O poder da Inteligência Artificial
Literacia da informação e dos media, uma emergência educativa
A Inteligência Artificial (IA) traz toda uma série de benefícios para o dia-a-dia das nossas vidas, através de assistentes virtuais que podem responder a grande número de perguntas, de aplicações que ajudam as organizações a obter recursos de emergência para pessoas com necessidades extremas, entre vários outros instrumentos. No entanto, também suscita muitas dúvidas quanto aos seus riscos.
Entre os riscos da IA estão a dependência de conjuntos de dados que refletem, unilateralmente, uma seleção limitada de seres humanos, mas que depois conduzem a decisões aplicadas a todos. Da mesma forma, os algoritmos podem ser enviesados por visões limitadas do mundo ou por agendas comerciais, que dão prioridade desproporcionada a alguns resultados do processamento de dados (por exemplo, carros pessoais autoconduzidos) em vez de outros (por exemplo, melhorias públicas nos transportes).
Quando se trata de publicidade, os avanços em IA e análise de dados significam que as empresas podem utilizar a nossa pegada digital para nos interpretar e nos orientar com base na nossa psicografia, por vezes mesmo antes de nós próprios tomarmos consciência. Isto é ampliado quando as pessoas, consciente ou inconscientemente, disponibilizam os seus dados para usufruírem de serviços ou ofertas "grátis" de empresas digitais e aplicações de software.
A IA é cada vez mais utilizada na publicidade digital e na definição de prioridades para o que recebemos em destaque nas redes sociais e nos resultados da pesquisa. Historicamente, a preocupação era que a publicidade pudesse enviesar o conteúdo de notícias e desfocar os aspetos editoriais e comerciais de empresas de comunicação social. No ambiente digital, esta preocupação agrava-se, pois as distinções entre notícias, publicidade, conteúdo patrocinado e outros tipos de conteúdo são menos óbvias, inclusivamente nos resultados de pesquisa.
Além disso, não só a publicidade, mas também outros conteúdos são cada vez mais micro orientados, com base nos perfis dos públicos que, por sua vez, se fundamentam nos dados pessoais que são recolhidos, trocados e monitorizados.
Atualmente, as empresas são chamadas a ser transparentes quando a IA é utilizada, seja para remover ou etiquetar publicações e pede-se-lhes para mostrarem mais cuidado com a sua utilização. Porém, simultaneamente, permitem-se leilões automatizados que podem gerar receitas publicitárias para os produtores de conteúdos de desinformação e ódio.
Atentas ao modo como o a vida online começa a determinar a vida (online, offline, individual, coletiva…), as bibliotecas escolares apostam fortemente na capacitação dos alunos em Literacia da Informação e dos Media. Para isso, elaboram e implementam programas de literacias que, com abordagens estruturadas, metódicas, articuladas e abrangentes, desenvolvem efetivamente estas competências necessárias para a vida.
Para a elaboração destes programas de literacias, além dos recursos de apoio de que já dispunham, as bibliotecas podem contar com um Guia Orientador, disponibilizado hoje pela Rede de Bibliotecas Escolares, e que irá ajudar aquelas que ainda não os elaboraram a definirem a sua estratégia.