A Biblioteca Escolar – Ponto de (re)encontros
Por Artur Ferreira, Diretor do AE Patrício Prazeres, Lisboa
Porque a todos é concedido ver, mas a poucos é dado a perceber. Todos veem o que tu aparentas ser, poucos percebem aquilo que és.
Nicolau Maquiável
As Bibliotecas Escolares são, nos dias de hoje, epicentros de um sem número de “trocas” e desenvolvimento de aprendizagens, numa Escola cada vez mais Global que alberga, dentro de cada unidade orgânica, um contexto cada vez mais multicultural. Ora, tendo em conta esta dinâmica, a Biblioteca Escolar assume-se como um recurso estratégico fulcral, no sentido de tornar o contexto acima referido, ponto de partida para abordagens que promovam aprendizagens e dinâmicas interculturais.
Numa altura em que os fluxos migratórios são uma realidade, mas também um desafio para as escolas, a Biblioteca Escolar deve assumir-se como “parceiro” estratégico no desbloquear, não só da barreira linguística, mas também na partilha de construtos culturais e sociais anexos a esta realidade.
Não existem já grandes dúvidas, do quão desatualizada está a ideia das Bibliotecas serem apenas repositórios históricos, onde se procuram vestígios e legados deixados por diferentes intervenientes que, nos mais variados setores, deixaram a sua marca. Esta premissa é ainda mais evidente nas Bibliotecas Escolares onde, cada vez mais, este recurso das escolas tem um papel preponderante no desenvolvimento das aprendizagens e, acima de tudo, na articulação vertical e horizontal do currículo, responsabilizando e influenciando, positivamente, os diferentes agentes educativos.
Como Diretor de um Agrupamento de Escolas e principal responsável pela conceção do seu Projeto Educativo, torna-se imperioso pensá-lo, elaborá-lo e concretizá-lo, colocando a Biblioteca Escolar num plano de destaque na visão e na missão proposta.
No caso do Agrupamento de Escolas Patrício Prazeres (AEPP), “Formar e certificar, no tempo certo, cidadãos autónomos e críticos, detentores de preparação que lhes permita uma integração social plena num mundo em constante mudança”, vamos ao encontro das perceções que tanto a UNESCO (United Nations Educational Scientific and Cultural Organization), como a IFLA (International Federation of Library Associations and Institutions) têm sobre a importância das Bibliotecas Escolares, como recurso ao serviço das Instituições Educativas.
Toda a Comunidade Educativa deve ter um papel ativo nas dinâmicas das Bibliotecas Escolares, coordenadas, como é óbvio, pela figura do Professor(a) Bibliotecário(a), cujo plano estratégico deve passar pela divulgação e fomento de toda a oferta educativa disponível, mas também na procura de parceiros estratégicos (internos e externos), que possam contribuir para o seu Plano Anual de Atividades.
A este propósito, no AEPP, devo enfatizar o trabalho colaborativo que tem sido feito com a Rede de Bibliotecas Escolares, no sentido de percebermos e integrarmos processos de melhoria contínua, num contexto em que somos muitas vezes desafiados a mudar práticas pedagógicas, para ir ao encontro do superior interesse dos nossos alunos e alunas.
Apesar de formar leitores e leitoras e aumentar o nível de literacia ser uma missão das Bibliotecas Escolares, o seu propósito não se pode resumir a estas dinâmicas, principalmente em ambientes escolares tão diferenciados como o da nossa Escola. Aqui pretende-se que existam também uma série de trocas inteletuais e afetivas, num ambiente que propicie, nos timings necessários de cada um(a), o desejo de contactar com todas as “fontes” presentes no espaço da Biblioteca Escolar, provocando nas crianças curiosidade e motivação para o desejo de ler e abertura de espírito para o desconhecido.
Não obstante do acima descrito e tendo em conta o Plano de Recuperação de Aprendizagens 21|23, o AEPP com a acção “Escola a ler”, através das actividades, “Leitura Orientada”, “Vou levar-te comigo!” e “Livr’à mão”, pretende ultrapassar lacunas existentes e maximizar os recursos alocados à Biblioteca Escolar.
Tendo plena consciência de que a imagem e o conforto do espaço, também são muito importantes para todos os utentes do mesmo, o nosso Agrupamento de Escolas candidatou-se ao projecto “(re)criar a biblioteca” da Rede de Bibliotecas Escolares, tendo sido bem sucedido e obtido financiamento para proporcionar aos nossos alunos e alunas condições mais condizentes com a realidade atual.
Certo que, apesar de termos um trajeto em crescimento, com um enorme sentido de missão de todos aqueles que fazem parte da Equipa da Biblioteca Escolar, o relaxamento será sempre o nosso pior inimigo, pelo que enfrentaremos cada dia como um novo desafio e oportunidade de aprendizagem. Deixemos para as bibliotecas a tarefa de salvaguardar o passado, pois são elas que nos ajudarão a preparar o futuro!!
Artur Ferreira
Diretor do Agrupamento de Escolas Patrício Prazeres, Lisboa