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Blogue RBE

Qua | 20.11.24

IFLA: Cimeira sobre os Futuros da Informação

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 1. IFLA, 2014: Declaração de Lyon

Em 2014, no contexto das negociações para a Agenda 2030 das Nações Unidas, a IFLA “reuniu as vozes de bibliotecários e trabalhadores da informação em mais de 600 organizações e instituições em todos os continentes, bem como partes interessadas em campos relacionados com o acesso à informação, média e direitos digitais” e aprovou a Declaração de Lyon sobre Acesso à Informação e Desenvolvimento que apela ao seguinte compromisso global:

“o aumento [inclusivo e significativo] do acesso à informação e ao conhecimento em toda a sociedade, amparada pela disponibilidade de tecnologias de informação e comunicação (TICs), apoia o desenvolvimento sustentável e melhora a qualidade de vida das pessoas” (IFLA, 2014).

Graças à influência da Declaração de Lyon, a Agenda 2030 refere explicitamente a importância do acesso à informação para alcançar os ODS. 

 2.  IFLA, 2024: Declaração de Brisbane

10 anos depois, na Cimeira dos Futuros da Informação/Information Futures Summit da IFLA, em Brisbane, Austrália, de 30 de setembro a 3 de outubro (IFLA, 2024b), a IFLA faz o balanço da evolução do conhecimento e informação, as suas oportunidades, riscos e desafios e de “como podemos moldar o futuro para o benefício das comunidades que servimos, com atenção especial à mudança tecnológica, justiça social e acesso sem barreiras” (IFLA, 2024a).

Aprova a Declaração de Brisbane, elaborada com base no Relatório de Tendências de 2024, do Pacto para o Futuro da ONU, das Palestras e discussões em Brisbane e das contribuições de bibliotecários e trabalhadores da informação de todo o mundo.

A Declaração de Brisbane reafirma a Declaração de Lyon, responde às mudanças e expressa o futuro desejado da informação e do conhecimento que deve orientar todos os setores das bibliotecas, considerando que “O acesso à informação é uma condição essencial para comunidades fortes, inclusivas e sustentáveis” (IFLA, 2024a).
Dos 10 princípios da Declaração (IFLA, 2024a)., destacamos as seguintes ideias:

  • Bibliotecas são “infraestruturas de propriedade da comunidade” e “centros de ciência aberta equitativa, bolsa de estudos e inovação, facilitando a colaboração entre disciplinas e fronteiras”, cujos métodos devem obedecer aos valores da “integridade, transparência e sensibilidade cultural”, respeitando “a autenticidade e a riqueza [das vozes e] dos dados indígenas” (3.º Princípio);

  • Facilitam a construção do “conhecimento, quando produzido, compartilhado e aplicado de forma equitativa e ética, é um importante contribuidor para uma sociedade mais justa, mais verde, mais saudável, mais forte e mais equitativa” (2.º Princípio);

  • Fazem “a entrega [às comunidades] do desenvolvimento sustentável e dos direitos humanos”, estrutura holística das bibliotecas (8.º Princípio) e facilitam o acesso a informações ambientais e à ação climática, contribuindo para a construção de resiliência (7.º Princípio);

  • Desenvolvem “a curiosidade e o pensamento crítico para lidar com a potencial sobrecarga de informações, apoiar a criatividade e o desenvolvimento de conteúdo local relevante” (5.º Princípio).

A Declaração de Brisbane apela ainda “aos governos para que reconheçam as bibliotecas como parceiras-chave que trazem pontos fortes únicos e para que apoiem adequadamente o trabalho da nossa profissão” (9.ª Princípio). 

 3.  IFLA: Questões sobre os futuros da informação

Na Cimeira do Futuro das Nações Unidas (NY, 2024, 22 set.) os 193 Estados da ONU aprovaram o Pacto para o Futuro, seu principal resultado, que estabelece os principais compromissos dos países para acelerar a ação nesta década., construindo resiliência para responder aos desafios e crises atuais.

A Cimeira sobre os Futuros da Informação da IFLA realizou-se uma semana depois da Cimeira do Futuro da ONU, estando os compromissos da Declaração de Brisbane alinhados como Pacto para o Futuro.

Do Pacto a IFLA destaca para as bibliotecas 7 pontos-chave, aos quais faz corresponder  10 questões (IFLA, 2024c) para discutir na Cimeira dos Futuros da Informação. Destacamos 5:

  • O poder do conhecimento [para o desenvolvimento]
    “Avanços em conhecimento, ciência, tecnologia e inovação podem proporcionar um avanço para um futuro melhor e mais sustentável para todos” (UN, 2024, p. 1). 
    O Pacto sublinha que, na realidade, o impacto do conhecimento não está garantido, “é uma escolha”, cabendo às bibliotecas interrogarem-se: 
    “Qual é o caminho para garantir a maior contribuição possível do conhecimento para o desenvolvimento e qual é o papel das bibliotecas nisto?” (IFLA, 2024c).

  • Conhecimento para emergências 
    O Pacto assume o compromisso de “reforçar os nossos esforços para prevenir, antecipar e atenuar o impacto das situações de emergência humanitária” (UN, 2024, p. 13). Neste contexto, a IFLA desafia a que nos interroguemos:
    Quão resilientes são nossos próprios sistemas e práticas? Quão bem podemos continuar a dar suporte às nossas comunidades em tempos de interrupção?” (IFLA, 2024c).

  • Ligando a ciência à formulação de políticas
    Segundo a IFLA, o Pacto estabelece que insights científicos devem alimentar a formulação de políticas, devendo existir uma colaboração interdisciplinar “para apoiar o desenvolvimento de respostas a desafios complexos”. Nas palavras do Pacto: “aumentar a utilização da ciência, do conhecimento científico e das provas científicas na elaboração de políticas” (UN, 2024, p. 20). 
    O que as bibliotecas precisam de mudar para dar este apoio à governação?

  • Protegendo e construindo conhecimento local
    Segundo a IFLA, o Pacto reconhece o valor de diversos “sistemas de conhecimento locais, afrodescendentes e indígenas” (IFLA, 2024c) e apela à sua ligação às políticas de ciência, tecnologia e inovação. 
    “O que as bibliotecas podem fazer para apoiar a consideração significativa e ponderada e a integração do conhecimento indígena na ciência, pesquisa e inovação mais amplas?” (IFLA, 2024c).

  • Integridade da informação
    O Pacto Digital Global anexo ao Pacto para o Futuro tem uma secção sobre integridade da informação, no qual reconhece que “o acesso a informações e conhecimentos relevantes, fiáveis e precisos [relevant, reliable and accurate] é essencial para um espaço digital inclusivo, aberto, seguro e fiável [inclusive, open, safe and secure]” (UN, 2024, p. 44). 
    “Qual é a agenda das bibliotecas para a integridade da informação e como podemos concretizar o nosso potencial como a principal infraestrutura para o cumprir?” (IFLA, 2024c).

 4.  RBE: Bibliotecas escolares envolvem-se na discussão, agem e partilham progressos 

Na era digital é fundamental que as bibliotecas escolares:

  • Reflitam sobre estas questões alinhadas com a agenda mundial;
  • Adotem medidas inspiradoras e inovadoras e que envolvam a comunidade;
  • Recolham evidências/ dados e os divulguem para que estas medidas/ações ganhem escala/impacto e contribuam para a transformação local e global inclusiva, verde e resiliente e para a valorização e relevância das bibliotecas escolares no mundo.

Outros artigos sobre o tema

Referências
IFLA. (2014). The Lyon Declaration. https://www.ifla.org/publications/the-lyon-declaration/ 
IFLA. (2024a). Information Futures Summit closes with launch of Brisbane Declaration. https://2024.ifla.org/brisbane-declaration-lanuched/ 
IFLA. (2024b). Information Futures Summit. https://2024.ifla.org/ 
IFLA. (2024c). Twin Peaks: 10 questions raised by the UN Summit of the Future to answer at the IFLA Information Futures Summit. https://2024.ifla.org/twin-peaks-and-the-summit/ 
UN. (2024). Pact for the Futur. https://www.un.org/sites/un2.un.org/files/sotf-pact_for_the_future_adopted.pdf 

📷 Information Futures Summit closes with launch of Brisbane Declaration

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