Sugestões de leituras para as férias dos professores bibliotecários
As bibliotecas escolares são recursos imprescindíveis à escola, os professores bibliotecários agentes de mudança com responsabilidade acrescida no processo educacional e nas aprendizagens dos alunos. O valor da biblioteca escolar é indiscutível, numa escola de qualidade.
Durante o ano letivo o professor bibliotecário assume vários papéis: de facilitador das aprendizagens e do desenvolvimento de diferentes competências de literacia no processo formativo dos alunos, mas também do trabalho de cooperação, colaboração e uma partilha efetiva; de conector entre todos os elementos da comunidade educativa; de catalisador em prol do trabalho conjunto e da criação de redes de conhecimento, e por último, o poder da comunicação.
Agora, chegou o tempo dedicado à reflexão, à planificação, à reorganização e arrumação, para, em breve, gozar do merecido descanso e usufruir de excelentes momentos de leitura.
Chegou o tempo para ler!
Partilhamos algumas sugestões de leitura para os professores bibliotecários:
Ponham-nos a Ler! - A leitura como antídoto para os cretinos digitais, de Michel Desmurget; Contraponto Ed.
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Neste livro, a leitura surge como a base que permite à criança desenvolver os três pilares da sua essência humana: aptidões intelectuais, competências emocionais e habilidades sociais. Michel Desmurget mostra-nos ainda que, apesar dos esforços dos media para nos convencer do contrário, os jovens não só leem cada vez menos, como leem cada vez pior. Segundo ele, saber ler é mais do que decifrar o alfabeto e juntar letras e sílabas - é preciso que a criança compreenda e interprete o que está escrito. Só assim poderá aprender a compreender o meio em que está inserida. O papel dos pais é, por isso, fundamental, cabendo a estes estimular nos filhos o gosto pela leitura mediante as estratégias apontadas pelo autor.
Face à sedução crescente dos ecrãs que tanto prejudicam o desenvolvimento dos nossos filhos, tanto a nível intelectual e cognitivo como físico-motor, Michel Desmurget apresenta-nos a leitura como a única forma de resistência possível ao avanço incontrolável do digital, num livro absolutamente imprescindível para pais e educadores.
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O Livro Que Gostaria Que Os Seus Pais Tivessem Lido, de Philippa Perry; Ed. Arena
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Nesta obra absorvente, inteligente e divertida, a reconhecida psicoterapeuta britânica Philippa Perry explica o que é realmente importante e que tipo de comportamentos devemos evitar ou fomentar no relacionamento com os nossos filhos. Em vez de desenhar o plano "perfeito", Perry oferece-nos uma visão geral de como pais e filhos podem alcançar um bom relacionamento. Cheio de conselhos sábios e saudáveis, este é o livro que todos os pais quererão ler e que todos os filhos agradecerão que os seus pais leiam também.
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A Livraria na Colina, de Alba Donati; Ed. Pergarminho
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«- Romano, gostava de abrir uma livraria na minha aldeia.
- Muito bem, quantos habitantes tem?
- 180.
- Então, 180 mil a dividir…
- Não é 180 mil, é 180.
- És doida.»
Um crowdfounding, em 2019, permitiu à poeta Alba Donati deixar o seu trabalho numa das maiores editoras italianas e trocar Florença pela sua aldeia natal, Lucignana. Um incêndio e uma pandemia não foram suficientes para enterrar o sonho; pelo contrário, uma vez inaugurada esta pequena cabana nas montanhas, repleta de delícias literárias (incluindo meias e chás inspirados em livros e autores), os amantes da leitura, de todos os tipos e proveniências, juntaram-se para a manter viva - e próspera! Visitada por escolas, turistas, peregrinos, com um festival literário e diversos eventos culturais, a Libreria Sopra la Penna - pequeno espaço cheio de grandes sonhos - tornou-se um destino global para leitores ávidos, curiosos e até principiantes.
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Adolescentes, de Margarida Gaspar de Matos; Ed. Oficina do Livro
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Tudo o que sempre quis saber sobre o que pensam, o que desejam, o que sentem.
Baseado em estudos e evidência científica, Adolescentes pretende auxiliar pais e educadores que se vejam a braços com esse mistério frequente que é compreender os adolescentes. Este livro procura entender quais as suas expectativas e os seus sonhos, e ir ao encontro das suas necessidades físicas e emocionais, aceitando os seus receios e uma forma de estar muito própria desta fase da vida, que se tornou ainda mais exigente com todos os acontecimentos mundiais ligados à pandemia e às suas consequências mais diretas, como o isolamento e as alterações nas relações sociais e meio ambientais.
A especialista Margarida Gaspar de Matos vai, através da sua experiência enquanto investigadora, mas também com testemunhos de adolescentes, mostrar aos leitores «ferramentas» que ajudam em termos mais práticos e informados a lidar de forma mais tranquila com esta geração que representa o futuro e a mudança.
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Poesia reunida, de João Luís Barreto Guimarães; Ed. Quetzal
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A poesia de João Luís Barreto Guimarães oscila, sempre, entre a contemplação da História, a ironia sobre as coisas comuns e quotidianas, a transformação dos sentimentos em meditação sobre a passagem do tempo, a construção de um universo próprio com as suas personagens, obsessões e descobertas.
Há nos seus versos uma atenção meticulosa voltada para os objetos quotidianos e que, a cada livro, foi dando lugar a uma geografia e uma enumeração afetuosa de lugares, memórias e personagens. Fala da casa, das viagens, das leituras, das histórias do mundo, da afirmação da vida. Está marcada pela ironia mas também pela gravidade e pela melancolia, pelo pormenor e pelo retrato de conjunto, pela leitura da solidão mas também do amor, da amizade, das coisas de todos os dias.
Como se todos nós tivéssemos direito à poesia como ao pão de cada dia.
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Como Organizar Uma Biblioteca, de Roberto Calasso; Ed. Edições 70
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«Organizar uma biblioteca é um tema altamente metafísico.»
Aqueles que tentam pôr os seus livros em ordem devem ao mesmo tempo reconhecer e modificar uma boa parte da sua paisagem mental. Esta é uma tarefa delicada, cheia de surpresas e descobertas, mas sem uma solução. Muitos já o experimentaram, desde o estudioso do século XVII Gabriel Naudé até Aby Warburg. Vários episódios são aqui relatados, misturados com fragmentos de uma autobiografia involuntária. Segue-se um perfil do breve momento em que certas revistas, entre 1920 e 1940, atuaram como polinizadores da literatura, e uma crónica do emblemático nascimento da recensão, quando Madame de Sablé se viu na situação embaraçosa de dar publicamente conta das Máximas do seu querido e sensível amigo La Rochefoucauld. Por fim, o tema da arrumação reaparece no último ensaio desta coletânea, desta vez aplicado às livrarias de hoje, para as quais é uma questão vital e quotidiana.
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O Livro que Me Escreveu, de Mário Lúcio Sousa; Ed. D. Quixote
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Diagnosticado com uma doença cardíaca grave, um jovem decide escrever o Livro da sua vida - e escrevê-lo literalmente com o coração. Sempre ao lado da mulher, leva trinta anos para completar a empreitada, passando fome e privações e vivendo a crédito, esperando pagar as dívidas quando o Livro for publicado.
Assim que o termina, manda as folhas dactilografadas ao seu editor, mas este nunca as recebe. O desespero leva o casal e os amigos e vizinhos a uma busca desesperada em todas as estações de Correios do mundo, até que o editor dá a entender que finalmente recebeu o livro. Só que não era o Livro…. Então, começam a chover livros assinados com o nome do escritor, e o povo começa a ler desenfreadamente, tornando a leitura um fenómeno à escala global.
O Livro que Me Escreveu é uma novela genial, um elogio maravilhoso à solidariedade e à leitura, essenciais na formação do ser humano.
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A Colher, de Sandra Siemens, Bea Lozano (Ilustr.); Ed. Fábula
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Além de utilidade prática, alguns objetos têm histórias secretas, que vão passando de geração em geração, alimentando o seu valor afetivo e criando elos que durarão para sempre.
Esta obra premiada, da escritora argentina Sandra Siemens e da ilustradora espanhola Bea Lozano, é particularmente tocante para leitores cujas famílias tiveram de migrar, mas convida todos os leitores à partilha de memórias, que por vezes estão guardadas em simples objetos.
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História de um Homem Comum, de George Orwell, Jacinta Maria Matos (Int., trad. e notas); Ed. E -Primatur
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Neste romance que oscila entre um registo cómico e um registo pessimista – especialmente no que diz respeito ao capitalismo especulativo, às ameaças políticas externas e à morte de uma certa Inglaterra rural – George Bowling é um angariador de seguros na meia-idade, que vive numa casa geminada de um subúrbio inglês com a mulher e dois filhos. Um dia, depois de ganhar algum dinheiro numa aposta, e antecipando os tempos terríveis que se adivinhavam tanto para si como para o país, tenta recuperar a sua infância idílica e regressa a Lower Binfield, o lugar onde nasceu, para pescar carpas num lago que lhe ficou na memória durante trinta anos. Infelizmente esse lago já não existe, o vilarejo tornou-se irreconhecível e o principal acontecimento da sua escapadela está longe de ser aquilo que se esperava.
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A Lista de Leitura, de Sara Nisha Adams; Top Seller
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Mukesh leva uma vida pacata num subúrbio de Londres e tenta manter as rotinas estabelecidas pela sua mulher, Naina, que faleceu recentemente. Vai às compras todas as quartas-feiras, frequenta o templo hindu e tenta convencer as três filhas de que é perfeitamente capaz de organizar a sua vida sozinho.
Aleisha é uma adolescente que trabalha na biblioteca local durante o verão e que, curiosamente, não gosta de ler. Até que encontra um papel amachucado dentro de um exemplar de Mataram a Cotovia com uma lista de livros dos quais nunca ouvira falar. Intrigada, e um pouco entediada com o seu trabalho, decide começar a ler os livros aí sugeridos.
Quando Mukesh vai à biblioteca para devolver um dos livros de Naina e pedir outras sugestões de leitura, numa tentativa de criar laços com a neta, Aleisha recomenda-lhe os títulos da lista. É assim que, livro a livro, vão descobrindo a magia da leitura e encontrando novos significados para as suas vidas. E é através destas leituras partilhadas que Aleisha e Mukesh encontram a força necessária para lidar com os desgostos e problemas do dia a dia e reencontram a alegria de viver.
Uma história sobre amizade, amor e o poder que os livros têm de mudar a vida de quem os lê.
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A Crise Da Narração, de Byung-Chul Han; Ed. Relógio D´Água
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«Qualquer ação transformadora do mundo pressupõe uma narrativa. O storytelling, por seu lado, conhece uma única forma de vida, a consumista.»
É a partir das narrativas que se estabelecem laços, se formam comunidades e se transformam sociedades.
Mas, hoje, o storytelling tende a converter-se numa ferramenta de promoção de valores consumistas, insinuando-se por todo o lado devido à falta de sentido característica da atual sociedade de informação.
Com ela, os valores da narração diluem-se numa corrente de informações que poucas vezes formam conhecimento e confirmam a existência de indivíduos isolados que, como Byung-Chul Han já mostrou em A Sociedade do Cansaço, têm como objetivo principal aumentar o seu rendimento e a autoexploração.
E, no entanto, certas formas de narração continuam a permitir-nos partilhar experiências significativas, contribuindo para a transformação da sociedade.
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Somos Animais Poéticos, de Michèle Petit; Ed. Kalandraka
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Uma reflexão imprescindível sobre a importância da arte e da literatura, da beleza como feito fundamental e da necessidade do ‘inútil’ em tempos críticos.
A partir de testemunhos e de textos inicialmente escritos para intervenções em jornadas que reuniam professores, bibliotecários, promotores de leitura, entre outros, Michèle Petit analisa aqui o contributo que a literatura (oral e escrita) e a arte em todas as suas formas podem ter hoje em contextos difíceis e que nestes últimos anos não têm parado de se multiplicar, desde guerras, migrações de refugiados, alterações climáticas aos atentados terroristas ou à pandemia de covid-19. Neste ensaio, pleno de sensibilidade, a autora faz uma apologia à arte nas suas várias formas, ora abordando a superação do trauma através da contemplação do belo, ora exaltando a transmissão cultural em cenários de exílio, ou a linguagem e o canto como meios de conexão com a natureza, as bibliotecas como casas de pensamento e convívio, e ainda a importância da literatura como fomentadora do sonho.
Por diferentes vias, a antropóloga francesa relembra que o utilitário nunca nos basta e que não podemos ser reduzidos a variáveis económicas, nem mesmo aos nossos papéis sociais, pois somos também, e talvez acima de tudo, verdadeiros animais poéticos.
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48 Ensaios, de Virginia Woolf; Ed. Relógio D´Água
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Reúnem-se aqui quarenta e oito ensaios da autora de As Ondas que nos falam de escritores como Jane Austen, Defoe, Henry James, Christina Rossetti, Conrad, Sterne, Thomas Hardy, Walt Whitman, Montaigne e dos russos que eram os seus favoritos, como Tolstói, Dostoievski e Turgenev. Virginia Woolf escreve ainda sobre a personagem ficcional, o romance gótico, histórias de fantasmas, o tempo passado em bibliotecas, a arte da biografia e a situação de estar doente. Assuntos como o cinema e as mulheres escritoras são também abordados, assim como o declínio da escrita ensaística, a crítica ou o modo como se deve ler um livro. Nos últimos ensaios, pairam já as sombras da II Guerra Mundial, como em «Pensamentos de Paz num Ataque Aéreo» (1942).
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História do Repouso, de Alain Corbin; Ed. Quetzal
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O descanso não é sono, nem imobilidade, nem uma solução para a fadiga - mas um momento em que o ser humano se reconstrói, caminha, esquece, encontra um lugar apenas seu.
Durante muito tempo o repouso foi relegado para a «vida eterna», depois da morte e de um destino obediente e conformado. Mas tudo mudou com o século XIX, tornando-se também uma necessidade terapêutica - e um convite ao lazer, com a sua indústria organizada e lucrativa.
Nos dias de hoje, o tempo de lazer ocupa o tempo livre, invade o espaço humano, cria novas formas de dependência e de cumprimento de horários. Erradamente, não falamos mais de descanso, mas de momentos de relaxamento, diversão e evasão, o que equivale a substituir a fadiga por mais tensão, mais tarefas, mais disciplina e mais consumo.
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A Vida na Selva, de Álvaro Laborinho Lúcio; Ed. Quetzal
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Há quem nasça para o romance ou para a poesia e se torne conhecido pelo seu trabalho literário; e quem chegue a esse ponto depois de percorrer um longo caminho de vida, atravessando os escolhos e a complexidade de uma profissão, ou de uma passagem pela política, ou de um reconhecimento público que não está ligado à literatura. Foi o caso de Álvaro Laborinho Lúcio, que publicou o seu primeiro e inesperado romance (O Chamador) em 2014.
Desde então, em leituras públicas, festivais, conferências e textos com destinos vários, tem feito uma viagem de que guarda memórias, opiniões, interesses, perguntas e respostas, perplexidades e reconhecimentos. Estes textos são o primeiro resumo de uma vida com a literatura - e o testemunho de um homem comprometido com as suas paixões e o diálogo com os outros. O resultado é comovente e tão inesperado como foi a publicação do primeiro romance.
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Lenços pretos, chapéus de palha e brincos de ouro, de Moreira Marques; Ed. Companhia das Letras
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Um relato de viagem que tem como guia As mulheres do meu país, escrito no final dos anos 1940 por Maria Lamas, figura de proa do ativismo político em Portugal.
Um ensaio sobre os textos que as mulheres não escreveram e as vidas que elas não viveram, e que poderiam ter mudado a visão da História.
A narrativa autobiográfica de uma escritora que tenta encontrar e desvendar a sua própria história nas histórias das mulheres anónimas que povoam o nosso imaginário.
Susana Moreira Marques viaja pelas aldeias ruidosas do passado e as aldeias-museu do presente; passa por hotéis modernos onde já chegou o progresso de ter um quarto só para si; encontra mulheres que ainda vivem no silêncio de antigamente; procura registar velhas memórias e fazer perguntas que sejam úteis hoje: começa a desenhar as mulheres do país do futuro.
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Os Rostos, de Tove Ditlevsen; Ed. Dom Quixote
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Copenhaga, 1968. Lise, uma escritora de livros infantis e mãe de três filhos, casada, vê a sua vida quotidiana a esvair-se. É cada vez mais assombrada por rostos e vozes sem corpo. Além disso, está convencida de que o seu marido, extravagantemente infiel, a vai deixar. Mas, acima de tudo, tem medo de não voltar a escrever. No entanto, à medida que mergulha num mundo de comprimidos e hospitais, começa a interrogar-se: será a loucura algo que realmente se deva temer, ou será que traz uma espécie de liberdade?
Em Os Rostos Tove Ditlevsen reflete sobre casamento e divórcio, amor e loucura, medo, ternura e maldade, utilizando magistralmente os meios literários para tornar tangíveis as mudanças na perceção de uma mulher.
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Vemo-nos em Agosto, de Gabriel García Márquez; Ed. Dom Quixote
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Todos os anos, a 16 de agosto, Ana Magdalena Bach apanha o ferry que a leva até à ilha onde a mãe está enterrada, para visitar o seu túmulo. Estas viagens acabam por ser um convite irresistível para se tornar uma pessoa diferente durante uma noite por ano.
Ana é casada e feliz há vinte e sete anos e não tem motivos para abandonar a vida que construiu com o marido e os dois filhos. No entanto, sozinha na ilha, Ana Magdalena Bach contempla os homens no bar do hotel, e todos os anos arranja um novo amante. Através das sensuais noites caribenhas repletas de salsa e boleros, homens sedutores e vigaristas, a cada agosto que passa Ana viaja mais longe para o interior do seu desejo e do medo escondido no seu coração.
Escrito no estilo inconfundível e fascinante de García Márquez, Vemo-Nos em Agosto é um hino à vida, à resistência do prazer apesar da passagem do tempo e ao desejo feminino.
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Vinte Grandes Contos de Escritoras Portuguesas, de Várias autoras; Ed. Sibila Publicações
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«Sendo as autoras aqui representadas nascidas entre 1831 e 1982, ou seja, separadas entre si por mais de um século e meio, e, como tal, apresentando-nos narrativas que se inserem em diversos estilos e sujeitas a diversos dogmas sócio-histórico-culturais, seria expectável que encontrássemos uma variedade temática que representasse a distância temporal entre estas. Surpreendentemente, podemos identificar dois temas constantes em todos os textos, de forma implícita ou explícita: um deles refere-se à incapacidade masculina de corresponder ao amor feminino. O segundo, de certa forma relacionado com o primeiro, aborda a violência e a subjetivação do espaço feminino, seja este físico ou cultural.» Da introdução de Deolinda M. Adão
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Deus Cérebro, de Anabela Almeida & António J. de Almeida; Ed. Oficina do Livro
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Foram dados passos gigantes nos últimos 20 anos na exploração do cérebro humano, mas a dimensão do que está para lá do nosso conhecimento permanece um enigma. À medida que se avança no conhecimento da mais impenetrável fortaleza da humanidade, maior é a perceção de que há um vasto universo por descobrir. Se os maiores mistérios da Natureza são a mente e o Universo, poderá o cérebro humano responder a diferentes estados de acordo com a influência de algo mais vasto e superior a nós – o próprio Universo? Neste livro, tal como na série, encontramos as mais recentes abordagens e testemunhos de personalidades e investigadores de referência a nível mundial a partir dos quais são cruzados pontos de vista e dados para uma reflexão sobre os mistérios do cérebro humano. Como chegámos aqui e o que nos torna únicos? Qual a origem das emoções e dos mecanismos por detrás do Eu? Qual o poder da genética e da sociabilidade? Poderemos influenciar o comportamento humano partindo do estudo do cérebro? Que consequências poderá trazer ao cérebro humano a fusão com a tecnologia?
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Augusta B. - Ou as Jovens Instruídas 80 Anos Depois, de Joana Bértholo; Ed. Caminho
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«— Sabes que mais? Devíamos fazer como a Agustina! — exclamou.
E foi aí que tudo começou.
Foi nesta frase que tudo teve início, quando Raquel desafiou Augusta a seguirem o exemplo de Agustina.
Os olhos de Augusta abriram-se como se ouvisse este nome pela primeira vez. A sua atenção cativa: o que fez Agustina?, foi a questão nunca formulada mas de imediato respondida.
Raquel detalhou então a ousadia de um gesto que celebrava naquele ano — 2024 — oitenta anos.
Tudo naquela história soava obsoleto: o veículo, os modos e o contexto.
Mas talvez não o impulso, sentiram elas; talvez não o anseio, talvez não a carência, a volúpia ou a intensidade.
Porventura nada do que realmente importa teria mudado.
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O Aprendiz de Gutenberg, de Alix Christie; Ed. Saída de Emergência
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Peter Schoeffer é um jovem ambicioso à beira de alcançar o sucesso como escriba em Paris quando o seu pai adotivo, o rico mercador Johann Fust, o convoca à cidade de Mainz para conhecer um homem extraordinário. Gutenberg, inventor de profissão, criou um método revolucionário - há quem diga blasfemo - de produção de livros: uma máquina a que chama de prensa. Fust está a financiar a oficina de Gutenberg e ordena a Peter que se torne o seu aprendiz. Ressentido por ser forçado a abandonar uma carreira tão prestigiante como escriba, Peter inicia a sua aprendizagem na arte mais negra. À medida que as suas habilidades crescem, assim cresce também a admiração por Gutenberg e a dedicação a um projeto ousado: a impressão de cópias da Bíblia Sagrada. Mas quando forças externas se alinham contra eles, Peter vê-se num dilema entre os velhos costumes e as novas criações que ameaçam transformar o mundo. Conseguirá ele encontrar uma forma de superar os obstáculos numa batalha que poderá mudar a História?
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📷 Imagem de dixiepicks por Pixabay
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