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Blogue RBE

Qui | 25.11.21

Trabalhar a escrita como processo

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Como qualquer outra atividade a que nos possamos dedicar e na qual tenhamos a ambição de atingir um elevado nível de proficiência ou de domínio, a escrita requer empenho e um treino regular. Se, além disso, estiver associada a dinâmicas motivadoras no que respeita à sua aprendizagem, estarão reunidas as condições ideais para que as crianças e os jovens desenvolvam uma das competências nucleares do seu percurso escolar e pessoal e que diversos estudos (e.g., Verdasca et al., 2019) têm apontado como um dos mais importantes preditores do sucesso académico.

Nesse sentido, será fundamental que, em todos os níveis de ensino, quer em contexto letivo de determinada área curricular, quer em articulação com a biblioteca escolar, os professores – titulares de turma, de Português e das mais diversas disciplinas – e os professores bibliotecários possam ajudar os alunos a adquirirem e a desenvolverem competências de escrita. Para isso, revela-se necessário trabalhar a escrita, estrategicamente, proporcionando aos alunos tempo diário para treino dessas competências, definindo destinatários e propósitos autênticos para os textos a produzir e ensinando explicitamente as múltiplas dimensões do texto escrito.

A escrita deve ser abordada como um processo, constituído por algumas etapas essenciais, como as que abaixo se apresentam, adaptadas das metodologias descritas nas plataformas Read Write Think e Collaborative Classroom.

 

1.ª Planificação – nesta etapa de pré-escrita, há inúmeras estratégias de que o professor se pode socorrer para motivar e orientar os alunos, tais como: análise de textos-modelo que permitam o conhecimento da estrutura e das características linguísticas de diversos géneros textuais; atividades de brainstorming em grande grupo para seleção de ideias e tópicos a abordar; discussão em pequenos grupos/ a par ou reflexão individual orientada por estímulos/ orientações do professor; esquemas e outros elementos gráficos, para facilitar a organização de ideias, que podem variar consoante a especificidade do género textual a trabalhar.

2.ª Textualização – nesta etapa, os alunos escrevem o texto, a nível individual, inspirados pelas estratégias usadas na fase anterior. No seu processo de escrita, devem contar com o acompanhamento do professor, que lhes dará reforço positivo, elogiando os seus esforços e dando sugestões de melhoria. É também durante este acompanhamento que, eventualmente, se irão detetar os alunos com maiores dificuldades, que poderão requerer uma intervenção mais individualizada por parte do professor.

3.ª Revisão e edição – nesta etapa, o professor mostra aos alunos como rever aspetos específicos dos textos produzidos, podendo fazer uso de rubricas de avaliação, de listas de verificação ou de outros instrumentos de avaliação formativa que orientem os alunos na melhoria dos diversos aspetos da produção escrita.

Aconselha-se o trabalho colaborativo nesta etapa. De facto, a revisão feita a par, por exemplo, com orientações claras para os alunos, de forma a darem feedback adequado ao trabalho dos colegas, motiva os alunos, permitindo-lhes discutir o seu trabalho, identificando as alterações a introduzir ao seu texto, para que o mesmo traduza, fielmente, o que querem mesmo dizer, e realizando as correções linguísticas necessárias (ortografia, pontuação, sintaxe, vocabulário…).

Neste contexto de trabalho colaborativo, diversos autores destacam a importância de se estabelecer um ambiente de respeito e de apoio entre os alunos, fundamental para se encorajar a criatividade, levando-os a intervir e a arriscar sem receio do julgamento dos seus pares (Rosenthal, s.d.).

4.ª Reescrita – nesta etapa, os alunos incorporam as alterações e correções na versão final do seu texto, reescrevendo-o à mão ou no computador.

5.ª Publicação – esta etapa corresponde à divulgação dos textos produzidos pelos alunos nas mais variadas plataformas e em diversos suportes: jornal de parede, blogue, página WEB da escola ou da biblioteca, jornal ou newsletter escolar, entre outros. Se os alunos escreverem com um propósito específico, sabendo que terão um auditório real, composto por destinatários autênticos, irão, inevitavelmente, atribuir uma maior importância às atividades de escrita, o que poderá levá-los, também, a reconhecer uma maior correlação entre o seu percurso académico e a sua vida pessoal.

 

Referências

1. Implementing the Writing Process (s.d.). Read Write Think. https://www.readwritethink.org/professional-development/strategy-guides/implementing-writing-process

2. Rosenthal, S. (s.d.). Our Approach to Teaching Writing. Center for the Collaborative Classroomhttps://www.collaborativeclassroom.org/blog/our-approach-to-teaching-writing/

3. Verdasca, J., Neves, A. M., Fonseca, H., Fateixa, J. A., Procópio, M., & Magro-C, T. (2019). Escolas e comunidades tecendo políticas educativas com base em evidências. PNPSE/DGE. http://dspace.uevora.pt/rdpc/handle/10174/25769

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