aprender, estudar e exercitar o trabalho filosófico é um ato democrático e libertador contra as crenças injustificadas. É lutar por uma cidadania plena, é construirmo-nos como cidadãos ativos e participativos. Pensar criticamente é o mais difícil, mas o melhor dos exercícios filosóficos. Como desenvolver o pensamento crítico das crianças - aprendemos a dar os primeiros.

É um livro que nos obriga a dialogar, a pensar nos benefícios da escuta efetiva e na importância de “suspender o juízo”. Obriga-nos a tomar a consciência de que o apelo à autoridade é uma verdadeira falácia, de que o ato de concordar e discordar fazem parte do processo de diálogo e de que o mais importante é saber apresentar as nossas razões.

É um livro que nos convida a identificar e a questionar os nossos enviesamentos — sim, porque todos os temos! — e a reconhecer como estes podem ofuscar a lucidez do pensamento.

Este é um livro de partilha. De generosidade. Um livro perguntador.

A propósito do lançamento do livro, no mercado editorial, conversámos com a Joana Rita Sousa. Desta longa conversa partilhamos algumas questões que colocámos à autora:

Joana, quando é que te surgiu a ideia de escreveres este livro?

A ideia deste livro surgiu em 2023, se não me falha a memória, por convite da Marta Miranda e da Cátia Simões, da Manuscrito, que procuravam alguém que pudesse escrever sobre a temática do pensamento crítico. Conversámos, desenhámos um esqueleto inicial e depois lá tive de arregaçar as mangas e escrever. Nada como ter um compromisso para pôr mãos à obra.

O pensamento crítico está na ordem do dia. Contudo, muitos de nós questionamo-nos sobre como poderemos reconhecer se, em determinado momento, estamos a exercitar o pensamento crítico...

Há indicadores de que estamos a pensar criticamente, por exemplo, evitar a precipitação na hora de partilhar uma opinião; investigar cuidadosamente os temas sobre os quais pretendo emitir uma opinião; lembrar que o contexto é determinante para conjugar o que penso com o que faço; praticar um compromisso com a clareza das minhas palavras. Estes são alguns indicadores, aos quais também posso adicionar a capacidade de dizer "não sei" quando de facto não sabemos, evitando falar só por falar ou repetir ideias que ouvimos dizer algures.

Quando exercitamos o pensamento crítico na companhia de outras pessoas, é possível termos feedback e a apreciação dessas pessoas, quanto à presença de pensamento crítico. Podemos trabalhar colaborativamente nesse sentido.

Usualmente exerces o diálogo filosófico em comunidades. Nesse processo dialógico há um(a) facilitador(a). Que características deverá ter um(a) facilitador(a)?

Gostaria de sublinhar a disponibilidade da pessoa facilitadora para escutar o que dizem as pessoas da comunidade, bem como uma atitude que evite a precipitação.

Considero que é muito importante ter a consciência de que não somos pessoas neutras, carregamos a nossa percepção da realidade, os nossos enviesamentos, as nossas heurísticas.

O papel da pessoa facilitadora é o de criar um ambiente que convide ao pensamento em voz alta e que seja também provocador. Em que sentido? No sentido de colocarmos em causa as nossas ideias, sujeitá-las à apreciação das outras pessoas, revendo-as. A pessoa facilitadora também nos provoca a considerar cenários e possibilidades que talvez não tenham sido contemplados por nós. Em última instância e numa comunidade de investigação filosófica que já tem hábitos de diálogo e que já se auto-regula, a pessoa facilitadora faz muito pouco. Até lá, deverá modelar as atitudes da pessoa pensadora crítica, como a humildade intelectual, a obsessão pela transparência, o conforto com o silêncio, entre outras.

A propósito das perguntas, como é sabemos qual a pergunta certeira?

Para saber qual é a pergunta certeira, temos de fazer muitas perguntas. Algumas delas são muito pouco certeiras, porém fazem parte do processo de formular a pergunta certeira.

O "certeiro" de uma pergunta depende do contexto onde surge, do momento do diálogo que está em curso, bem como da(s) pessoa(s) a quem se dirige a pergunta.

O grande desafio de perguntar (e de pensar criticamente) é que as técnicas que aprendemos estão constantemente a ser aplicadas em contextos que encerram novidade.

No livro há um capítulo sobre os Livros Perguntadores.  Como é que sabemos que um livro é perguntador?

Essa pergunta encontra resposta num dos capítulos do livro que é dedicado aos #LivrosPerguntadores, no qual elenco uma série de características desses livros. Nem todos os Livros Perguntadores apresentam todas as características, ou seja, não é uma lista cumulativa. Acima de tudo, o livro perguntador exige envolvimento por parte da pessoa leitora; esta é mais do que uma simples receptora da história. É convidada a perguntar "porquê..." ou "como..." e ainda o "e se...". Não há mensagens mastigadas ou prontas a comer. A mensagem do livro perguntador é: e tu, o que pensas sobre isto?

Por último, questionamos a Joana sobre se a filosofia pode mudar a nossa forma de pensar e de ser. Se sim... como?

A acontecer uma mudança no pensar, será o fruto de um processo que exige esforço por parte da pessoa que quer pensar filosoficamente. Não basta ler livros de filosofia e deixar que façam efeito, tal como acontece com um comprimido. O caminho passa por praticar o que se aprende. O Professor António de Castro Caeiro fala disso no seu livro, O que é a Filosofia?. Passo a citar: "Aprender é pôr em prática. É isto mesmo que se encontra expresso na sabedoria popular grega "saber é fazer". Quem não faz não sabe."

Muito agradecemos à Joana a disponibilidade para conversar sobre o seu trabalho e o seu livro Como Desenvolver o Pensamento Crítico das crianças.

Referência

Sousa, J. R. (2025). Como desenvolver o pensamento crítico das crianças: Parar, pensar, escutar, dialogar. Manuscrito Editora.

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Seg | 23.06.25

Teaching Compass da OCDE: uma nova bússola para a profissão docente

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Consolidar o papel estratégico das bibliotecas escolares

O Teaching Compass: Reimagining Teachers as Agents of Curriculum Change [1] é um documento publicado pela OCDE, em maio de 2025, que visa apoiar os sistemas educativos na redefinição do papel do professor nos tempos atuais. Surge como complemento ao Learning Compass 2030 [2], o qual se centra nos alunos, oferecendo agora um enquadramento para o desenvolvimento da profissão docente.

Trata-se de uma proposta conceptual que reconhece os professores como agentes ativos de transformação curricular e social, com responsabilidade partilhada na construção de futuros desejáveis. O Teaching Compass afirma-se como uma bússola ética e estratégica, convocando valores, competências e condições necessárias para que os professores possam liderar mudanças significativas, colaborativas e sustentáveis.

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O documento organiza-se em torno de seis áreas fundamentais de desenvolvimento profissional, profundamente interligadas, que dão forma a uma visão integrada da docência. A seguir, desenvolvem-se estes eixos, relacionando-os com o Quadro Estratégico da RBE [3], com o trabalho das bibliotecas escolares e com o modo como estas podem apoiar a transformação educativa nas escolas.

1. Fazer do futuro que queremos uma realidade

A educação contemporânea deve orientar-se para objetivos mais amplos do que a mera transmissão de conteúdos. O Teaching Compass propõe que o ensino e a aprendizagem sejam guiados por uma visão partilhada de futuro, centrada em três dimensões indissociáveis: o bem-estar individual, o bem-estar coletivo e o bem-estar do planeta.

Para concretizar este futuro desejado, é essencial que os professores desenvolvam a capacidade de agir com intenção, refletir sobre o presente e antecipar desafios. Esta abordagem está em sintonia com o trabalho das bibliotecas escolares, que promovem o pensamento crítico, a participação cidadã e a consciencialização ambiental.

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O Quadro Estratégico da RBE sublinha que as bibliotecas escolares devem ser espaços promotores de uma educação para os direitos humanos, da cidadania democrática e da sustentabilidade.

Nas escolas, as bibliotecas podem desempenhar um papel estruturante ao dinamizarem projetos que combinem leitura, investigação e ação com propósito — contribuindo, assim, para uma cultura educativa orientada por valores e por objetivos globais.

2. Ancorar a prática numa identidade profissional sólida

O Teaching Compass coloca a identidade profissional dos professores no centro da transformação educativa. Ser professor não se resume a executar tarefas técnicas ou cumprir metas externas. Envolve um sentido de missão, uma consciência ética e a pertença a uma comunidade de prática.

O documento destaca três dimensões:

  • Ser (Being): ser autêntico, íntegro e coerente com valores pessoais;
  • Pertencer (Belonging): sentir-se parte de uma cultura escolar colaborativa;
  • Tornar-se (Becoming): estar comprometido com a aprendizagem ao longo da vida.

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O Quadro Estratégico da RBE aposta no reforço da identidade e da formação contínua dos professores bibliotecários, enquanto profissionais especializados que planeiam, implementam e avaliam serviços de apoio à aprendizagem.

As bibliotecas escolares são espaços privilegiados de pertença e desenvolvimento profissional. Ao articularem-se com todas as estruturas e docentes da escola, contribuem para o reforço da identidade docente e para a consolidação de comunidades de prática reflexiva.

3. Agência docente para liderar a mudança curricular

A agência docente é a capacidade de agir intencionalmente, de influenciar contextos e de liderar processos de inovação pedagógica. Mais do que autonomia (que pode ser concedida ou retirada), a agência é um traço interno, sustentado por convicções, competências e sentido de responsabilidade.

O Teaching Compass defende que os professores devem ser reconhecidos como cocriadores do currículo, em parceria com os alunos, colegas, famílias e também com tecnologias emergentes, como a inteligência artificial. Isto implica um afastamento dos modelos hierárquicos e uma aposta na liderança distribuída.

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O Quadro Estratégico da RBE propõe que as bibliotecas integruem a reflexão pedagógica da escola, contribuindo para o desenvolvimento do currículo e para a inovação educativa.

As bibliotecas escolares podem potenciar a agência dos professores, funcionando como laboratórios de inovação pedagógica, espaços de experimentação curricular e pontos de articulação entre os diferentes atores educativos. Ao promoverem projetos interdisciplinares e centrados nos alunos, contribuem para que os docentes exerçam a sua agência de forma significativa.

4. Competências para navegar na complexidade

Ser professor hoje é lidar com uma realidade em constante mudança. Os desafios não são simples nem isolados: exigem pensamento sistémico, articulação entre áreas do saber, sensibilidade intercultural e literacia digital.

O Teaching Compass propõe uma visão integrada da competência profissional, que combina:

  • conhecimentos (disciplinares, pedagógicos, epistemológicos),
  • capacidades (cognitivas, metacognitivas, socioemocionais),
  • atitudes e valores (ética, empatia, responsabilidade).

Esta mobilização integrada é fundamental para enfrentar questões como as alterações climáticas, a desinformação, a inteligência artificial ou a inclusão.

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O Quadro Estratégico da RBE identifica como missão das bibliotecas escolares formar leitores críticos, autónomos e criativos e garantir o acesso, avaliação crítica e uso da informação e dos média, enfatizando assim a necessidade de mobilizar saberes integrados para responder a desafios complexos.

As bibliotecas escolares são espaços ideais para desenvolver estas competências. Promovem práticas baseadas na interdisciplinaridade, no acesso à informação qualificada e na construção crítica do conhecimento. Com recursos diversificados e projetos centrados na realidade dos alunos, ajudam a transformar a complexidade em oportunidades de aprendizagem.

5. Bem-estar para uma profissão sustentável

O bem-estar dos professores é condição para o sucesso educativo. O documento da OCDE afirma que não é possível pedir inovação, compromisso e liderança se os docentes estiverem exaustos, desmotivados ou isolados.

O bem-estar docente é apresentado como um equilíbrio entre:

  • condições organizacionais (ambiente de trabalho, carga horária, apoio institucional),
  • fatores relacionais (colaboração, confiança, cultura de apoio),
  • práticas individuais (autocuidado, sentido de propósito, gestão emocional).

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O Quadro Estratégico da RBE reforça a importância da biblioteca como um espaço de acolhimento, segurança e colaboração, com impactos no ambiente escolar e na qualidade das relações profissionais.

As bibliotecas escolares podem contribuir ativamente para a construção de ambientes de trabalho mais saudáveis e significativos. Através de uma cultura de acolhimento, de partilha e de valorização do saber, ajudam a reforçar os laços profissionais e a reduzir o isolamento. Quando integradas nas dinâmicas da escola, funcionam como espaços seguros e inspiradores para o exercício da profissão.

6. Professores como parte de ecossistemas de aprendizagem

A educação do futuro é um esforço coletivo. O Teaching Compass defende uma lógica de ecossistema: escolas que trabalham em articulação com famílias, comunidades, municípios, universidades, redes e… naturalmente, bibliotecas.

Os professores não são ilhas. São nós numa rede de saberes, práticas e relações. Para isso, é necessário investir na criação de estruturas colaborativas sustentadas, na valorização do trabalho em equipa e na abertura ao exterior.

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O Quadro Estratégico da RBE valoriza as redes de colaboração local e nacional, o trabalho interprofissional e a relação com as autarquias e outros parceiros culturais e educativos.

A Rede de Bibliotecas Escolares constitui, por definição, um ecossistema colaborativo. Ao trabalhar em articulação com diferentes agentes e ao promover projetos de impacto local e nacional, a biblioteca escolar afirma-se como uma peça-chave na construção de escolas abertas, colaborativas e orientadas para o bem comum.

Uma bússola ética, profissional e estratégica

Sendo um documento de apoio, O Teaching Compass não dita o caminho, mas ajuda a orientá-lo. Oferece uma linguagem comum, um conjunto de princípios e uma ambição: que os professores sejam reconhecidos, capacitados e acompanhados como protagonistas de uma educação transformadora.

O Teaching Compass e o Quadro Estratégico da RBE convergem na perspetiva transformadora e humanista da educação, ocupando as bibliotecas escolares um lugar central no desenvolvimento de ambientes de aprendizagem colaborativos, éticos e orientados para o futuro.

Para as bibliotecas escolares, este documento representa uma oportunidade para reforçar o seu papel como espaços estratégicos de desenvolvimento profissional, inovação pedagógica e promoção de uma cultura de bem-estar, responsabilidade e cidadania.

Referências

  1. OECD. (2025). Teaching Compass: Reimagining teachers as agents of curriculum change. OECD Publishing.
    https://www.oecd.org/en/publications/oecd-teaching-compass_8297a24a-en.html
  2. OECD. (2020). OECD Learning Compass 2030: A series of concept notes. OECD Publishing.
    https://www.oecd.org/education/2030-project/teaching-and-learning/learning/learning-compass-2030/
  3. Rede de Bibliotecas Escolares. (2021). Bibliotecas Escolares: presentes para o futuro. Programa Rede de Bibliotecas. Escolares: Quadro estratégico: 2021-2027. https://rbe.mec.pt/np4/file/890/qe__21.27.pdf

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Sex | 20.06.25

Concurso interconcelhio de leitura expressiva “Leituras na Planície”

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No passado dia 14 de maio de 2025, a cidade de Évora acolheu a final da edição de 2025 do concurso interconcelhio de leitura expressiva “Leituras na Planície”, um evento que celebrou o talento e a paixão pela leitura dos jovens alentejanos. A Biblioteca Pública de Évora foi o palco desta iniciativa, que reuniu 36 finalistas provenientes de agrupamentos de escolas do Alentejo.

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O concurso “Leituras na Planície” tem como objetivo, entre outros, promover o gosto pela leitura e incentivar o contacto com os livros. A iniciativa decorre em fases diferentes: os alunos são selecionados primeiro, a nível de escola, e depois conclui-se com a prova presencial na Biblioteca Pública de Évora.

Na edição deste ano, a qualidade das leituras apresentadas pelos finalistas foi notável, tornando a tarefa do júri particularmente desafiante. O júri foi constituído por representantes da Rede de Bibliotecas Escolares, DGEstE-DSRA, Câmara Municipal de Évora, Câmara Municipal de Redondo, Câmara Municipal de Montemor-o-Novo e Fundação José Saramago.

IMG_3996 - Fátima Manuel Caeiro Bonzinho.jpegPara além das provas de leitura, o evento proporcionou momentos de convívio e atividades culturais proporcionadas pelos alunos do 2º ano e Clube Poetas Vivos do Agrupamento Escolas de Portel, pelo grupo coral da EB de Santa Clara – Évora, pela Biblioteca Pública de Évora e pelo Equipa do Roteiro Literário Levantado do Chão.

A edição de 2025 do Concurso “Leituras na Planície” reafirmou o compromisso das bibliotecas escolares e dos professores bibliotecários na promoção da leitura e no desenvolvimento das competências dos alunos. Parabéns a todos os participantes e organizadores por mais uma edição memorável deste concurso.

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Qua | 18.06.25

Do Livro ao Microfone

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Como “A Voz da Escola” Dá Vida às Palavras – AE Pinhel

O projeto da rádio “A Voz da Escola”, do Agrupamento de Escolas de Pinhel, surgiu em 2010 e, desde então, tem vindo a chegar ao público quinzenalmente, em direto, através da rádio local (Rádio Elmo). Trata-se de um projeto globalizante, que abrange todos os níveis de ensino do agrupamento e envolve, de forma profunda, muitos alunos e professores, e, ocasionalmente, também pais e personalidades locais.

Na sua génese, para além da vontade de divulgar o que de melhor se faz no agrupamento e de fortalecer a articulação com a comunidade educativa, esteve – sobretudo – a preocupação com a promoção e o desenvolvimento de competências dos alunos, nomeadamente no domínio da leitura e da literacia dos média.

Em 2019, o Agrupamento teve uma candidatura de Ideias com Mérito da Rede de Bibliotecas Escolares aprovada, no âmbito da rádio escolar, com o título: "PodCast`Elo de Pinhel". De entre as várias ações desenvolvidas nesse projeto, destaca-se a continuidade até à atualidade da realização de gravações e podcasts, que podem ser ouvidos através da ligação: A Voz da Escola no Spotify

A leitura em voz alta de textos de diversos formatos na rádio contribui, de forma evidente, para o treino do ritmo, da entoação, da articulação verbal e da expressão oral. Ler para os ouvintes reforça a confiança, a autoestima e a capacidade de concentração. Estimula o gosto pela leitura, a vontade de aperfeiçoar as técnicas de leitura e o enriquecimento do vocabulário. Acreditamos que esta prática aumenta a motivação e o interesse de crianças e adolescentes pelos livros e, ao mesmo tempo, melhora o pensamento crítico e a fluência leitora.

Com o programa de rádio, pretende-se também estimular aprendizagens no âmbito da literacia da informação e dos média, desafiando os alunos a produzirem conteúdos mediáticos de forma criativa e reflexiva.

A título de exemplo, destacamos a dinâmica de um dos mais recentes programas, transmitido no dia 2 de maio de 2025. A emissão, realizada a partir do estúdio da Rádio Elmo, foi conduzida por cinco alunos do ensino secundário e do 3.º ciclo, que, seguindo o guião, interagiram com colegas e professores presentes em estúdio. Para além da transmissão em direto, foram ouvidas gravações de podcasts realizados por alunos do 5.º ano, com leituras, pesquisas sobre castelos e a sociedade medieval, numa articulação com as disciplinas de Português e História e Geografia de Portugal.

Outros alunos contribuíram para o programa gravando entrevistas a personalidades locais e a convidados externos, no âmbito de uma palestra sobre o 25 de Abril, numa parceria com a disciplina de Filosofia.

Houve ainda espaço para a poesia, com a participação especial de dois alunos imigrantes, oriundos da Síria e da Índia, que gravaram a leitura de poemas de Fernando Pessoa e Eugénio de Andrade, promovendo assim a inclusão real e efetiva destes alunos.

Foram também destacados outros autores e obras, como Luís Vaz de Camões (vida e obra), Manuel António Pina, Alice Vieira, Alexandre Herculano e Sophia de Mello Breyner Andresen.

O programa divulgou ainda o Espetáculo Poético e Musical, preparado por professores e alunos para a Feira do Livro do Município de Pinhel, que se realizou no dia 15 do mesmo mês, convidando todos os ouvintes a estarem presentes.

O programa foi enriquecido pela participação das crianças da educação pré-escolar e dos 1.º e 2.º ciclos, que, sob a orientação dos seus professores de Educação Musical, interpretaram belas canções. A gravação do programa pode ser ouvida online, nas páginas oficiais do Agrupamento.

Esta ação insere-se também no âmbito do programa aLer mais e Melhor, promovido pela Rede de Bibliotecas Escolares, que visa reforçar a leitura como prática social e cultural, fomentando hábitos de leitura e a formação de leitores críticos e autónomos. Através das leituras na rádio e das produções sonoras, o Agrupamento de Escolas de Pinhel contribui ativamente para este objetivo, articulando a leitura com a oralidade, o pensamento crítico e a cidadania, e consolidando o papel da biblioteca escolar como promotora de literacia e de aprendizagens significativas.

Este projeto está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), nomeadamente o ODS 4 – Educação de Qualidade, ao promover uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade para todos os alunos, e o ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Eficazes, ao fomentar a participação ativa dos jovens na comunidade, o respeito pela diversidade e a liberdade de expressão. Também contribui para o ODS 10 – Redução das Desigualdades, ao valorizar a voz de todos os alunos, independentemente da sua origem, e ao promover a inclusão de alunos imigrantes e de diferentes culturas, através da leitura e da partilha de saberes.

Como dizia Paulo Freire, "A leitura do mundo precede a leitura da palavra". Neste projeto, acreditamos que dar voz aos alunos é, também, dar-lhes o mundo. [1]

Referência

[1] Freire, P. (1981). A Importância do ato de ler. Trabalho apresentado na abertura do Congresso Brasileiro de Leitura, realizado em Campinas, em novembro de 1981. https://educacaointegral.org.br/wp-content/uploads/2014/10/importancia_ato_ler.pdf 

Bibliotecas do Agrupamento de Escolas de Pinhel

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Ter | 17.06.25

Biblioteca Escolar… OLHARES

por Maria do Carmo Pereira, Diretora do AE Professor Abel Salazar - Guimarães

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«antes de ser “biblioteca”, a biblioteca é “escola” […] Sendo escola, a biblioteca deve ser simultaneamente dinamizadora e integradora das “agendas” da própria escola […] deve fazer parte do tecido da escola, servir as suas necessidades, aperceber-se das suas idiossincrasias, ser mais um instrumento de execução do seu Projeto Educativo.» (Rebelo, 2005)  

As Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas Professor Abel Salazar - Guimarães (AEPAS) assumem-se não apenas como um espaço físico de leitura e consulta, mas como um verdadeiro motor de dinamização pedagógica e cultural. Na biblioteca, todos têm atenção e apoio, todos têm livros, computadores, tablets, enfim, todos têm um mundo de oportunidades! As bibliotecas são, por isso, o ponto de partida para as múltiplas formas de crescer, o que sublinha a sua essência educativa e a sua missão integradora no contexto escolar. São, igualmente, espaços de inclusão, criatividade e cidadania: permitem o acesso equitativo ao conhecimento e fomentam valores como o respeito, a partilha e a responsabilidade.

Ciente da sua importância e da função que desempenham, importa alocar a estes espaços recursos humanos, com formação em áreas diferenciadas, de forma a permitir o desenvolvimento de projetos inovadores e, simultaneamente, transformadores por se integrarem na agenda e ethos da escola. Os constantes desafios que a Escola enfrenta têm, na Biblioteca Escolar, um parceiro privilegiado, porque «antes de ser “biblioteca”, a biblioteca é “escola”», ao ser escola, a biblioteca é um espaço vivo, integrador das diversas dimensões do currículo e um instrumento privilegiado de concretização do Projeto Educativo do Agrupamento. 

Exemplo disso são os diversos projetos que se encontram em desenvolvimento por iniciativa da Biblioteca Escolar do AEPAS, tendo como objetivo promover o gosto pela leitura, o desenvolvimento da(s) literacia(s) (leitura, informação científica, digital e mediática) e o pensamento crítico. De todos, destaco O Cientista vai à escola… em implementação na educação pré-escolar, que consiste numa abordagem lúdica das ciências experimentais, em contexto de sala de aula, a partir da leitura de textos de obras do PNL, de pequenas histórias ou momentos de aprendizagem, mas que na opinião dos intervenientes promovem os princípios básicos do projeto. As aprendizagens que as crianças realizam nestas circunstâncias decorrem principalmente da ação e da manipulação; o Projeto Musicar, em implementação no 1.º e 2.º anos de escolaridade e em articulação com a Subcoordenação de Educação Musical, que, em contexto escolar, promove o gosto e o estudo da música e da leitura, estimulando nos alunos o apreço pela expressão artística, pelo trabalho colaborativo e pelo desenvolvimento da sua desinibição; A Biblioteca bate à porta, Lê e dá a LER que assume um papel fundamental na promoção do prazer da leitura, ao aproximar, de forma envolvente, os livros dos alunos, incentivando a partilha, a curiosidade e o desenvolvimento de hábitos de leitura -  é, por isso, um convite mágico ao mundo dos livros, onde cada leitura abre janelas à imaginação e acende o brilho do saber nos olhos dos nossos alunos; os Clubes de Leitura, em implementação no 2.º e 3.º ciclos, espaços de partilha, reflexão e prazer pela leitura que promovem o pensamento crítico, a expressão oral e o envolvimento ativo dos alunos no universo literário; À conversa com… escritores, ilustradores e outros palestrantes que incentivam o diálogo, o pensamento crítico e o enriquecimento cultural dos nossos alunos.

E tantos outros exemplos dinamizados em articulação com as diferentes estruturas de orientação educativa para apoio ao desenvolvimento curricular…

O sucesso destas iniciativas assenta no envolvimento ativo da equipa e de toda a comunidade, que, em conjunto, transformam a biblioteca num espaço de partilha, aprendizagem e crescimento cultural, o que lhe confere centralidade no processo educativo.

Realço, ainda, o trabalho desenvolvido em colaboração com a Biblioteca Municipal e outras instituições em projetos concelhios (Instantes criativos; Convence-me, Festa da Leitura do Ave; Soletrar C,…), bem como o envolvimento e reconhecimento de projetos e candidaturas a nível nacional - aLer mais e melhor; bePlan23, 10 Minutos a Ler, (re)criar a BE, Clubes de Leitura nas Escolas (CLE),

Em suma, a Biblioteca Escolar veicula os valores defendidos pelo AEPAS. A valorização e o investimento na Biblioteca Escolar são decisivos para garantir uma educação de qualidade, equitativa e adaptada aos desafios do século XXI. A Biblioteca Escolar é uma celebração dos diferentes modos de ver, sentir e viver este espaço integrador. 

Quando olhamos a Biblioteca percebemos que nela cabem todos os mundos — o real e o imaginário, o passado e o futuro, o saber e o sentir. Cada olhar é um convite a viver a Biblioteca — e nela, a escola inteira.  

Maria do Carmo Pereira, Diretora
Agrupamento de Escolas Professor Abel Salazar - Guimarães

 

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Seg | 16.06.25

Tempo de Imaginar… com Rosário Alçada Araújo

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O Agrupamento de Escolas de Vendas Novas continua a ler mais e melhor!

A leitura é fundamental para o acesso ao saber, estruturando o pensamento e melhorando a compreensão e expressão. As escolas devem promover a leitura como parte central dos seus projetos educativos, incentivando hábitos de leitura logo, uma escola que lê mais e melhor, acredita que a leitura está no centro de todas as aprendizagens.

Ler não é apenas uma competência – é uma condição essencial para o sucesso pessoal, académico e social dos alunos. Deste modo, o programa “ALer mais e melhor”, é um compromisso coletivo com a leitura, sendo eixo estruturante do projeto educativo do Agrupamento de Vendas Novas.

Recordemos aqui os princípios gerais deste programa:

- Reconhecer a leitura como suporte de todas as aprendizagens, potenciadora do pensamento crítico, da criatividade e da autonomia;

- Assumir que promover o gosto pela leitura e desenvolver competências leitoras são tarefas partilhadas por toda a comunidade educativa — professores, bibliotecários, famílias e parceiros locais;

- Desenhar e implementar um programa de leitura com objetivos definidos, alinhado com os valores e metas do projeto educativo da escola ou agrupamento;

- Avaliar e monitorizar continuamente as práticas, os projetos e os impactos da promoção da leitura, garantindo a sua eficácia e sustentabilidade.

O programa baseia-se em pressupostos metodológicos claros, que garantem a sua coerência e relevância:

  • Envolver todos os níveis de escolaridade, da Educação Pré-Escolar ao Ensino Secundário, promovendo um percurso leitor contínuo e articulado;
  • Ser um programa sistemático e consistente, evitando ações pontuais e promovendo hábitos de leitura sustentados;
  • Valorizar a interdependência entre leitura, escrita e oralidade, compreendendo que estas dimensões se fortalecem mutuamente;
  • Assentar em metodologias ativas, nas quais os alunos são protagonistas das experiências leitoras — lêem, criam, apresentam, questionam;
  • Ser fruto de trabalho colaborativo entre professores, bibliotecas escolares, técnicos, alunos, famílias e comunidade;
  • Integrar-se naturalmente nas diferentes áreas do currículo, dando sentido à leitura em contexto disciplinar;
  • Envolver toda a comunidade educativa, promovendo momentos de partilha, celebração e envolvimento intergeracional;
  • Explorar o potencial das tecnologias e dos ambientes digitais, alargando os horizontes e as formas de leitura.

Uma escola que lê mais e melhor é uma escola que acredita no poder da palavra, que forma cidadãos críticos, leitores autónomos e aprendentes ao longo da vida.

No Agrupamento de Escolas de Vendas Novas, toda a comunidade trabalha em prol de uma cultura leitora. Este ano, mais uma vez, e no âmbito do nosso programa A Ler Mais e Melhor, demos vida a um Projeto de Leitura de Agrupamento, que envolveu toda a comunidade educativa, desde a Educação Pré-Escolar até ao Ensino Secundário.

Uma verdadeira viagem pelo imaginário literário, que teve como protagonista a escritora Rosário Alçada Araújo.

Sob o mote “Tempo de Imaginar”, este projeto, uma das atividades mais importantes no projeto A Ler Mais e Melhor, revelou o que de melhor sabemos fazer: articular leitura, criatividade e currículo, com um trabalho conjunto entre professores e Bibliotecas Escolares. Ao todo, foram cerca de 680 alunos envolvidos, num percurso que cruzou áreas disciplinares, promoveu competências e reforçou o prazer de ler.

A partir de um plano bem estruturado e aprovado em Conselho Pedagógico, as Bibliotecas Escolares deram o pontapé de saída, disponibilizando às turmas um conjunto de obras da autora, cuidadosamente selecionadas. Depois disso, a imaginação tomou conta das salas de aula… e não só! Durante várias semanas, foram dinamizadas feiras do livro, sessões de leitura e escrita criativa, ateliês, programas de rádio, exposições, atividades com famílias e até parcerias com entidades locais como a Autarquia, Biblioteca e Auditório Municipais, Rádio Granada e a Editora Leya. Tudo pensado para envolver, motivar e expandir horizontes.

O momento alto chegou no dia 20 de fevereiro, quando recebemos, com casa cheia e muita emoção, a escritora Rosário Alçada Araújo no Auditório Municipal. Três sessões marcadas por apresentações vibrantes dos alunos, partilhas inspiradoras da autora, sessões de autógrafos e uma exposição de trabalhos criativos, que permaneceu aberta ao público durante duas semanas.

Mais do que um evento, este projeto foi a prova de que quando se trabalha em conjunto — bibliotecas, professores, alunos e famílias —, a leitura transforma-se numa experiência rica, transversal e significativa.

O Agrupamento de Escolas de Vendas Novas é, sem dúvida, um agrupamento que lê mais, lê melhor e cultiva, todos os dias, o gosto pelos livros e pela imaginação.

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