Teresa Calçada, Coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares, fala da indispensabilidade de professores bibliotecários para o "bom uso e governo" das bibliotecas escolares. Salienta a importância de equipas qualificadas - professores e funcionários - para ensinar os alunos a utilizar com gosto e eficiência a biblioteca.
A importância de uma profissão: professor bibliotecário
Com a publicação da portaria que estabelece a função de professor bibliotecário nas escolas portuguesas, um importante e definitivo passo é dado para a consolidação da rede de bibliotecas escolares. Na verdade, é a partir do momento em que a biblioteca escolar vê assegurada a existência de recursos humanos estáveis, especializados na gestão e difusão da informação, que ela pode assumir integralmente o papel de motor da aprendizagem autónoma e da construção de conhecimento que lhe cabe no seio da escola. Esta excelente notícia traz consigo, também, tremendas responsabilidades, quer para as bibliotecas, quer para as próprias escolas e os seus orgãos de gestão, que a partir de agora integram, não apenas um equipamento de qualidade, mas um equipamento gerido por recursos humanos especializados, capazes de impulsionar as dinâmicas de promoção da leitura, das literacias e dos recursos de aprendizagem exigidas no âmbito de uma nova escola. Genericamente, o professor bibliotecário tem sido definido como um especialista em recursos de informação, com habilitações nas áreas da Educação e da Ciência da Informação, e responsável, perante a Escola, por: (1) dinamizar e participar no ensino da literacia da informação no contexto do projecto educativo e dos curricula, (2) gerir os recursos de informação e os serviços necessários ao bom sucesso do processo do ensino e da aprendizagem e (3) criar e desenvolver projectos de promoção de percursos de leitura sustentados, nos vários níveis de complexidade que esta implica. Neste sentido, o envolvimento do professor bibliotecário com os programas e o curriculum da escola, incluindo as próprias actividades lectivas, torna-se uma parte fundamental da sua actividade profissional, implicando um trabalho colaborativo que envolve órgãos directivos e docentes, na tarefa nunca acabada de assegurar que os alunos se tornam utilizadores competentes e autónomos dos recursos de informação, capazes de produzir novo conhecimento e viver dignamente no mundo saturado de informação e tecnologia que os rodeia. O papel do professor bibliotecário é indiscutivelmente determinante para a concretização das missões da biblioteca escolar, e muito vai depender da qualidade do seu exercício profissional, da amplitude dos seus conhecimentos e da flexibilidade e espírito de cooperação das suas práticas, tanto como da capacidade que a Escola no seu todo, incluindo a direcção e os professores, vão ter de integrar novas dinâmicas nas actividades lectivas. Num tempo caracterizado pela mudança e pela incerteza, o debate sobre a profundidade, a dimensão e as exigências das funções de professor bibliotecário não começa nem termina agora. Mas aqui tem, neste importante momento de fundação, um lugar de questionamento, projecto, sonho e acção.
«Não podemos deixar de ler. Ler, quase tanto como respirar, é uma das nossas funções vitais.», diz-nos Alberto Manguel.
«Os leitores de livros (…), expandem ou condensam uma função que nos é comum a todos. Ler letras numa página é apenas uma das suas muitas manifestações. O astrónomo a ler um mapa de estrelas que já não existem; o arquitecto japonês a ler a terra onde uma casa vai ser construída para a proteger de forças malignas; o zoólogo a ler o rasto dos animais na floresta; o jogador de cartas a ler os gestos do seu parceiro antes de arriscar a carta decisiva; o dançarino a ler as notações do coreógrafo e o público a ler os movimentos do dançarino no palco; o tecelão a ler o desenho complicado de um tapete a ser tecido; o organista a ler várias pautas de música orquestradas na página; os pais a lerem no rosto do bebé sinais de alegria, medo ou surpresa; o adivinho chinês a ler as marcas antigas na carapaça de uma tartaruga; o amante a ler às cegas o corpo da pessoa amada, à noite, entre os lençóis; o psiquiatra a ajudar os pacientes a lerem os seus próprios sonhos confusos; o pescador havaiano a ler as correntes do oceano, mergulhando a mão na água; o lavrador a ler no céu o tempo que vai fazer – todas estas pessoas partilham com o leitor de livros a capacidade de decifrar e traduzir signos. Algumas destas leituras são influenciadas pelo conhecimento de que a coisa lida foi criada para este fim específico por outros seres humanos – notações musicais ou sinais de trânsito, por exemplo – ou pelos deuses – a carapaça da tartaruga, o céu nocturno. Outras são obra do acaso.
Porém, em todos os casos, é o leitor que lê o sentido; é o leitor que reconhece a um objecto, lugar ou acontecimento uma possível legibilidade ou lha concede; é o leitor que tem de atribuir significação a um sistema de signos e em seguida decifrá-lo. Todos nos lemos a nós próprios e ao mundo à nossa volta para vislumbrarmos o que somos e onde estamos. Lemos para compreender ou para começar a compreender. Não podemos deixar de ler. Ler, quase tanto como respirar, é uma das nossas funções vitais.»
Bibliotecas Escolares, Bibliotecas Públicas: parceria ou partilha?
Pensar a relação entre bibliotecas escolares e bibliotecas públicas, remete-nos para um passado ainda recente quando, do lançamento da Rede de Bibliotecas Escolares, no relatório síntese que deu origem a este Programa, se afirmava que “para rentabilizar e coordenar os recursos tecnológicos a nível nacional e local e, tendo em conta, a experiência de outros países – e mesmo algumas já realizadas a nível nacional por bibliotecas públicas – recomenda-se a criação nas bibliotecas municipais de Serviços de Apoio às Bibliotecas Escolares”.1 A Rede foi logo, na sua fase inicial, desenhada numa arquitectura que previa a colaboração formal e/ou informal, com as Bibliotecas da Rede Nacional de Leitura Pública, tendo em vista uma política de convergência de recursos e de esforços materializáveis na construção de redes colaborativas entre parceiros (escolas, bibliotecas municipais, autarquias). Aspectos, que no decorrer destes anos, se mostraram gradualmente mais pertinentes.
[8º Encontro Luso-Espanhol de Bibliotecários - DGLB]Ler mais >>
A partir do ano lectivo de 2009-2010 a organização e gestão das bibliotecas escolares estará a cargo de professores bibliotecários a tempo inteiro que devem desenvolver estratégias e políticas que garantam a rentabilização de recursos e investimentos e a(s) coloquem ao serviço da escola, do processo formativo e das aprendizagens dos alunos.
AS BIBLIOTECAS SÃO COMO OS PRÓPRIOS SONHOS: se se recordam é porque são realmente importantes. E, se são realmente importantes é porque, de alguma forma, transformaram a nossa vida, ou perturbaram-na, ou tocaram-na em algum lugar.
Pouco há escrever sobre uma biblioteca onde estão todas as palavras que poderíamos usar para a descrever e para a comentar — alinhadas em temas, em corredores onde o silêncio ou a penumbra, a luz ou o rumor do divertimento habitam como se fosse a sua casa. A biblioteca não é, por isso, apenas a casa do livro.
Entrevista de Ross Todd ao portal educativo Euduteka
Eduteka:¿Cómo definiría usted una Biblioteca Escolar de Calidad? Ross Todd: Una Biblioteca Escolar de Calidad es aquella que juega un papel visible, evidente e integral al posibilitar que los estudiantes se comprometan, de múltiples maneras, con información diversa y compleja tanto digital como impresa, con el objeto de construir comprensión y conocimiento profundos de ellos mismos, de los temas curriculares y del mundo que los rodea.
The objectives of the library is to: 1. Be the knowledge hub of the school and disseminate knowledge as widely as possible. 2. Facilitate creation of new knowledge (...)