Doze casas para Camões
A figura de Luís de Camões permanece viva na memória literária e cultural portuguesa. Quando o génio da palavra se encontra com a imaginação dos jovens leitores e criadores, o clássico renasce e ganha novas formas, sons e sentidos.
Foi precisamente isso que aconteceu no projeto A Casa de Camões, desenvolvido pela Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas Piedade Matoso, de Aljezur, em articulação com os departamentos de Português, História, Educação Visual e Expressões.
Trata-se de um percurso artístico e digital, no qual Camões habita uma casa com doze divisões poéticas, onde vivem famílias criadas a partir da leitura, da sensibilidade e da escrita dos alunos. Um projeto que cruza literatura, música, ilustração, tecnologias digitais e participação ativa, refletindo a missão da biblioteca escolar como lugar de cultura, aprendizagem e expressão.
Doze casas, doze formas de ser poesia
Nesta casa camoniana imaginada e construída em colaboração criativa, cada “família” representa uma identidade poética e simbólica:
Família Doçura – versos com ternura; Família Régua & Esquadro – a matemática do soneto; Família Riso Forte – humor com rima e crítica; Família Patavina – vozes animais com alma poética; Família Lupa – citação e sabedoria; Família da Sombra – o que se sente sem se dizer; Família Folha Solta – resistência que se escreve; Família Abraço Livre – o amor em todas as formas; Família Brincadeira – jogos de palavras com coração; Família Essência – o minimalismo poético; Família Verde Luz – natureza, luz e amizade; Família Selvagem – liberdade criativa sem amarras.
A cada uma está associado um poemário, um videodisco e um áudio-disco, formando um universo multissensorial, literário e emocionalmente expressivo, disponível para descoberta.
Criar, ler, cantar, votar: um percurso pedagógico com propósito
A Casa de Camões foi um processo educativo colaborativo. Envolveu 208 alunos dos 2.º e 3.º ciclos e do pré-escolar, em articulação curricular. Destacam-se:
- Sessões de leitura orientada da obra camoniana em diferentes níveis de ensino;
- 80 retratos criativos de Camões, desenhados pelos alunos do 7.º, 8.º e 9.º anos, no âmbito da disciplina de Educação Visual;
- Escrita de letras originais, baseadas na obra de Camões e organizadas por “famílias poéticas”;
- Produção de um vídeo promocional, com guião e narração a cargo dos alunos do 9.º ano;
- Gravação de um LP com 12 músicas originais, compostas e produzidas com o apoio do professor bibliotecário, e a serem regravadas com as vozes dos alunos;
- Exposição interativa (em formato físico e digital), com convites à escrita e e interpretação visual;
- Votação democrática, onde a comunidade escolar elegeu os retratos mais inspiradores.
Criatividade com ferramentas: um laboratório digital e artístico
O projeto mobilizou um ecossistema de criação pedagógica e tecnológica, com destaque para: Design e imagem: Canva, Procreate, DALL·E e banco de imagens da RBE; Música: Guitarra, piano, MIDI e IA (AIVA); edição em Audacity; Voz: microfone RØDE NT1 e interface Focusrite Scarlett; Referência pedagógica: recursos da página “Camões – Recursos para Celebrar” da RBE;Inspiração em práticas de escrita criativa, jogos poéticos e releituras simbólicas.
Camões como ponto de encontro entre gerações e linguagens
A Casa de Camões é um manifesto criativo e educativo, onde os alunos não apenas leem, mas dialogam com Camões, recriando-o com a sua voz, arte e emoção.
O projeto “A Casa de Camões” é um exemplo de como a biblioteca escolar pode ser catalisadora de experiências significativas de leitura, criação e cidadania cultural, capaz de transformar a leitura num ato coletivo de criação, identidade e liberdade.
Aceda ao recurso interativo: A Casa de Camões – Genially