A edição dos Dias da Música que ontem encerrou no Centro Cultural de Belém, decorreu sob o signo da voz e do canto: Canto de amor, do amor profano e do amor a Deus, mas também canto da alegria e da tristeza, da esperança e do desconcerto. Canto que pode ser, também, uma forma de celebração da palavra e da poesia, como acontece no Lied.Reproduzimos a letra de um dos Liedes de Franz Schubert que tivemos oportunidade de ouvir:Regato que murmuras, tão límpido e prateado,Corres para a minha amada, tão rápido e alegre?Ah, querido regato, sê o meu mensageiro,Leva-lhe saudades do ausente.Todas as flores que ela trata no jardim,E que traz ao peito, tão encantadora,E as suas rosas rubras,Alivia-as com a tua corrente refrescante.Quando ela, nas tuas margens, sonhando, Inclina a cabeça, a pensar em mim,Conforta-o com o seu olhar amigo,Pois o seu amado em breve voltará.Quando o sol com o seu clarão róseoSe inclina, embala-a num sono suave!Adormece-a, calmamente,Murmurando-lhe sonhos de amor.Poema de Ludwig Rellstab
trad. de Maria Fernanda Cidrais