ABC do Metaverso
Dando continuidade à preparação do Dia da Internet Mais Segura, prosseguimos a publicação de artigos subordinados ao tema deste ano: Metaverso vs Realidade.
Hoje, estabelecemos como objetivo a clarificação de alguns conceitos com que inevitavelmente nos deparamos quando fazemos algumas leituras sobre o metaverso. São conceitos essenciais para a compreensão eficaz das questões em causa.
Avatar
Como o metaverso é um ambiente 3D e social, cada utilizador tem de se representar para os outros e fá-lo através do seu avatar. Pode definir-se o avatar do metaverso como a representação de um utilizador nesse mundo. Existem muitos tipos de avatares diferentes no metaverso (de corpo inteiro, apenas a cabeça e o torso, com roupas de marca adquiridas…) . Estes podem parecer-se com quase tudo o que se possa imaginar, sendo possível assemelharem-se exatamente com o ser humano que representam ou terem uma aparência completamente diferente. Parecendo uma questão simples, há todo um conjunto de questões que surgem quando se aborda esse tema.
Bitcoin
Bitcoin é uma moeda digital que opera livre de qualquer controle central ou supervisão de bancos ou governos. Em vez disso, depende de software e criptografia ponto a ponto.
Um livro público regista todas as transações de bitcoin e as cópias são mantidas em servidores em todo o mundo, conhecidos como nós. O consenso sobre quem possui que moedas é alcançado criptograficamente através desses nós, em vez de depender de uma fonte central de confiança como um banco.
Blockchain
O blockchain é um grande banco de dados partilhado que regista as transações dos utilizadores; é a tecnologia por detrás das moedas digitais. É um livro público, descentralizado, que regista todas as transações e que nenhuma pessoa, empresa ou autoridade possui ou controla. Em vez disso, cada utilizador pode aceder a todo o blockchain e cada transferência de fundos de uma conta para outra é registada de forma segura e verificável, usando técnicas matemáticas emprestadas da criptografia. Com cópias do blockchain espalhadas por todo o planeta, ele é considerado efetivamente inviolável.
Os blockchains públicos (publicamente acessíveis na Internet) mais conhecidos são Bitcoin, Ethereum, Dash, Monero e Zcash. Este tipo de blockchain mantém os seus dados, software e desenvolvimento abertos ao público, para que qualquer pessoa os possa rever, auditar, desenvolver ou melhorar.
Criptografia
Sabendo-se que "cripto" significa "segredo" em grego, compreende-se facilmente que, na área digital, criptografia é uma tecnologia que permite enviar mensagens ou dados seguros e encriptados entre duas ou mais partes. O remetente "encripta" a mensagem, ocultando o respetivo conteúdo a terceiros, e o destinatário "desencripta" a mensagem, tornando-a novamente legível.
As criptomoedas utilizam a criptografia para permitir que as transações sejam anónimas, seguras e sem necessidade de confiança, ou seja, não é necessário saber seja o que for sobre uma pessoa para realizar transações seguras com ela, nem é necessário qualquer intermediário fidedigno.
Interoperabilidade
A interoperabilidade é a capacidade de um sistema ou produto de trabalhar com outros sem exigir nenhuma ação específica.
A interoperabilidade é baseada em padrões e protocolos e resulta de uma inovação significativa. Ela permite que comuniquemos por telefone com alguém, mesmo que a rede telefónica do nosso interlocutor não seja a nossa ou que sejam usados telemóveis com diferentes sistemas operativos. Também está por trás do enorme sucesso do e-mail, pois permite que todos enviem e recebam mensagens, independentemente do serviço que escolherem.
Esta é uma questão que está por resolver no metaverso e que ocupa as preocupações dos gigantes da tecnologia, mas que começa já a encontrar um caminho. Os utilizadores querem ligar-se num único lugar e aceder a tudo o que possuem. Atualmente, para cada metaverso, é preciso criar novo avatar e começar tudo do zero, quando o desejável era usar num metaverso o mesmo avatar que já foi criado e aperfeiçoado noutro. Outro exemplo da falta de interoperabilidade é que não é possível comercializar um NFT comprado num metaverso fora desse metaverso.
NFT
NFT é a sigla em inglês para non-fungible token (token não fungível, na tradução para o português).
Um token, é a representação digital de um ativo – dinheiro, propriedade ou obra de arte – registada num blockchain. Se uma pessoa tem o token de uma propriedade, significa que tem direito àquele imóvel – ou parte dele.
Por outro lado, bens fungíveis, são aqueles que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade ou quantidade.
Um NFT é, portanto, a representação de um item exclusivo, que pode ser digital – como uma arte gráfica feita no computador – ou físico, um quadro. Além de obras de arte, também músicas, jogos, momentos únicos no desporto e memes podem ser transformados em NFT.
Na prática, ter um NFT (token não fungível) significa ter um certificado digital de propriedade que qualquer um pode ver e confirmar a autenticidade, mas ninguém pode alterar.
Tecnologias imersivas
As tecnologias imersivas transformaram a experiência digital ao reunir o virtual com a visão, o som e até mesmo o toque dos utilizadores. A combinação de tecnologias imersivas permite que uma pessoa se sinta parte de um ambiente simulado artificial.
A Realidade Aumentada e a Realidade Virtual são as principais tecnologias imersivas. Enquanto a Realidade Aumentada sobrepõe informações digitais ao ambiente físico, a Realidade Virtual cria um novo espaço cortando os sentidos físicos e substituindo-os por informações digitais.
Web3
A Web1 caracterizou-se por apresentar páginas estáticas que apenas permitiam leitura. Com a chegada da Web2, passou a existir interação e criação de conteúdo, abrindo-se caminho para as redes sociais, o homebanking e o comércio online.
Surge agora a Web3, uma reformulação da internet, que se sustenta em tecnologias de inteligência artificial e blockchain. O conceito foi usado pela primeira vez pelo engenheiro britânico Gavin Wood, cofundador da criptomoeda Ethereum.
Alguns pesquisadores da área utilizam o termo de forma bastante abrangente, para definir o futuro da internet que usamos hoje. Nesse futuro, os utilizadores retomam o controlo sobre os seus dados e não concentram o poder nas mãos das grandes empresas de tecnologia como a Google, Meta, Apple e outras.
Por outras palavras, a Web3 trata da modernização da internet, oferecendo aos utilizadores ferramentas para ter mais controle sobre seus dados e atividades online.
Bibliografia
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