FOMO: O Medo de Perder Algo
FOMO é a sigla em inglês para Fear Of Missing Out, que em português significa “medo de perder algo” ou “medo de ficar de fora”. Refere-se a um sentimento de ansiedade que surge quando acreditamos estar a perder informações, experiências, oportunidades ou momentos importantes que outras pessoas estão a viver.
Intensificado pelo uso contínuo das redes sociais e pela exposição constante a estilos de vida aparentemente mais atraentes, o FOMO não só incentiva a necessidade de estar permanentemente ligado como também fragiliza o equilíbrio entre vida online e offline.
O fenómeno tem vindo a exercer impactos profundos na sociedade contemporânea, condicionando comportamentos, afetando relações interpessoais e moldando a forma como as pessoas definem o seu bem-estar e as suas prioridades diárias.
Manifestações de FOMO
- Verificação constante das redes sociais: Sentir a necessidade de saber o que os outros estão a fazer, mesmo que isso implique interromper atividades importantes.
- Sensação de que a vida dos outros é mais divertida: Comparar constantemente a própria vida com a vida idealizada que se vê nas redes sociais.
- Baixa autoestima: Sentir inferioridade devida à comparação constante com os outros.
- Dificuldade em aproveitar o momento presente: Estar sempre a pensar no que se poderia estar a perder noutro lugar.
- Ansiedade e irritabilidade: Sentir frustração e irritação por não participar em tudo.
- Dificuldade em dizer “não”: Sentir pressão para aceitar todos os convites, mesmo que sem interesse, com receio de perder oportunidades.
- Isolamento social: Sentir necessidade de isolamento, evitando situações sociais com medo de se sentir excluída.
- Problemas de sono: Ter dificuldade em descansar.
Causas do FOMO
As causas do FOMO são diversas e complexas, mas destacam-se:
- Comparação social: A tendência para comparar a própria vida com a dos outros, sobretudo através das redes sociais.
- Pressão social: A sociedade valoriza frequentemente a experiência e a busca por novas sensações, aumentando a pressão para “estar sempre em todo o lado”.
- Insegurança: A falta de confiança em si próprio pode resultar na necessidade de aprovação externa.
- Personalidade: Algumas pessoas são mais propensas ao FOMO devido a traços de personalidade, como a ansiedade ou a introversão.
Estratégias para superar o FOMO
Existem várias estratégias para superar o FOMO e melhorar a qualidade de vida:
- Consciencialização: Reconhecer que se está a sentir FOMO e compreender o seu impacto na vida.
- Limitação do tempo nas redes sociais: Estabelecer limites para reduzir a exposição constante a conteúdos que induzam comparação.
- Foco no presente: Concentrar-se nas experiências e momentos que se estão efetivamente a viver.
- Cultivar passatempos e interesseso offline: Dedicar-se a atividades que tragam prazer, satisfação e realização pessoal.
- Aceitar a imperfeição: Ninguém leva uma vida perfeita. É importante reconhecer que não se pode estar em todo o lado nem fazer tudo.
- Procurar apoio: Conversar com amigos, familiares ou um profissional de saúde mental pode ajudar a lidar com a ansiedade.
Manifestações de FOMO nas diferentes faixas etárias
O FOMO não é exclusivo de nenhuma idade e pode afetar qualquer pessoa, manifestando-se de forma distinta conforme a etapa da vida, embora a sua essência seja a mesma: o receio de perder experiências importantes que outros estão a viver.
📍 Adolescentes:
- Pressão social: A necessidade de aceitação e a construção da identidade tornam os adolescentes mais sensíveis a esta pressão.
- Comparação constante: As redes sociais intensificam a comparação com a vida dos amigos, gerando insegurança.
- Medo de exclusão: O receio de ser deixado de fora das atividades do grupo.
📍Jovens adultos:
- Carreira e vida social: A procura de sucesso profissional e uma vida social ativa podem criar a ideia de que é preciso aproveitar todas as oportunidades.
- Comparação com os pares: A perceção de que colegas e amigos progridem mais rapidamente gera ansiedade e frustração.
- Medo de perder oportunidades: A pressão para alcançar metas e objetivos leva a um medo constante de deixar escapar algo importante.
📍Adultos:
- Equilíbrio entre vida pessoal e profissional: A dificuldade em conciliar carreira, família e vida social pode criar a sensação de que se está a abdicar de algo.
- Medo de envelhecer: A consciência da passagem do tempo leva à vontade de aproveitar tudo ao máximo.
- Comparação com gerações mais novas: Pode surgir inveja ou frustração por se perceber que as gerações mais jovens têm mais oportunidades.
📍Idosos:
- Isolamento social: A perda de entes queridos e a diminuição da rede de apoio podem aumentar o receio de ficar sozinho.
- Saudade do passado: A nostalgia e a dificuldade em adaptar-se a novas realidades podem gerar a sensação de que a vida está a passar demasiado rápido.
- Medo da morte: A consciência da finitude da vida intensifica o medo de perder experiências.
FOMO em crianças e jovens entre os 10 e 18 anos
O FOMO manifesta-se de forma peculiar em crianças entre os 10 e 18 anos. Nesta fase, a procura por aceitação social e a formação da identidade tornam-nas especialmente vulneráveis. Nesta faixa etária, pode observar-se:
- Pressão para ter os mesmos objetos: A influência dos amigos e da publicidade pode levar à necessidade de possuir os mesmos brinquedos ou roupas.
- Necessidade de participar em todas as atividades: A vontade de pertencer a um grupo pode resultar na sobrecarga de compromissos.
- Comparação constante nas redes sociais: O uso precoce das redes sociais intensifica a comparação, gerando frustração.
- Medo de exclusão do grupo: O receio de rejeição leva a que a criança faça esforços para não ser deixada de fora.
- Dificuldade em dizer “não”: A criança pode não recusar convites por medo de exclusão.
📍 Consequências do FOMO em crianças e jovens:
- Ansiedade e stress: A preocupação constante em não perder nada pode gerar ansiedade.
- Dificuldade de concentração: A distração com as redes sociais pode afetar o desempenho escolar.
- Problemas de autoestima: A comparação constante pode levar a sentir-se “menos” do que os outros.
- Isolamento social: Em casos graves, a criança pode afastar-se dos outros por receio de se sentir excluída.
📍 Ajudar crianças e jovens com FOMO:
- Dialogar: Conversar sobre estes sentimentos, explicando que é normal sentir insegurança por vezes.
- Estabelecer limites: Reduzir o tempo de utilização de dispositivos eletrónicos e redes sociais.
- Incentivar atividades offline: Promover hobbies e interesses que aumentem a autoestima e o bem-estar.
- Ensinar o valor da amizade: Mostrar que a amizade se baseia na confiança e no respeito, não na competição.
- Procurar ajuda profissional: Se o FOMO causar sofrimento significativo, um psicólogo pode ajudar.
E a biblioteca escolar? Qual poderá ser o seu papel no combate a este problema dos tempos atuais?
Enquanto espaços de aprendizagem, partilha e reflexão, as bibliotecas escolares podem desempenhar um papel significativo na promoção do bem-estar digital e no combate a fenómenos como o FOMO.
Certamente voltaremos a esta questão brevemente.
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