HOLOCAUSTO, através do olhar sensível da criança
Desde 2005, a 27 de janeiro assinala-se o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, cujo principal objetivo é não deixar cair em esquecimento o genocídio perpetrado pelos Nazis e colaboracionistas durante a Segunda Guerra Mundial, pois
“Não podemos mudar a história, mas as lições da história podem mudar-nos a nós” [1]
e podemos moldar o futuro no presente, educando para combater todo e qualquer tipo de intolerância e para promover a paz.
Foi com essa certeza que, partindo do Projeto Cultural de Escola - “Rasgos de Emoção”-, foi desenvolvido um projeto multidisciplinar na Escola Básica de Santa Catarina, Caldas da Rainha, que procurou sensibilizar os alunos para a importância do respeito pelo Outro, da preservação da memória e da prevenção do antissemitismo, do racismo e de qualquer outra forma de discriminação, projeto esse de que resultou a exposição multissensorial “HOLOCAUSTO, através do olhar sensível da criança”.
A exposição, pensada e emocionalmente sentida por crianças e jovens dos 2.º e 3.º ciclos, agrega trabalhos multimodais realizados nas disciplinas de História, Cidadania e Desenvolvimento, Educação Visual e Educação Tecnológica, com a colaboração da equipa da biblioteca escolar e da artista residente, Amábile Bezinelli. Constituiu um ato de reflexão, consciencialização e valorização dos direitos humanos, numa perspetiva transformadora de mentalidades, contribuindo para a formação dos alunos enquanto cidadãos dignos, críticos e interventivos, capazes de agir ativa e conscientemente contra a agressão, o silêncio e a indiferença.
Inicialmente, começou somente como um trabalho isolado, realizado com um grupo de alunos do 3.º ciclo, no âmbito de um projeto Erasmus, cujo tema era "Não ao extremismo", de que resultou a criação de um túnel representando a fuga das vítimas de perseguição pelo regime nazi e uma homenagem a Aristides de Sousa Mendes. Este trabalho suscitou a curiosidade nos alunos do 2.º ciclo e seguiu-se um conjunto de ações e iniciativas que originou uma exposição intensa e envolvente, que não deixa indiferente quem a visita. O desenvolvimento do projeto pode ser acompanhado por meio dos vídeos disponíveis em HOLOCAUSTO através do olhar sensível da criança o processo e VOZES DO HOLOCAUSTO.
A primeira inauguração da exposição fora de portas decorreu no contexto da Bienal Cultura e Educação #1 - Retrovisor: uma história de futuro, no âmbito do Plano Nacional das Artes e de todo o trabalho desenvolvido em articulação com a Biblioteca Escolar, tendo estado patente na Ermida do Espírito Santo, em Caldas da Rainha, entre 7 e 15 de maio de 2023.
Nos dias 12 e 13 de outubro de 2023, a exposição representou mais uma vez a EB de Santa Catarina numa mostra de trabalhos, que se realizou no Parque D. Carlos I, no âmbito do PNA-TE | Mostra Territorial do Plano Nacional das Artes. (Mostra Coletiva dos Projetos Artísticos) As reações que alguns dos visitantes deixaram registadas no livro de visitas são assaz esclarecedoras do poder e impacto desta exposição, conforme podemos comprovar no vídeo da primeira exposição itinerante.
Neste ano letivo, a pedido da Comissão de Pais de Santa Catarina, a exposição retomou a sua itinerância, tendo estado patente no Solar de Santa Catarina nos dias 27 e 28 de janeiro de 2024. (Aconteceu em Sta Catarina)Foi também requisitada para o Espaço AbraçAr-Te, na Mata do Porto Mouro, em data a definir.
A exposição reúne trabalhos em vários formatos, oferecendo uma experiência multissensorial que contribuiu para a formação de todos os envolvidos na sua consecução e, ainda, para a de todos os que têm tido a oportunidade de visitar as sucessivas exposições em locais distintos, estrategicamente selecionados, guiados por alguns dos alunos e professores envolvidos na sua criação.
O sucesso da exposição deve-se, em grande parte, ao facto de proporcionar aos alunos e visitantes uma experiência imersiva e interativa, que estimula os seus sentidos, as suas emoções e o seu pensamento crítico face a um acontecimento histórico que marcou a história da humanidade.
Sai-se, porém, desta exposição com a certeza de que o que originou o holocausto não está erradicado na sociedade atual, sendo fundamental a ação da Escola e a união de todos os setores da sociedade civil para defender os valores democráticos nos tempos conturbados que hoje vivemos.
[1] Declaração conjunta da Presidente von der Leyen, do Presidente Michel e do Presidente Sassoli por ocasião do 75.º aniversário da libertação de Auschwitz-Birkenau (23 de janeiro de 2020). https://idi.mne.gov.pt/images/noticias/declaracaoConjuntaUE.pdf