Utilizar cubos de perguntas para aumentar o envolvimento na leitura
por Jessica Covert*

Esta atividade dá aos alunos a oportunidade de colaborarem, aumentando o envolvimento e aprofundando a compreensão dos textos da aula.
Há muitas razões para querermos que os nossos alunos leiam: para adquirirem novos conhecimentos, melhorarem o vocabulário, reduzirem o stress, desenvolverem empatia, etc. No entanto, fazer com que os alunos se envolvam com as leituras que lhes são atribuídas pode ser um desafio. O que podemos fazer para ajudar os alunos a envolverem-se realmente com os textos? Utilizar cubos de perguntas, que incorporam todos os benefícios da aprendizagem colaborativa é uma estratégia eficaz.
Cubos de perguntas
Quando dependemos de fichas de trabalho, os alunos muitas vezes concentram-se mais em escreverem as respostas do que em envolverem-se verdadeiramente na leitura. Para alguns alunos, as fichas de trabalho podem parecer repetitivas e enfadonhas. Além disso, as respostas a muitas das nossas fichas de trabalho pré-elaboradas já estão online e são facilmente acessíveis aos alunos que querem uma boa nota, mas que talvez queiram evitar o trabalho exigente que é necessário para lidar com um texto complexo.
Tal como as fichas de trabalho, os cubos de perguntas utilizam conjuntos de perguntas pré-elaboradas, mas conduzem a um tipo de envolvimento muito diferente. A leitura parece ser uma atividade tão solitária que incorporar estratégias de aprendizagem colaborativa, como a utilização de cubos de perguntas, pode parecer contraintuitivo. No entanto, a investigação tem demonstrado repetidamente o valor das interações com outras pessoas no empenho dos alunos.
A aprendizagem colaborativa aumenta as competências sociais, promove a criatividade, desenvolve competências de pensamento de nível superior e, em geral, contribui para uma melhor experiência de aprendizagem, o que, por sua vez, conduz a uma aprendizagem profunda. Teóricos da educação como Lev Vygotsky, com o seu modelo de aprendizagem social, e Maria Montessori, com o seu foco na aprendizagem centrada na criança e na brincadeira colaborativa, compreenderam a importância da interação social na aprendizagem. Teóricos contemporâneos como John Hattie e Robert Marzano continuam a apoiar estas conclusões.
Sugestões de escrita para cubos de perguntas: Ao fazer cubos de perguntas, costumo usar perguntas que incluem uma combinação dos níveis da Taxonomia de Bloom. Por exemplo, num curso de inglês, essas perguntas poderiam pedir aos alunos que identificassem temas ao longo do texto, analisassem o seu desenvolvimento durante o curso do texto e tirassem conclusões, citando evidências relevantes para apoiar as respostas. Em cursos de ciências ou estudos sociais, essas perguntas podem pedir aos alunos que se lembrem de detalhes específicos, discutam o impacto global ou identifiquem implicações para pesquisas futuras.
Modelo para cubos, com exemplos de perguntas.
Construção dos cubos: Prefiro fazer os meus cubos em cartolina, mas não é necessário; papel de impressora também funciona bem. Também me certifico de copiar cada conjunto de perguntas numa cor diferente de papel, codificando cada um por cor. Depois de copiar os cubos, recorto, dobro e colo cada um com fita adesiva. Embora os alunos possam construir os seus próprios cubos, descobri que mesmo alguns alunos do ensino secundário têm dificuldade com essa tarefa, o que pode ser problemático se não houver cópias de reserva. Distribuo um cubo aleatoriamente a cada aluno. Os alunos formam grupos, em que cada grupo tem um de cada conjunto de perguntas; dessa forma, cada grupo tem acesso a todas as perguntas.
Usar os cubos
Os alunos revezam-se a lançar os cubos para revelar as perguntas a que o grupo irá responder. Normalmente digo aos meus alunos que o aluno mais velho lança primeiro. Às vezes, mudo isso e designo o aluno mais novo, mais alto ou mais baixo. Depois de um aluno lançar o cubo, lê a pergunta e inicia a discussão. Durante essas discussões, todos os membros do grupo devem chegar a um acordo unânime antes de registar a resposta. Isso promove a colaboração e garante que cada um dos participantes se sente confortável com a resposta final.
As discussões devem ser longas o suficiente para permitirem a participação de todos, mas concisas o quanto baste para manterem a atividade em andamento de forma satisfatória. Além disso, o grupo deverá designar um secretário para anotar a resposta final acordada. Sou da velha guarda; peço sempre aos alunos que respondam às perguntas dos cubos em papel. Descobri que, quando permito que usem o Google Docs, eles simplesmente dividem o número de respostas necessárias entre si e digitam as respostas num único documento, sem chegarem a uma resposta coletiva para cada pergunta, o que contraria o objetivo da atividade. Também peço aos alunos que usem o modelo CER (Claim, Evidence, Reasoning — Afirmação, Evidência, Raciocínio) para responderem a cada pergunta.
Dependendo de muitos fatores, como o tempo disponível para a aula, a dificuldade do texto e a dinâmica da turma, decido a quantas perguntas os grupos têm de responder. Raramente são todas as perguntas dos cubos, por isso nem todos os grupos respondem a todas as questões. Assim, gosto de fazer um balanço com uma discussão em sala de aula sobre todas as perguntas. Isso cria uma espécie de atividade aleatória em que alguns grupos se tornam especialistas em algumas das perguntas e outros grupos dependem desses novos especialistas para encontrarem informações e perceções.
Também recebo comentários positivos dos alunos sobre esta atividade. Um aluno disse: «É uma maneira divertida de responder às perguntas», e outro afirmou: «É melhor do que quando se apresentam as perguntas no quadro». Também ouvi: «Gosto que nos deixe trabalhar com outras pessoas da turma».
A verdadeira questão, porém, é se os cubos de perguntas melhoram a compreensão do texto pelos meus alunos. Quando lhes perguntei sobre isso, alguns disseram: «Deu-me uma melhor compreensão das inferências que devo fazer” e “Ajudou-me a compreender a leitura porque a dividiu ainda mais e a tornou muito mais compreensível”. Outro aluno disse que os cubos «me fizeram pensar no texto e usar pistas contextuais para compreender um pouco melhor a história». No geral, a atividade cria mais envolvimento dos alunos e também os ajuda a saírem do texto com uma melhor compreensão do mesmo.
Os cubos de perguntas permitem que os alunos discutam o texto em grupos menores, dando a todos a oportunidade de partilharem as suas ideias, desenvolverem estratégias de colaboração e comunicação e praticarem as suas competências de análise. Além disso, os cubos de perguntas incentivam respostas dos alunos que aprofundam a compreensão do texto, garantem a equidade e a voz dos alunos e expandem a sua capacidade de assumirem riscos académicos, promovendo deste modo um envolvimento e uma aprendizagem mais profundos.
O texto deste artigo foi traduzido e publicado com a autorização da Edutopia:
Referência
Covert, J. (2024, 17 de outubro). Using Question Cubes to Boost Reading Engagement. Edutopia. https://www.edutopia.org/article/ela-engagement-strategies
📷 Imagem produzida com recurso a ChatGPT
* Jessica Covert
Obteve o seu mestrado em Inglês pela Agnes Scott College, em Decatur, Geórgia. Pouco depois de iniciar a sua carreira de professora, obteve a certificação para lecionar a alunos superdotados e, mais tarde, tornou-se Professora Certificada pelo Conselho Nacional. Começou a lecionar Inglês para o sexto ano em 2005 e já lecionou para várias disciplinas, incluindo Introdução ao Sucesso Universitário e Comunicação Empresarial, a nível universitário. Desempenhou funções como líder de equipa (ensino básico) e chefe de departamento (ensino secundário). Atualmente, Jessica leciona Inglês III, Redação Criativa e Língua e Composição AP na Conner High School, em Hebron, Kentucky.
Nota: © Excecionalmente, por se tratar de uma tradução que careceu de autorização, este trabalho tem todos os direitos reservados.
