Republicamos as crónicas que preencheram esta rubrica em 2023-2024. Com ela pretendemos apresentar apontamentos breves do quotidiano dos professores bibliotecários, sem qualquer preocupação cronológica, científica ou outra. Trata-se simplesmente da partilha informal de vivências.
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Venham mais cinco! por Jorge Brandão Carvalho, professor bibliotecário, AE de Amares
Sex | 05.04.24
…abro as janelas e peço para falarem mais baixo, como se possível fosse, sessenta e cinco adolescentes, mesmo que só respirassem, quanto mais assim, que mal ouço quando alguém grita ó “Máriza” chega cá!”; respiro fundo eu e tomo fôlego para o outro lado, nos sofás mais nove, entre jornais e revistas, que se leem enquanto se mandam mensagens e a música que, aqui, à vontade se pode ouvir...
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A Poesia tem pés de lã por Isabel Gonçalves, professora bibliotecária AE de Arouca (até 2022-2023)
Sex | 07.06.24
“Resultava. Não havia dúvidas. A partir daí, comecei a fazê-lo em diversas situações. A substituir o «Vamos ouvir!», «Prestem atenção!» «Silêncio!»… por um poema. Sem conversas sobre o mesmo, sem exploração. Não importa se os alunos o compreendem, se percebem todas as palavras. Importa que usufruam do momento.”
*Qualquer semelhança entre o título desta rubrica e a obra Retalhos da vida de um médico, não é pura coincidência; é uma vénia a Fernando Namora.
Esta rubrica visa apresentar apontamentos breves do quotidiano dos professores bibliotecários, sem qualquer preocupação cronológica, científica ou outra. Trata-se simplesmente da partilha informal de vivências.
Se é professor bibliotecário e gostaria de partilhar um “retalho”, poderá fazê-lo, submetendo este formulário.
O trabalho colaborativo entre as bibliotecas de uma rede concelhia é uma celebração da união, da partilha e da coesão. Ao juntarem forças, as bibliotecas não só ampliam o acesso ao conhecimento e à cultura, mas também constroem pontes de entendimento e solidariedade.
As iniciativas e programas conjuntos são o coração desta colaboração: desde encontros temáticos a workshops e eventos culturais, a sinergia entre as várias bibliotecas potencia uma ação rica e diversificada que promove a educação e a cultura e fortalece os laços comunitários, criando um espaço onde todos se sentem bem-vindos e valorizados.
Ao longo de 2023-2024 fomos dando palco a várias ações que integraram os Planos Anuais de Atividades de Redes Concelhias de Bibliotecas, fortalecendo a identidade cultural e social dessas redes, numa lógica de cooperação e crescimento partilhado que a todos empodera. Deixou escapar? Tem agora a oportunidade de (re)ler.
Sob o lema "Biblioteca escolar: o meu lugar preferido para criar e imaginar", os utilizadores das bibliotecas do concelho foram convidados a dar asas à sua criatividade e transformar os seus livros favoritos em verdadeiras “obras de arte”.
Conheça esta iniciativa que visa criar um espaço onde jovens e idosos compartilham não apenas leituras, mas experiências, conhecimentos e momentos especiais. O grande objetivo que sustenta este projeto é conectar diferentes gerações através da magia da leitura.
Através da Coordenação Interconcelhia, a Rede de Bibliotecas Escolares articulou com as professoras bibliotecárias de três agrupamentos do concelho de Torres Vedras para dinamizar várias ACD dirigidas aos professores titulares de 1.º CEB e educadores dos respetivos agrupamentos. Conheça o que foi feito!
Em torno do uso da palavra nas variadas expressões artísticas, demonstrativa da colaboração de todas as escolas, bibliotecas escolares, câmara e biblioteca municipal de Setúbal, a iniciativa Setúbal - Uma Baía a Ler decorreu em clima de festa, tendo o 25 de abril como temática central.
A iniciativa convidou os alunos do concelho de Silves a mergulharem no universo poético, selecionando e declamando poemas que exaltassem os valores da liberdade e da paz. Para completar a experiência artística, os participantes também foram incentivados a criarem ilustrações que traduzissem a sua visão sobre os temas abordados.
"Tavira a Ler", iniciativa da Rede de Bibliotecas de Tavira, tomou de assalto o programa "Haja Manhã", da Rádio Gilão, onde alunos e Professoras Bibliotecárias provocaram uma explosão de entusiasmo pela leitura que contagiou toda a comunidade.
O PesquisOAz, campeonato de pesquisa, seleção e avaliação de fontes de informação em linha, viu já concluída a sua 5.ª edição para alunos e está prestes a ver terminada a 1.ª edição para professores.
A inteligência artificial (IA) está a transformar rapidamente diversos setores e a educação não é exceção. Com ela, abrem-se novas possibilidades e novos desafios para a educação e para as bibliotecas escolares. No entanto, é essencial que estas tecnologias sejam implementadas de forma responsável e inclusiva, assegurando-se o seu uso ético.
Com o objetivo de “responder a questões emergentes e a mudanças contextuais, projetando o futuro”, tal como se encontra inscrito no Quadro Estratégico da RBE 2021-2027, ao longo de 2023-2024 a Rede de Bibliotecas Escolares publicou muitos artigos sobre a temática da inteligência artificial, procurando abarcar múltiplas perspetivas e dar a conhecer posições de diferentes organismos internacionais sobre o assunto. Temos agora oportunidade de os (re)ver.
Deparei-me com um novo conjunto de ferramentas de IA que permitem carregar um documento e utilizar uma interface do tipo ChatGPT para fazer perguntas ao documento e obter respostas precisas, perspicazes e sensíveis ao contexto.
Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, a UNESCO e o IRCAI publicaram Challenging Systematic Prejudices An Investigation into Bias Against Women and Girls in Large Language Models. Conheça as conclusões deste estudo que mostra que os LLM perpetuam e fazem escalar preconceitos.
A inovação digital passa por acrescentar Inteligência Antropológica à IA. Conheça o Relatório que defende a importância de se associar métodos qualitativos da Antropologia e das Humanidades ao campo dos Big/ Hard Data para se observar e compreender as pessoas e as comunidades online.
por Melanie Hibbert, Elana Altman, Tristan Shippen and Melissa Wright
As equipas académicas e tecnológicas do Barnard College desenvolveram um referencial de literacia em IA para fornecer uma base conceptual que contribua para a educação e programação em IA. Conheça este referencial que também pode orientar a ação dos níveis de ensino abrangidos pelas bibliotecas escolares.
Recordamos as várias sugestões de livros que fomos publicando ao longo de 2023-2024. Não teve oportunidade de explorar? Talvez agora venha a propósito e seja um bom pretexto para uma visita a uma livraria ou biblioteca. Com tempo... para ler!
(...)desde o aparecimento da linguagem , a humanidade não inventou nada melhor do que a leitura para estruturar o pensamento, organizar o desenvolvimento do cérebro e civilizar a nossa relação com o mundo. O livro constrói realmente a criança na sua tripla componente intelectual, emocional e social. Michel Desmurget, Ponham-nos a ler! [1]
Desde sempre, as questões relacionadas com a leitura, saber ler, gostar de ler, ocupam grande parte dos planos anuais de atividades das bibliotecas escolares. Que cada agrupamento de escolas desenhe e implemente um programa de leitura, é um imperativo para as bibliotecas, integrando há muitos anos as suas prioridades.
Para ajudar a pensar a matéria e a definir ações a implementar, ao longo de 2023-2024, este blogue publicou vários contributos. Hoje, damos destaque a alguns.
Knolling é uma técnica fotográfica que implica alinhar os objetos para criar a imagem perfeita. Que tal usar esta técnica para promover a leitura? Leia o artigo e veja como fazer.
Sendo a colaboração e o trabalho em rede a grande estratégia que molda a ação das bibliotecas escolares, perguntamo-nos: com quem temos de trabalhar, na escola, para cumprirmos o nosso compromisso na área da leitura? Veja algumas sugestões para integrar a leitura nas diferentes áreas curriculares.
A leitura não é incentivada apenas pela leitura, mas também pelo desenvolvimento de atividades que transmitam mensagens relacionadas com a leitura, a sua importância e o enriquecimento do conhecimento pessoal. Aprecie as estratégias que sugerimos.
O desenvolvimento de atividades de promoção da leitura e da escrita deve representar um modo de fazer refletido e estratégico, recorrendo a metodologias centradas no aluno. As atividades devem servir de suporte à promoção da leitura e da escrita e não distrair os alunos do texto. Os professores deveriam proporcionar aos alunos momentos de leitura e de discussão à volta dos textos várias vezes por dia e em diferentes contextos. Estas oportunidades permitirão que os alunos se transformem em leitores competentes, independentes e apaixonados pela leitura. A biblioteca escolar pode e deve ser uma estrutura catalisadora.
Aqui fica o desafio para as pessoas leitoras. O desafio também se estende às professoras e aos professores que trabalham nas bibliotecas escolares: lancem este desafio no espaço da biblioteca ou nos canais digitais. Vamos a isto? #AgoraÉsTuALer
Os professores podem empoderar os alunos utilizando a leitura repetida como uma oportunidade para dar feedback, agir com base no feedback e registar os progressos. Neste artigo divulgam-se algumas ideias que os professores ou outros agentes (por exemplo voluntários de leitura) poderão considerar úteis.
Conheça esta estratégia que ajuda os alunos a adquirirem conhecimentos através de conversas com os colegas, com base no que leram. Com quanto mais pessoas os alunos falarem, mais informação obtêm, o que os ajuda a construírem uma imagem mais completa do tópico.
Referências
Desmurget, M. (2024). Ponham-nos a ler! - A leitura como antídoto para os cretinos digitais. Contraponto Editores.
Ao longo de 2023-2024, vários foram os diretores que fizeram questão de partilhar a sua visão sobre as bibliotecas das suas escolas e sobre o modo como estas impactam significativamente os respetivos projetos educativos. Em tempo de descanso, é bom voltar a saboreá-los!
Trabalhar a sustentabilidade nas bibliotecas escolares contribui para a formação de cidadãos conscientes e responsáveis. Os alunos que refletem sobre práticas sustentáveis desde cedo são mais propensos a adotá-las nas suas vidas adultas, o que se traduz num impacto positivo a longo prazo na sociedade. Ao aprenderem sobre a importância da conservação dos recursos naturais e da proteção do meio ambiente, os alunos desenvolvem um sentido de responsabilidade e uma ética ambiental que são essenciais para o futuro do planeta. Por essa razão, ao integrarem a sustentabilidade nas suas atividades, as bibliotecas escolares desempenham um papel crucial na construção de um futuro mais sustentável e responsável.
Ao longo de 2023-2024 vários foram os momentos que abordamos este assunto, sempre com o objetivo de partilhar questões importantes para o trabalho na e com a biblioteca escolar.
“Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (Génesis 2,7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos” (Laudatio Si § 2).
COP28 (30/11-12/12): A Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (UNFCCC) reúne anualmente os países (Partes) que assinaram o acordo de Paris de 2015, celebrado na COP21 e que limita o aumento da temperatura global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais até 2100.
Para tornar as bibliotecas mais sustentáveis, é necessário conhecer e compreender a sua Pegada de Carbono (Carbon Footprint) e criar um plano estratégico eficiente que contribua para a redução de emissões.
A Rede de Bibliotecas Escolares contactou a Carbon Footprint Ltda, especialista em emissões de carbono, que informou que o cálculo da Impressão Digital é qualitativo e que o importante é medir com precisão a Pegada de Carbono, para que esta possa ser reduzida e ser feito um plano para atingir zero emissões nos próximos anos.
Aceda às principais conclusões deste projeto de investigação e formação pioneiro, que usou a calculadora da pegada e da impressão digital de carbono da biblioteca e envolveu, entre 2020-2021, 13 bibliotecas públicas da Finlândia. Aceda às principais conclusões.
A concretização da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e os seus 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ONU, 2015) exige uma transformação na forma como pensamos e agimos.
No espaço europeu o GreenComp ou o Quadro Europeu de Competências de Sustentabilidade (European Sustainability Competence Framework) define as competências necessárias para a transição ecológica e sustentável.
A proliferação de conteúdos na internet e nas redes sociais sem ligação a especialistas e à ciência, reforça a necessidades do desenvolvimento sustentável se ancorar na avaliação crítica de fontes e em competências de informação e media.
O espaço da biblioteca deve ser flexível para se adaptar às necessidades em constante evolução da comunidade que serve. À medida que as formas de acesso à informação e os interesses dos utilizadores mudam, as bibliotecas devem ser capazes de reconfigurar os seus espaços para incorporar novas tecnologias e serviços.
O espaço físico da biblioteca é fundamental para a qualidade e a eficácia dos serviços que presta. Desde proporcionar um ambiente de estudo tranquilo e acessível até servir como um centro de aprendizagem dinâmica e colaborativa, o design e a organização da biblioteca influenciam diretamente a experiência dos seus utilizadores e o impacto positivo na comunidade que serve.
Releia os artigos que publicamos ao longo de 2023-2024 sobre esta temática.
A alteração dos modos de estar e trabalhar ocorrida nas últimas décadas exige que se repense a biblioteca e o seu espaço, sem que isto implique a sua transformação radical, mas antes uma readaptação a novos modelos e formas colaborativas de aprendizagem e produção.
Desde a reabertura, a "nova" biblioteca tem sido um sucesso entre os alunos e os docentes, com um aumento na frequência e utilização do espaço. Os alunos sentem-se mais incentivadas a explorar e ler. A flexibilidade do novo layout permite uma maior variedade de eventos e atividades, promovendo um ambiente de aprendizagem mais dinâmico. A transformação da biblioteca escolar não apenas melhorou o espaço físico, mas também revitalizou o seu papel na comunidade escolar. Ao criar um ambiente acolhedor, acessível e multifuncional, a biblioteca agora serve como um verdadeiro centro de aprendizagem e criatividade para crianças dos 6 aos 9 anos. O próximo passo será a aquisição de novos equipamentos e mobiliários mais adequados a este "novo" espaço e conceito. Este projeto demonstra como um planeamento cuidadoso, vontade de mudança e uma gestão eficaz podem transformar um espaço tradicional numa área dinâmica que melhor responde às necessidades dos utilizadores e à Escola atual.
Fruto do excelente trabalho colaborativo entre autarquia, diretora do agrupamento e professora bibliotecária, a renovação desta biblioteca escolar foi pensada de modo a flexibilizar o espaço alinhado com o paradigma de trabalho da escola do século XXI e em que se procurou o aproveitamento eficaz de toda a área, transformando-a num espaço multifuncional onde coexistem as diversas áreas funcionais, potenciando a criação de novos ambientes de aprendizagem através da utilização dos media e do digital, rentabilizando os recursos já existentes.
A literacia informacional e mediática é essencial para navegar no complexo ecossistema de informação atual, permitindo uma sociedade mais bem informada, crítica e participativa. As bibliotecas escolares estão empenhadas em desenvolver nos seus alunos estas competências, sem as quais corremos o risco de nos perdermos na sobrecarga de informação e de sermos manipulados por fontes não confiáveis.
Hoje relevamos vários artigos que publicamos em 2023-2024 sobre esta matéria. Deixou escapar? (Re)veja abaixo.
Divina Frau-Meigs examina, numa perspetiva crítica, a situação global e dos países, incluindo Portugal, no âmbito da Literacia dos Media e da Informação e reflete sobre os seus usos, benefícios e desafios.
Em nenhum país do mundo a MIL faz parte do currículo obrigatório como uma disciplina independente. É “integrada no currículo formal como tópico transversal a várias disciplinas ou é oferecida como complemento à educação formal, principalmente em ambiente informais”, como a biblioteca escolar.
Podemos concetualizar as literacias dos media e da informação como diferentes sabores de gelado que partilham ingredientes-chave? Existe atualmente um forte movimento no sentido da integração das duas práticas.
No âmbito da 12.ª edição da Operação 7 dias com os media, promovida pelo GILM - Grupo Informal sobre Literacia Mediática, cujo tema em 2024 foi “Discursos de Ódio Paz em Tempos de Guerra”, demos a conhecer alguns aspetos essenciais da temática.
Os alunos estão inundados de media e a IA promete tornar o panorama dos media mais difícil de percorrer. Podemos deixar os alunos à deriva e à mercê de si próprios, ou podemos dotá-los de competências e ensiná-los a ler e a criar media. Podemos dar-lhes as competências necessárias para conseguirem compreender e discriminar os media e proporcionar-lhes saídas positivas para se ligarem à sua comunidade. Podemos honrar as suas histórias e elevar as suas vozes.
Recordamos as várias sugestões de livros que fomos publicando ao longo de 2023-2024. Não teve oportunidade de explorar? Talvez agora venha a propósito e seja um bom pretexto para uma visita a uma livraria ou biblioteca. Com tempo... para ler!