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Blogue RBE

Qui | 31.10.24

Apoio à conceção de cartaz - Cor

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Concluímos esta série de publicações dedicadas à conceção de cartaz abordando mais um elemento estrutural da linguagem visual – a cor. Trata-se de um aspeto fundamental a ter em consideração na planificação de um cartaz, para que a sua finalidade seja alcançada: comunicação eficaz, aspeto apelativo, impacto positivo e qualidade no detalhe.

A cor é um fenómeno resultante do comportamento das superfícies em presença de luz e resulta num estímulo visual que exerce influência a nível psicológico sobre o ser humano. Deste modo, a escolha de determinado esquema de cores num cartaz não é de somenos importância, pois em termos comunicacionais, influencia substancialmente a qualidade e a clareza da mensagem.

Na teoria da cor baseada no sistema ternário, considera-se a existência de 3 cores primárias, cujos pigmentos, misturados dois a dois, originam as secundárias e assim por diante.

Alguns conceitos fundamentais:

  • Qualidade da cor – cromaticidade;
  • Tom, tonalidade ou matiz (hue) é o nome específico de cada cor;
  • Valor tonal ou luminosidade (lightness) refere-se ao brilho da cor, em função da proximidade ou do afastamento ao branco ou ao preto;
  • Intensidade ou saturação (saturation) diz respeito ao grau de pureza da cor, que é mais intensa quanto menos interferência de outras cores tiver na sua composição;
  • Gradação de cor – gama de tons que podem ir do branco ao preto (claro-escuro). Também se usa o termo degradê (do francês dégradé). Vejamos um exemplo com vermelho:

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  • Harmonia de cor – as cores, em vizinhança, influenciam-se mutuamente. Algumas resultam num conjunto agradável, outras entram em ‘conflito’, prejudicando o resultado. De uma forma simples, considera-se que as cores mais harmónicas são as que estão próximas no círculo cromático (ver esquema Teoria da Cor), mas não são as únicas:

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Teoria da Cor - Círculo Cromático (Johannes Itten - 1888-1967)

 

  • Contraste de cor – há cores que contrastam pouco umas com as outras - dificultam a leitura e outras que proporcionam bom contraste - facilitam a leitura. De uma forma simples, considera-se que as cores mais contrastantes são as que estão mais afastadas no círculo cromático (ver esquema Teoria da Cor), mas não são as únicas;
  • Tipos de contraste de cor*:
    • Cor em si - é o contraste entre cores puras, saturadas e/ou intensas:

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Figura 1 - Piet Mondrian, “Composição com vermelho, amarelo e azul” (1921)

  • Claro-escuro – o preto e o branco representam a ausência e a presença de luz. A nível da perceção visual, o maior contraste obtém-se combinando o preto e o amarelo. No círculo cromático, o amarelo é a cor mais clara e o violeta é a cor mais escura:

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Figura 2 – Henri Matisse, “Blue nude II” (1952)

  • Quente-frio – é comum referirmo-nos a cores ‘quentes’ e ‘frias’. Trata-se apenas de uma sugestão de sensação térmica, que está associada a experiências físicas (o calor do sol, do fogo, o frio da água do mar, das plantas, etc.):

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Figura 3 – Victor Vasarely, “Cheyt Pyr” (1970-71)

  • Complementares – é o contraste resultante de cores situadas em oposição no círculo cromático:

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Figura 4 – Vincent van Gogh, “Cheyt Pyr” (1970-71)

  • Qualidade – conjuga cores saturadas/ vibrantes com cores não saturadas/ ténues:

Imagem7.pngFigura 5 – Franz Marc, “Blue horse I” (1911)

  • Quantidade – associa cores de natureza diversa em áreas de ocupação do espaço proporcionalmente diferentes:

Imagem8 (1).jpgFigura 6 – Almada Negreiros, “Retrato de Fernando Pessoa” (1964)

*omitimos aqui o contraste simultâneo de cor, que é o resultado do aparecimento da cor complementar na retina após observação prolongada de determinada cor.

Para finalizar…

É importante ter em conta que o esquema de cores que usamos num cartaz pode reforçar/ apoiar ou anular/ contradizer a mensagem.

Depois de identificarmos o ambiente cromático ideal para o nosso projeto, podemos criar um esquema de cores a partir de uma fotografia, selecionando o tipo e o número de tonalidades que necessitamos para o nosso projeto (ver sugestões).

Podemos construir um mood board (painel semântico) antes de partirmos para a conceção do design de cartaz (ver sugestões).

Testar sempre a impressão - as cores alteram-se e escurecem.

Um bom contraste de cores é essencial à acessibilidade para todos. 

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0