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Blogue RBE

Seg | 03.10.22

Tem a palavra… João Costa

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Nas escolas portuguesas, já há muito que a biblioteca deixou de ser apenas um espaço ou um serviço prestado aos alunos.

Graças ao trabalho dos Professores Bibliotecários e da Rede de Bibliotecas Escolares, as bibliotecas são hoje uma plataforma crítica para a gestão curricular.

O currículo nacional português, estipulado no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, é absolutamente claro sobre as finalidades da escola. No tempo de profunda transformação da nossa relação com o conhecimento, no tempo da avalanche de informação, no tempo em que o digital nos transforma e nos interpela, o desenvolvimento de competências que vão para lá da memorização torna-se urgente. Pensar criticamente, avaliar fontes de informação, debater, criticar, analisar, resolver problemas, trabalhar colaborativamente, integrar conhecimento são dimensões chave para o sucesso.

Na biblioteca, os saberes estão sempre cruzados e interligados. Por muito que tentemos arrumar os livros em secções estanques, eles dialogam entre si, os temas conversam, a ficção convida ao aprofundamento dos factos, os factos tornam-se chave para aprofundar a fruição. Não há, pois, flexibilidade curricular que não aproveite esta atmosfera de saber partilhado.

Na biblioteca, convida-se ao gosto pelo livro, ao tempo da leitura. A biblioteca é e tem de continuar a ser o lugar da relação com o tempo não imediato, em que a palavra se mastiga e se reflete sem ter pressa de saltar para a aplicação do lado. Convocam-se os alunos para o gosto, fala-se de livros e de leituras, cativa-se. Porque gostar de ler não é um gosto qualquer. Ler é ferramenta para a liberdade e não podemos ser cúmplices de contextos que não propiciam a liberdade. Por isso, a biblioteca escolar promove o gosto pela leitura. Porque é o oxigénio da respiração livre e não condicionada.

Na biblioteca, todos têm lugar. Os livros são diferentes, sorriem para perfis diferenciados, respeitam o ritmo e motivação. Sem a biblioteca não há educação inclusiva, porque a literacia inclui, dá mobilidade social, traz bem-estar.

Na biblioteca, descobrimos mundos que não estão “no programa”, no manual, na sala de aula. A cidadania constrói-se no debate, na pesquisa da perspetiva do outro, no confronto com as histórias que a História conta, na informação que desfaz o populismo e a demagogia.

Neste mês de outubro, celebramos as bibliotecas escolares, os seus profissionais, este foco de alegria e descoberta. Celebramo-la na certeza de que todo o desenho de política educativa tem convocado as bibliotecas para o seu contributo inestimável para um futuro com mais sucesso, onde todos aprendem e todos são mais livres.

Boas leituras, em outubro e no ano todo!

João Costa

Ministro da Educação

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