Bibliotecas escolares – conceito e organização
Quando o Programa Rede de Bibliotecas Escolares foi lançado, tinha como objetivo principal “instalar e desenvolver bibliotecas em escolas públicas de todos os níveis de ensino, disponibilizando aos utilizadores os recursos necessários à leitura, ao acesso, utilização e produção da informação em diferentes suportes.” [1] Volvidos mais de vinte e cinco anos, essa vocação mantém-se (entre outras que foram surgindo), mas é natural que alguns dos princípios orientadores relacionados com a organização e funcionamento das bibliotecas escolares necessitem de alguma atualização, de modo a corresponderem às necessidades e expectativas dos seus utilizadores.
Para que as bibliotecas escolares continuem a ser procuradas por alunos e professores, consolidando a sua importância na escola, é fundamental que se continue a investir, equilibrando o espaço físico, flexível e multifacetado, com ambientes de aprendizagem mais virtuais, mas mantendo o foco na promoção da leitura e das literacias dos media e da informação, na formação de alunos e no apoio à atividade pedagógica dos professores.
A alteração dos modos de estar e trabalhar ocorrida nas últimas décadas exige que se repense a biblioteca e o seu espaço, sem que isto implique uma transformação radical do mesmo, mas antes uma readaptação a novos modelos e formas colaborativas de aprendizagem e produção, levando a uma maior fruição da biblioteca e à potencialização dos seus recursos.
Assim, a biblioteca deverá ser repensada em termos de organização, equipamento e mobiliário, procedendo-se à revisão daquele primeiro modelo, de planta mais rígida, com zonas estanques e delimitadas de que todos nos lembramos. A criação de áreas distintas, de acordo com diferentes suportes e formatos de leitura (impressa, audiovisual e multimédia), deixou de fazer sentido; por essa razão:
- a zona de receção/ acolhimento deve manter-se junto à entrada, mas prevendo-se a diminuição do espaço do balcão de atendimento, para que se priorize o acompanhamento e o apoio mais direto aos utilizadores;
- a leitura informal não deve acontecer numa única zona, devendo a biblioteca criar vários espaços passíveis de uma utilização acolhedora e descontraída, para uso informal, leitura recreativa e convívio;
- as áreas de leitura/ consulta de documentação/ produção devem manter-se, mas reinterpretadas, tendo em consideração a portabilidade dos equipamentos, a força do digital e a aposta no trabalho colaborativo e produtivo.
- …
As escolhas feitas ao nível da organização da biblioteca deverão resultar, então, num espaço facilmente reconfigurável, de acordo com as diferentes necessidades ou as atividades a desenvolver: trabalho em grande grupo com alunos a refletir e dialogar; trabalho a par em dispositivos diversificados; trabalho em grupos com ou sem dispositivos; momento de criação ou relaxamento; hora de almoço e cada um na sua vida… Tudo ao mesmo tempo, numa azáfama organizada!
Para que isto possa acontecer, a biblioteca deverá ser um espaço o mais aberto possível, com o mobiliário organizado de modo a não obstruir a abrangência visual do utilizador, deixando nele uma impressão de leveza, abertura e adaptabilidade, contribuindo assim para uma sensação de bem-estar que levará, seguramente, que tanto alunos como professores continuem a escolher a biblioteca como o seu espaço de eleição.
Referências
[1] Martorell, C. (coord.). (2008]. Rede de Bibliotecas Escolares. School Libraries Network. Portugal. Rede de Bibliotecas Escolares https://www.rbe.mec.pt/np4/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=105&fileName=Rede_de_Bibliotecas_Escolares.pdf
📷 Escola Básica e Secundária Frei Gonçalo de Azevedo, São Domingos de Rana, Cascais | Escola Básica do Alto da Peça, Alcabideche, Cascais | Escola Básica Professor João de Meira, Guimarães
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