Leituras entre alunos… como, quando e para quê?
Ler a pares ou com os pares pode ser uma atividade que não só não é percecionada como intimidante como, também, pode resultar muito profícua. São várias as Bibliotecas Escolares que no território de Entre Douro e Vouga reconhecem a mais-valia desse trabalho e o implementam. Os modelos usados para o pôr no terreno variam muito, em função do suporte específico conferido pelo Plano de Atividades das Bibliotecas Escolares de cada Agrupamento de Escolas, da perceção que cada Professor Bibliotecário tem da melhor forma de rentabilizar esta iniciativa e também do retorno dos alunos.
No Agrupamento de Escolas de Arrifana, em Santa Maria da Feira, por exemplo, essas leituras fazem-se aproveitando o contexto do Clube de Leitura e, nesse sentido, o suporte que está subjacente à iniciativa decorre da estruturação do próprio clube. O mesmo é válido para o Agrupamento de Escolas de Loureiro, em Oliveira de Azeméis, cujas Bibliotecas Escolares pluralizam a iniciativa e têm Clube de Leitura com o 2.º CEB e Clube de Leitura em cada uma das Escolas Básicas de 1.º CEB do agrupamento, num total de 9 clubes. Contudo, a prática é ainda mais flexível, permitindo a leitura partilhada em pequeno grupo, não sendo sempre e apenas a pares. Já no mesmo concelho, o Agrupamento de Escolas Dr. Ferreira da Silva implementa, há algum tempo, as leituras dialogadas, um espaço de leitura entre alunos, por norma implicando alunos de diferentes ciclos de ensino.
A Biblioteca Escolar da EB de Avenida, do Agrupamento de Escolas Coelho e Castro, em Santa Maria da Feira, tem o projeto Equipas Leitoras que, de certa forma, se aproxima do anterior, na medida em que alunos de diferentes anos de escolaridade se juntam para lerem em conjunto, neste caso um aluno do 3.º ano e um aluno do 4.º ano. Mais uma vez, temos nuances de implementação desta iniciativa, decorrentes da necessidade de dar resposta à realidade específica de uma escola e de melhor contribuir para o sucesso dos alunos.
A Biblioteca Escolar da Escola Básica Sá Couto, do Agrupamento de Escolas Dr. Manuel Laranjeira, em Espinho, por sua vez, tem uma abordagem única, por ser totalmente espontânea, juntando-se os alunos de forma autónoma e partilhando leituras em voz alta com os seus pares.
Por fim, destaca-se a Biblioteca Escolar da EB de Sobral, do Agrupamento de Escolas António Alves Amorim, em Santa Maria da Feira, em que a Professora Bibliotecária, responsável pela Expressão Dramática, lança recorrentemente mão da leitura a pares nesse contexto, desta feita com um olhar não só na fluência leitora e na consequente promoção da leitura, mas também intencionalmente na interpretação do que é lido, assumindo esta interpretação uma dupla dimensão.
De uma forma ou de outra, assumindo-se como um projeto em si mesmo, integrado num projeto mais abrangente, numa oferta de escola ou entregando em grande medida o controlo à vontade dos alunos, o interesse neles suscitado pela leitura entre pares e com pares é inquestionável e uma excelente forma de melhorar competências no domínio da leitura, entre muitos outros ganhos.
Estas redes concelhias de bibliotecas escolares têm a oportunidade de se encontrarem várias vezes ao longo de cada ano letivo e de partilharem projetos, discutirem soluções e trocarem ideias, assim se disseminando boas práticas que, agrupamento a agrupamento, vão assumindo os contornos que melhor se adequam a cada realidade e de forma mais eficaz respondem às necessidades sentidas.