Escuta atenta à voz das crianças
Este não é um livro de histórias, apesar de nos contar muitas histórias.
Este não é um livro de empatia, apesar de nele habitar muita empatia.
Este é não é um livro de pedagogia, apesar de falar de pedagogia.
Este é um livro que dá voz à criança e que a coloca no centro da aprendizagem.
Este é um livro que nos provoca e inquieta.
Este é um livro que evidencia as qualidades do movimento da Escola Moderna.
Este é um livro sensível, emotivo, sedutor e genuíno.
Este é um livro que todos os que trabalham com crianças vão quer ler.
Este é um livro que obriga os educadores a repensar as suas práticas.
Este é um livro que os professores bibliotecários devem conhecer, ler e divulgar.
Décadas de trabalho, em sala de aula, de observação, de um trabalho de proximidade com alunos com dificuldades diversas, “mil andanças” como autora, visitas a bibliotecas escolares, correspondente, via postal ou eletrónica, com crianças de várias escolas, conversas hilariantes com crianças e outras experiências inspiraram Manuela Castro Neves para escrever este «caderno» onde o leitor ficará a conhecer a sua paixão – a aprendizagem – e as suas reflexões sobre dificuldades reais no ensino. No prefácio, escrito por Maria Emília Brederode Santos, podemos ler: “(…) com este livro, a autora [convida-nos] a uma reflexão conjunta, ainda que à distância, que envolve os meninos no seu todo e a própria finalidade da Educação.”
Manuela Castro Neves foi professora do 1.º ciclo do ensino básico durante mais de quarenta anos, tendo arrecadado uma larga experiência de trabalho com crianças de meios socioculturais heterogéneos. Atualmente, dá apoio pedagógico a alunos que, por diversas razões, se atrasam no seu percurso escolar, trabalhando numa visão empática e sempre atual dos métodos pedagógicos para benefício dos que mais dele precisam.
Caderno A4 apresenta-nos um conjunto de textos curtos que relatam episódios vividos com crianças entre os quatro e os dez anos de idade que ocorreram em sessões de apoio individualizado ou em encontros com os seus leitores quer em escolas quer em bibliotecas. Estas «histórias» resultam de “escuta atenta à voz das crianças e da valorização das suas opiniões, interrogações e descobertas” que devem ser lidas e refletidas por pais, educadores, professores e todos aqueles que se interessam por dar voz às crianças e que se preocupam com o ato de escutar.
Nestas «histórias» há protagonistas invisíveis, os docentes, e visíveis, os alunos. Os primeiros surgem de forma impercetível, mas fazem parte da história. Os segundos dão significado e singularidade a estas «histórias» e são, sem dúvida, os que desempenham o papel principal. Ao leitor é dado a conhecer alguns destes alunos assim como os seus percursos de aprendizagem. Nem sempre lineares, muito pelo contrário. São percursos cruzados, problemáticos, questionáveis e embaraçados. Como ajudar estes jovens? – Não basta explicar, e voltar a explicar, os conteúdos. Não os podemos abandonar ou ignorar. Compreender os problemas, identificar obstáculos, fazer do pouco muito, envolver efetivamente a criança nas aprendizagens apresentando-lhe soluções diferenciadoras, reforçando exíguos avanços e fazendo do erro uma oportunidade para alcançar sucesso, talvez sejam boas opções. Manuela Castro Neves mostra ao leitor como, nas aulas de apoio pedagógico, faz uso destas estratégias. Contudo, não basta aplicá-las, é necessária disponibilidade para abraçar cada situação, cada menino, para o escutar, mesmo quando o silêncio impera ou as palavras são imprecisas, não esquecendo que é necessário tempo, esse bem cada vez mais escasso nas nossas vidas e nas aprendizagens.
Outros livros de Manuela Castro Neves:
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