V.S. Naipaul: Quero sempre acabar um livro. É como defino a minha carreira: acabo livros
| André Marques / Observador | por Rita Cipriano | |
O Nobel da Literatura fechou a primeira noite do FOLIO, o festival literário de Óbidos. Numa entrevista conduzida por José Mário Silva, Naipaul falou do sofrimento que muitas vezes a escrita envolve.
“Não sei se era isto que querias saber…”
A resposta foi dada vezes sem conta. Aos 84 anos, V.S. Naipaul não ganhou um novo amor pelas entrevistas, muito pelo contrário. Continua a detestá-las tanto quanto detestava há 59 anos, quando lançou o primeiro livro, The Mystic Masseur. E o jornalista José Mário Silva, a quem coube conduzir a entrevista desta quinta-feira no FOLIO, sabia disso. Sentado na ponta de uma mesa estreita, parecia inseguro e a voz saia-lhe trémula. Não é que tivesse “feito um voto de silêncio” como o pai de Willie Somerset, personagem do romance de Naipaul Uma Vida Pela Metade, que fez questão de lembrar. Não, José Mário Silva estava apenas “sem palavras” por estar perante uma “figura como Vidiadhar Surajprasad Naipaul”.
V.S. Naipaul nasceu em 1932 em Trinidad e Tobago. Ansioso por se libertar da prisão que considerava ser a sua própria família, saiu de Trinidad assim que pôde, instalando-se em Inglaterra. Estudou em Oxford e trabalhou como jornalista para a BBC. Foi nos estúdios do canal de televisão que começou a escrever o primeiro livro, The Mystic Masseur, lançado em 1957, quando tinha 25 anos. Foi armado cavaleiro pela Rainha Isabel II em 1999 e recebeu o Prémio Nobel da Literatura dois anos depois, em 2001. Escreveu 30 livros de ficção, não-ficção e ensaios, muitas vezes sobre personagens isoladas, residentes num país que lhes é estranho. (...)
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