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Blogue RBE

Sex | 08.04.22

O que é e por que é importante a educação global?

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A crescente globalização e o seu impacto nas sociedades, economias e estilos de vida é a principal causa do aumento do interesse em promover as competências globais como objetivo de aprendizagem. Conforme declarado no PISA 2018 Global Competence:

Os jovens de hoje não devem apenas aprender a participar num mundo mais interconectado, mas também apreciar e beneficiar das diferenças culturais. Desenvolver uma perspetiva global e intercultural é um processo - um processo contínuo - que a educação pode moldar.

relatório Global Competence for an Inclusive World (OCDE 2018) define competência global como: “a capacidade de analisar questões locais, globais e interculturais, de compreender e apreciar as perspetivas e visões de mundo dos outros, de participar em interações abertas, apropriadas e eficazes com pessoas de outras culturas, e de atuar pelo bem-estar coletivo e desenvolvimento sustentável” e considera ser uma aprendizagem multidimensional e ao longo da vida que a escola deve oferecer a todos os jovens.

Esta definição inclui quatro dimensões de que as pessoas precisam para viver plenamente num mundo global:

1. a capacidade de analisar problemas e situações de importância local, global e cultural (pobreza, interdependência económica, migração, desigualdade, riscos ambientais, conflitos, diferenças culturais ou estereótipos);

2. a capacidade de compreender e apreciar diferentes perspetivas e visões do mundo;

3. a capacidade de estabelecer interações positivas com pessoas de diferentes origens nacionais, étnicas, religiosas, sociais ou culturais, ou de diferentes sexos;

4. a capacidade e a vontade de empreender ações construtivas para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar coletivo.

Todas estas dimensões são interdependentes e se sobrepõem.

Assim, quando alunos de diferentes origens culturais trabalham juntos num projeto comum, devem:

1. analisar suas diferenças culturais para se conhecerem melhor;

2. compreender as diferentes perspetivas do projeto;

3. interagir abertamente e resolver possíveis conflitos;

4. reconhecer o que aprendem uns com os outros para melhorar as relações sociais.

A educação intercultural, a educação para o desenvolvimento sustentável ou a educação para a cidadania global são modelos de educação global. Todos eles partilham o objetivo comum de promover a compreensão do mundo pelos alunos e permitir que expressem os seus pontos de vista e participem na sociedade. É a partir da generalização da abordagem baseada em competências que falamos de competência democrática ou competência global.

A propósito desta educação global, sugerimos o filme da OCDE, que nos pergunta se os nossos jovens estão preparados para viver num mundo interconectado:

 

 

Fazer atividades de educação global muda positivamente as atitudes dos alunos

O estudo PISA 2018 perguntou aos alunos sobre dez atividades de aprendizagem relacionadas com a competência global. 76% dos alunos dos países da OCDE indicaram ter realizado a atividade “aprender sobre diferentes culturas” na sua escola; “aprender a resolver conflitos com os colegas”, 64%; e “aprender que pessoas de outras culturas podem ter perspetivas diferentes sobre alguns assuntos”, 62%.

Outro aspeto fornecido pela avaliação de 2018 é que as atitudes e disposições dos alunos são positivas e estão associadas ao número de atividades de aprendizagem relacionadas com as competências globais que realizam na escola. Os resultados do PISA 2018 mostram que há questões relacionadas com a competência global que já estão incluídas no currículo escolar. Entre eles, as mais expressivas são as mudanças climáticas e o aquecimento global. Em contrapartida, o fator menos comum foi a saúde global, como é o caso das epidemias (hoje, como comprovamos nos últimos anos, um aspeto comprovadamente determinante desta competência global).

Outra conclusão importante deste relatório é que não basta desenvolver atividades esporádicas, sendo necessária uma abordagem sistemática para uma aprendizagem eficaz. Por outro lado, é importante garantir o acesso equitativo a essas oportunidades de aprendizagem.

Face às grandes perturbações que os últimos tempos têm trazido à nossa existência, poder-se-ia pensar que se colocariam novas questões que, de algum modo, minimizassem a relevância desta educação global tão valorizada no estudo PISA. Na verdade, verifica-se que isso não acontece. Colocam-se, de facto, novas questões (a pandemia e os seus efeitos, a guerra na Europa, as vagas migratórias…) mas elas apenas vêm reforçar a necessidade de formarmos cidadãos que assumam a interconexão entre o local e o global e que entendam que a multiplicidade cultural pode ser a chave para a compreensão e resolução dos problemas globais.

Fazendo a ponte com o quadro estratégico da RBE, Bibliotecas escolares: presentes para o futuro, é fácil perceber que as bibliotecas escolares estão naturalmente convocadas para este trabalho no âmbito da competência global, designadamente quando nos propomos garantir

“ a todos, e com todos, ambientes de informação e conhecimento, conducentes ao desenvolvimento dos saberes e competências indispensáveis numa sociedade cada vez mais dinâmica, imprevisível, digital e global.” (p. 27)

Tal como os resultados do estudo PISA apresentam, também nós estamos bastante envolvidos com as questões das alterações climáticas. E a multiculturalidade? Como a promovemos? Já começámos a assumir abordagens sistemáticas para essa aprendizagem?

 

Referências

1. OECD (2020), PISA 2018 Results (Volume VI): Are Students Ready to Thrive in an Interconnected World?, PISA, OECD Publishing, Paris, https://doi.org/10.1787/d5f68679-en

2. EduSkills OECD (2020) What did the PISA 2018 global competence test assess, and why is it important? https://youtu.be/akQCvg6rS6o

3. Portugal. Rede de Bibliotecas Escolares (2021). Bibliotecas Escolares: presentes para o futuro. Programa Rede de Bibliotecas Escolares: Quadro estratégico: 2021-2027. https://rbe.mec.pt/np4/file/890/qe__21.27.pdf

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