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Blogue RBE

Sex | 01.03.24

“Retalhos” que costuram uma manta colorida.

por Filomena Nunes, Professora Bibliotecária do AE de Santa Marta de Penaguião

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Mesmo antes de ser professora já era “cliente” das bibliotecas. As bibliotecas e os livros foram sempre espaços onde me sentia confortável, em casa.

Quando assumi responsabilidades na biblioteca escolar, fi-lo com enorme entusiasmo, mas consciente da exigente tarefa que me era pedida.

Embora já estivesse ligada à biblioteca da minha escola (Santa Marta de Penaguião), a odisseia começou com a integração da biblioteca da escola E.B 2,3 na Rede de Bibliotecas Escolares logo em 2000. Foi um tempo de muita descoberta, de muita colaboração entre colegas de outras escolas, de sentimento de partilha de uma missão entusiasmante.

Anos depois, em 2009, com a construção da biblioteca do novo Centro Escolar, também integrada na RBE, alargou-se a manta: desenhar e costurar uma biblioteca de raiz para os mais pequeninos (pré-escolar e 1º ciclo), alargar os serviços da biblioteca escolar a todas as escolas do Agrupamento. Foi uma aventura feliz e uma aprendizagem.

Ao longo dos anos, os espaços, os hábitos, os utilizadores, os recursos, os livros mudaram muito. O papel da biblioteca escolar na escola também mudou, fruto do trabalho dos professores bibliotecários e da RBE.

Com 37 anos de docência e mais de vinte de biblioteca escolar, a minha manta de retalhos tornou-se tão colorida quanto o dia-a-dia de uma biblioteca.

As bibliotecas escuras e com livros fechados em estantes fazem parte do passado, do meu passado de aluna. Ir à biblioteca da escola é hoje sinónimo de realização de atividades criativas, inovadoras e motivadoras, num espaço colorido, confortável, interativo e, sobretudo, acolhedor e inclusivo. E grande parte das atividades e projetos da escola passam pela biblioteca, espaço de projetos de leitura, de artes, de literacia digital, de encontros…

Entrar todos os dias na biblioteca e receber diferentes alunos, com diferentes solicitações, com diferentes interesses e sentir que se sentem acolhidos, confortáveis nesse seu espaço contribui para um sentimento de dever cumprido.

Prazer maior: ver crescer um leitor, conquistar um não-leitor, sugerir, orientar e aprender com eles. Acolher sugestões, descobrir novos livros, ouvir uma aluna entusiasmada que me conta a sua nova descoberta de leitura, assistir ao entusiasmo por um livro que esperavam…

Ao longo dos anos, e de forma mais premente nos últimos anos, com todos os desafios que se têm colocado às escolas e à sociedade em geral, a biblioteca escolar esteve presente e atenta às necessidades das suas comunidades de utilizadores, procurando oferecer um espaço de felicidade e de inspiração, onde se convive e é possível ajudar, partilhar e ensinar, respeitando os diferentes ritmos e estilos de aprendizagem.

E se as exigências e desafios são por vezes avassaladores, importa salientar que o trabalho do professor bibliotecário é tudo menos solitário. Conta com o suporte de uma estrutura como a RBE, com o apoio de proximidade dos coordenadores interconcelhios e, no caso de Santa Marta de Penaguião, com uma equipa estável de docentes, com assistentes operacionais empenhados e motivados e com docentes que reconhecem, apoiam e solicitam a Biblioteca Escolar.

Filomena Nunes,
Professora Bibliotecária,
Agrupamento de Escolas de Santa Marta de Penaguião

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  1. *Qualquer semelhança entre o título desta rubrica e a obra Retalhos da vida de um médico, não é pura coincidência; é uma vénia a Fernando Namora.
  2. Esta rubrica visa apresentar apontamentos breves do quotidiano dos professores bibliotecários, sem qualquer preocupação cronológica, científica ou outra. Trata-se simplesmente da partilha informal de vivências.
  3. Se é professor bibliotecário e gostaria de partilhar um “retalho”, poderá fazê-lo, submetendo este formulário.

 

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0