Trabalho colaborativo e biblioteca escolar: uma aliança poderosa para o nosso desenvolvimento educativo
por Ana Paula Couto, Professora Bibliotecária do AE da Corga de Lobão, Santa Maria da Feira
No atual cenário educacional, o trabalho colaborativo desempenha um papel crucial no sucesso dos alunos e no crescimento das instituições de ensino. Mais do que uma simples tendência, o trabalho colaborativo nas escolas é uma necessidade premente para dar resposta às exigências crescentes que se fazem sentir. Quando as estruturas pedagógicas das escolas se unem em colaboração, elas têm o poder de criar experiências de aprendizagem mais ricas e significativas para os alunos.
Consciente dessa realidade, no papel de professora bibliotecária de quatro Bibliotecas, no Agrupamento de Escolas da Corga de Lobão, o meu compromisso é ir além do simples reconhecimento dessas necessidades. Em todas as iniciativas da Biblioteca, busco não apenas implementá-las, mas também criá-las em estreita articulação, valorizando, acima de tudo, o trabalho colaborativo com as equipas educativas de todos os anos de escolaridade. Iniciativas como "10 Minutos a Ler", "Miúdos a Votos", "Já sei ler", "Leitura em vai e vem", "Leitura Orientada com a Biblioteca Escolar", "Cidadania e Biblioteca Escolar", “Dia da Cultura Científica”, entre outras do Plano Anual de Atividades, são exemplos tangíveis dessa colaboração estreita e da parceria da Biblioteca com todos os docentes do Agrupamento.
Acredito firmemente que é por meio dessa união de esforços que conseguiremos verdadeiramente enriquecer as experiências de aprendizagem dos alunos e promover um ambiente educativo mais dinâmico. Daí que as Candidaturas apresentadas e apoiadas pela Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) – Bibliotecas Digitais e Leituras com a Biblioteca – desempenham um papel crucial nesse processo, proporcionando oportunidades concretas para a implementação prática dessas ideias. Essas candidaturas não são apenas documentos formais; são expressões concretas do nosso compromisso coletivo com a inovação, a interdisciplinaridade e a promoção de práticas educacionais que transcendem as fronteiras tradicionais. Elas refletem a convicção comum de que o envolvimento conjunto de docentes, alinhados com objetivos comuns, é a chave para alcançar um impacto significativo na jornada educacional dos nossos alunos. Refira-se, ainda, que o sucesso dos projetos associados às Candidaturas, no nosso Agrupamento, não se limita ao período inicial de implementação (estendendo-se no tempo) e extrapola os anos de escolaridade inscritos (alargando-se a outros anos de escolaridade não previstos nos projetos iniciais), o que me deixa muito satisfeita e me motiva a continuar a apostar nesta forma de trabalhar com os meus colegas, que estão sempre recetivos e abertos a colaborar.
Na proposta da Candidatura Bibliotecas Digitais, proporcionamos formação certificada ao corpo docente, uma iniciativa conduzida por mim, professora bibliotecária, e um docente especializado em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) do Agrupamento. O propósito central foi impulsionar a criação de materiais e de recursos educativos em plataformas digitais que incentivassem a aprendizagem colaborativa, mas também fomentassem a interação e a participação ativa dos alunos. No âmbito da Candidatura Leituras com a Biblioteca, a nossa meta foi transcender as fronteiras convencionais das disciplinas, buscando – através da literacia da leitura, da informação e digital – tornar a aprendizagem mais eficaz, mas também mais envolvente. Esta abordagem procurou abraçar uma visão holística do conhecimento, interligando conceitos de diferentes disciplinas para criar uma compreensão mais profunda e contextualizada. Entendemos que ao articular os conteúdos de várias disciplinas, os alunos podem aplicar os seus conhecimentos de maneira mais eficaz e compreender como esses conceitos se relacionam com o mundo real.
Desta forma, as Bibliotecas Escolares que coordeno vão muito além de serem simples depósitos de livros e recursos; elas são centros de aprendizagem dinâmicos, amplamente reconhecidos pelo corpo docente como impulsionadores do trabalho colaborativo e da interdisciplinaridade. São espaços que proporcionam um ambiente propício para a interação entre professores, alunos e recursos, tornando-se locais ideais para a realização de pesquisas, discussões e desenvolvimento de projetos colaborativos.
Considero que, ao promover ativamente o trabalho colaborativo e ao aproveitar os recursos disponíveis na Biblioteca, estamos, na prática, a preparar os alunos para se destacarem num mundo cada vez mais complexo e interligado. Essa abordagem reflete não apenas o meu compromisso, mas sim um compromisso profundamente enraizado, no Agrupamento, de oferecer uma educação de qualidade.
Ana Paula Couto
Professora Bibliotecária
Agrupamento de Escolas da Corga de Lobão, Santa Maria da Feira
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- *Qualquer semelhança entre o título desta rubrica e a obra Retalhos da vida de um médico, não é pura coincidência; é uma vénia a Fernando Namora.
- Esta rubrica visa apresentar apontamentos breves do quotidiano dos professores bibliotecários, sem qualquer preocupação cronológica, científica ou outra. Trata-se simplesmente da partilha informal de vivências.
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