Para todos os tamanhos! Da janela da minha casa: proposta pedagógica com recurso a livros-álbum
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Vizinho, de acordo com o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa é um adjetivo que designa o próximo, que está perto, assim como, em sentido figurado, descreve a relação do que é semelhante ou tem alguma analogia ou afinidade.
As relações de vizinhança são muito diferentes consoante vivamos num centro urbano, numa aldeia ou no meio rural, num prédio, numa moradia ou numa quinta. As regras de confinamento, que nos obrigam a permanecer em casa muito mais tempo do que aquilo a que estávamos habituados, condicionam estas relações, aproximando ou, pelo contrário, gerando mal-estar.
Há vizinhos discretos e há vizinhos que nos atormentam a vida. Há vizinhos que são família e há vizinhos que são como fantasmas. Há vizinhos com rotinas que reconhecemos e há vizinhos com hábitos que não compreendemos. Há vizinhos que cantam no duche, que jogam à bola sem balizas, que nos abrem o apetite com os seus cozinhados, que discutem em estéreo ou que estão sempre em festa…
Se, por um lado, a pandemia acentuou a relação de interdependência entre as pessoas, por outro lado, tornou regra o distanciamento social. Num tempo em que estamos afastados dos que nos são mais queridos, como vivemos com os que nos estão mais próximos?
A leitura mediada de livros álbum é uma oportunidade para criar um espaço/ tempo para pensar em conjunto e partilhar ideias, experiências e emoções. Sugere-se um conjunto de álbuns que, pelas suas características textuais e gráficas, podem ser utilizados com alunos de diferentes faixas etárias.
Os vizinhos, de Einat Tsarfati. Editora Fábula
«O prédio onde eu moro tem sete andares. E em cada andar há uma porta um bocadinho diferente. Enquanto sobe as escadas para chegar a casa, uma menina curiosa observa os pormenores, sente os cheiros e ouve os sons de cada andar. Através deles, imagina o que haverá por detrás de cada porta e na sua cabeça os seus vizinhos são fantásticos acrobatas, ladrões de obras de arte, músicos… em contraste com os seus pais, que são muito aborrecidos. Mas será que é mesmo assim?.» (resenha da editora)
1.º Direito, Texto: Ricardo Henriques, Ilustrações: Nicolau, Editora Pato Lógico
«Este é um livro para pessoas que gostam de observar pessoas, como acontece com Graça, a protagonista desta história, contada com cores quentes, contornos policiais e alguma intriga internacional. Graça desconfia que o vizinho do 1.º direito anda a planear um assalto. Será verdade? Pelo caminho vamos conhecer várias vidas do prédio em frente: os clientes do Café Dias, um músico que dá concertos para a vizinhança e um fotógrafo incompreendido, entre outras. Quem é que observa quem? Só saberemos no final da investigação em curso.» (resenha da editora)
Estranhóides, Eva Montanari, Livros Horizonte
«Qual a melhor maneira de fazer amigos quando se muda para um prédio novo? Espreitando os seus moradores pelo buraco da fechadura! Só que, vistos desta maneira, mesmo nas suas tarefas mais normais, os vizinhos parecem personagens bizarros, estranhos. Estranhóides, está bem de ver. Até que decidimos passar a conhecê-los melhor…» (resenha da editora)
Perto, de Natalia Colombo, Kalandraka
«O senhor Pato vai trabalhar todos os dias. O senhor Coelho também vai trabalhar todos os dias. Cruzam-se sempre...
"Perto" é uma fábula sobre a falta de comunicação, uma reflexão poética e profunda sobre as relações interpessoais e o individualismo, os desejos e as emoções. Do ponto de vista literário, destaca-se pela sua simplicidade narrativa e pela engrenagem interna do relato, que plasma o paralelismo entre as ações dos protagonistas: um pato e um coelho que vivem encerrados na sua solidão; nesse sentido, a obra convida o leitor a não voltar as costas aos outros.» (resenha da editora)
Pistas para discussão:
O que sabemos sobre os nossos vizinhos? Pode-se procurar histórias de vida, reais ou deixar a imaginação tomar as rédeas do nosso pensamento.
Que valores são realmente importantes para estabelecer relações de boa vizinhança? Podemos começar pelo ponto de vista ambiental: Como pensamos as questões da reciclagem e reutilização, dos consumos e conservação em partes comuns, do ruído? Do ponto de vista cultural, o que podemos ganhar com a diversidade? E do ponto de vista social, estaremos atentos e disponíveis para apoiar quem precisa?
Republicação: 1.ª publicação em 2021-02-25