No dia 5 de junho, decorre o II Colóquio Internacional: Maré de Histórias, organizado pela AJUDARIS, em parceria com o Centro de Formação Guilhermina Suggia.
O colóquio vai realizar-se através da plataforma zoom e congregará representantes das áreas que se cruzam com os princípios e os objetivos da AJUDARIS: a intervenção científico-pedagógica, a formação cívica, o empreendedorismo social e a ação mediática.
Consulte o programa. Ficha de inscrição disponível aqui.
Articulando escola, meio e património local, o projeto (En)Cont@-me traz personalidades do meio para falar dos mais diversos temas. À medida que a conversa decorre, um ilustrador vai acompanhando o que se diz plasmando-o a carvão sobre papel de cenário.
No dia 9 de maio de 2018, decorreu O dia da Europa - O contrabando de outros dias que lembrou “o Portugal sem fronteiras” dos anos 60 do século passado, quando o contrabando era o dia a dia. Convidámos Amílcar Silva e José Manuel Campos que vivenciaram esta atividade nos anos 60 em Raia (Guarda), linha que divide os territórios da República Portuguesa e do Reino de Espanha.
Pudemos ouvir histórias dos carabineiros, dos contrabandistas, da troca de castanhas por azeitonas, dos carregos ou cargas de tabaco e café, do contrabando de azeite, que se fazia em larga escala em odres, e dos passadores. Um dos maiores passadores de Raia foi António Salsa. Ficámos, ainda, a saber que existiam grupos organizados que faziam o contrabando de açúcar, cereais, tabaco e café por azeite, guloseimas, tecidos e sapatos. Tudo vinha de Espanha. O leite era vendido às espanholas, mas era misturado com água.
No decurso da sessão, ficou expresso na tela, de forma muito realista, as vivências relatadas pelos convidados.
LeiArte é um projeto da biblioteca ligado à comunidade local: escola de dança e profissional, academia de música, associações culturais e grupos de teatro, poesia e música/ coro.
Dele faz parte Leituras de (En)canto, encontro de leitura trimestral temático, em que se associa a leitura de diferentes géneros literários à música, canto, dança e representação teatral, envolvendo crianças e alunos, do pré-escolar ao ensino secundário, docentes, assistentes técnicos e operacionais, famílias e parceiros. Com a pandemia Leituras de (En)canto transformou-se no mural digital Leituras que Marcam.
Professora bibliotecária Ana Lídia Lopes
Abordagem à Arte com livro
Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas Gualdim Pais, Pombal: 4.º ano do Ensino Básico
Hora do Conto com o livro O urso que viu o homem que viu a arte de Riff, editora Pastel, que aborda a forma como cada um vê a arte de forma humorada, tornando simples um tema complexo.
No final da leitura, numa conversa animada e muito interativa com os alunos, a professora bibliotecária fez uma breve abordagem a cada obra de arte referida no livro, explicando-a nos seus aspetos formais e técnicos, e contextualizando-a na época, movimento artístico e autor.
No final, houve tempo para verem um excerto do filme Os homens preferem as loiras, dando a conhecer a atriz Marilyn Monroe, tema da última obra apresentada no livro Marilyn de Andy Warhol (1962).
Passo 2: Reprodução das obras de arte
Nas Horas do Conto seguintes, ao longo do segundo período, os alunos meteram mãos à obra e reproduziram, em grupo, as várias obras de arte mostradas no livro, em cartolina de cor. Nem queriam acreditar no quão bonitas ficaram as suas reproduções!
Professora bibliotecária Isabel M. Vaz Belchior
O nosso azul
Agrupamento de Escolas João de Deus, Faro - Conceção: 11.º 17 do Curso Profissional Técnico de Comunicação e 11.º H do curso de Artes Visuais; Colaboração: 11.º 16, 10.º 19 e todas as turmas dos 5.º, 6.º e 9.º anos da Escola Básica Santo António deste Agrupamento de Escolas.
No ano letivo 2016/ 2017, no âmbito do projeto Os caminhos do azul na Europa, Programa Erasmus+, docentes e alunos de vários níveis de ensino trabalharam em conjunto com a biblioteca escolar com o propósito de aprofundar o conhecimento do património cultural e natural da região/ país, a partir da cor AZUL, numa perspetiva de partilha de saberes e cooperação intercultural entre países da Europa.
Criamos a exposição/ percurso O nosso Azul para mostrar trabalhos multidisciplinares realizados em áreas artísticas pelas turmas organizadoras e toda a comunidade escolar:
- Pontos Lúcidos, instalação multimédia interativa, criada a partir da tecnologia Kinect, que utiliza como imagem projetada, o poema O céu azul de luz quieta, de Fernando Pessoa, estudado na disciplina de Língua Portuguesa, em parceria com a biblioteca;
- Escultura Disco de Newton, resultante de experiências de Físico-Química com vários pigmentos e reagentes;
- Animação em Stop Motion com ilustrações realizadas pelos alunos em Multimédia.
- Azulejos pintados por alunos do 3.º ciclo;
- Ilustrações científicas de animais da Ria Formosa por alunos do 2.º e 3.º ciclos;
- Escultura Manequim;
- Instalação luminosa de pássaros de papel com técnica origami, realizada numa oficina que alunos do secundário proporcionaram aos alunos do 2.º ciclo;
- Micro contos concebidos em oficinas de escrita criativa com o escritor Fernando Guerreiro;
- Poemas visuais pintados nos vidros da escola, articulação de Português e Desenho.
Com a exposição montada, surgiu a vontade de a mostrar de forma criativa. Alunos, em articulação com atores do grupo de teatro Acta, a biblioteca escolar e docentes traçaram um percurso criativo para os visitantes. Os objetos ganharam vida, cada um com uma história, contada por personagens que nasceram da necessidade de dar voz a cada recanto deste espaço.
400 pessoas vivenciaram o trajeto da exposição com início na sala azul, onde ouviram as histórias das várias obras, visitaram os corredores da escola com os vidros decorados com poemas visuais e acabaram numa oficina onde eram convidados a explorar física e musicalmente o poema de Fernando Pessoa.
Este ano letivo decorre a segunda edição do concurso Fotografar a Matemática, promovido pelos docentes de Matemática e Educação Visual, em colaboração com as bibliotecas escolares do Agrupamento de Escolas. As fotografias podem ser entregues até final de dezembro de 2021 e os resultados serão conhecidos a 14 de março de 2022, Dia Internacional da Matemática.
Pretende-se, através da fotografia, sensibilizar a população do concelho de Elvas para observar o meio envolvente e associar os conceitos matemáticos aplicáveis a cada situação, incentivando competências técnicas e criatividade na fotografia digital e explorar um tema: no ano letivo 2019/ 2020, A Matemática está em toda a parte e em 2021/ 2021,Matemática e património material e cultural.
A participação, aberta a toda a comunidade do concelho, pode ser feita levando a concurso uma ou mais fotografias, em formato digital, com uma legenda que faça referência a um conceito matemático óbvio ou implícito na fotografia e a indicação do elemento fotografado, bem como local ou proveniência.
O concurso organiza-se em quatro categorias - alunos do 1.º ciclo do Ensino Básico, do 2.º e 3.º Ciclos, Ensino Secundário e Adultos – e em todas há prémios para os três melhores classificados, num trabalho de seleção de um júri de cinco elementos, dois deles Rui Coelho e Nuno Veiga, fotógrafos profissionais. No ano passado, o concurso foi desenvolvido em parceria com o Museu Municipal de Fotografia João Carpinteiro, no qual foram expostas as fotografias premiadas.
Em 2019, no projeto À volta dum livro, a professora bibliotecária fez leitura animada da história A manta, de Isabel Milhós Martins junto de todas as crianças.
Foi solicitado que cada criança trouxesse de casa um retalho de tecido com 15x15 cm, com os quais foi confecionada uma manta, por uma assistente operacional. Esta atividade contou, ainda, com a presença de 30 avós e familiares que vieram à escola contar histórias sobre pedacinhos de tecido com significado para a família e com a visita da autora Isabel Minhós Martins.
Os alunos fizeram trabalhos de pesquisa sobre vários tipos de tecido e, com a colaboração da família, realizaram trabalhos de expressões com tecidos e mediram a área e perímetro da manta.
No final, a manta visitou cada jardim e escola do 1.º ciclo para piqueniques.
Professora bibliotecária Sandra Lopes
Encontro de Escritores do Minho
Escola Secundária D. Maria II do Agrupamento de Escolas D. Maria II, Braga
Trata-se de uma atividade que desde o segundo ano de existência, 2013/ 2014, integra o plano anual de atividades da rede concelhia de bibliotecas de Braga, alargando-se a todos os agrupamentos de escolas deste território.
Desenvolve a literacia de leitura a partir do estudo de autores da terra. Camilo Castelo Branco, Maria Ondina Braga, Sebastião Alba, Vergílio Alberto Vieira, Maria do Céu Nogueira, Pedro Soromenho e António Variações foram os escritores trabalhados.
Em cada ano letivo há uma escola/ agrupamento anfitrião que propõe o escritor a trabalhar e coordena as atividades: exposições, dramatizações, debates, atribuição de prémios….
O Agrupamento de Escola D. Maria II foi anfitrião do poeta Sebastião Alba no ano letivo 2014/ 2015. Procedeu ao levantamento da sua vida e obra, contacto com familiares, amigos, espaços…, criação de painéis biobibliográficos, cartazes, exposições (de objetos do autor, fotografias, trabalhos dos alunos…), concursos de leitura/ escrita e ilustração, dramatizações, parceria com BragaCult - Companhia de Teatro de Braga que desenvolveu, semanalmente oficina de leitura, sessão noturna na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva com convidados especialistas e momento de tertúlia/ debate.
Conte. Connosco é um grupo de narração oral da Escola que surgiu para preservar e valorizar a tradição oral local e nacional, dotando os jovens de competências de oralidade, autoconfiança para apresentações em público, imaginação e criatividade, sensibilidade estética e artística e relacionamento interpessoal (empatia, tolerância, partilha, solidariedade, etc.).
Criado por grupo de pessoas que adora ouvir e contar histórias, recolheu histórias do imaginário local e nacional e cada um escolhe a história que mais lhe agrada, leva-a para casa e aprende-a.
Encontra-se uma vez por semana para aprender a ler com fluência, usar o ritmo, tom e entoação, colocar a voz. O verdadeiro desafio é ver como a insegurança vai dando lugar à fluência, autonomia e expressividade.
Tem sido um caminho percorrido por alunos, professores e funcionários da Escola que tem 11 anos.
Onde contamos? Na escola, em várias sessões por ano - Mês das Bibliotecas Escolares, Semana da Leitura, Dia da Narração Oral, Festas de Natal …, noutras escolas e jardins de infância, lares de terceira idade, centros de dia e diversos espaços e eventos públicos, como jardins, cafés, livrarias…, para onde quer que nos convidem e nos possamos deslocar. Palavras Andarilhas, Estafeta de Contos e Mil e Uma Noites, Mil e Uma Histórias são iniciativas da Biblioteca Municipal em que participamos amiúde.
O Conte Connosco é um espaço de convívio e aprendizagem extraordinário!
Professora bibliotecária Maria Polaco
Bookmark Exchange Projet
Escola Básica e Secundária Rainha Dona Leonor de Lencastre, Sintra.
No contexto da comemoração do Mês Internacional das Bibliotecas Escolares 2020, participámos com o 5.º ano na iniciativa Bookmark Exchange Project organizada pela IASL (International Association of School Libraries) e que consiste na troca de marcadores de livros entre escolas de diferentes países.
Criaram-se marcadores de livros, em papel, personalizados, por cada aluno, com uma ilustração e frase elaboradas em contexto disciplinar, com a presença dos profissionais da biblioteca escolar e enviaram-se, por correio, para os alunos -da Scoala Gaziala de Diosig, Roménia.
Foi um trabalho colaborativo dos professores de Português e Educação Visual, professora bibliotecária e elemento da Ludo Biblioteca Escolar de Educação Visual/ Educação pela Arte, subordinado ao tema Descobrir caminhos para a saúde e o bem-estar com a biblioteca escolar e que levou a refletir “sobre a relação entre o conhecimento e a construção de uma visão holística do ser humano no mundo” que promove a saúde e bem-estar ocupacional, emocional, físico, espiritual, intelectual e social das crianças e jovens de várias origens.
Professora bibliotecária Isabel Bravo
Burros & Livros
1.º Ciclo do Ensino Básico: EB1/ JI Serra das Minas n.º1 e EB1/ JI Mem Martins n.º 2, Sintra
Em outubro, Mês Internacional da Biblioteca Escolar, o Serviço de Bibliotecas Escolares do Agrupamento dinamiza a exposição temática temporária Burros & Livros que visa informar, construir e alargar o conhecimento a outras culturas e realidades relacionadas com as bibliotecas, como a biblioteca itinerante Biblioburro, na Colômbia, dirigida por Luis Soriano, que distribui livros a partir dos burros Alfa e Beto.
O corpo docente é convidado a visitar a exposição com os seus alunos, e é disponibilizado roteiro (com e sem respostas), desenho temático e desdobrável. São várias as propostas de exploração e visita: livre, guiada/ orientada e jogo/ estafeta.
Ler, para além dos livros escolares, é em muitos pontos do mundo um grande exercício de vontade e criatividade.
Professor bibliotecário Sílvio Maltez
Celebração do Dia Mundial dos Direitos Humanos
Escola Secundária Raul Proença, Caldas da Rainha (3.º ciclo e secundário)
As atividades de celebração de dias mundiais na biblioteca têm sempre como ponto de partida uma leitura. Em 2019 foi proposto, a uma turma de 8.º ano, o conto de Afonso Cruz, Déjeuner sur l’Herbe com Alguém a Afogar-se, da antologia Uma Terra Prometida – Contos sobre Refugiados, Ed. Oitoaoitenta.
A partir do conto, alunos e professores, integrados no Núcleo de Teatro, adaptaram e apresentaram uma peça de teatro com o título Pequeno-Almoço com Refugiados ao Fundo.
Foi proposta uma leitura de imagem a uma turma de 10.º ano de Artes: o quadro de Théodore Géricault, A Balsa da Medusa (1819). Os professores de Artes e Expressão Dramática prepararam com os alunos a recriação da imagem num quadro vivo, dando corpo, som e cenário à imagem.
Com Sandra Geada do Centro de Informação Europe Direct Oeste e Lezíria do Tejo, foi preparada conversa sobre a forma como a Europa e Portugal lidam com a questão dos refugiados, que contou com a participação de Carmo Belford, do Serviço Jesuíta aos Refugiados e Helena Lopes Franco e Daud Al Anazy, autores do livro De Mosul a Alfeizerão em 6.000 palavras, que foi apresentado.
Toda a sequência - peça de teatro, quadro vivo e conversa/ apresentação de livro - teve lugar no polivalente da escola e teve como público 126 alunos do 11.º ano e respetivos professores.
Na próxima quarta-feira, 2 de junho, a partir das 11 horas, será transmitida no site da VISÃO Júnior.
Seguindo os mesmos passos de umas eleições políticas, crianças e jovens são convidados a defenderem publicamente os seus livros preferidos (tal como acontece numa campanha eleitoral), a organizarem as eleições e a votarem.
Este ano foram 75 715 os alunos, entre o 1º e 12º anos, que votaram nos seus livros preferidos, a segunda melhor participação de sempre. A campanha eleitoral decorreu entre 22 de fevereiro até 23 de abril e o dia das eleições nacionais de Miúdos a Votos foi em 27 de abril.
Na festa final, além de revelados os livros com mais votos na eleição nacional, são apresentados alguns dos melhores trabalhos feitos pelos alunos para a campanha eleitoral, dando voz a crianças e jovens.
A festa será feita online, devido à pandemia, e será apresentada por oito alunos dos 3º e 4º anos da Escola Básica/Jardim de Infância Sacadura Cabral, na Brandoa, concelho da Amadora. Estes apresentadores participaram ativamente na campanha eleitoral de ‘Miúdos a Votos’, defendendo os livros O Beijo da Palavrinha, Não Abras Este Livro, O Lápis Mágico de Malala e O Principezinho.
Na Semana Internacional da Educação Artística (assinalada todos os anos na quarta semana de maio) remetemos para o texto da UNESCO, entidade promotora desta comemoração, em tradução livre. É difícil dizer o mesmo por melhores palavras.
“A arte, em toda a sua diversidade, é uma componente essencial de uma educação abrangente para o pleno desenvolvimento do indivíduo. Hoje em dia, as competências, os valores e os comportamentos promovidos pela educação artística são mais primordiais do que nunca. Estas competências - criatividade, colaboração e resolução imaginativa de problemas - desenvolvem a resiliência, alimentam a apreciação da diversidade cultural e a liberdade de expressão, e cultivam a inovação e as capacidades de pensamento crítico. Como um vetor de diálogo no sentido mais elevado, a arte acelera a inclusão social e a tolerância nas nossas sociedades multiculturais e interligadas.
A arte aproxima-nos. Uma pintura, um artefacto, uma peça de música ancestral falam muito da história das civilizações e dos laços que as ligam. Faz-nos sentir e compreender o que une a humanidade na diversidade das suas culturas e expressões, contribuindo assim para o nosso futuro brilhante e sustentável.
Esta consciência da arte pode ser adquirida desde tenra idade e mantida ao longo da vida. É com a convicção de que a criatividade e as artes, e a aprendizagem das mesmas, contribuem para a construção de sociedades prósperas e pacíficas que a UNESCO encoraja os seus Estados-membros a apoiar a educação artística, na escola e para além dela. A educação artística é uma chave para formar gerações capazes de reinventar o mundo que herdaram. Apoia a vitalidade das identidades culturais, enfatizando as suas ligações com outras culturas, contribuindo assim para a construção de um património comum. Ajuda a formar cidadãos tolerantes e dinâmicos para o nosso mundo globalizado.”
A inutilidade da arte é um “estribilho”. Por outro lado, a arte não é neutra e interpela sentidos e emoções. Observar, produzir e participar. Refletir sozinho e com os outros. Questionar e debater. Inquietar-se, entristecer-se e alegrar-se. Apreciar, amando ou detestando. Durante a pandemia que nos assola, temos sido testemunhas de como diferentes formas de arte trazem alívio em tempos de confinamento, paz em tempo de angústia, solidariedade em tempos de solidão. Comprovando-se uma perceção antiga e paradoxal em relação à arte nas nossas vidas, afinal como pode uma coisa que não serve para nada, ser indispensável ao ser humano?
Que diferentes expressões artísticas conhecemos? Como nos relacionamos com elas? E as que desconhecemos? Como podemos aprender mais sobre elas? A arte tem que ser bela? Todos podemos ser artistas? Todos somos criativos? Que relação existe entre a arte e o bem-estar? Este tema convida a perguntar ininterruptamente, pois cada resposta transporta em si um conjunto de novas perguntas.
A leitura mediada de livros álbum é uma oportunidade para criar um espaço/ tempo para pensar em conjunto, fazer perguntas e partilhar ideias, experiências e emoções sobre estas questões. Sugere-se um conjunto de livros que, pelas suas características textuais e gráficas, podem ser utilizados com alunos de diferentes faixas etárias.
O sonho de Mateus, de Leo Lionni, Kalandraka
Os ratos eram muito pobres, mas tinham grandes expetativas para Mateus. Quando ele crescesse, talvez viesse a ser médico. Então, teriam queijo parmesão ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar. Mas quando lhe perguntavam o que é que ele queria ser, Mateus respondia:– Não sei… Eu quero ver o mundo.
A arte como escaparate de conhecimento e cultura do mundo inteiro; como expressão de criatividade e liberdade; como caminho para transformar a realidade. (resenha da editora)
MVSEVM. Manuel Marsol e Javier Sáez Castán, Orfeu Negro
O que é um Museu?
Será um mero local de arquivo de imagens e objectos ou um espaço que todos podemos recriar em cada olhar? E será estática a nossa visão ou transformativa?
Neste álbum silencioso de Javier Sáez Castán e Manuel Marsol, dois grandes ilustradores do nosso catálogo, um misterioso museu cativa e brinca com um visitante incauto, a ponto de não o querer deixar sair. (resenha da editora)
A Sinfonia dos Animais, Dan Brown, Bertrand Editora
Nesta história, cada animal tem uma característica que o distingue e transporta um instrumento musical. Individualmente, podem não parecer muito importantes, mas em grupo tornam-se surpreendentes. Quando - conduzidos pelo Maestro Rato - se juntam numa orquestra, o resultado é uma sinfonia afinada e maravilhosa, em que todos os músicos e instrumentos se revelam imprescindíveis e se completam. (resenha da editora)
A Orquestra, Avalon Nuovo, Editora Fábula
Em bandas sonoras de cortar a respiração ou em emocionantes apresentações ao vivo, a atuação de uma orquestra é, sem dúvida, um espetáculo único. Vem conhecer alguns dos mais famosos compositores de todos os tempos, os instrumentos que constituem uma orquestra sinfónica e importantes salas de concerto que vale a pena visitar. Com ilustrações de grande qualidade, num estilo original, elegante e sóbrio, este é o livro ideal para iniciar as crianças no mundo da música. (resenha da editora)
Dança, João Fazenda, Pato Lógico
Ele quer dançar, mas o corpo não obedece; ela é leve e balança. Ele é contido e rectilíneo; ela é descontraída e voa com ritmo. Ele vive num mundo ortogonal, pesado e previsível, até descobrir que há pesos que devem ficar para trás. Prémio Nacional de Ilustração 2015 (resenha da editora)
O Livro dos Erros, Corinna Luyken, Editora Fábula
Nos desenhos, nos textos e na vida, os erros acontecem. Este livro é sobre os erros, e sobre como se podem transformar em algo melhor do que aquilo que tínhamos sonhado ou planeado. Um livro-presente para várias pessoas e situações. Tocará todos aqueles que o lerem e a história ficará na memória de todos os leitores. Mesmo os maiores «erros» podem ser a fonte das ideias mais brilhantes! (resenha da editora)
Como Ser um Explorador do Mundo: Museu de (Arte) Vida Portátil, Keri Smith, Editorial Planeta
A qualquer momento, onde quer que estejas, há centenas de coisas à tua volta que poderão ser interessantes e que vale apena registar. Explora-as! Aviso a quem comprar este livro: Se descobrires que és incapaz de usar a tua imaginação, deverás pousar este livro de imediato. Não é para ti. Ao longo dele. Ser-te-á pedido repetidamente que…suspendas a tua descrença, realizes tarefas que te farão sentir um pouco estranho, olhes para o mundo de formas que te farão pensar de uma maneira diferente, realizes experiências com regularidade e vejas objetos inanimados como vivos. (resenha Wook)
História da Imagem para Crianças,David Hockney, Martin Gayford e Rose Blake, Edicare
A história da imagem começa nas cavernas e termina, neste momento, num tablet. Quem sabe onde irá a seguir? Junta-te a David Hockney, a Martin Gayford e à ilustradora Rose Blake numa incrível e original viagem pela história da imagem. Com eles, irás descobrir uma muito ampla variedade de obras-primas, nos mais diversos formatos e suportes. Este livro abrir-te-á os olhos para um mundo repleto de imagens e para um maravilhoso despertar para a cultura visual. (resenha da editora)
Agrupamento de Escolas da Caparica: Escola Básica de Vila Nova de Caparica, Escola Básica da Costa da Caparica, Escola Básica e Secundária do Monte de Caparica - 1.º e 2.º Ciclos (turmas de 4.º e 6.º anos).
Para comemorar o 25 de abril de 2021 propusemos, durante o mês de abril, a leitura do livro O Tesouro de Manuel António Pina que fala da liberdade. Lido e explorado pelas professoras bibliotecárias, em articulação com os professores de Português, teve um dos seus momentos altos num Kahoot entre equipas de alunos.
Em articulação com diferentes disciplinas foram construídos cravos, quadras e outros trabalhos, individuais ou de grupo, sobre o 25 de abril.
No início do ano letivo, estava previsto enviar-se um convite aos avós das turmas para se deslocarem à escola e partilharem com os netos e restantes colegas a sua experiência de vida sobre o 25 de abril de 1974. Com esta atividade pretendíamos proporcionar momentos únicos de convívio e troca de experiências entre duas gerações: uma que tem muito para partilhar e ensinar e outra ávida para aprender. Devido à situação pandémica, não foi realizada, mas pretendemos desenvolvê-la no próximo ano letivo.
Num outro momento, as professoras bibliotecárias, em articulação com os professores de 1.º ciclo e diretores de turmas do 2.º ciclo, dinamizaram a atividade de Arte Postal. Na biblioteca os alunos tiveram contacto com esta arte e, a partir da obra lida, elaborar um postal explorando várias técnicas, tintas, carimbos escolares antigos, lápis, recortes…
Foram feitas várias exposições nas escolas do agrupamento, com trabalhos elaborados pelos alunos ao longo das diferentes atividades do projeto. No final, foi excelente ver os rostos felizes de todos os envolvidos celebrando a liberdade.
Professora bibliotecária Manuela Agostinho
A cor das palavras
Escola Secundária de Loulé (11.º ZD/ ZU, turma mista dos cursos profissionais de Técnico de Design Gráfico e de Técnico de Multimédia)
No âmbito da Semana da Leitura e do Projeto Municipal de Loulé - Cidade Educadora, os alunos, acompanhadas pelo professor de Português e professora bibliotecária, deslocaram-se à Casa da Primeira Infância para partilha de leituras.
Previamente, o professor de Português e alunos do 11.º ZD/ZU selecionaram a história Castorzinho Preguiçoso do livro 365 histórias de encantar e a cantiga, Vejam bem, de José Afonso.
Os alunos da nossa escola foram muito bem recebidos pelas educadoras e crianças (4 anos de idade). Num canto da sala, elas sentaram-se confortavelmente para escutar a cantiga tocada à viola por um aluno e a história lida por uma aluna.
Seguidamente, as crianças ilustraram a história com ajuda dos alunos mais velhos.
Os alunos do 11.º ano gostaram da atividade, mas a reação mais positiva foi a das crianças da Casa da Primeira Infância que ficaram muito felizes. Este diálogo entre níveis de educação e ensino promove competências essenciais para o desenvolvimento pessoal e social e quebra barreiras etárias.
Professora bibliotecária Lucília Pires
Livros de Autor
Agrupamento de Escolas Luís António Verney (turmas do 5.º ano)
Partindo de uma exposição com livros, promovi uma atividade da biblioteca escolar em parceria com as disciplinas de Educação Visual, Português e Educação para a Cidadania, em que grupos de alunos construíram livros de autor.
Na visita à exposição mostrei cada um dos livros com formatos especiais, como acordeão ou carrocel, com pop-ups, recortes, etc. Conversamos sobre o conceito de livro objeto e livro de autor e os alunos fizeram pesquisa nos computadores da biblioteca para verem exemplos de livros de autor.
Com a professora de Educação para a Cidadania foram decididos os temas que cada grupo queria abordar: racismo, crise dos refugiados; questões de género e ambientais… Nas aulas de Português foram escritos os textos, informativos e outros mais artísticos, inclusive poéticos. Comigo e a professora de Educação Visual foram realizados os livros para os quais os alunos tiveram à disposição grande variedade de materiais. As técnicas utilizadas foram variadas - desenho e pintura, recortes e colagens, pop-ups - e foram utilizadas diversas texturas e materiais - papel, tecidos, lãs, plásticos, cartões, etc.
Este é o vídeo de apresentação das obras à comunidade.
Professora bibliotecária Maria Viegas
Montra das Artes
Agrupamento de Escolas Visconde de Chanceleiros, Alenquer
No âmbito do Projeto Educativo, subordinado ao tema Aprender com Arte, Montra das Artes dá a conhecer às crianças e jovens formas de expressão artística - pintura, escultura, música, banda desenhada, cinema, fotografia – motivando-os à exploração e produção de materiais e obras variadas.
Do lançamento da ação até aos Picassos da Escola Básica de Merceana e Impressionistas do Jardim de Infância de Pereiro de Palhacana.
A biblioteca escolar tem, há dois anos, o Clube do Património, dirigido pela Professora de História Celeste Morgado, que promove o conhecimento, valorização e preservação do património local e que conta com enorme adesão de alunos.
Este clube, em articulação com as disciplinas de Expressão Plástica e Estudo do Meio e os encarregados de educação, fez pesquisas orientadas na biblioteca, sobre a época medieval (vestuário, costumes e tradições).
Este assunto é sempre motivante, uma vez que já todos participaram na Feira Medieval do Agrupamento que acontece de 3 em 3 anos.
Depois da caracterização da época, foram identificados os monumentos medievais existentes na vila e concelho e foram organizadas visitas. Alunos fotografaram estes monumentos, para posteriormente os desenhar, na totalidade ou a partir de pormenores mais apreciados.
Dado que o concelho é rico em torres medievais (Cambra, Paços de Vilharigues e Alcofra), foi lançado um concurso para envolver alunos e encarregados de educação, na reprodução 3D de uma das Torres Medievais de Vouzela. O concurso está a decorrer, mas já recebemos verdadeiras obras de arquitetura. Estas Torres irão estar temporariamente expostas no Museu Municipal de Vouzela e numa das Torres.
Partindo de textos poéticos das metas curriculares de Português, faz-se a sua exploração em diferentes vertentes de expressão artística, para se produzirem trabalhos de várias naturezas e suportes que combinem literacia verbal, visual, científica e de informação.
O primeiro contato com os poemas é feito por atividade lúdica que leva à fruição do texto. O trabalho de leitura centra-se na descoberta de sentidos, apoiada em guiões da biblioteca escolar. Numa fase final, faz-se a síntese da leitura e a partilha com o grupo turma através de apresentação oral, onde terão de decifrar e relacionar a leitura com uma obra plástica conhecida, ou trabalho plástico - pintura, livro digital, ilustração de poemas, criação de novos poemas... - criado pela biblioteca ou professor de Educação Visual.
Com o 3.º A, as poesias foram ponto de partida para jogo de versos trocados e misturados e exploração de sentidos, aprendizagens sobre verso, estrofes e rimas, até à criação de ilustrações e à montagem dos filmes de animação Stopmotion.
LeiArte é um projeto de leitura com arte, inclusive feita com açúcar, chocolate e imaginação, no âmbito da saúde oral. Realiza-se na semana do Dia da Criança, a partir dos livros:
- A Casinha de Chocolate, coleção Histórias de Encantar Pingo Doce;
- As mil cores do sorriso da Maria, Projeto SOBE – Saúde oral e bibliotecas escolares;
- O menino que detestava escovas de dentes, Zehra Hicks.
A leitura inspira o diálogo com crianças e alunos sobre alimentos que contêm, ou não, açúcar e que deverão ser ingeridos em menores quantidades, cuidados com a dentição, higiene… Eles são depois convidados a explorar a sua veia artística, dedilhando: cada um tem à sua frente um montinho de açúcar/ chocolate, colocado no centro de uma cartolina e, com um dedo, desenha o que quiser (silhuetas, figuras 3D…).
Miúdos e graúdos adoram a experiência e o complicado é resistir a não colocar o dedo açucarado na boca.
Visita de estudo à cidade do Porto, com professora bibliotecária e professores de Educação Visual e Geografia, para conhecer e apreciar in loco importantes obras de arquitetura - Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, Edifício da Vodafone, Torre dos Clérigos, Estação de S. Bento… - da Arte Urbana – instalações She Changes e Eclipse, escultura Treze a rir uns dos outros, mural Steak 'n Shake… - e observar a paisagem urbana, suas características, funções e problemas. Foram também realizadas três visitas guiadas: Casa da Música, Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Exposição de Joan Miró, Materialidade e Metamorfose.
Antecipadamente, os alunos realizaram na biblioteca escolar sessões de pesquisa de informação, com base no acervo da biblioteca e sítios de referência, bem como itinerários virtuais, usando a ferramenta digital Tour Builder.
Professora bibliotecária Paula Sofia Carvalho
O mar... e outras histórias
Agrupamento de Escolas da Moita: Pré-escolar, Ensino Básico e Secundário
Exploração científica, cultural e artística do tema do Mar com base na realização de trabalhos escritos; concurso de fotografia; criação e encenação de peça de teatro; bailado; sessões sobre o património local, À conversa sobre… os Varinos, com Mestre João da Associação Clube Náutico da Moita; escrita criativa, em prosa e poesia, em língua materna ou línguas estrangeiras, realizada individual e coletivamente, a partir do início de história criada pela escritora Luísa Ducla Soares com ilustração das histórias.
Na Semana do Agrupamento e Feira de Projetos do concelho, o Livro digital publicado foi apresentado à comunidade.
Iniciei este ano Filosofia para Crianças, no Centro Escolar de Redondo, com a turma A do 2.º Ano composta por vinte crianças.
[Em regime presencial] A abordagem feita, socorrendo-se de obras de referência, passava sempre pela leitura de brevíssima história e criação de elementos visuais tridimensionais, procurando partir de uma pergunta de natureza fechada para uma de natureza mais aberta, própria da filosofia/ filosofar. No final, forneci sempre ficha com questões de natureza mais fechada, abrindo progressivamente para questões mais abertas e que sugeria a realização de desenho, feito pelas crianças, alusivo ao tema ou problema.
No ensino à distância, passei a usar a ferramenta digital Biteable (versão gratuita), a partir da qual criei o personagem Urso Jeremias, mantendo sempre uma ficha, a que acrescentei os versos, sendo todos os documentos (ficha, versos e filme) enviados pelo Classroom.
A partir da atividade inspirada em Arte para Crianças de Deborah Lock, Livraria Civilização Editora, Vídeo e Ficha.
Viagem pelo que está presente no trabalho raro de pensar tudo, de interrogar, de filosofar, Vídeo e Ficha.
Professor Elísio Gala
CINEMA para inspirar…
Escola Básica do Restelo do Agrupamento de Escolas do Restelo, Lisboa.
Nos múltiplos olhares e vivências perante uma história, a seleção pedagógica de curtas-metragens de animação Avanca Júnior premiadas do Festival Internacional de Cinema de AVANCA servem de mote para conversar, escrever, desenhar… e crescer…
Em maio/ junho 2021, a programação da escola incidiu em A felicidade mora aqui, de Gladys Mariotto (15’).
Sinopse: De que forma uma aula de filosofia sobre a felicidade em Aristóteles pode ser entendida em três escolas diferentes? E se as escolas estiverem em três continentes diferentes? A resposta está nas palavras de crianças portuguesas, brasileiras e africanas deste documentário e animação.
O percurso de voluntariado de leituranuma galeria de arte em Setúbal, A Casa da Avenida começou com o desafio feito pela proprietária, no sentido de a ajudar a criar um serviço educativo para a galeria.
Deu origem a um formato que reproduzimos continuamente desde 2017: Ateliês de Continuidade, a partir de um livro-âncora. As crianças que integram o projeto realizam nove ateliês ao longo do ano civil. Cada sessão mensal é organizada em três eixos: leitura, filosofia com crianças e expressões artísticas.
O último livro que trabalhámos, com a colaboração de dois artistas residentes, foi O que há neste lugar?, cuja brochura relata o percurso traçado com as crianças ao longo de 2020.
Margarida Costa, Coordenadora Interconcelhia da Rede de Bibliotecas Escolares
Pelo 11.º ano consecutivo, o grupo interconcelhio de bibliotecas escolares e municipais de Óbidos e Caldas da Rainha promove uma “Batalha de Leitura/ Poesia”, que irá distinguir os melhores leitores em voz alta, em três escalões: 2.º ciclo, 3.º ciclo e ensino secundário.
Este ano, a final do concurso terá lugar no dia 24 de maio, pelas 14h30, realizando-se em regime híbrido, a partir de cada biblioteca escolar e com transmissão em direto no YouTube.
Todos os agrupamentos de escolas dos dois concelhos estarão representados, assim como a Escola de Hotelaria do Oeste, cujo representante integra o escalão do ensino secundário.
O júri será constituído pelas representantes das bibliotecas municipais de Caldas da Rainha e de Óbidos, Aida Reis e Ana Sofia Godinho, e pelo ator e professor Diogo Dória, da ESAD – Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha.
Os momentos musicais estarão a cargo de João Amaral e de Rita Caravaca (Caldas da Rainha) e da Academia de Música de Óbidos.
Entre 11 a 25 de junho, decorre em Pombal o XVIII Encontro de Literatura Infantojuvenil – Caminhos de Leitura.
O encontro realizar-se-á em formato totalmente a distância. Os participantes poderão assistir a conversas com convidados que intervêm em diferentes áreas da Literatura Infantojuvenil e frequentar oficinas variadas.
O Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, celebrado a21 de maio, foi proclamado pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), através da Resolução 57/249, de 20 de fevereiro de 2003, na sequência da aprovação da Declaração Universal da UNESCO sobre a Diversidade Cultural que ocorreu em 2001.
A Declaração da UNESCO anuncia, pela primeira vez, a Diversidade Cultural como “herança comum da humanidade”, assumindo que “a diversidade cultural é tão necessária para a humanidade como a biodiversidade para a natureza”. Por seu lado, a ONU, proclama uma data para celebração da cultura, nas suas diferentes manifestações, e o modo como ela pode contribuir para o diálogo, a compreensão mútua e o desenvolvimento sustentável.
Este apelo internacional conjunto visa promover a cooperação cultural entre países e promover uma ordem mundial baseada na manutenção da paz, através do diálogo intercultural e inter-religioso, no respeito pelo Estado de Direito e pelos Direitos Humanos, no reforço de um tronco comum de valores universais.
Perante este apelo algumas questões nos assaltam: que razões poderão justificar a criação de uma data específica para se comemorar a cultura, se, em certo sentido, esta sempre foi importante?; por que razão a cultura se encontra no centro de tantas discussões e debates, no presente momento?; por que se torna conveniente a criação de um instrumento jurídico internacional sobre a diversidade cultural?
Já não estamos naqueles tempos dos valores assumidos pela tradição intelectual do ocidente: da cultura nascida na Grécia, que encontrou expressão no Cristianismo, antes de assumir uma maior expressão no Iluminismo, a partir da segunda metade do século XVIII, quando se exaltou a razão como fonte de autoridade e legitimidade e os valores do progresso, da liberdade, da tolerância e da democracia. Uma cultura que se identificava com um ideal e um universo humanista, que se caracterizava pela solidez e coerência da explicação do mundo, e que se organizava em torno de pontos de referência institucionais e/ou sagrados, com fronteiras bem definidas e hierarquizadas.
A partir do século XIX começam a esbater-se fronteiras e hierarquias. Com o advento da cultura de massas, fruto da explosão dos meios de reprodução (jornal, fotografia e cinema) e de difusão (rádio e televisão), a tradicional divisão entre cultura erudita e cultura popular começou a ruir e, mais tarde, com o aparecimento dos computadores e da internet, esta rutura acabou por ganhar uma expressão e alcance totalmente novos, com a chamada revolução digital.
O impacto da revolução cultural, operada pelo desenvolvimento das TIC, sobre a sociedade global e a vida quotidiana, no final do século XX, foi tão significativo e sem precedentes que justifica uma reflexão em torno da centralidade da cultura na vida contemporânea. Em particular, no que diz respeito à coexistência e participação de indivíduos e instituições no espaço público global.
Hoje a cultura invadiu todas as esferas da nossa vida (social, económica e pessoal), ganhando uma centralidade incontornável. Como sublinha Lipovetsky, vivemos numa “cultura-mundo” que se infiltra em todos setores de atividade humana. “Uma cultura-mundo que não é o reflexo do mundo, mas que o constitui, o engendra, o modela, o faz evoluir e tudo isto de forma planetária (...) Uma hipercultura que (...) não cessa de remodelar os nossos conhecimentos sobre o mundo (...) e transforma a vida política, os modos de existência e a vida cultural (...)” (Lipovetsky, 2010:14-16).
Assim, o aparecimento do digital e a explosão das telecomunicações trouxeram consigo a cibercultura e as comunidades virtuais, que criam um novo quadro contextual, fazendo surgir uma cultura sem fronteiras, de fluxos e de redes, que impõe ao ser humano novas dimensões de relação com o mundo, com o conhecimento, com a cultura, com os outros e consigo próprio.
Criou-se a “sociedade em rede” que, impulsionada pela Internet e sustentada pelos media, revalorizou o conhecimento, expandindo as suas fronteiras à escala global, autonomizou os interventores sociais, atribuindo aos indivíduos o poder de serem autores no hipertexto universal, aumentou o investimento económico na cultura, favorecendo a multiplicação de indústrias audiovisuais, e retirou às Instituições, por essa via, a hegemonia e o monopólio do conhecimento e o poder da regulamentação de práticas.
Esta maneira contemporânea de pensar as relações em rede, tem como base e inspiração a temática do rizoma (de origem botânica), tal como formulada na obra Mil Platôs -Capitalismo e Esquizofrenia, por Deleuze e Guattari. O rizoma seria uma maneira de expressar as multiplicidades e o devir, por oposição à metáfora tradicional da árvore, como forma de construção de conhecimento que remete para o uno, uma vez que os conhecimentos são derivados de um único tronco. Agora, o relacionamento entre os indivíduos, e destes com os diferentes conhecimentos e linguagens, já não é hierárquico, estruturado do topo para a base, do geral para o particular, ou por qualquer outro tipo de ordem sequencial. Ele dá-se em todas as direções e pelas interações criativas de que o sujeito é capaz quando dialoga em rede.
Entramos na época dos prefixos “meta” (metadados; metaconhecimento; metacomunicação...) e “trans” (transversal; transdisciplinar; transcultural...) onde tudo se mistura e tanto exprime a ideia de sucessão, de mudança ou transformação (meta), como exprime a ideia de através de, para além de (trans)[1].
O sociólogo Zygmunt Bauman criou o conceito de modernidade líquida para descrever este novo padrão cultural de uma sociedade que é mutável, que adota formas em permanente mudança (líquidas), por oposição a um modelo de existência tradicional, caracterizado pela estabilidade (solidez). Esta modernidade líquida indicia que passamos a ter uma sociedade/cultura que se transformou num mundo cuja circunferência passou a estar em todo o lado e o centro em lado nenhum (Lipovetsky, 2010:12) e que, por isso, se tornou imprevisível e complexa.
Naturalmente que este descentramento acarreta múltiplas interrogações, incertezas e inquietações, particularmente quanto aos modos de existência dos indivíduos, no âmbito do espaço público global.
Alteraram-se os padrões de comunicação, com uma corrida crescente à utilização em massa das tecnologias informáticas (nomeadamente em redes sociais), que implicam um novo modelo de relações sociais a que vários autores chamam de relações reticulares, por serem fundadas em conexões aleatórias, sem necessidade de uma presença física e com interlocutores desconhecidos, bem diferente do modelo de proximidade característico das relações familiares tradicionais.
Questiona-se a qualidade da participação cívica e das interações dos indivíduos no espaço público. Daniel Innerarity, no livro Novo Espaço Público, insiste na necessidade de auto compreensão deste conceito, por vivermos num (ciber)espaço dominado pelo emocional, onde tudo se dramatiza e converte em experiência sensacional (Innerarity, 2010: 40-41), onde se constrói a imagem do mundo, segundo boatos (Innerarity, 2010:89) e onde se instaura, por essa via, uma incapacidade de auto questionamento coletivo, uma espécie de vazio reflexivo, já que os atores emitem apenas opiniões, só se citam a si próprios e não entram em verdadeiras sequências de interrogação e resposta (Innerarity, 2010: 16).
Assim, a par das inegáveis conquistas, trazidas pelas revoluções científica e tecnológica, também emergiram, uma série de novos problemas globais (crises económicas, terrorismo, ecologia, imigração, apatridia, etc.) e existenciais (novas pobrezas e exclusões; diferentes formas de violência; precarização do trabalho, novas formas de escravatura, etc.) que obrigam, Estado(s) e indivíduo(s), a repensar a democracia à luz de uma cidadania esclarecida, do respeito pela liberdade, pelo pluralismo e aceitação da diferença, num apelo constante à ponderação de diversas legitimidades - pessoais, sociais, históricas e culturais.
São muitas as perplexidades com as quais nos confrontamos: que são as redes sociais hoje senão circuitos fechados, que não criam compromissos de abertura? como cultivar o gosto pela verdade, num mundo que se deixa aprisionar por fake news?; como criar mediações eficientes no sentido de se perpetuar uma cultura de paz, num mundo confrontado com discursos de ódio?; como promover a dinâmica entre as culturas, valorizar as diferenças, encontrar pontos comuns entre pessoas, sem reflexão e procura de consensos alargados? como construir uma sociedade justa, na defesa de princípios e valores humanos que respeitem a alteridade, num mundo onde se instauram o individualismo e os nacionalismos?
Enfim, tendo adquirido um valor estrutural na sociedade contemporânea, a cultura coloca cada vez mais o desafio de se procurar encontrar um modelo político capaz de assegurar a liberdade e o respeito dos direitos de todos os indivíduos e grupos, numa sociedade que se quer democrática, literata e aberta à escala planetária.
Uma ação teórico-reflexiva, baseada numa ética global e em valores humanistas, deverá nortear o agir dos cidadãos, para que se consiga transformar o desenvolvimento económico, científico e tecnológico em verdadeiro desenvolvimento humano. Nesse sentido, falar de integração implica falar do direito a ter direitos, do respeito democrático pela pluralidade, da tolerância baseada na reciprocidade e na partilha, visando-se, dessa forma, a construção de uma sociedade mais coesa, justa e humana.
Daí a cultura se encontrar no centro de tantas discussões e debates e, por outro lado, apresentar-se como conveniente a criação de um instrumento jurídico internacional sobre a diversidade cultural. As políticas de democratização cultural ilustram um desejo coletivo de regras universais, que exigem consensos e novas fórmulas, capazes de colocar os Estados ao serviço da cultura e da educação (e não apenas do lucro), procurando linhas de ações comuns e de regulamentações transnacionais, determinando com precisão o que se pretende fazer quanto à pressão exercida por grupos organizados de interesses e no combate às discriminações.
Porque nada se resolve com declarações, decretos, campanhas, programas especiais, modas ou reformas, acima de tudo o que se torna necessário é uma combinação hábil de políticas de atuação pública, por parte de pessoas e Estados, na devida homenagem à vida coletiva e à diversidade cultural, enquanto herança comum da humanidade, que se situa muito para além dos limites e debates sobre a intolerância.
Embora os desafios sejam enormes, a discórdia intensa, os questionamentos sem respostas garantidas, exige-se de cada um de nós, e ao Estado também, um questionar constante, uma tomada de consciência sobre a nossa Humanidade e os comportamentos éticos necessários para sustentar a sua dignidade.
Mas, sobretudo, é preciso acreditar.
Como diz José Tolentino Mendonça, há uma arte de resistência da qual precisamos de viver, porque não só no meio do caos a beleza pode resistir, como nós (humanos) não temos apenas âncoras, também temos asas. (Tolentino, 2020, p.117-118)
Assim, o dia 21 de maio é certamente um bom dia para acreditar, para reavivar memórias, para contar a nossa História e, sobretudo, para nos mostrarmos à altura das circunstâncias, conscientes das nossas imperfeições, superarmo-nos, evitando generalizações apressadas, resistirmos à arrogância, procurando ser mais humildes quanto aos nossos pontos de vista, e, sobretudo, não esquecermos que o mais importante talvez seja mudarmos a forma como vivemos e não apenas mudar a forma como discutimos sobre como vivemos.
[1] [in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/meta--e-trans-/3492 [consultado em 16-05-2021]
Referências
Innerarity, D. (2010). O Novo Espaço Público. Lisboa: Teorema
Lipovetsky, G. (2010). A cultura-Mundo-Resposta a uma sociedade desorientada. Lisboa: Edições 70
Mendonça, J. Tolentino (2020). O Que É Amar Um País. O Poder da Esperança. Lisboa: Quetzal editores