Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blogue RBE

Ter | 13.04.21

As bibliotecas escolares e a luta contra as fake news

Lucas Maxwell І 25 de janeiro 2021

2021-04-13 facebook-app-on-screen-2.jpg

Fonte: How to Teach About Fake News in School Libraries (bookriot.com)

Na biblioteca escolar onde trabalho estou a tentar assegurar que os alunos entre os 11 e os 19 anos tomem consciência do flagelo que representam as fake news. Não me interpretem mal; os alunos estão conscientes da existência de notícias falsas, mas não compreendem necessariamente o quão perigosas podem ser, sobretudo no atual panorama mediático fragmentado.

Recentemente, numa entrevista que dei à Amy Hermon para o programa em podcast da School Librarians United ela perguntou-me porque é que decidi ajudar os alunos a lutar contra este problema. Parece-me que é das coisas mais importantes que qualquer pessoa ligada à educação deveria estar a fazer. A História soltou-se, a realidade já não é um objeto tangível que possamos invocar para nos mantermos focados, calmos e reagirmos com sensatez. Vimos isto no episódio do ataque ao Capitólio, vimos isto com o aumento das teorias da conspiração QAnon, e só irá piorar.

Também conhecemos o impacto das notícias falsas e da desinformação aqui no Reino Unido. Os teóricos da conspiração destruíram 77 torres de WiFi 5G por considerarem que as torres espalhavam a COVID-19.

E neste momento, as notícias falsas continuam a fazer caminho levando as pessoas do Sul da Ásia que residem no Reino Unido a rejeitar as vacinas contra a COVID-19. Trata-se de um problema sério – já não são apenas memes estúpidos, é uma ameaça real e perigosa à saúde púbica e à democracia no seu todo. Na minha opinião, trata-se de uma emergência política e social.

Portanto, como lutamos contra isto? Pode parecer incontrolável; pessoalmente, evito perseguir os trolls, pois são demasiados e não conseguimos mudar as suas cabeças. Não sei quem fez a afirmação, mas vem-me à ideia esta frase «a mente não é um boomerang, se a lanças para muito longe, pode não regressar».

A minha abordagem consistiu em levar o assunto para as aulas que os alunos têm na escola. Durante um mês ensinarei cerca de 700 alunos. Dentro de alguns meses, vou tentar trazer este assunto para a ribalta e dar-lhes ferramentas para lutarem contra as notícias falsas.

Tento envolver os alunos e abordar o assunto de forma lúdica. Eis como procedi antes do atual confinamento:

Organizei os alunos em seis grupos de cinco elementos. Cada grupo recebeu uma notícia diferente. Cada notícia tinha sido publicada; por outras palavras, não inventei nenhuma das notícias. Estas notícias foram criadas e divulgadas na Internet. O truque consistia no facto de apenas uma das notícias ser real. Os grupos tiveram de ler a notícia que lhes coube e decidir se se tratava da notícia verdadeira.

Não estou a tentar deprimir nem assustar ninguém, mas as notícias vão desde «Mulher encontra 90,000 abelhas no carro» e «Pinturas rupestres retratam humanos a combater os dinossauros».

Parece-me que esta é uma boa forma de fazer com que os alunos falem sobre o assunto sem os massacrarmos. Quando terminamos a tarefa, refletimos sobre as pistas que nos permitem identificar uma notícia falsa. Observamos o tipo de linguagem, o texto escrito com letras maiúsculas, pontos de exclamação, analisamos quando algo é demasiado bom para ser verdade. Atentamos nas reclamações sem fundamento, nos erros gramaticais e ortográficos, nas imagens sem referências, entre outras coisas.

Quando terminamos, mostro uma página web falsa aos alunos para a analisarem. Contém todas as caraterísticas de que falámos anteriormente. Plastifico as páginas web, peço-lhes para usarem marcadores e fazerem um círculo com bandeiras vermelhas em tornos das notícias falsas.

Isto resulta sempre numa boa discussão, sobretudo sobre os uniformes escolares que até certo ponto quase todos os alunos no Reino Unido têm de usar. Apercebi-me que depois de dar o primeiro passo nesta aula, os alunos são suficientemente perspicazes para identificarem os potenciais problemas relacionados com artigos falsos.

Quando terminamos esta atividade, fazemos um questionário sobre notícias falsas. O meu objetivo com este questionário é mostrar aos alunos o tipo de manchetes que circulam frequentemente na Internet. Estas manchetes e histórias foram tornadas públicas e algumas foram partilhadas por celebridades. Este último aspeto, muitas vezes, dá mais credibilidades às histórias do que outros. No questionário, os alunos têm de ler uma manchete e decidir se acham que é verdadeira ou falsa. Parece fácil, mas pode ser complicado. Já apliquei este questionário a cerca de 400 alunos e a pontuação média é de 64%, o que significa que ainda há trabalho a ser feito. 

O artigo «School libraries and their fight against fake news » foi originalmente publicado no sítio Bookriot. Texto traduzido livremente a partir do inglês, com autorização do autor.

_____________________________________________________________________________________________________________________

Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0