O Património Cultural no centro do Pacto Ecológico Europeu
Fonte da imagem: Recorte do vídeo de lançamento [https://ec.europa.eu/info/strategy/priorities-2019-2024/european-green-deal_pt]
ARTIGO DE OPINIÃO
Por Sofia Colares Alves, Representante da Comissão Europeia em Portugal
O Pacto Ecológico Europeu é o novo modelo económico e de sociedade proposto pela Comissão Europeia e que nos ajuda a dar o salto ambicioso, mas urgente, para um desenvolvimento realmente mais sustentável em todas as áreas da nossa vida comum. Todas as ações e políticas da UE são alinhadas para contribuir para os seus objetivos. A cultura e o património são, mais que um setor, elementos essenciais na nossa identidade, diversa e comum. No dia 22 de março foi lançado o Livro Verde sobre o Património Cultural Europeu que confirma como o património comum da Europa está no centro do Pacto Ecológico Europeu e pode ser essencial nesta transição.
O Pacto Ecológico Europeu foi concebido para enfrentar os desafios climáticos e ambientais que são a tarefa determinante desta geração. O futuro do património cultural europeu depende do seu êxito. Ao mesmo tempo, os valores comuns da Europa e o património comum oferecem um potencial inegável para ajudar a cumprir a missão do Pacto Ecológico. É por esta razão que o património cultural é essencial para o êxito do Pacto Ecológico Europeu. O Livro Verde sobre o Património Cultural Europeu visa integrar o património cultural na ação climática e inspirar a mobilização da comunidade do património para uma ação climática transformadora.
O presente documento pioneiro demonstra a importância do património cultural para a consecução dos ambiciosos objetivos do Pacto Ecológico Europeu. O Livro apresenta uma correlação entre as capacidades do património cultural e todos os domínios fundamentais do Pacto Ecológico Europeu, incluindo a energia limpa, a economia circular, a vaga de renovação, a mobilidade inteligente, o financiamento do prado ao prato, o financiamento verde e uma transição justa, a investigação e a inovação, a educação e a formação, bem como a diplomacia do Pacto Ecológico. São também identificados potenciais conflitos entre a salvaguarda do património e a ação do Pacto Ecológico Europeu, bem como estratégias vantajosas para ambas as partes para superar esses conflitos.
A ligação da cultura à transição ambiental e à necessária mobilização de todos para a mudança está subjacente também na recém-lançada iniciativa do novo Bauhaus europeu da Comissão Europeia [1], anunciada pela presidente Ursula von der Leyen no seu discurso sobre o estado da União de 2020. Se os instrumentos financeiros como o NextGenerationEU e as várias propostas políticas são essenciais para acelerar os objetivos da sustentabilidade, é preciso um novo projeto cultural para a Europa. O novo Bauhaus europeu é uma iniciativa de cocriação interdisciplinar, juntando o poder da criatividade e do design para encontrar formas futuras de viver, de produzir e consumir, de viajar, de usar energia, de nos relacionarmos, no cruzamento entre arte, cultura, inclusão social, ciência e tecnologia. É um projeto para todas as regiões e todos os cantos da Europa. Trata-se de um projeto ambiental, económico e cultural que visa combinar a conceção, a sustentabilidade, a disponibilidade, a acessibilidade de preços e o investimento, a fim de ajudar a concretizar o Pacto Ecológico Europeu das pessoas. Fazer das grandes mudanças um processo de todos. Por conseguinte, os seus valores fundamentais são, a sustentabilidade, a estética e a inclusividade. Esta semana daremos dois grandes passos neste projeto com uma primeira Conferência de lançamento e a abertura do respetivo Prémio.
Neste sentido de incentivo à participação, aproveito para convidá-los a descobrir a plataforma digital multilingue em futureu.europa.eu, o núcleo central da Conferência sobre o Futuro da Europa, lançada a 19 de abril. A Conferência sobre o Futuro da Europa faz parte do compromisso da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de dar mais voz aos europeus sobre a ação da UE e de reforçar a ligação entre eles e as instituições que os servem. É um exercício sem precedentes, aberto e inclusivo, de democracia deliberativa. Coloca no centro os cidadãos de todos os quadrantes e de toda a Europa. Convido-vos a todos a fazerem ouvir a vossa voz e acompanhar este tema com os marcadores #TheFutureIsYours e #OFuturoéTeu.
Cada lugar tem uma identidade única e é esse conjunto e essa diversidade que cria a rica cultura europeia. A cultura, o património e a criatividade são importantes condutores da inovação e da mudança. E é nesta participação conjunta que podemos transformar melhor e juntos, rumo à sociedade que queremos.
Nota:
[1] Ler a propósito o artigo de Sofia Colares Alves, Uma nova Bauhaus europeia, publicado no dia 18/11/2020.