Agradecimento [1]
Por Cláudia Susana Vieira Santos, Prémio Professor Bibliotecário 2023
Em primeiro lugar, uma palavra de felicitação à Isabel e ao Jorge. Tenho que vos dizer que me sinto muito orgulhosa por partilhar esta lista de finalistas convosco, porque conheço a excelência do vosso trabalho.
Um agradecimento especial ao nosso júri que, com tanta dedicação e paciência, analisou as nossas candidaturas e que, pelo percurso profissional de cada um dos seus elementos, confere um enorme prestígio a este prémio.
Um agradecimento muito especial à Rede de Bibliotecas Escolares. Não pela criação deste prémio, mas por muito mais do que isso: pela genialidade com que alimenta todos os dias o trabalho das bibliotecas escolares; porque sonhou, em 1997, com bibliotecas escolares que fossem o coração da escola, transformador de práticas educativas, e conseguiu levar a cabo de forma tão espantosa esse desígnio que hoje as bibliotecas escolares portuguesas são reconhecidas como exemplos de inovação e criatividade.
Quando, em 2007, comecei a trabalhar em bibliotecas escolares percebi de imediato que estas eram lugares de luz, de sonho e de magia…, provavelmente já o sabia porque também como utilizadora me tinham encantado as histórias e o conhecimento contido nos livros…
Porém, não podia imaginar que, colaborativamente e em rede, construiríamos bibliotecas que são espaços flexíveis e multifuncionais, que nos permitem trabalhar múltiplas competências; que são também espaços inclusivos, porque a escola é agora de todos e esse todo significa a diversidade, diferentes percursos de aprendizagem, diferentes vivências, diferentes nacionalidades.
Não poderia também, nesse tempo, saber que viveríamos uma pandemia e que, mesmo nos momentos mais difíceis, as bibliotecas escolares não deixaram de estar presentes na vida dos seus utilizadores. Apostámos, então, numa presença digital sem precedentes, sendo que hoje oferecemos um serviço em linha de elevadíssima qualidade que nos permite chegar aos nossos utilizadores a qualquer hora e em qualquer lugar.
Testemunhar tudo isto e fazer parte deste processo de evolução, ser peça integrante desta rede que inspira, forma, constrói, desafia, estabelece parcerias, cria programas inovadores… dizia eu, testemunhar tudo isto e fazer parte deste processo de evolução é motivo de muito orgulho.
Agradeço e dedico este prémio a todos os alunos, professores, assistentes operacionais e parceiros externos do meu agrupamento que comigo têm colaborado e me têm feito crescer como profissional. Sendo impossível nomeá-los, porque são muitos, nomeio aqui algumas pessoas que me têm incentivado e inspirado ao longo deste meu percurso:
Um agradecimento à professora Sílvia Vidinha, diretora do meu agrupamento, uma entusiasta das bibliotecas escolares e de todas as propostas que tragam inovação à escola. Se não fosse a Sílvia, eu não estaria aqui, pois foi ela que me inscreveu neste prémio, apesar da minha relutância. Antes da Sílvia, ao professor Benjamim Moreira, ex-diretor do nosso agrupamento, com quem trabalhei em profícua colaboração durante 13 anos.
À minha coordenadora interconcelhia, Raquel Ramos, pelo exemplo de dedicação às bibliotecas escolares, pelas ideias criativas que me tem dado para os meus projetos, pelas palavras de incentivo quando a “espuma dos dias” nos traz pensamentos de desistência, pela exigência, porque é o querer sempre melhor que nos faz crescer enquanto professores bibliotecários.
Aos colegas bibliotecários do concelho de Viana do Castelo, exemplar comunidade de prática e grupo de colaboração e partilha.
À professora bibliotecária Nelma Nunes, minha colega e companheira de todos os dias nesta aventura que é fazer crescer as bibliotecas do Agrupamento de Escolas de Santa Maria Maior! Obrigada pela tua paciência, dedicação e inesgotável criatividade. Como tantas vezes dissemos uma à outra: O que seria de mim sem ti!
Por fim, mas estes são os mais importantes, agradeço à minha família pelo apoio, compreensão e carinho, porque quando a biblioteca ganha são eles que perdem. Perdem uns bocadinhos do tempo que poderia passar com eles, mas também sabem que, para mim, isso é ganhar. Ganhar a certeza de que ser professora bibliotecária significa deixarmos marcas nas vidas dos nossos alunos…
Na vida daquela aluna que, de saída para a universidade, vem à biblioteca dar-nos um abraço e dizer-nos como foi importante participar no projeto “TV na Maior” porque a ajudou a ultrapassar a sua timidez e falta de autoestima.
Mas também na vida daquele aluno que, aos 16 anos, nunca tinha lido um livro e um dia, já depois de ter vindo com a turma escolher um livro para os “10 minutos a ler” nos chega à biblioteca, muito orgulhoso, trazendo um livro debaixo do braço como quem traz um objeto precioso, e nos diz: “Professora, já li este, ajuda-me a escolher outro?”. E nunca mais deixou de frequentar a biblioteca!
Dra. Manuela Silva, permita-me dirigir-lhe agora algumas palavras, porque sei que coordena esta rede com a mesma paixão com que eu coordeno a minha biblioteca:
Dra. Teresa Calçada, dirijo-me também a si, com as mesmas palavras, porque é da sua responsabilidade a criação da Rede de Bibliotecas Escolares:
Tenho visitado muitas escolas europeias no âmbito do projeto Erasmus+ e nunca encontrei bibliotecas escolares com padrões de excelência que se comparem aos nossos. País nenhum soube ainda construir uma rede que espalhe por todas as escolas desígnio tão elevado e tão exigente.
As nossas escolas precisam muito das bibliotecas escolares e dos professores bibliotecários, porque são eles que ajudam a desenvolver o capital humano de que o nosso país tanto precisa.
Para mim, este prémio significa o reconhecimento do meu trabalho, de que muito me orgulho, é certo. No entanto, ele não me fará tomar como garantido o que fiz até agora. O meu compromisso é de continuidade e de melhoria.
Nunca tenhamos também as bibliotecas escolares como garantidas. Há sempre margem para fazermos mais e melhor.
E enquanto eu puder fazer parte desta rede, podem contar comigo.
Obrigada.
24 de outubro de 2023
Cláudia Santos
[1] Este texto corresponde ao discurso proferido por Cláudia Santos, no dia 24/10/2023, no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, ao receber o Prémio Professor Bibliotecário 2023.