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Blogue RBE

Sex | 25.10.24

Apoio à conceção de cartaz - Tipografia

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Dando continuidade à nossa breve análise dos principais elementos que constituem um cartaz, debruçar-nos-emos agora sobre a presença dos elementos textuais, a tipografia – título, subtítulo, legendas, caixas de texto, slogans, etc.

Todos nós tivemos já a oportunidade de verificar que a grande maioria dos cartazes recorre a um conjunto de elementos visuais e textuais, que contribuem para um impacto intencional no público a que se destinam e que passam, de forma eficaz, uma determinada mensagem (é esse o objetivo!). Em última análise, comunicam.

Há casos em que o conjunto dos elementos textuais – a tipografia – é suficiente para criar um cartaz criativo e apelativo, tendo um papel e uma força significativa equiparados à imagem.

Comecemos por contribuir para clarificar alguns conceitos fundamentais:

  • Tipografia – conjunto dos elementos textuais numa publicação (não manuscritos);
  • Tipo | Fonte – variação do desenho da letra ou carater. Este pode ter serifas ou não (sem serifas - sans). Em publicação impressa, o uso de tipos serifados é adequado. Em publicação virtual, o uso de tipos não serifados é mais apropriado – estudos apontam para uma evidente facilitação da leitura:

Imagem1 (1).jpgFigura 1 – Exemplos de tipos com serifas (assinaladas) e sem serifas.

  • Corpo – tamanho da letra (medido em pontos);
  • Letra maiúscula e letra minúscula – cada uma tem o seu papel e lugar próprios (ver esquema seguinte):

Imagem2.jpgFigura 2 - A letra maiúscula está associada à inicial de uma palavra ou a um título. A letra minúscula é indicada para excertos de texto mais longos, pois é facilitadora de leitura. Os termos ‘caixa alta’ e ‘caixa baixa’ derivam do sítio onde os tipógrafos, antes da era digital, arrumavam os carateres em móveis nas oficinas gráficas.

  • Hierarquia – a composição dos elementos textuais deve seguir uma sequência hierárquica, do geral para o particular – esta regra orienta o ‘leitor’;
  • Legibilidade - os tipos decorativos ou densos podem ser usados em títulos e/ ou subtítulos ou outros destaques. No texto de parágrafo, esses tipos e/ ou a opção por letra maiúscula são desaconselhados, por dificultarem a leitura (ver esquema seguinte):

Imagem3.jpgFigura 3 – Exemplos de aplicação incorreta de fontes decorativas, densas ou em bold, maiúsculas ou minúsculas, em texto de parágrafo.

  • Parágrafo – espaço de entrelinhas no texto (automático ou adaptado), consoante a área disponível e a facilidade de leitura;
  • Espaçamento – intervalo entre carateres (automático ou adaptado – manipulando o tracking e o kerning - ver esquema seguinte):

Imagem4.jpgFigura 4 – Exemplos de aplicação de opções de parágrafo com diferentes resultados (dificuldade/ melhoria da leitura) e aplicação de espaçamento entre carateres correto e incorreto, por manipulação do tracking (espaços iguais entre todos os carateres) ou do kerning (espaço ‘forçado’ entre pares de letras, que, se necessário, ajuda a criar uma ‘mancha mais homogénea e favorece a leitura).

  • Orientação vertical do texto – há composições em cartaz que justificam esta opção. Vejamos exemplos adequados e menos adequados:

Imagem5.jpgFigura 5 – Exemplos de uso de texto orientado verticalmente. O exemplo 1 é o mais adequado. O exemplo 3 é de evitar, por uma razão simples: cria uma ‘mancha’ irregular, pouco harmoniosa, porque cada carater tem a sua largura (os extremos são o I e o M – o carater mais estreito e o carater mais largo).

  • Sistema de grelha – é aconselhável usar um sistema de grelha (baseado em divisões verticais e horizontais) para alinhamento das áreas de texto (e outros elementos). Muitos dos programas que usamos para a conceção de cartaz já contêm esta ferramenta, assim como linhas-guia, para facilitar o alinhamento dos diversos elementos;

Em seguida, podemos observar 3 esquemas exemplificativos de diferentes organizações de tipografia em cartaz. As hipóteses à nossa disposição, quando efetuamos uma recolha de dados prévia, apresentam-se bastante variadas e algumas até podem ser bastante criativas e originais, mas também exigem um maior domínio do design. Contudo, as opções simples que aqui vemos esquematizadas garantem-nos composições equilibradas, sem corrermos riscos que comprometam o objetivo principal – comunicar eficaz e claramente:

Imagem6 (2).jpgImagem7 (2).jpg

Imagem8.jpg

Nunca é demais lembrar…

Em ambiente virtual, o uso de tipografia sem serifas é o mais adequado, porque facilita a leitura em monitor. Em caso de impressão, podem-se usar tipos serifados, tal como nos livros.

Sempre que possível, e dependendo do âmbito da publicação, é aconselhável usar fontes de uso gratuito (open source).

No título, subtítulo, texto de parágrafo, legenda, etc., o corpo da letra vai diminuindo, da informação geral para a mais detalhada.

Não se deve usar mais do que 2 ou 3 tipos de letra no mesmo cartaz.

A fonte nunca deve ser deformada. Se não servir o nosso propósito, há, decerto, desenhos de letra alternativos mais convenientes para o espaço disponível.

O contraste tipografia-fundo é fundamental para uma boa leitura.

A atenção ao detalhe eleva sempre o nosso trabalho e serve de exemplo a seguir pelos alunos.

O nosso público é heterogéneo, apresentando características muito diversificadas. Devemos proporcionar a todos boas condições de acessibilidade, promovendo a inclusão e a igualdade.

Ferramentas online sugeridas

Referências e consultas sugeridas

 

 

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0