A Biblioteca Escolar e a Rádio Escolar Splash
por Maria José Barroso, professora bibliotecária da EB de Piscinas, Olivais, Lisboa
A criação da Rádio
A Escola Básica de Piscinas, em Lisboa, é semelhante a outras escolas do país, abraçando diariamente o desafio de envolver alunos com uma grande variedade de interesses, competências inesperadas e uma riquíssima diversidade cultural.
Uma vez que que a rádio é por excelência um meio de inclusão, onde é possível comunicar em qualquer língua e chegar a públicos diversificados, escolhemos desenvolver um projeto que passasse mais pela palavra falada do que pela palavra escrita.
Entendemos que deveria ser um projeto no qual os alunos fossem os protagonistas e os professores se mantivessem em segundo plano, como um recurso de apoio. Quer o nome da rádio, Rádio Escolar Splash, quer o seu logotipo, foram escolhidos por votação, a partir das propostas apresentadas por alunos.
O projeto teve início no ano letivo 2019/2020 e funciona na biblioteca escolar, sob a orientação da professora bibliotecária, que presta o apoio necessário e garante que o recurso está disponível para alunos e professores.
Para o arranque do projeto foi fundamental, por um lado, o patrocínio da Câmara Municipal de Lisboa que, através do Orçamento Participativo, ofereceu o equipamento e, por outro, a formação, assegurada pela Rádio Miúdos, a professores e à equipa inicial de alunos.
Como funciona a Rádio Escolar Splash?
Foi criado um clube em que os alunos se inscrevem no início de cada ano letivo. A seleção dos novos elementos é feita por audições desenhadas e conduzidas pelos alunos veteranos de acordo com o perfil pretendido: alunos que façam uma boa gestão das relações interpessoais, que sejam criativos, com boas competências de comunicação e que criem um bom ambiente, para que a partilha aconteça. Outros aspetos valorizados são a responsabilidade ao nível da assiduidade e pontualidade.
Mas a rádio não é exclusiva do clube, estando disponível para outros alunos que a queiram experimentar de forma livre ou para os professores que pretendam usá-la como recurso educativo. Neste ponto, tem sido interessante o envolvimento dos alunos em situações como:
- O programa de filosofia para crianças, Diverte-te a Pensar, em que eles escolhem uma pergunta como ponto de partida para uma conversa;
- Gravação de leituras de poesias, de músicas originais e de entrevistas históricas, em articulação com os professores de Português, de Educação Musical e História e Geografia de Portugal, respetivamente.
Qual é a sua programação?
A Rádio Escolar Splash, dinamizada por este grupo de alunos, tem já alguns programas emblemáticos, tais como:
- Todos à Mesa - Várias culturas em diálogo;
- Aventuras Splash - Programa de sugestões culturais;
- Entrevistas Splash;
- Os Sentimentos estão no ar - Teatro Radiofónico.
Este ano está a arrancar:
- Indecisões - Programa sobre problemas na adolescência;
- Era uma vez... Historinhas Splash.
É importante referir que os genéricos de alguns dos programas têm músicas criadas pelos alunos da escola, e que a edição dos programas é feita no Audacity pela professora bibliotecária e alguns alunos.
Em que canais é que a Rádio é transmitida?
Os interessados podem ouvir as gravações dos programas nas plataformas de podcast Soundcloud e Spotify e ficar a par das novidades no Instagram da Biblioteca.
Qual é o balanço do projeto?
O balanço do projeto tem sido muito positivo. Os alunos mais tímidos ganham confiança e todos os envolvidos desenvolvem inúmeras competências: a construção coletiva de textos desenvolve a expressão escrita, a pesquisa de informação para os textos é um pretexto para aprofundar a literacia de informação e dos media, as visitas de estudo para os programas culturais têm alargado a experiência cultural e despertado novos interesses.
Recomendações
Para os colegas que pretendam implementar um projeto semelhante, temos duas recomendações.
Desde logo, lembrem-se que podem fazer gravações apenas com um telemóvel e, sobretudo, não tenham medo de arriscar.
Projetos como este podem proporcionar aos alunos a oportunidade de mostrar a sua individualidade e de se motivarem para pensarem em conjunto e na diversidade, contrariando o absentismo, o abandono escolar e a desmotivação perante a escola. Desta forma, serão cidadãos mais interventivos e conscientes da sua riqueza pessoal e cultural.
Maria José Barroso, professora bibliotecária
Escola Básica de Piscinas, Olivais, Lisboa