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Blogue RBE

Qua | 05.11.25

7 ideias práticas para explorar o acervo da biblioteca escolar

7 ideias práticas para explorar o acervo da bibli

Num mundo em que as histórias se multiplicam e os estímulos visuais e digitais invadem cada vez mais os espaços da infância, as bibliotecas escolares e os docentes do pré-escolar e do 1.º ciclo enfrentam um desafio renovado: não basta ter livros, importa escolher bem. A missão de «formar leitores» exige que os livros que deambulam pelos corredores da escola ou são levados para a sala de aula sejam janelas para a imaginação, estímulos para o pensamento e convites ao diálogo e à descoberta.

Mas como reconhecer, entre inúmeros títulos, aqueles que verdadeiramente valorizam o tempo de leitura das crianças? Como garantir que o acervo disponível reforça a literacia, a sensibilidade estética, o pensamento crítico e a cidadania? A resposta encontra-se no olhar consciente dos mediadores da leitura (em especial dos professores bibliotecários) que, convertendo-se em facilitadores junto dos colegas docentes, podem amplificar o impacto da biblioteca escolar como espaço de cultura e aprendizagem.

Na sequência do texto Como identificar bons livros para crianças? vimos agora propor sete ideias práticas e participativas, para apoiar docentes e professores bibliotecários (ou até, talvez, famílias) a explorarem, individual ou coletivamente, aquilo que distingue um “bom livro para crianças”. Não se trata de seguir fórmulas rígidas, mas de fomentar uma cultura de análise, escuta e sabor da leitura, de modo a que cada livro recomendado, explorado ou disponibilizado se torne uma oportunidade de crescimento real para os alunos.

Deixamos sete ideias que os professores bibliotecários podem experimentar para explorarem, com os colegas do pré-escolar e do 1.º ciclo, o que distingue um bom livro para crianças, literária, estética e pedagogicamente.

1. Feira às cegas

Organize uma pequena “feira do livro” com os livros embrulhados em papel pardo e apenas três pistas visíveis: uma frase, uma emoção e um adjetivo.

Os docentes escolhem “às cegas” e, depois de explorarem os livros, discutem o que os cativou — a linguagem, as ilustrações, o humor, a profundidade. A reflexão partilhada leva à descoberta de critérios de qualidade literária, de forma espontânea e envolvente.

2. A voz dos livros

Peça a cada grupo que leia, em voz alta, um excerto curto de diferentes obras (algumas mais literárias, outras mais comerciais).

Ao ouvir-se a musicalidade, o ritmo e o peso das palavras, percebe-se o que faz um texto ganhar vida na leitura e o que o empobrece. A boa literatura infantil lê-se bem porque foi escrita para ser ouvida.

3. A mala trocada

Apresente duas malas de livros: uma com títulos de qualidade, outra com livros datados ou estereotipados.

Sem saber qual é qual, os docentes exploram e escolhem a mala que levariam para uma sala de aula. A discussão posterior, com a revelação das curadorias, ajuda a clarificar o que diferencia o que “vale a pena ler” do que “parece educativo, mas não é literatura”.

4. O livro e a tela

Mostre pares de imagens: uma ilustração de álbum infantil e uma obra de arte.

Peça aos colegas que identifiquem semelhanças cor, composição, expressividade. Esta comparação abre o olhar para a dimensão artística da ilustração e para o álbum como objeto estético, não apenas pedagógico.

5. Os livros sobreviventes

Crie um jogo inspirado nos programas de eliminação: vários livros “competem” e, em cada ronda, um é eliminado com justificação.

O grupo chega a um “pódio literário” e constrói, a partir das justificações, uma grelha coletiva de critérios de qualidade. É uma forma divertida de pensar criticamente sobre o que faz um livro perdurar.

6. Quando eu era leitor(a) pequeno(a)…

Convide os docentes a recordarem um livro marcante da infância.

Ao compararem essas memórias com livros atuais, reconhecem o que mudou, nos temas, nas linguagens, na representação das crianças, e ganham consciência de como a literatura infantil evoluiu para respeitar a inteligência e a sensibilidade dos leitores mais novos.

7. Júri do prémio imaginário

Proponha que a equipa docente seja o júri de um prémio fictício: o “Prémio Bibliotecas Escolares do Coração das Crianças”.

Cada grupo avalia livros segundo critérios como originalidade, coerência narrativa, riqueza visual, emoção, humor e respeito pelo leitor. No final, elegem um vencedor e, mais importante, aprendem a justificar as suas escolhas com argumentos literários.

***

Estas dinâmicas, simples e participativas, ajudam os professores a verem, ouvirem e sentirem os livros de outra forma.

Podemos falar sobre critérios e analisar listas de verificação sobre o assunto, mas com estas sugestões pretende-se que sejam os próprios docentes a construir a lista de verificação a partir da sua experiência.

Para que, nas salas de aula e nas bibliotecas, circulem livros que deixam marca e formam leitores para a vida.

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0