Uma professora bibliotecária pelo olhar crítico da Guidinha [1]
Por Ana Paula Oliveira, professora bibliotecária AE João da Silva Correia, São João da Madeira
Para quem não me conhece eu sou a Guidinha uma “filha” do escritor Luís de Sttau Monteiro e gosto de escrever redações embora muitos me critiquem e digam que eu devia parar de escrever porque não sei usar a pontuação e escrevo tudo de rajada e isso é um mau exemplo mas isso não importa nada o que importa são as ideias que me atacam a cabeça e eu tenho de despachá-las de lá para fora e mais a mais o senhor José Saramago também não sabia pontuar e ganhou um Prémio Nobel olarila! e isso é o que importa e o que também importa é o que me fez escrever esta crónica pois o livro onde vivo está em casa de uma professora bibliotecária com a mania dos livros e tem o meu sempre em cima da secretária onde trabalha e eu não quero ser má-língua mas essa secretária está cheia de tralha que segundo ela é o seu material de trabalho pois tem de trabalhar muito em casa uma vez que nas escolas por onde passa é lidar lidar lidar de BE em BE e tem de planear tudo em casa para depois pôr em prática nas escolas então ele é papéis, ele é PC com email Teams redes sociais e não sei quantas plataformas e ferramentas digitais que ela domina, ele é telemóvel, ele é agenda, ele é livros, ele é bonecos e materiais que ela constrói para aquilo que ela chama a hora do conto e é uma canseira para mim ver aquilo tudo e eu lá no meio a observar tanta azáfama parece que a mulher não sabe fazer mais nada na vida, sempre a inventar, sempre a mandar emails e a conversar ao telemóvel ou no Teams ora com colegas ora com alunos que ela não dá descanso a ninguém é vê-la com a desculpa que precisa de conquistar leitores e de envolver os parceiros e de construir o PAA incluindo atividades do PEM e de dar resposta aos desafios da RBE do PNL da DGE e ainda tem de ir às reuniões dos departamentos e do CP e do PADDE e depois passa a vida a fazer projetos e a incentivar toda a gente para participar nos concursos ela diz que é um orgulho ganhar e isso dá pilim ah pois o pilim é muito importante para que as bibliotecas se mantenham ativas sem pilim não se faz nada mas sem empenho também não e ela tem tanto empenho que já teve um incêndio na cozinha quando decidiu fritar batatas e fazer um relatório ao mesmo tempo e foi por isso que comprou um robô daqueles que fazem tudo para ela ir à vida dela e nunca mais fritou batatas que é uma coisa muito perigosa para a educação e apesar disto tudo é um gosto vê-la trabalhar com tanto gosto e só não gosto quando ela bufa que nem um gato assanhado quando tem o MABE à frente dela e quando tem de preencher BD e de fazer PM seja lá o que isso for mas mesmo assim ela já vai nos 60+ e vê a aposentação a chegar e já está a antever um voluntariado numa biblioteca perto de si
PS da PB vítima da má-língua da Guidinha: não assumo qualquer responsabilidade pelas palavras da Guidinha, uma desbocada incontrolável!
Ana Paula Dias de Pinho Oliveira (professora bibliotecária)
Agrupamento de Escolas João da Silva Correia
Escola Secundária João da Silva Correia
NOTAS:
[1] Se não conhecer a Guidinha, esta poderá ser-lhe apresentada no artigo: Ribeiro. F (2006, 18 de dezembro). As redacções da Guidinha. https://amateriadotempo.blogspot.com/2006/12/as-redaces-da-guidinha.html
[2] Para quem ficou baralhado com as siglas:
BE – Biblioteca Escolar
PAA – Plano Anual de Atividades
PEM – Plano Educativo Municipal
RBE – Rede de Bibliotecas Escolares
PNL – Plano Nacional de Leitura
DGE – Direção-Geral de Educação
CP – Conselho Pedagógico
PADDE – Plano de Ação para o Desenvolvimento Digital da Escola
MABE – Modelo de Avaliação da Biblioteca Escolar
BD – Base de Dados
PM – Plano de Melhoria
1. *Qualquer semelhança entre o título desta rubrica e a obra Retalhos da vida de um médico, não é pura coincidência; é uma vénia a Fernando Namora.
2. Esta rubrica visa apresentar apontamentos breves do quotidiano dos professores bibliotecários, sem qualquer preocupação cronológica, científica ou outra. Trata-se simplesmente da partilha informal de vivências.
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