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Blogue RBE

Ter | 23.11.21

Educação para a resiliência e a criatividade

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Durante o isolamento obrigatório na pandemia Covid-19, artes e cultura foram fonte de conforto e ligação entre pessoas, de libertação e crescimento pessoal e coletivo. Paradoxalmente, nesse contexto o setor da economia cultural, que trabalhava principalmente de modo informal e com contratos precários, foi um dos mais afetados, evidenciando, segundo a UNESCO, uma “emergência cultural” no momento em mais precisamos de cultura e artes para moldar o futuro:

“Mais de 80% dos sítios do Património Mundial da UNESCO foram fechados, o que ameaça a subsistência das comunidades locais e profissionais de cultura. Instituições e instalações culturais, incluindo museus, teatros e cinemas, estão perdendo milhões em receitas a cada dia, e muitas delas tiveram de despedir membros das suas equipas” (1).

No entanto, “Hoje, as habilidades, os valores e os comportamentos promovidos pela educação artística são mais essenciais do que nunca. Essas competências – criatividade, colaboração e resolução criativa de problemas – desenvolvem resiliência, alimentam a apreciação da diversidade cultural e da liberdade de expressão, além de cultivarem a inovação e as habilidades de pensamento crítico” (2).

Segundo a UNESCO as artes contribuem para pôr em prática uma “educação de qualidade” fazendo “a ponte entre três dimensões da aprendizagem – cognitiva, social, emocional e comportamental […] apoia de forma ativa o alcance da Meta 4.7 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 e contribui para o alcance de todos os demais ODS” (3).

De acordo com a Agenda 2030, a meta 4.7 traduz-se em: “garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e não violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável”, isto é, na educação para o desenvolvimento sustentável, essencial para alcance dos outros 16 ODS (4).

No Roteiro para a Educação Artística (5) a UNESCO considera que existem duas abordagens das artes:

- “Aprender as artes” com disciplinas específicas e "por meio da apreciação pela arte ou pela história da arte".

- “’Aprender por meio das artes’ e que visa utilizar e integrar as artes em vários domínios, para melhorar e ampliar a aprendizagem. Aqui, o objetivo não é o domínio de um dos campos artísticos, mas a utilização das artes como ferramenta pedagógica” aplicável ao currículo, a qualquer conteúdo/ disciplina (6).

As bibliotecas escolares ao trabalharem leitura/ informação, media e tecnologia digital, ciência e cidadania, usam artes e cultura como inspiração, base de ligação entre saberes e culturas e forma de expressão e comunicação, tomando-as como instrumento/ meio valioso para uma aprendizagem prazerosa, holística e de qualidade centrada nas crianças e jovens e suas comunidades.

Porém, também não aprendem artes com disciplinas específicas, artistas e programas especializados como o Plano Nacional das Artes e o Plano Nacional de Cinema?

Em Educação artística para a resiliência e a criatividade a UNESCO conclui que dispõe de evidências que comprovam que a educação artística promove “melhores resultados acadêmicos e motivação escolar”, “habilidades de pensamento criativo” e crítico, “colaboração e conexão”, “uma maneira diferente de entender o mundo e encontrar significado pessoal”, “apoio psicossocial”, “diversas necessidades e estilos de aprendizagem”, “a apreciação pelas artes, cultura e patrimônio, além de promover a diversidade cultural”, a conexão dos “estudantes a suas comunidades, a seu patrimônio e a seu meio ambiente”, “novos talentos criativos e, assim, renova a criatividade para o futuro e amplia novos públicos”.

Para facilitar e apoiar esta educação reúne no documento materiais de referência, páginas em linha e recursos úteis, bem como exemplos de atividades que podem inspirar a ação do professor bibliotecário, por exemplo, 50 recursos em linha de arte e música para ajudar crianças a aprenderem e criarem em casa (7).

 

Referências

1. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. (2020a). RESILIART: artistas e criatividade além da crise. https://pt.unesco.org/news/resiliart-artistas-e-criatividade-alem-da-crise

2. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência. (2020b). Educação artística para a resiliência e a criatividade. https://pt.unesco.org/sites/default/files/2020_art-week-technote_por_final.pdf

3. Ibid.

4. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência. (2017). Educação para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. https://ods.imvf.org/wp-content/uploads/2018/12/Recursos-ods-objetivos-aprendizagem.pdf

5. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência. (2016). Roteiro para a Educação Artística. https://crispasuper.files.wordpress.com/2012/06/roteiro2.pdf

6. UNESCO, 2020b.

7. Moshman, R. (2021). Bored Teachers. 50 Online Art and Music Resources to Help Kids Learn and Create from Home. https://www.boredteachers.com/post/50-online-art-and-music-resources-to-help-kids-learn-and-create-from-home

 

Fonte da imagem: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência. (2020). UNESCO lança movimento ResiliArt para artistas e profissionais da cultura em face do COVID-19. https://en.unesco.org/news/unesco-launches-resiliart-movement-artists-and-cultural-professionals-face-covid-19

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0