Governança de dados, pilar essencial da transição digital
A transição digital tem sido um dos principais desafios e oportunidades para organizações em todo o mundo. No centro deste processo está um recurso fundamental: os dados. Contudo, a mera acumulação de grandes volumes de informação não é suficiente para garantir o sucesso das iniciativas digitais. É aqui que entra a governança de dados.
A governança de dados refere-se ao conjunto de processos, políticas, normas e responsabilidades que asseguram a gestão eficaz dos dados dentro de uma organização. O seu objetivo é garantir que os dados são precisos, consistentes, seguros e usados de forma adequada. Inclui a definição de quem lhes pode aceder, como devem ser armazenados, partilhados e protegidos, bem como as regras para assegurar a sua qualidade e integridade ao longo do tempo. Desta forma, a governança de dados contribui para que as organizações possam confiar nas informações que utilizam para tomar decisões estratégicas, ao mesmo tempo que protegem os direitos e a privacidade das pessoas cujos dados são geridos. Esta proteção é fundamental para garantir o uso ético da informação, prevenindo abusos e promovendo a segurança dos dados pessoais.
A importância da governança de dados na era digital
A transformação digital implica uma reconfiguração profunda da forma como as organizações operam, oferecendo serviços mais eficientes, personalizados e baseados em evidências. Para que isso aconteça, é imprescindível dispor de dados confiáveis, acessíveis e devidamente geridos. A governança de dados garante que essas condições sejam cumpridas, promovendo a integridade, a consistência e a segurança da informação.
Um dos principais desafios da transição digital é a fragmentação dos dados entre diferentes sistemas e departamentos. Sem uma política clara de governança, os dados podem tornar-se redundantes, inconsistentes ou obsoletos, comprometendo a qualidade das análises e das decisões baseadas em dados. Assim, a governança de dados atua como um elo de ligação entre a estratégia digital e a execução operacional.
Elementos-chave da governança de dados
A implementação de uma governança de dados eficaz assenta em três pilares fundamentais: pessoas, processos e tecnologia.
Em primeiro lugar, é necessário estabelecer uma cultura organizacional que valorize os dados como um ativo estratégico. Isso implica definir papéis e responsabilidades claras para a gestão da informação, como os data stewards [1], que são responsáveis pela qualidade e consistência dos dados.
Os processos de governança incluem a definição de políticas para o ciclo de vida dos dados, desde a sua criação até ao seu arquivamento ou eliminação. Isto envolve regras para a entrada de dados, controlo de qualidade, segurança da informação e conformidade com regulamentos, como o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD).
Por fim, a tecnologia desempenha um papel facilitador, fornecendo ferramentas que permitem a integração, a análise e a proteção dos dados de forma eficiente. Plataformas de gestão de dados, data lakes, sistemas de business intelligence e soluções de segurança da informação são exemplos de tecnologias que suportam uma boa governança.
A governança de dados e a proteção das pessoas
Para além dos benefícios operacionais e estratégicos, a governança de dados desempenha um papel fundamental na proteção das pessoas. Através da implementação de políticas rigorosas de gestão da informação, a governança de dados assegura que os dados pessoais são tratados de forma ética e responsável, respeitando os direitos à privacidade e à proteção da informação.
A conformidade com regulamentos como o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) é um exemplo claro de como a governança de dados contribui para salvaguardar os dados sensíveis dos indivíduos, prevenindo abusos e acessos não autorizados. Além disso, promove a transparência no uso dos dados, permitindo que as pessoas compreendam o modo como as suas informações são recolhidas, armazenadas e utilizadas.
A adoção de uma governança de dados eficaz traz benefícios tangíveis para as organizações em processo de transição digital. Em primeiro lugar, melhora a qualidade da tomada de decisão, permitindo análises mais precisas e baseadas em dados confiáveis. Além disso, aumenta a eficiência operacional, reduzindo o tempo gasto na procura e validação de informação.
Outro benefício importante é a redução de riscos, especialmente relacionados com a segurança da informação e a conformidade regulatória. A governança de dados ajuda a mitigar ameaças, garantindo que as organizações cumprem as obrigações legais e protegem dados sensíveis contra acessos não autorizados.
[1] Data stewards referem-se a profissionais responsáveis pela gestão da qualidade e consistência dos dados dentro de uma organização. Eles asseguram que os dados estejam corretos, bem documentados, acessíveis e seguros, seguindo as políticas de governança de dados da organização.
Referência
Barber, T., Barnett, M., Groenhout, R, Schaefer,D. & Stefani, E. (2024, 26 de junho). You Can’t Have Digital Transformation without Data Governance. Educause Revew. https://er.educause.edu/articles/2024/6/you-cant-have-digital-transformation-without-data-governance
📷 Imagem de Gerd Altmann por Pixabay