Como acontece anualmente em todo o mundo, ao longo do mês de outubro, as bibliotecas escolares desafiaram as suas comunidades a celebrarem a biblioteca escolar, este ano, em função do tema Descobrir caminhos para a saúde e o bem-estar com a biblioteca escolar, chamando a atenção para Objetivo do Desenvolvimento Sustentável número 3 da Agenda 2030 da ONU: Saúde de qualidade. Essas iniciativas foram sendo divulgadas nos canais de comunicação das diferentes bibliotecas. Encontrando-nos no final do mês, cumpre agora à Rede de Bibliotecas Escolares dar a conhecer a ação das bibliotecas, tendo para isso organizado uma coleção que se disponibiliza abaixo. O mapa interativo, que não esgota toda a atividade desenvolvida, permite a consulta de iniciativas das bibliotecas escolares que se empenharam em corresponder ao desafio, envolvendo os seus alunos em atividades tão diversas como a escrita criativa, a fotografia de património, a ligação à rádio local ou a criação de um livro digital coletivo e muitas outras.
Está a ser desenvolvido, desde o corrente ano de 2020 e prolongando-se até 2022, o estudo ‘Educação Literária no Ensino Básico e no Ensino Secundário’, da responsabilidade de uma equipa que integra elementos da RBE, do IAVE, do PNL2027, do PNPSE, da DGE e da DGEEC. Tem como objetivo apresentar propostas fundamentadas para a melhoria da Educação Literária no quadro do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, das Aprendizagens Essenciais e da missão do Plano Nacional de Leitura 2027, partindo da análise do desempenho dos alunos portugueses em Provas Internacionais e Nacionais. Em 2020, está a ser realizado o retrato da educação literária do ponto de vista dos estudos internacionais e dos resultados da avaliação externa nacional (provas de aferição e provas finais do ensino básico); em 2021, avançar-se-á para um trabalho de campo junto de um conjunto de escolas e professores com vista ao levantamento e caracterização das práticas escolares no âmbito da educação literária e em 2022, far-se-á a análise dos resultados e produção de recomendações e boas práticas.
Está em marcha o segundo ano do projeto piloto WEIWE(R)BE que, em 2020-21, abrange mais seis escolas que no ano passado. Coordenada pela Rede de Bibliotecas Escolares em parceria com a Universidade Aberta, esta iniciativa tem por objetivo promover estratégias de desenvolvimento das competências de literacia da informação, enquadrando-as nas práticas curriculares a partir das bibliotecas escolares. Neste projeto são envolvidas turmas de 10.º ano de escolas do ensino secundário. O lançamento é no dia 3 de novembro de 2020, numa sessão aberta a todos.
Com o propósito de sensibilizar a comunidade internacional para a importância de capacitar os cidadãos para serem leitores e agentes críticos de informação e comunicação social, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em colaboração com a Aliança Global para Parcerias em Literacia dos Média e da Informação (GAPMIL) promovem, entre 24 e 31 de outubro, um encontro - inteiramente em linha - intitulado “Resisting Disinfodemic: Media and Information Literacy for everyone and by everyone”.
Neste encontro participa a International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA) através da sua Presidente, Christine Mackenzie e Representante de Política e Estudos, Claire McGuire, para sublinhar o papel das bibliotecas na promoção das Literacias dos Media e da Informação (Media and Information Literacy – MIL).
Todos podem celebrar esta Semana participando nas seguintes propostas de ação global:
1. Organizar um Dia de Literacia dos Média e da Informação;
2. Organizar eventos ou atividades relevantes na sua cidade;
3. Discutir Literacia dos Média e da Informação na sua universidade;
4. Usar as redes sociais para aumentar a conscientização sobre Literacia dos Média e da Informação;
5. Enviar uma carta;
6. Dar voz à juventude;
7. Juntar-se à Aliança Global para Parcerias em Literacia dos Média e da Informação (GAPMIL);
8. Promover as publicações e ações da UNESCO;
9. Promover ou inscrever-se no curso em linha de Literacia dos Média e da Informação;
10. Participar nos debates globais em linha.
Para quem quer participar de um modo diferente, é possível partilhar a sua atividade usando a hashtag #GlobalMILWeek 2020!
A literacia dos media e da informação, a educação para o desenvolvimento sustentável e o acesso universal à internet (International Telecommunication Union), sobretudo para meninas e mulheres, mais sujeitas à discriminação e com menos acesso sobretudo nos países em desenvolvimento – ONU News. (20.10. 2020). Novo estudo de gênero da ONU: Mulheres 'longe de ter uma voz igual à dos homens', pode constituir um caminho consistente para combater a desinformação, construir a confiança nas instituições democráticas e alcançar maior equidade na saúde e bem-estar e desenvolvimento sustentável.
O que é a literacia dos media e da informação?
De acordo com a UNESCO, é o conjunto de competências que permitem ao cidadão ler, criar e partilhar informação a partir da “avaliação dos meios de comunicação e das fontes de informação e com base na forma como são produzidas, nas mensagens que são transmitidas e no público visado” (Media and Information Literacy Curriculum for Teachers , 2011, p. 2 | Obra integral). Aplica-se, de forma holística, a todos os tipos de meios e fontes, independentemente das tecnologias usadas (livros, periódicos, televisão, rádio, bibliotecas, arquivos, museus, Internet…).
Porque é que a literacia dos media e da informação é importante para a biblioteca escolar?
Porque promove a liberdade de expressão das crianças e jovens que, de acordo com a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (ONU. 1989, Art.º 13.º), “compreende a liberdade de procurar, receber e expandir informações e ideias de toda a espécie, sem consideração de fronteiras, sob forma oral, escrita, impressa ou artística ou por qualquer outro meio à escolha da criança”.
Porque a literacia dos media e da informação responde ao desejo de participar e empoderar para a ação na sociedade, incentivando a criança a “exprimir livremente a sua opinião” (ONU. 1989, Art.º 12.º), interagir nos meios de comunicação e, desta forma, conquistar o seu lugar no espaço público.
Porque contribui “para assumir as responsabilidades da vida numa sociedade livre” (ONU. 1989, Art.º 29.º) fomentando a discussão de uma pluralidade de pontos de vista e o diálogo intercultural, bem como a consciencialização sobre a importância de media livres, independentes e plurais para viver em democracia.
Como é que a biblioteca pode trabalhar a literacia dos media e da informação?
Assegurando “o acesso da criança à informação e a documentos provenientes de fontes nacionais e internacionais diversas, nomeadamente aqueles que visem promover o seu bem-estar” e reconhecendo a “importância da função exercida pelos órgãos de comunicação social” (ONU. 1989, Art.º 17.º) na vida pessoal, no trabalho, na aprendizagem ao longo da vida e na construção de sociedades democráticas.
Advertindo que a informação ou mensagem é sempre uma construção ou representação da realidade - e não a própria realidade - e que a acessibilidade das tecnologias de comunicação torna todos os utilizadores potencialmente criadores e que, por isso, pode ser prudente cultivar-se um certo ceticismo.
Construindo ambientes de aprendizagem práticos, isto é, centrados nas crianças ou jovens, de modo a que estes possam trabalhar conteúdos significativos que respondam às necessidades da sua vida. À maneira socrática, pondo-as a pensar, umas com as outras, a partir de questões desejavelmente levantadas por elas.
Há vários anos que a Rede de Bibliotecas Escolares instituiu o trabalho no âmbito da literacia dos media e da informação como prioridade para a ação das bibliotecas escolares:
Tem monitorizado a aplicação pelas bibliotecas escolares deste instrumento de trabalho, apresentando relatórios anuais que evidenciam o uso cada vez mais alargado do mesmo.
Lançou em setembro de 2020 o sítio Aprender com a biblioteca escolar: atividades e recursos que agrega propostas de atividades para o desenvolvimento da literacia dos media e da informação a serem implementadas em articulação entre as bibliotecas escolares e os docentes curriculares.
Até dia 30 de outubro, estão a decorrer as ‘Jornadas Iberoamericanas de Bibliotecas Escolares e Públicas’, organizado pelo CERLALC - Centro Regional para o Fomento do Livro na América Latina e no Caribe, pela Fundação Biblioteca e pela Comfandi.
O encontro tem por tema ‘Transformações e desafios 2030 para as bibliotecas na Iberoamérica’ e realiza-se, portanto, por referência à Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, procurando equacionar o papel fundamental das bibliotecas escolares e públicas para o seu cumprimento.
A RBE está representada neste evento por João Afonso, que integrou o painel subordinado ao tema ‘Bibliotecas Escolares para o século XXI’, o qual pode ser revisitado aqui.
Júlia Martins, do Plano Nacional de Leitura e Susana Silvestre, da Rede de Bibliotecas da Câmara Municipal de Lisboa, são as outras presenças portuguesas no evento. No dia 30, a conferência de encerramento estará a cargo de Silvia Castrillón, especialista em bibliotecas e políticas públicas de leitura da Colômbia.
A biblioteca deve estar preparada para ir ao encontro do novo sentir dos alunos. É necessário dar-lhes espaços onde se sintam bem, espaços neutros, que acolham todos os alunos.
Nestes novos espaços dentro da biblioteca, os alunos podem desenvolver projetos assentes na transdisciplinaridade, na exploração de áreas temáticas e no aprofundamento dos conhecimentos adquiridos. São colocados no centro do processo de ensino e de aprendizagem e o professor assume um papel de facilitador/ orientador, promovendo um trabalho cooperativo e a diferenciação pedagógica.
Foi essa a aposta que fizemos na biblioteca do Agrupamento de Escola de Vila Nova da Barquinha, no seguimento de uma candidatura de requalificação à Rede de Bibliotecas Escolares. Pretendemos aumentar o número de utilizações dos recursos da biblioteca pelos alunos do 3.º ciclo e do ensino secundário e apresentar aos alunos as ferramentas necessárias para que possam desenvolver a criatividade, o trabalho colaborativo, o espírito crítico, a adaptabilidade a novas situações de aprendizagem e a capacidade de resolução de problemas reais.
No seguimento deste projeto, a voz foi dada aos alunos que nos apresentam o seu novo espaço – a biblioteca da Escola Secundária D. Maria
No último dia da Semana Internacional de Acesso Aberto que se celebra entre 19 a 25 de outubro sob o tema, “Abrir com Propósito: Agindo para Construir Equidade e Inclusão Estruturais”, a Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) reforça o seu compromisso em construir bibliotecas que são “organizações inclusivas, garantes da igualdade no acesso a serviços e recursos de informação” – RBE. (2014). Quadro Estratégico 2014-2020, p. 10.
As práticas e políticas de acesso aberto permitem a leitura, distribuição e recriação de conhecimento e cultura sem fronteiras, fazendo deles um bem que é direito e património público e na base do qual as pessoas encontram oportunidades e desenvolvem capacidades para melhorar a sua vida.
Como é que no seu dia-a-dia as bibliotecas escolares facilitam e incentivam o acesso aberto?
- Assegurando a equidade no “acesso a equipamentos, serviços e recursos de informação diversificados, capazes de responder às necessidades específicas dos diferentes utilizadores” (Quadro Estratégico 2014-2020, p.22).
- Utilizando software (por exemplo: o Libre Office tem o Writer e o Calc equivalentes ao Word e Excel, respetivamente) e ferramentas digitais de código aberto (open source) como as reunidas em RBE Biblioteca Escolar Digital – Instrumentos.
- Capacitando e estimulando a participação das crianças e jovens, professores, pais e encarregados de educação, autarquia, biblioteca municipal e outros agentes da comunidade na missão da biblioteca. A promoção das literacias é feita com base em recursos de educação únicos, centrados na autonomia dos utilizadores e criados pela biblioteca a partir do currículo – por exemplo: RBE Biblioteca Escolar Digital – Tutoriais, informação e media. Trabalha temas que contribuem para a resiliência e o bem-estar, por exemplo: direitos de autor, proteção de dados, ética em linha.
- Propondo e divulgando para toda a escola linhas orientadoras/ políticas e boas práticas que, tendo por base a Declaração da IFLA sobre Livre Acesso, aprofundam e disseminam o direito à informação, ao conhecimento e à cultura que servem de suporte a uma vida livre e boa.
A Rede de Bibliotecas de Estarreja, em articulação com a coordenação interconcelhia da Rede de Bibliotecas Escolares, promove o 9.º Encontro de Literatura Infantojuvenil, subordinado ao tema “Literatura infantojuvenil, inclusão e cidadania”. O encontro vai decorrer nos dias 30 e 31 de outubro numa modalidade híbrida. Pretende proporcionar uma reflexão em torno das potencialidades da literatura na promoção da inclusão e da aceitação das diferenças culturais e étnicas e no exercício de uma cidadania democrática. Inscrição obrigatória.
Num discurso cheio de histórias e metáforas, Mar Romera, professora e especialista em inteligência emocional, afirma perentoriamente que não quer voltar à normalidade que havia antes da Covid-19. Quer, sim, voltar para uma escola melhor e diferente, que desenha situações de aprendizagem, não situações de ensino. Acredita que o ano de 2020 irá marcar o início do século XXI na Educação em Espanha.
Mas o que reivindica para essa nova escola? Reivindica a autonomia pedagógica e a participação ativa das crianças nas estruturas de decisão. Reivindica uma revolução no sistema: romper com grupos organizados por turmas, com o conceito de classificação, com uma educação padronizada. Reivindica que se abandone o ensino por disciplinas e se salte da interdisciplinaridade para a transdisciplinaridade. Reivindica que todos os espaços da escola se transformem em espaços de aprendizagem: que os corredores sejam utilizados como locais de reunião para pequenos grupos, as salas de aula e os átrios, como refeitórios, os jardins e recreios, como salas de aula.
Quando tinha cinco anos, plantou uma nogueira com o avô. Quando se preparavam para regressar a casa, perguntou: “Então e as nozes? Onde estão?”. A resposta do avô surpreendeu-a: “Eu não vou comer estas nozes. Não sei se tu as vais comer. Mas espero que os teus filhos as comam”. Anos mais tarde, percebeu que assim é a profissão docente. Um investimento a longo prazo.
Mar Romera é autora do modelo pedagógico ‘Educar con tres C’s (capacidades, competencias y corazón)’ e diretora da Asociación Pedagógica Francesco Tonucci. Publicou os seguintes livros: La asamblea de clase: una experiencia de Infantil a Secundaria (2009), La familia, la primera escuela de las emociones (2017) e La escuela que quiero. En busca del sentido común: pedagogía contada desde el suelo (2019).
Fontes:
BBV Aprendemos Juntos. (2018, janeiro 31). Versión completa: “Las emociones no se aprenden por apuntes, hay que vivirlas”. Mar Romera, maestra [Vídeo]. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=_rhH5dQr8S8
RT en español. (2019, abril 09). Mar Romera: "Mi padre fue a la escuela para aprender a leer, mis hijas van para aprender a vivir [Vídeo]. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=Yj353RgTrWc
Estão abertas candidaturas ao Programa aLeR+ 2027, destinado a apoiar as escolas que desenvolvem de forma consolidada um ambiente integral de leitura, centrado na melhoria da compreensão leitora e no prazer de ler e escrever.
Reconhecendo-se que, num conjunto significativo de agrupamentos, tem vindo a ser desenvolvida com sucesso uma cultura de leitura, foi lançada em 2017 uma nova etapa deste Programa, visando o alargamento da sua rede.
As escolas interessadas podem candidatar-se até 31/12/2020, através do sistema de informação do Plano Nacional de Leitura 2027.