Com o propósito de sensibilizar a comunidade internacional para a importância de capacitar os cidadãos para serem leitores e agentes críticos de informação e comunicação social, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em colaboração com a Aliança Global para Parcerias em Literacia dos Média e da Informação (GAPMIL) promovem, entre 24 e 31 de outubro, um encontro - inteiramente em linha - intitulado “Resisting Disinfodemic: Media and Information Literacy for everyone and by everyone”.
Neste encontro participa a International Federation of Library Associations and Institutions (IFLA) através da sua Presidente, Christine Mackenzie e Representante de Política e Estudos, Claire McGuire, para sublinhar o papel das bibliotecas na promoção das Literacias dos Media e da Informação (Media and Information Literacy – MIL).
Todos podem celebrar esta Semana participando nas seguintes propostas de ação global:
1. Organizar um Dia de Literacia dos Média e da Informação;
2. Organizar eventos ou atividades relevantes na sua cidade;
3. Discutir Literacia dos Média e da Informação na sua universidade;
4. Usar as redes sociais para aumentar a conscientização sobre Literacia dos Média e da Informação;
5. Enviar uma carta;
6. Dar voz à juventude;
7. Juntar-se à Aliança Global para Parcerias em Literacia dos Média e da Informação (GAPMIL);
8. Promover as publicações e ações da UNESCO;
9. Promover ou inscrever-se no curso em linha de Literacia dos Média e da Informação;
10. Participar nos debates globais em linha.
Para quem quer participar de um modo diferente, é possível partilhar a sua atividade usando a hashtag #GlobalMILWeek 2020!
A literacia dos media e da informação, a educação para o desenvolvimento sustentável e o acesso universal à internet (International Telecommunication Union), sobretudo para meninas e mulheres, mais sujeitas à discriminação e com menos acesso sobretudo nos países em desenvolvimento – ONU News. (20.10. 2020). Novo estudo de gênero da ONU: Mulheres 'longe de ter uma voz igual à dos homens', pode constituir um caminho consistente para combater a desinformação, construir a confiança nas instituições democráticas e alcançar maior equidade na saúde e bem-estar e desenvolvimento sustentável.
O que é a literacia dos media e da informação?
De acordo com a UNESCO, é o conjunto de competências que permitem ao cidadão ler, criar e partilhar informação a partir da “avaliação dos meios de comunicação e das fontes de informação e com base na forma como são produzidas, nas mensagens que são transmitidas e no público visado” (Media and Information Literacy Curriculum for Teachers , 2011, p. 2 | Obra integral). Aplica-se, de forma holística, a todos os tipos de meios e fontes, independentemente das tecnologias usadas (livros, periódicos, televisão, rádio, bibliotecas, arquivos, museus, Internet…).
Porque é que a literacia dos media e da informação é importante para a biblioteca escolar?
Porque promove a liberdade de expressão das crianças e jovens que, de acordo com a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (ONU. 1989, Art.º 13.º), “compreende a liberdade de procurar, receber e expandir informações e ideias de toda a espécie, sem consideração de fronteiras, sob forma oral, escrita, impressa ou artística ou por qualquer outro meio à escolha da criança”.
Porque a literacia dos media e da informação responde ao desejo de participar e empoderar para a ação na sociedade, incentivando a criança a “exprimir livremente a sua opinião” (ONU. 1989, Art.º 12.º), interagir nos meios de comunicação e, desta forma, conquistar o seu lugar no espaço público.
Porque contribui “para assumir as responsabilidades da vida numa sociedade livre” (ONU. 1989, Art.º 29.º) fomentando a discussão de uma pluralidade de pontos de vista e o diálogo intercultural, bem como a consciencialização sobre a importância de media livres, independentes e plurais para viver em democracia.
Como é que a biblioteca pode trabalhar a literacia dos media e da informação?
Assegurando “o acesso da criança à informação e a documentos provenientes de fontes nacionais e internacionais diversas, nomeadamente aqueles que visem promover o seu bem-estar” e reconhecendo a “importância da função exercida pelos órgãos de comunicação social” (ONU. 1989, Art.º 17.º) na vida pessoal, no trabalho, na aprendizagem ao longo da vida e na construção de sociedades democráticas.
Advertindo que a informação ou mensagem é sempre uma construção ou representação da realidade - e não a própria realidade - e que a acessibilidade das tecnologias de comunicação torna todos os utilizadores potencialmente criadores e que, por isso, pode ser prudente cultivar-se um certo ceticismo.
Construindo ambientes de aprendizagem práticos, isto é, centrados nas crianças ou jovens, de modo a que estes possam trabalhar conteúdos significativos que respondam às necessidades da sua vida. À maneira socrática, pondo-as a pensar, umas com as outras, a partir de questões desejavelmente levantadas por elas.
Há vários anos que a Rede de Bibliotecas Escolares instituiu o trabalho no âmbito da literacia dos media e da informação como prioridade para a ação das bibliotecas escolares:
Tem monitorizado a aplicação pelas bibliotecas escolares deste instrumento de trabalho, apresentando relatórios anuais que evidenciam o uso cada vez mais alargado do mesmo.
Lançou em setembro de 2020 o sítio Aprender com a biblioteca escolar: atividades e recursos que agrega propostas de atividades para o desenvolvimento da literacia dos media e da informação a serem implementadas em articulação entre as bibliotecas escolares e os docentes curriculares.