Sob a pena de Camões
Envolvimento de Esposende nas comemorações de Camões
As atividades pensadas pela Rede de Bibliotecas Escolares do Concelho de Esposende, da qual fazem parte a Biblioteca Municipal Manuel de Boaventura e as Bibliotecas escolares do concelho, para a IV edição de Catraia de Livros, que decorre em Esposende entre 23 e 30 de Março e corresponde à Semana da Leitura daquele município, são dedicadas a Camões, tendo por mote “Sob a pena de Camões”.
A Rede de Bibliotecas Escolares é a entidade que, em articulação com o Ministério da Educação, Ciência e Inovação, promove as comemorações do V Centenário de Nascimento de Luís de Camões, que decorrem até 10 de junho de 2026.
Assinala-se o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas a 10 de junho, com a data de morte de Camões, elevando-se a cultura e a palavra a pilares identitários – baseado nesta circunstância Fernando Pessoa diz, “A minha pátria é a língua portuguesa”.
Para ajudar as escolas e as bibliotecas escolares a desenvolverem os seus programas de comemoração, a RBE lançou a iniciativa Camões, Engenho e Arte com propostas de atividades e recursos. É com regozijo que regista uma elevada adesão a este movimento global das Comemorações.
Mais do que uma homenagem, as Comemorações são uma oportunidade para redescobrir e reatualizar a obra de Camões, pondo-a ao serviço da formação plena dos alunos e assegurando que, no futuro, continuará a inspirar gerações.
A leitura em Esposende
Catraia de Livros “tem como objetivo celebrar e incentivar o prazer de ler, envolvendo toda a comunidade” para que livros e autores façam parte das conversas espontâneas e cada leitor encontre o livro que o faz ser leitor e, quando termina a leitura, lhe deixa um vazio que o faz querer voltar a ter essa experiência.
A leitura/escrita é fundamental porque funciona como gatilho para desenvolver todas as competências humanas (memória, imaginação, cálculo…). Isto é essencial porque a inteligência ou o pensamento - humano ou artificial - tem como matéria-prima a linguagem e se não a desenvolvermos perdemos autonomia, identidade, cultura e somos mais facilmente manipulados.
Como conquistar para a leitura/ escrita?
Esta é a pergunta para cuja resposta o mundo inteiro está mobilizado, face aos desaires que a avaliação internacional nos domínios da leitura tem evidenciado. Algumas estratégias passam por:
- Criar mais oportunidades para as crianças e jovens (e a comunidade) poderem escolher livremente os livros que querem ler (personalização);
- Valorizar a leitura por prazer, na escola e na família – a leitura por prazer cria o hábito que se estende à leitura orientada, por informação;
- Gerar conversas espontâneas em que os jovens leitores - e elementos significativos da comunidade - partilhem o seu entusiasmo pelos livros e o processo que os levou a ser leitores, criando-se um efeito de contágio;
- Apresentar a leitura sob formas e práticas muito diversas, compreendendo a leitura de forma alargada, com ligação às artes e ao património e na qual todos podem encontrar algo do seu agrado.
Esta vertente está bem representada no evento promovido em Esposende que:
- Reúne feiras e apresentações de livros, teatro e leitura encenada, sessões de poesia, leituras entre turmas, exposições literárias, concertos comentados, espetáculo, tertúlias, debates, jogos, etc.
- Tem como ponto de partida e inspiração um elemento da cultura local, a embarcação tradicional, a Catraia de Esposende, valorizando as especificidades culturais territoriais, identitárias e com história. Elas são fundamentais para uma maior diversidade/riqueza cultural e para participação de todos na cultura. Evocando a IFLA, voz que representa as bibliotecas no mundo, “Uma comunidade prospera por meio de sua herança cultural e morre sem ela”.
O poder da leitura/escrita
Para que serve a leitura/escrita? Ajuda a:
- Amar/ Revelar a vida, a liberdade, o prazer - “Sob a pena de Camões” há paixão, cravos, limões; Em “As Plantas na Obra Poética de Luiz Vaz de Camões” [programação] observa-se que a natureza guarda memória dos versos de Camões;
- Traduzir em sentimentos e ideias o que procuramos – “Sob a pena”, escrevendo, criamos sentido (e construímos uma casa/lugar só nosso) e compreendemos com profundidade;
- Participar criticamente, ter uma voz, assumir uma agência e, intencionalmente, a deixar uma pegada cívica - A “pena de Camões” é uma arma que re-clama/grita, resiste no “mar tempestuoso” de notícias e da vida do dia a dia. Enquanto houver guerra e não for alcançada a ambição de “não deixar ninguém para trás”, é preciso ler/ escrever, para que a paz e a humanismo existam (nas palavras, nos sonhos/imaginação);
- Celebrar juntos – “Sob a pena de Camões” reconta/canta/dança-se… deixando viva a memória e firmando entre as gentes alianças e amizades como a que unem a Rede de Bibliotecas Escolares, a Rede de Bibliotecas do Concelho, a Biblioteca e Câmara Municipal e a comunidade leitora de Esposende.
NOTA: Este texto corresponde à comunicação feita na sessão de abertura do festival, no dia 21.03.2025.