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Blogue RBE

Ter | 02.04.24

Hoje é Dia Internacional do Livro Infantil

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O que acontece é que (acho eu) não escrevo “para” crianças. Nem não escrevo” para” crianças. Apenas escrevo.
                                                                                                    Manuel António Pina (1999)

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Desde 1967, no dia do aniversário de Hans Christian Andersen, 2 de abril, que se festeja o Dia Internacional do Livro Infantil com o propósito de inspirar o amor dos mais novos pela leitura e valorizar os livros infantis na vida da criança e no processo de educação.

O Conselho Internacional de Livros para Jovens (IBBY internacional) disponibiliza no seu portal um conjunto de materiais digitais que poderão ser inspiradores para os professores bibliotecários, docentes, pais ou todos aqueles que trabalham com crianças e promovem o livro infantil.

A IBBY decidiu que a palavra de ordem para os festejos deste dia é Imaginação, uma vez que incentivar o processo imaginativo conduzirá à compreensão mútua e a um espírito de tolerância.

Imagem6.png Em 2024, foi convidada a autora japonesa Eiko Kadono para escrever uma carta para as crianças de todo o mundo. Nana Furiya, uma artista japonesa, criou o cartaz para assinalar a data este ano.

 

Em Portugal, a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas disponibiliza um cartaz digital para assinalar o Dia Mundial do Livro Infantil, este ano foi convidada a jovem ilustradora Inês Viegas Oliveira[1], vencedora do Prémio Nacional de Ilustração em 2023.

Felizmente, o mundo editorial português tem vindo a contribuir significativamente para a divulgação de catálogos variados e de grande qualidade que permitem conquistar os pequenos leitores. 

Na preparação dos festejos retiramos da estante O Meu Pai Devia Ser Bromatólogo (Hipopómatos Edições, 2022), Imagem1.jpguma vez que se trata de uma narrativa bem-humorada e divertida, mas que simultaneamente enaltece a literatura infantojuvenil, elogia a magia das histórias que ouvimos, lemos e damos a ler. Convida-nos para um agradável e despretensioso diálogo intertextual. Uma excelente leitura para comemorar o Dia Internacional do Livro Infantil.

Esta é a história do Frederico, um rapaz que se alimenta, literalmente, das histórias que lê nos livros - “Ele é maluco por histórias! Apanha cada barrigada! “– afirma a irmã. Um dia, tornou-se “meio vegetariano” devido à quantidade “de coisas verdes que comeu”, pois, a história passava-se na floresta. Pouco a pouco, vai alargando a sua dieta a outros volumes impressos, tipo dicionários.  Frederico não é esquisito, prova qualquer história. Como qualquer bom leitor, Frederico gosta de partilhar as impressões, descrever sensibilidades, perguntar ou tecer alguns comentários. Um dia, provou uma história, logo pela manhã, e… Como não aparecia, todos andavam à sua procura. Onde estaria o Frederico?

A ilustração de Renata Bueno confirma o tom humorístico da narrativa, as personagens são apresentadas num traço tosco remetendo-nos para o imaginário infantil. A guardas, iniciais e finais, são padronizadas recordando uma teia, onde as linhas se entrelaçam incitando a ideia de que as histórias se envolvem umas nas noutras.

A narrativa da Nazaré de Sousa envolve-nos carinhosamente no feitiço das histórias que nos fizeram crescer, na incrível descoberta das palavras e na importância do outro. Dos que lemos, dos nos deram a ler, dos que nos acarinharam e continuam a acarinhar.

Sugestão de outras leituras para comemorar o Dia Internacional do Livro Infantil

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“À luz da Lua, um pequenino ovo descansava numa folha. Num domingo de manhã o sol quente chegou e PLOC!..., de dentro do ovo saiu uma lagartinha magra e esfomeada.”

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 “Há muitas histórias dentro da História. De algumas nunca saberemos se são verdadeiras ou inventadas. É o caso da Cruzada das Crianças que terá ocorrido em 1212, formada por uma multidão composta essencialmente por crianças.

Afonso Cruz inspirou-se neste episódio do passado para escrever uma história no presente, em que dá voz às reivindicações das crianças por um mundo melhor. Serão ideias ingénuas e utópicas? Talvez. Mas só quem não se deixa derrotar pela realidade pode sonhar com a criação de um mundo mais justo, humano e harmonioso.”

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“Não gostava dos seus olhos enormes. Não gostava do seu corpo, que mudava de cor a toda a hora. Não gostava das pernas curtas, e muito menos daqueles cornichos na sua cabeça imóvel. Desejava ter a elegância da girafa, os belos olhos da gazela ou a longa juba do leão. Determinado a mudar o seu aspecto, certo dia o Camaleão procurou a poderosa feiticeira Sadio...”

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“Neste livro podes fazer os desenhos que quiseres.
Por exemplo, se a casa está desenhada, desenha a paisagem, se a paisagem está desenhada, desenha a casa…
Vista por dentro ou por fora? Arrumada ou desarrumada? Cheia de coisas reais ou habitada por seres imaginários? Preferes desenhar com todos os pormenores ou de forma rápida e expressiva? Com várias cores ou só uma? Usar lápis ou marcadores?
Damos-te algumas ideias, mas neste livro, a partir de agora, mandas tu. Desenha tudo (tudo, tudo) o que quiseres.”

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“Quando chega a estação seca, um bando de aves instala-se numa imponente árvore, no coração da floresta. Entre elas está a Ave. Aquela é a sua casa. Na altura da despedida, no entanto, a Ave não está disposta a abandoná-la. “Maravilhoso, poético… fala da importância do abrigo e do seu poder de incentivar a confiança e a tolerância, bem como de capacitar o desenvolvimento e a independência.” [Julia Eccleshare]”

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“O guarda-chuva do Sr. Hulot não o abriga apenas do mau tempo, mas também de pensamentos cinzentos que lhe deixam o coração a patinar à chuva. Por vezes, para os afastar, basta um encontro de velhos amigos na rua. Com dois ou três dedos de conversa, ou mesmo uma mão cheiinha de coisas para contar, fica logo tudo mais animado.”

 

Nota

[1] Inês Viegas Oliveira: “Na tentativa de saber tudo, licenciou-se em Física e depois de meio mestrado em Matemática apercebeu-se de que não sabia nada. Fez então uma pós-graduação em Ilustração na UAL, que a deixou mais tranquila. Em 2020 e 2023 foi selecionada para a exposição de ilustradores da Feira do Livro de Bolonha e em 2022 foi finalista dessa mesma exposição. Faz parte do projeto europeu Every Story Matters, que promove a inclusão através de histórias e livros. O seu primeiro livro, O Duelo, surgiu no âmbito deste projeto, e em 2022 foi publicado pela Planeta Tangerina, tendo vencido o Prémio Nacional de Ilustração no ano seguinte. “ informação retirada do portal da DGLAB 

 

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Este trabalho está licenciado sob licença: CC BY-NC-SA 4.0