A Biblioteca Escolar da EB Eng.º Duarte Pacheco deu continuidade ao Projeto Escola a Ler | Leva-me contigo, em colaboração com o Clube de Multimédia e as turmas do 9.º ano, sob a supervisão da professora de História, Ana Cristina Ferreira, membro da equipa das bibliotecas.
Esta iniciativa teve início no ano letivo 2021/2022 e teve como objetivo principal promover a leitura e a descoberta de autores portugueses.
Numa primeira fase, os alunos exploraram diferentes obras de autores portugueses por meio de pequenos excertos que foram apresentados em vários espaços da escola. Essas leituras foram acompanhadas por breves diálogos entre os leitores e um entrevistador oculto. Devido ao grande número de obras selecionadas, a atividade foi desenvolvida em vários episódios, proporcionando aos alunos uma experiência rica e diversificada de imersão na literatura nacional.
Este ano letivo, alargou-se a leitura a autores da lusofonia, com a produção de mais quatro episódios alusivos ao projeto. O objetivo principal foi a promoção da leitura e a divulgação de autores portugueses e lusófonos, sendo visível o entusiasmo e a dedicação dos alunos envolvidos nesta iniciativa.
Por meio da participação nestes episódios, os alunos tiveram a oportunidade de explorar diferentes estilos literários, descobrir vários autores e partilhar as suas impressões e recomendações tanto com os seus colegas, como com a comunidade escolar. Foi um “mergulho” na atmosfera acolhedora e rica da biblioteca escolar, onde têm acesso a um amplo leque de livros e propostas de atividades que os convidam à exploração e fruição dos textos. A participação ativa dos alunos evidencia o seu comprometimento com a leitura e o seu desejo de partilhar as suas descobertas literárias com os demais colegas.
O Projeto Escola a Ler | Leva-me contigo é uma prova viva do poder transformador da leitura e do compromisso da escola em cultivar o amor pelos livros e pela cultura lusófona. Divulgam-se dois vídeos relativos a esta iniciativa:
A rápida evolução das tecnologias e a complexificação dos contextos de produção e difusão da informação conduziram a novas e crescentes exigências de competência digital de que resultou o Quadro Europeu de Competência Digital para Cidadãos (DigComp), documento que trouxe um entendimento comum sobre o que é a competência digital, utilizando um vocabulário partilhado que possa ser aplicado de forma consistente em tarefas variadas, em contextos europeus e internacionais, desde a formulação de políticas e definição de objetivos, até ao planeamento educativo, à avaliação e monitorização, cabendo aos utilizadores (instituições, intermediários ou promotores de iniciativas), adaptar o DigComp às necessidades específicas dos grupos-alvo.
Publicado em 2013 (DigComp 1.0), o documento sofreu a primeira atualização em 2016 (DigComp 2.0) e a segunda em 2018 (DigComp 2.1), encontrando-se todas as versões disponíveis em língua portuguesa. Desde outubro de 2022 está disponível, também, a tradução do documento DigComp 2.2 - The Digital Competence Framework for Citizens with new examples of knowledge, skills and attitudes[1], da responsabilidade de Margarida Lucas, António Moreira e de Anícia Rebelo Trindade.
O documento [2] inclui uma quarta atualização, especificamente da Dimensão 4 que apenas constava na versão 1.0, disponibilizando exemplos de conhecimentos, capacidades e atitudes aplicáveis a cada competência, validados através de um processo que incluiu a participação de diferentes atores. Nesta versão, são apresentados mais de 250 novos exemplos, com vista a ajudar os cidadãos a envolverem-se de forma confiante, crítica e segura com tecnologias digitais, incluindo com as tecnologias emergentes (Inteligência Artificial, Realidade Virtual e Aumentada, robotização, Internet das Coisas, dataficação) ou novos fenómenos, tais como desinformação, “misinformação” e “malinformação”. Há, ainda, o reconhecimento da necessidade crescente de abordar os aspetos ecológicos e de sustentabilidade que resultam da interação com as tecnologias digitais. Portanto, a presente atualização tem em conta as competências que os cidadãos precisam de ter face a estes recentes desenvolvimentos.
A estrutura do documento mantém-se, de uma maneira geral, inalterada, e cada competência integra um conjunto de cerca de 10 a 15 exemplos, que não pretendem ser uma lista exaustiva do que a competência implica, mas somente uma linha orientadora. Os exemplos poderão motivar educadores e formadores a atualizarem programas, planos e recursos pedagógicos.
A atualização organiza-se em cinco dimensões:
1- Dimensão 1- delineia as áreas de competência que são identificadas por um título e um número;
2- Dimensão 2 - detalha cada uma das competências e os seus descritores.
3- Dimensão 3 - descreve os níveis de proficiência de cada competência;
4- Dimensões 4 e 5 - descrevem vários exemplos relacionados com a dimensão 2, acrescentando valor e contexto:
- na dimensão 4, são apresentados exemplos de conhecimentos, capacidades e atitudes relacionados com cada competência;
- na dimensão 5, são fornecidos exemplos de utilização em cenários de aprendizagem e de emprego, usando uma estratégia de “cascata”: a competência 1.2 tem um exemplo para o nível 1 de proficiência, a competência 1.3 para o nível 2, a competência 2.1 para o nível 3, e assim por diante.
Como na primeira versão do DigComp, publicada em 2013, a competência digital é definida como uma combinação de 21 competências agrupadas em cinco áreas (FIG. 1).
Fig.1. Modelo conceptual do DigComp [2]
O que há de novo no DigComp2.2?
A atualização não altera os descritores do modelo conceptual de referência (Dimensões 1 e 2) e não altera a forma como os níveis de proficiência são delineados (Dimensão 3). Além disso, os exemplos de uso apresentados na Dimensão 5 são os mesmos. No entanto, apresenta mais de 250 exemplos sobre temas novos e emergentes e que incluem, por exemplo:
desinformação e "misinformação" nas redes sociais e em meios de informação ( verificação de factos e das suas fontes, fake news, deepfakes…) relacionados com a literacia da informação e dos media;
a tendência da dataficação de serviços e aplicações da Internet (com enfoque, por exemplo, na forma como os dados pessoais são explorados);
a interação com sistemas de IA (incluindo capacidades relacionadas com a proteção de dados e privacidade, mas também com considerações éticas);
tecnologias emergentes, como a Internet das Coisas (IoT);
preocupação com a sustentabilidade ambiental (por exemplo, recursos consumidos pelas tecnologias);
contextos novos e emergentes (por exemplo, trabalho remoto e trabalho híbrido).
Nota 1 - Não se trata de uma lista exaustiva do que a própria competência abrange, pelo que os novos exemplos de conhecimentos, capacidades e atitudes não devem ser tomados como um conjunto de resultados de aprendizagem esperados de todos os cidadãos. Contudo, é possível utilizá-los como base para desenvolver descrições explícitas de objetivos de aprendizagem, conteúdos, experiências de aprendizagem e respetiva avaliação, num contexto de um planeamento e implementação mais instrutiva.
Nota 2 - Os exemplos não foram desenvolvidos nem se apresentam por níveis de proficiência. Mesmo que se note diferenças na sua complexidade, isto não significa que funcionem como um instrumento para medir progresso. Para cada competência, a Dimensão 3 descreve 8 níveis de proficiência.
Nota 3 - Os novos exemplos de conhecimentos, capacidades e atitudes não são disponibilizados como um instrumento de avaliação ou como um instrumento de autorreflexão sobre o desenvolvimento das próprias competências.
Interligações entre as competências-chave
As competências são uma combinação de conhecimentos, capacidades e atitudes, isto é, incluem conceitos e factos (ou seja, conhecimentos), descrições de capacidades (por exemplo, a capacidade para desenvolver processos) e atitudes (por exemplo, uma predisposição, uma apetência para agir).
As competências-chave para a Aprendizagem ao Longo da Vida implica competências que são transversais e essenciais ao desenvolvimento de outras competências, para a realização pessoal, a manutenção de um estilo de vida saudável e sustentável, a empregabilidade, a cidadania ativa e inclusão social dos cidadãos, por isso as competências-chave complementam-se e estão interligadas entre si (FIG. 2). Assim, as competências-chave para um domínio apoiarão o desenvolvimento de competências noutro domínio.
Fig. 2 A competência digital está interligada com outras competências [3]
O documento destaca algumas interligações para ilustrar a forma como a natureza complementar das competências pode ser encontrada em ambientes digitais.
No documento são retomadas as 5 áreas de competência que descrevem o que a competência digital engloba:
1- Literacia de informação e de dados:
- Articular necessidades de informação, localizar e recuperar dados, informação e conteúdo digital;
- Ajuizar sobre a relevância da fonte e do seu conteúdo;
- Armazenar, gerir e organizar dados, informação e conteúdo digital.
2- Comunicação e colaboração:
- Interagir, comunicar e colaborar através de tecnologias digitais enquanto simultaneamente consciente da diversidade cultural e geracional;
- Participar na sociedade através de serviços digitais públicos e privados e cidadania participativa.
- Gerir a sua identidade e reputação digital.
3- Criação de conteúdo digital
- Criar e editar conteúdo digital;
- Aperfeiçoar e integrar informação e conteúdo num corpo de conhecimento existente compreendendo simultaneamente como se aplicam direitos de autor e licenças;
- Saber como fornecer instruções compreensíveis para um sistema de computação.
4- Segurança
- Proteger dispositivos, conteúdo, dados pessoais e privacidade em ambientes digitais;
- Proteger a saúde física e psicológica e ter consciência das tecnologias digitais para o bem-estar social e inclusão social;
- Estar ciente do impacto ambiental das tecnologias digitais e da sua utilização.
5- Resolução de problemas:
- Identificar necessidades e problemas e resolver problemas conceptuais e situações problema em ambientes digitais;
- Utilizar ferramentas digitais para inovar processos e produtos;
- Manter-se a par da evolução digital.
As 3 primeiras áreas abordam competências a mobilizar em atividades e utilizações específicas.
As áreas 4 e 5 são “transversais”, aplicando-se a qualquer tipo de atividade realizada através de meios digitais. Salienta-se que há elementos da “Resolução de problemas” que estão presentes em todas as competências, tendo-se, no entanto, optado por se definir uma área específica para destacar a importância deste aspeto na apropriação de tecnologias e práticas digitais.
Para ler o Digcomp 2.2
A nova atualização do DigComp apresenta, na página 8, um esquema gráfico (Fig. 3), utilizando uma competência com as suas cinco Dimensões, que se estende por duas páginas, para aumentar a legibilidade do documento.
Fig. 3 Como deve ser lido o DIgComp 2.2?[2]
O documento finaliza com um glossário atualizado e alargado, onde foram incluídos verbetes considerando o atual contexto de produção e difusão da informação.
Em suma, atendendo ao facto de a União Europeia ambicionar que 80% da população tenha competências digitais básicas até 2030, o documento atualizado, considerando as oportunidades e riscos das tecnologias emergentes, as novas condições de teletrabalho, que levaram a novos e crescentes requisitos de competências digitais, a necessidade de abordar os aspetos verdes e de sustentabilidade na interação com as tecnologias digitais, fornece uma base para enquadrar as políticas nesta matéria, tanto na esfera da educação como para o mercado de trabalho.
O Plano Nacional das Artes (em articulação com parceiros diversos) promoveu entre março e junho uma mostra nacional - a Bienal “Cultura e Educação. Retrovisor: uma história do futuro”. O Agrupamento de Escolas da Venda do Pinheiro, Mafra foi convidado para integrar esta mostra. Divulgamos, neste âmbito, uma das iniciativas que foi realizada em torno do Projeto Cultural de Escola com o tema “Conceito sem preconceito”.
Dezenas das nossas crianças e alunos trabalharam a vida e obra de três mulheres que, de formas variadas, tiveram ligação à vida do nosso concelho: Beatriz Costa, nascida numa freguesia da nossa área de influência pedagógica e que dá o nome a um dos nossos jardins de infância; Paula Rego, cuja família tinha uma quinta na Ericeira, onde passava os verões com os seu avós e onde viveu em alguns períodos da sua vida adulta e Anne Frank, cuja ligação ao concelho é feita pelos inúmeros refugiados judeus que fizeram da Ericeira a sua segunda casa. Ao longo do ano, várias foram as atividades desenvolvidas, das quais destacamos a exposição “Paula Rego: "pintadora" de Histórias”, com trabalhos realizados pelos nossos alunos, de todos os níveis de ensino, no contexto do estudo sobre as obras da pintora.
No dia 1 de junho, foi inaugurada a exposição "Paula Rego: “pintadora” de histórias", que esteve patente na Galeria Municipal Orlando Morais, na Casa da Cultura Jaime Lobo, na Ericeira, até 11 de junho. Na sessão, marcaram presença alguns alunos que participaram na elaboração dos trabalhos destinados à exposição, com as suas famílias. Foi possível contar com a intervenção do Vereador da Cultura de Mafra, António José António Felgueiras, antecedida de uma nota de boas vindas da Diretora do Agrupamento, a professora Filipa Carvalho, e da Coordenadora da Equipa AEVP do Plano Nacional das Artes, a professora Ana Raposo, assim como a Coordenadora Nacional do Programa da Rede de Bibliotecas Escolares, Dra. Manuela Silva. O patrono da biblioteca escolar da escola-sede - José Fanha - brindou-nos, por fim, com a leitura de alguns dos seus poemas inspirados pela obra desta artista.
As Bibliotecas Escolares foram parceiros ativos neste processo de criação artística, apoiando a divulgação da vida e obra da autora e dinamizando sessões inspiradas nas suas pinturas que originaram trabalhos diversos, como, por exemplo, a antologia digital “Dança das Palavras”, em articulação com o Grupo de Português
As “histórias” pintadas pela artista serviram de mote aos nossos alunos que as reescreveram, num ciclo artístico que assim se perpetua.
Agrupamento de Escolas Venda do Pinheiro (Equipa Plano Nacional das Artes, que integra a professora bibliotecária)
No final de maio, a Rede de bibliotecas Escolares foi convidada a escrever um texto de apresentação do Referencial Aprender com a Biblioteca Escolar e do sítio Aprender com a Biblioteca Escolar: Atividades e Recursos, para ser publicado na Newsletter da Media & Learning Association, uma associação internacional sem fins lucrativos criada em 2012 sob a lei belga para promover e estimular o uso dos media como uma forma aumentar a inovação e a criatividade no ensino e na aprendizagem em todos os níveis de ensino na Europa. Os membros incluem agências nacionais e regionais encarregadas da promoção da inovação no ensino e aprendizagem, bem como universidades, ministérios da educação e redes de escolas.
A Rede de Bibliotecas Escolares é um Programa do Ministério da Educação de Portugal que tem como missão instalar bibliotecas nas escolas do ensino público e orientar a sua ação
A era digital revolucionou a nossa relação com o conhecimento, aprendizagem e interação social, apresentando tanto oportunidades quanto desafios. Para navegar por esse cenário dinâmico, é crucial capacitar os jovens com novas competências que lhes permitam envolver-se criticamente e de forma criativa com a realidade.
Nesse contexto, a Rede de Bibliotecas Escolares publicou o referencial Aprender com a Biblioteca Escolar, um documento orientador da ação das bibliotecas, prevendo a sua estreita articulação com as áreas curriculares disciplinares e áreas transversais, de modo a que, tendencialmente, todas as bibliotecas desenvolvam um trabalho que garanta a todos os alunos as mesmas oportunidades de desenvolver essas competências.
Este referencial, publicado em 2012 e atualizado e alargado em 2017, estabelece três áreas fundamentais no âmbito da formação para as literacias: leitura, media e informação. A literacia tecnológica e digital é também abordada, embora de forma transversal, permeando todas as áreas e refletindo a presença das tecnologias digitais nos contextos formais e informais de aprendizagem.
O documento é dividido em duas partes: a primeira parte contém tabelas que descrevem, para cada área de literacia, os desempenhos que os alunos devem alcançar no final da educação pré-escolar e dos diferentes ciclos do ensino básico e secundário, estruturados com base em conhecimentos/ capacidades e atitudes/ valores. Estes descritores são organizados de forma sequencial e coerente, considerando a progressão gradual dos conhecimentos e capacidades. A primeira parte apresenta, ainda, estratégias de operacionalização para a biblioteca escolar trabalhar as aprendizagens relacionadas com as diferentes literacias, estabelecendo conexões com o currículo. A segunda parte disponibiliza exemplos de atividades aplicáveis em diferentes disciplinas.
Nos anos letivos que se seguiram às duas edições do documento (2012-2015 e 2017-2019), foram realizadas experiências-piloto da sua aplicação num número restrito de bibliotecas, para monitorização do processo e análise dos dados obtidos, tendo em vista a melhoria deste instrumento de trabalho e o alargamento da sua utilização às 2538 bibliotecas escolares de Portugal. Em cada ano foi elaborado um relatório da testagem realizada.
Findos esses períodos, a Rede de Bibliotecas Escolares incentivou tem incentivado a aplicação cada vez mais alargada do Referencial. Atualmente, a monitorização é feita através da observação e acompanhamento realizados pelos coordenadores interconcelhios e pela resposta a algumas questões constantes da Base de Dados RBE que as bibliotecas preenchem anualmente e demonstra um aumento progressivo do número de bibliotecas que trabalham as competências de informação e media.
Para capacitar os professores bibliotecários e outros docentes para o uso deste instrumento de trabalho, a Rede de Bibliotecas Escolares tem promovido, ao longo do tempo, formação formal para docentes, num total de 3200 horas e 2777 formandos, entre 2013 e 2019. Paralelamente, continua a desenvolver formação informal em múltiplos encontros, colóquios e reuniões de trabalho.
Na sequência da publicação do Referencial também têm sido criadas, numerosas propostas de atividade de articulação entre a biblioteca e os docentes que promovem o cumprimento das várias áreas curriculares em concomitância com o desenvolvimento das competências de literacia. Estas propostas de atividade referem explicitamente os conhecimentos e capacidades, atitudes e valores na área de literacia que pretendem mobilizar, apresentam os vários momentos da ação pedagógica e sugerem recursos de apoio, produzidos pela Rede de Bibliotecas Escolares ou por outras entidades.
Atualmente este sítio constitui-se como um grande repositório de propostas de trabalho no âmbito das literacias de leitura, informação e media e continua a ser regularmente ampliado com mais exemplos, quer criados pela equipa da Rede de Bibliotecas Escolares, quer partilhados por professores bibliotecários.
Tal como os descritores desenhados no Referencial, as propostas de trabalho estão organizadas por ciclos de ensino (de acordo com a estrutura educativa em Portugal), a saber: Pré-Escolar (4-6 anos), 1.º Ciclo (6-10 anos), 2.º Ciclo (10-12 anos), 3.º Ciclo (12-15 anos) e Ensino Secundário (15-18 anos).
Em 2022, com o objetivo de promover uma avaliação rigorosa dos desempenhos dos alunos no que concerne às literacias, a Rede de Bibliotecas Escolares disponibilizou propostas de rubricas de avaliação relacionadas com os diferentes descritores, organizadas por área de literacia e níveis de ensino.
Na sequência do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido na área da informação e dos media, algumas escolas têm criado programas de literacias a integrar no currículo dos alunos de forma estruturada e sistemática. No entanto, enfrentamos ainda o desafio da implementação desses programas, bem definidos e com tempo dedicado para o desenvolvimento das competências de informação e media.
Assim, com o objetivo de ajudar os agrupamentos/ escolas a desenharem uma abordagem estruturada, metodológica, articulada e abrangente para o desenvolvimento de competências de informação e media, a Rede de Bibliotecas Escolares disponibilizou o Guia Orientador. Aprender com a biblioteca escolar: programa para o desenvolvimento de literacias, que oferece sugestões de conteúdos a serem incorporados num Programa de Literacias.
Para o sucesso destes Programas de Literacias que se pretende que os agrupamentos/ escolas implementem, é essencial prosseguir o investimento na formação contínua de professores e estabelecer parcerias sólidas com instituições relevantes, que enriquecem os programas, fornecendo recursos adicionais e oportunidades de aprendizagem. A avaliação regular destes programas, recolhendo dados sobre o progresso dos alunos em literacias de informação e media, é igualmente crucial.
A formação contínua dos professores é essencial para orientar os alunos nesse desenvolvimento, enquanto parcerias sólidas com instituições relevantes enriquecem os programas, fornecendo recursos adicionais e oportunidades de aprendizagem.
A avaliação regular dos programas, recolhendo dados sobre o progresso dos alunos e a integração das competências de literacia, é crucial.
Superar esses desafios requer um compromisso contínuo e colaborativo de diretores, docentes e toda a comunidade escolar, preparando os alunos para enfrentarem as demandas do mundo contemporâneo e prosperarem na era da informação. Em Portugal, as bibliotecas escolares tomam a tarefa nas suas mãos e trabalham nessas áreas com todos os atores das suas escolas.
O último artigo da série dedicada à presença em linha das bibliotecas escolares debruça-se sobre as atividades e os projetos desenvolvidos pela biblioteca ou em colaboração com outros parceiros, internos ou externos.
Um dos documentos estruturantes e estratégico da ação da biblioteca escolar é o seu plano anual de atividades que orienta e organiza o trabalho a desenvolver, tendo em conta os objetivos e metas do projeto educativo de cada agrupamento ou escola, bem como as prioridades definidas pela Rede de Bibliotecas Escolares. Torna-se, por isso, importante disponibilizar este documento na página web ou blogue da biblioteca e dar a conhecer as atividades e projetos aí constantes.
Fig. 1 – Acesso aos documentos estruturantes da Biblioteca, nomeadamente o plano anual de atividades do Agrupamento de Escolas Júlio Dantas, Lagos
🔴 A divulgação das atividades pode ser feita através da:
Apresentação de propostas de atividades, da responsabilidade da biblioteca ou a implementar em articulação com parceiros internos e/ou externos, de que são exemplo:
o trabalho de colaboração que se realiza entre a biblioteca escolar e docentes de várias áreas curriculares;
Fig. 2 – “Na Biblioteca com …”, um projeto das Bibliotecas do Agrupamento de Escolas Santa Catarina, Linda-a-Velha
Criação de recursos, por professores ou alunos, no âmbito do trabalho com o livro e a leitura;
Disponibilização de percursos de aprendizagem e de materiais de apoio à implementação de atividades, como por exemplo as planificações ou até os materiais de apoio que foram utilizados por professores e alunos,
Fig. 4 – Divulgação das atividades das Bibliotecas do Agrupamento de Escolas João de Araújo Correia, Peso da Régua
🔴 No que diz respeito aos projetos em que a biblioteca escolar está envolvida, é importante:
Divulgar os diferentes projetos;
Fig. 5 – Projetos das Bibliotecas do Agrupamento de Escolas João de Araújo Correia, Peso da Régua
Apresentar as linhas orientadoras dos projetos próprios da biblioteca (objetivos, ações, recursos/produtos associados, atividades incluídas nesses projetos…), ou aqueles em que está envolvida.
Repositórios de materiais próprios, atualizados com regularidade, e de materiais de apoio à aprendizagem/ a atividades/ a projetos de leitura, de literacia mediática e de informação, de que são exemplo:
Recursos criados para o projeto "Escola a Ler” e que foram implementados nas escolas, num trabalho de articulação entre os professores bibliotecários e os professores das disciplinas envolvidas, mas que também podem ser utilizados de forma autónoma pelos alunos;
Guiões de apoio ao trabalho dos alunos (como pesquisar na internet, como elaborar apresentações multimédia ou preparar uma apresentação oral; como fazer citações ou evitar o plágio, por exemplo);
Fig. 10 – Guiões criados pela Biblioteca da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Vagos
Trabalhos produzidos pelos alunos e por outros elementos da comunidade escolar, tendo em conta os critérios definidos na Política de Desenvolvimento da Coleção;
Fig. 11 – Publicações com trabalhos de alunos, publicados pela Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas Josefa de Óbidos
Recursos Educativos Abertos (REA) atualizados e adequados às orientações curriculares, ao contexto e ao público-alvo da escola/do agrupamento; estes recursos podem ser próprios ou externos.
Fig. 12 – Curadoria de conteúdos, próprios ou externos, organizados por áreas das Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas Lima-de-Faria, Cantanhede
A integração das atividades e dos projetos na página web ou blogue da biblioteca escolar, bem como os recursos criados, valoriza o papel desta estrutura como centro de aprendizagem, de cultura e de lazer, que contribui para o desenvolvimento integral dos alunos e para a melhoria da qualidade educativa.
Notas:
Para ilustrar este artigo, foram utilizados exemplos de sítios Web e blogues de bibliotecas escolares que são considerados adequados a esta temática. Ressalva-se, contudo, que estes sítios Web e/ ou blogues estão em processo constante de melhoria, pelo que outros conteúdos e informação aí constantes poderão não estar atualizados.
Decorreu, no passado dia 29 de maio, a Final da 13.ª edição da Batalha de Leitura | Poesia (BLP), um concurso interconcelhio dinamizado pelas Bibliotecas Escolares dos Agrupamentos de Escolas dos concelhos de Caldas da Rainha e Óbidos, em parceria com as Bibliotecas Municipais de ambos os concelhos.
A edição do corrente ano teve lugar em Óbidos, contou com a participação dos alunos vencedores da fase escolar dos agrupamentos de escolas participantes e ,ainda, como convidados, com uma aluna representante da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste (EHTO) e uma aluna representante da Escola Básica e Secundária Fernão do Pó, do Bombarral.
No período da manhã, uma das técnicas da Biblioteca Municipal de Óbidos/Casa José Saramago dinamizou a oficina "As Emoções e a Voz Poética", na qual os participantes tiveram a oportunidade de desconstruir a ideia de palco e potenciar as suas apresentações/performances, por meio de um conjunto de exercícios de expressão dramática. As dinâmicas propostas foram bastante apreciadas pelos intervenientes e professores acompanhantes, criando momentos de descontração e integração, potenciando simultaneamente partilhas e o aprofundamento do conhecimento de poetas nacionais e internacionais.
Depois do almoço na cantina da Escola Básica e Secundária Josefa de Óbidos, às 14 horas deu-se início à Batalha da Leitura | Poesia propriamente dita, encontrando-se o Auditório da Casa da Música completamente lotado, prova de que a poesia ainda consegue mover “miúdos e graúdos”.
A representar os três escalões a concurso – 2.º ciclo, 3.º ciclo e ensino secundário – chegaram à final dezassete concorrentes que, num primeiro momento, leram poemas da sua inteira escolha e, num segundo momento, leram poemas, atribuídos aleatoriamente, da autoria de Natália Correia, Mário Cesariny, Eugénio de Andrade, Mário-Henrique Leiria e António Manuel Couto Viana, poetas cujo centenário se assinala no presente ano. Para esta segunda prova, os alunos dispuseram de 15 minutos para preparar a sua performance poética.
O apuramento dos três vencedores por escalão foi assegurado por um júri constituído por Nicolau Borges, Diretor do CFAE - Centro Oeste, Paula Ribeiro, coordenadora interconcelhia da RBE, Aida Reis e Carlos Coutinho, responsáveis, respetivamente, pelas Bibliotecas Municipais de Caldas da Rainha e Óbidos e Elisabete Silva, coordenadora intermunicipal do PNA. A qualidade dos participantes da edição dificultou grandemente a tarefa do júri, impressionado com os desempenhos de muitos dos concorrentes.
Os habituais momentos musicais que pontuam cada edição foram assegurados, este ano, pela Academia de Música de Óbidos e pelo Coro Infantil Municipal de Óbidos, porque desde a sua origem poesia e música caminham de mãos dadas, sendo indissociáveis.
A Batalha da Leitura |Poesia (BLP) é um concurso interconcelhio realizado anualmente, cuja final decorre ora na vila de Óbidos, ora na cidade de Caldas da Rainha. A última fase do concurso é antecedida por duas eliminatórias realizadas em cada um dos Agrupamentos de Escola: apuramento, em sala de aula, dos concorrentes representantes dos níveis de ensino a concurso nas várias escolas; apuramento dos representantes de cada nível de ensino dos quatro Agrupamentos de Escola envolvidos.
A BLP objetiva o trabalho em torno do livro, da leitura e das diferentes expressões associadas à leitura, bem como a criação de comunidades de leitores em torno do texto poético e o estabelecimento de oportunidades de trabalho cooperativo entre as bibliotecas escolares e municipais e as escolas. Ao longo das várias edições, a BTL tem procurado manter-se inclusiva, envolvendo alunos que nem sempre cabem nos Quadros de Excelência das escolas envolvidas, comprometida com a leitura em voz alta, a divulgação da poesia canónica mas também dos novos poetas, cultivando um olhar esclarecido e divergente sobre o mundo.
O sucesso deste projeto mereceu o honroso convite do curador do FOLIO Educa, Dr. Paulo Santos, para integrar o programa do festival literário que irá decorrer, este ano, entre 12 e 22 de outubro, estando, por isso, prevista uma reedição da BLP no FOLIO num modelo ainda a definir. Será, decerto, uma oportunidade única para promover um evento que tem na palavra a sua génese principal e que, de ano para ano, mobiliza alunos e escolas em torno do texto poético e da leitura em voz alta, proporcionando momentos de beleza, de estranheza e o leve desconforto que sempre nos faz olhar o mundo de outra forma.
O projeto Diário de Escritas [1], integrado no Plano Escola+ 21|23 [2], tem como objetivos a promoção de laços afetivos e a criação de uma relação funcional com a escrita, através do desenvolvimento de um projeto pessoal e/ou coletivo de escrita, em que os alunos se assumem como “autores”, fomentando uma atitude reflexiva sobre os seus escritos.
Através da dinamização de oficinas que lançam desafios de escrita nas escolas, pensadas em função dos alunos/ das turmas que necessitam de um reforço na relação afetiva e técnica com a escrita, esta medida visa a constituição de um ambiente criativo, o qual favorece o envolvimento dos alunos na escolha e na planificação das atividades, por forma a beneficiarem de um efetivo feedback.
Os recursos a serem produzidos constituem-se como indutores de atividades diversificadas, em consonância com metodologias conducentes à correção linguística, à organização argumentativa, à estratégia comunicativa e à partilha dos textos produzidos.
O desenvolvimento de projetos de escrita está organizado em torno de quatro etapas essenciais (Eu, aprendiz; Eu, escritor; Eu, produtor; Eu, editor) que se repetem sucessivamente ao longo do ano letivo, de acordo com uma planificação elaborada em sede de conselho de turma.
Falemos então das diferentes etapas:
Eu, aprendiz
Seleção de uma tipologia de texto a trabalhar (comentário, exposição, relato, relatório, resumo, texto de opinião, entre outros, previstos no currículo das diferentes áreas curriculares), tendo em conta as disciplinas/ áreas curriculares envolvidas e de acordo com a planificação do projeto de escrita.
Sessão/ sessões na biblioteca, em articulação com os docentes de Português/ professores titulares de turma, para desenvolvimento de competências de escrita de textos da tipologia selecionada.
Eu, escritor
Momento de produção escrita de textos da tipologia abordada na biblioteca, em contexto letivo, da(s) disciplina(s)/ área(s) curricular(es) envolvida(s), podendo mobilizar-se os recursos da biblioteca.
Eu, revisor
Momento de revisão e aperfeiçoamento dos textos criados na etapa 2, com o apoio da biblioteca escolar, em articulação com professores de Português/ titulares de turma. A revisão/ (re)escrita dos textos, é desenvolvida em trabalho a par/ de grupo, com vista à sua melhoria, através do confronto com outras opiniões / formas de fazer.
Eu, editor
Divulgação e partilha dos textos criados, em formato impresso ou digital, num trabalho de colaboração entre a biblioteca e o professor titular/ os conselhos de turma e articulação com parceiros da comunidade. Poderá ser feita uma apresentação pública, com a presença das famílias.
Ao longo do ano letivo 22/23 foram dinamizadas, no Alto Alentejo, várias edições da ação de formação Diário de Escritas: práticas transdisciplinares com a biblioteca, onde participaram cerca de 55 professores das mais diversas áreas curriculares, incluindo professores bibliotecários. De entre as várias propostas de trabalho apresentadas, evidenciam-se as seguintes:
Escrit@s Take-Away
No início do ano letivo, o Agrupamento de Escolas de Avis teve de mudar de instalações, devido às obras de requalificação do espaço, estando agora provisoriamente instalado nas antigas instalações da Escola Profissional, em Benavila. Perante esta mudança, os alunos ficaram mais dispersos e perdeu-se a relação de proximidade que existia anteriormente com a biblioteca escolar. Face a esta situação, o grupo de formandas da escola, entre as quais a professora bibliotecária, pensou nesta proposta “gastronómica”, onde a oferta principal são propostas de escrita, as quais são divulgadas pelas diferentes unidades de ensino que compõem o agrupamento.
Um corpus textual diversificado (obras de Mafalda Milhões, Margarida Botelho e Afonso Cruz, entre outros) é o ponto de partida para a criação de um Menu de Escritas, onde os professores podem encontrar sugestões de trabalho no domínio da escrita, seguindo a metodologia proposta no projeto.
Diário de um Maço
O grupo de formandos da EPDRAC (Escola Profissional Desenvolvimento Regional de Alter do Chão) e do Agrupamento de Nisa trabalharam em conjunto e apresentaram uma proposta para ser dinamizada com alunos do Ensino Secundário. O projeto Diário de Escritas com a Biblioteca foi desenvolvido junto dos alunos no âmbito da Área de Integração, Português, Clube Ciência Viva e SPO.
O ponto de partida foi a obra de José Eduardo Agualusa, A Substância do Amor e outras Crónicas.
Salienta-se a articulação com diferentes áreas do currículo e o Plano Nacional do Cinema, assumindo a biblioteca escolar o papel de coordenadora, como lhe compete.
Vou contar uma história
Esta proposta foi apresentada por um grupo de formandas de Elvas e Campo Maior.
O projeto foi desenvolvido com crianças do Educação Pré-escolar e alunos do 1.º Ciclo, de forma colaborativa (atividade interciclos).
Consiste em sessões de leitura dinamizadas por alunos do 3.º ano com crianças do Jardim de Infância. Estas sessões de leitura estimulam e motivam para a aprendizagem da leitura, ao mesmo tempo, desenvolvem o vocabulário, a atenção e a compreensão oral, dos mais pequenos. No que se refere aos alunos mais velhos: desenvolvem a leitura, a compreensão oral e a capacidade de comunicação.
Após o trabalho de motivação e desenvolvimento da leitura, em que os alunos desempenharam o papel de "Contadores de Histórias", estes são convidados a criar as suas próprias histórias passando, assim, a desempenhar o papel de "Escritores".
Viajando com Fernando Pessoa
O poema de Fernando Pessoa “No comboio descendente” foi o ponto de partida para a proposta de um grupo de formandas de Estremoz. A disciplina de Português, no âmbito do estudo do texto poético, em articulação com a biblioteca escolar e outras áreas do currículo, deu origem a esta proposta de trabalho. Assinalamos a qualidade das ilustrações produzidas pelos alunos, no desenvolvimento do projeto.
Fábulas do Séc.XXI
A reescrita de fábulas deu o mote a esta proposta de um grupo de formandas de Estremoz. Destacamos o envolvimento de várias disciplinas e a articulação com a Educação Especial e biblioteca escolar. Uma nota especial pelo trabalho artístico produzido sempre em sintonia com as propostas de escrita.
O balanço foi muito positivo e destacamos a disponibilidade de todos os professores. Acreditamos que, ao serem promovidos momentos de imersão na escrita, se favorece a melhoria desta competência e o desenvolvimento do raciocínio lógico-argumentativo dos alunos, facilitando a adequação às necessidades e interesses dos alunos e a comunicação na comunidade escolar.
Ao melhorarem a expressão escrita e o domínio da língua portuguesa potencia-se ainda a participação dos alunos no mundo que os rodeia, o que tem um impacto significativo no seu sucesso académico e pessoal.
Na biblioteca do Centro Escolar Norte, no concelho de Vila Nova de Cerveira, Gabriel e os colegas contam com a Martinha, assistente de biblioteca, nos intervalos da manhã e do almoço, para os ajudar a escolher os livros preferidos, a pesquisar na internet, a compreender as regras de um jogo ou a fazer origâmis. Martinha reparte o horário semanal por três bibliotecas do agrupamento.
RR (texto) e CG (fotografia) 05 de junho de junho de 2023
São 9h30 da manhã, do dia 15 de maio de 2023. As crianças do pré-escolar do Centro Escolar Norte, na freguesia de Campos, estão sentadas, em roda, na biblioteca da escola e interagem, de forma animada, com a professora bibliotecária, Elizabeth Teixeira, sobre os diferentes tipos de família que existem. Por se tratar do Dia Internacional da Família, O livro da família, de Todd Parr, e um grande cartaz em forma de prédio, com vinte janelas, que deixam ver várias famílias quando se abrem, servem de mote para mais uma atividade pedagógica em que as crianças participam ao longo do ano letivo. “Algumas famílias são da mesma cor. Algumas famílias são de cores diferentes. Algumas famílias vivem perto umas das outras. Algumas famílias vivem longe umas das outras”, conta a professora bibliotecária, enquanto interpela as crianças sobre as suas próprias famílias.
Chega depressa o intervalo. As crianças, com a ajuda da Martinha, a assistente de biblioteca, colocam-se em fila e saem para o recreio. Enquanto os mais pequenitos se distraem lá fora, entram, na biblioteca, grupos de outras crianças do 1.º ciclo. Cumprimentam a assistente e pedem-lhe ajuda. Yair, que acabou de chegar da Argentina e cuja família alargada vive longe, vem pedir O Cuquedo para levar emprestado para casa. É o seu livro preferido e não se cansa de ouvir ler a história. Inês vai levar Adivinhas Coloridas, de Tiago Salgueiro. Tem em casa mais dois livros da biblioteca, mas, como já está no 2º ano e é uma leitora ávida, a professora Paula conversou com Martinha e pediu-lhe autorização para que esta aluna pudesse levar mais livros emprestados.
Está um dia bastante quente. Enquanto Yair e Inês esperam pela amiga brasileira Lara, que pediu à Martinha para lhe apertar os atacadores dos ténis, entram Gabriel e Sara, esbaforidos. “Aqui está fresquinho. Lá fora está muito calor!”, diz Sara, que, tal como Gabriel, frequenta o 4.º ano. Gabriel vem à biblioteca nos intervalos para ler ou pedir emprestados livros de História, o tema que mais lhe agrada. Mas nem sempre procura livros. Por vezes, ele e os colegas fazem pequenas pesquisas na internet, jogam às damas e ao xadrez, fazem desenhos ou origâmis com a ajuda da assistente de biblioteca. “A Martinha é fixe, ajuda-nos a escolher os livros”, conta o Gabriel. “Às vezes, ralha-nos, quando estamos a ver coisas inapropriadas”, confessa Sara.
Decisão acordada entre autarquia e direção da escola
Martinha Lucas trabalha nas bibliotecas escolares do Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Cerveira há dois anos, mas tem uma experiência longa de trabalho na Biblioteca Municipal. Depois de 23 anos habituada ao ambiente mais calmo da Biblioteca Pública, no início custou-lhe um pouco acostumar-se ao barulho natural de uma escola e das crianças. “Não tinha ideia do que era trabalhar com crianças. Estava habituada ao silêncio da Biblioteca Municipal, mas, com o tempo, o barulho passou a ser natural”, conta a assistente de biblioteca, que reparte o seu horário semanal pelas três bibliotecas escolares do agrupamento, frequentadas por crianças do pré-escolar e do 1.º ciclo.
Às segundas e sextas-feiras trabalha com as crianças, os educadores e os professores do Centro Escolar Norte, terças e quintas-feiras são os dias destinados ao Centro Escolar de Cerveira, e à quarta-feira desloca-se cerca de treze quilómetros para ajudar as crianças da Escola Básica de S. Sebastião, em Covas. A decisão de destacar uma assistente de biblioteca para trabalhar nas bibliotecas escolares não é recente, nesta autarquia. Desde que foram instaladas bibliotecas nas escolas do 1.º ciclo, no âmbito de uma candidatura apresentada à Rede de Bibliotecas Escolares, no ano letivo de 2003/2004, os docentes puderam contar sempre com um recurso humano para os apoiar. A afetação desse recurso passa por uma decisão acordada entre a autarquia e a direção do agrupamento. A criação dos novos centros escolares, em 2009 e 2011, veio facilitar o trabalho do assistente, uma vez que as 533 crianças que frequentam o ensino pré-escolar e o 1.º ciclo, na rede pública do concelho, estão concentradas apenas em dois centros escolares e numa escola básica.
“Funções vão muito para além de manter o espaço arrumado”
As funções e as competências de um assistente de biblioteca estão definidas no documento Assistente de Biblioteca Escolar, publicado pela Rede de Bibliotecas Escolares, em junho de 2022, e “vão muito para além de manter o espaço arrumado”, explica Sílvia da Silva, assistente de biblioteca a desempenhar funções na Escola Básica e Secundária de Arga e Lima, que acabou de participar num curso de formação sobre bibliotecas, desenvolvido no Centro de Formação de Viana do Castelo. Atender os utilizadores, garantir que cumprem as normas de funcionamento, operacionalizar o serviço de empréstimo, colaborar com os professores e o professor bibliotecário no desenvolvimento das atividades são algumas das tarefas diárias de quem trabalha numa biblioteca escolar. No entanto, na escola de hoje, onde o digital convive com o analógico, cabe também a estes assistentes orientar os alunos na busca dos recursos certos, seja nas prateleiras da biblioteca, seja na internet, assim como apoiar o professor bibliotecário no tratamento e disponibilização desses recursos.
“Devemos ter abertura para sermos cada vez melhores e estarmos cada vez mais atualizados", conclui Lúcia Araújo, assistente de biblioteca na EB1/JI de Paredes de Coura, ao refletir sobre a relevância da formação para o desempenho do seu trabalho. Ser empático e saber relacionar-se com os outros, trabalhar em equipa, ser capaz de resolver conflitos, ser responsável e flexível, ser curioso, ter interesse pela leitura e conhecer livros de literatura infantojuvenil também fazem parte das competências deste profissional.
Foi isso o que aprenderam os cerca de 60 auxiliares de ação educativa do distrito de Viana do Castelo que, durante este ano letivo, frequentaram, em sistema de b-learning, o curso de formação de 25 horas “Missão e organização da Biblioteca Escolar” nos três Centros de Formação: Centro de Formação de Viana do Castelo, Centro de Formação Vale do Minho e Centro de Formação de Escolas do Alto Minho e Paredes de Coura. Este curso de 25 horas integra a ação de formação mais abrangente de 100 horas “Organização e Gestão de Bibliotecas Escolares”, que, à semelhança de outra formação, capacita os auxiliares de ação educativa para desempenharem funções numa biblioteca escolar. Da responsabilidade da Rede de Bibliotecas Escolares, e ministrada pelos coordenadores interconcelhios de todas as zonas do país, em articulação com os centros de formação locais, esta ação de formação inclui módulos que abordam questões como o atendimento ao público e as relações interpessoais, a organização e o funcionamento da biblioteca escolar, a gestão e o tratamento da documentação e da informação, leitura e literatura juvenil, literacia de informação e dos media, e tecnologias da informação e da comunicação.
“Ter auxiliares a trabalhar é cada vez mais importante”
“Ter auxiliares a trabalhar nas bibliotecas é cada vez mais importante”, afirma Beatriz Costa, a coordenadora de estabelecimento do Centro Escolar Norte. “A Martinha está por dentro do que existe na biblioteca, conhece-a de fio a pavio”, explica a coordenadora. Por isso é tão importante a sua presença nas escolas e o trabalho que realiza de forma articulada com os educadores e os professores. “Nos intervalos, a biblioteca está sempre cheia de miúdos. Ela dá-lhes liberdade, com regras”, continua Beatriz. Para que todos os alunos possam frequentar a biblioteca, foi até necessário fazer um mapa de utilização que, no entanto, serve apenas como referência. Quando os alunos de uma turma não esgotam os lugares disponíveis, entram outros na biblioteca, que são sempre bem recebidos.
“Temos a dinâmica de contar uma história por dia às crianças, as histórias fazem parte da nossa vida”, explica a educadora Maria José Vilas Boas. Por isso, as crianças podem dirigir-se à biblioteca, com as educadoras ou sozinhas, outras vezes é a assistente que leva os livros para a sala de aula. “Como damos liberdade às crianças para escolherem os livros, a Martinha também as orienta, uma vez que as conhece muito bem”, acrescenta Maria José. “Ela é o meu braço direito”.
Leitura em Vai e Vem e Já Sei Ler são dois programas do Plano Nacional de Leitura 2027 que os docentes do agrupamento desenvolvem há vários anos. Através destes programas de promoção da leitura em ambiente familiar, as crianças levam livros para casa em mochilas próprias e pedem aos pais para lhes lerem diariamente. “Os pais valorizam muito esta dinâmica, porque não têm muitos livros em casa. Às vezes, contam a mesma história seis ou sete vezes”, explica a educadora.
Uma biblioteca mais inclusiva
“Mas precisamos de uma biblioteca cada vez mais inclusiva, tal como a escola”, continua Maria José. O crescente número de crianças e de jovens que tem chegado recentemente ao concelho e a presença de todas as crianças nas escolas exigem que as bibliotecas se adaptem, que adquiram livros e equipamento adequados, que permitam responder às necessidade e interesses de todos. A multiculturalidade é uma realidade recente nesta zona do país. O Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Cerveira, onde estudam mais de 1100 alunos, conta com um total de 146 alunos estrangeiros de 24 nacionalidades diferentes, ou seja, 13% da população estudantil. Apesar de estas bibliotecas ainda não terem muitos livros nas línguas das crianças que chegam de novo, a professora bibliotecária já tem o assunto na agenda e irá fazer algumas aquisições, logo que possível. Enquanto não chegam as novidades para as crianças poderem ler nas suas línguas, os docentes encontram sempre soluções para as integrar, como explica a educadora Rosa Dantas: “Tento falar inglês com eles e também uso uma aplicação para traduzir”.
Os alunos estrangeiros estão também a chegar à zona mais a norte do país. Na Escola Básica José Pinheiro Gonçalves, no concelho de Monção, que é frequentada por 314 crianças do pré-escolar e do 1.º ciclo, D. Teresa, que aqui trabalha, a tempo inteiro, há onze anos, desde que a escola nova abriu, não esconde a relação que mantém com as crianças: “Agarram-se a mim… os brasileiros chamam-me tia ou avozinha.”
No conjunto de tarefas que realiza diariamente, a assistente de biblioteca não se esquece de frisar que ajuda a professora bibliotecária a recolher os dados e a fazer as estatísticas de quantos alunos frequentam a biblioteca e fazem empréstimo domiciliário: “Até faço a requisição no sistema, sei quantos livros foram requisitados, a turma que requisitou mais”, conta ela. Para realizar o seu trabalho com aprumo, D. Teresa, como muitos outros assistentes, investe em formação na área das bibliotecas, tornando-se mais autónoma na gestão que faz do espaço e dos documentos e na forma como lida com as crianças: “Aprendi a lidar com os meninos, não estava a habituada a lidar com eles na biblioteca”.
O Concurso de Booktrailers da Rede de Bibliotecas de Tavira é uma iniciativa que atrai entusiastas dos livros e da leitura. Os participantes são desafiados a criar trailers inspiradores e envolventes para os livros por si escolhidos.
Após um interregno de dois anos, a terceira edição deste evento foi realizada este ano. Os trailers produzidos, semelhantes aos de filmes, têm como objetivo despertar o interesse e a curiosidade do público, motivando-o a ler as obras em destaque. Os participantes têm total liberdade para escolher qualquer livro da vasta coleção disponível na Rede de Bibliotecas de Tavira e transformá-lo num vídeo cativante.
O concurso está aberto a todas as idades e é dividido em categorias, levando em consideração os diferentes grupos etários, garantindo que todos os apaixonados pela leitura tenham a oportunidade de participar.
Os trabalhos são avaliados com base em critérios como a originalidade, criatividade, edição, banda sonora e capacidade de transmitir a essência do livro, num curto período de tempo.
Os vídeos estão disponíveis no canal YouTube da iniciativa. Um dos Booktrailers vencedores deste ano é o da aluna Beatriz Morais, na categoria de Ensino Secundário. A concorrente criou um trailer para a obra "Cão como nós" de Manuel Alegre.
Espera-se que este certame continue nos próximos anos e que todos os amantes da leitura do concelho de Tavira mostrem o seu talento audiovisual. Assim se promove a leitura, a cultura e as Bibliotecas, incentivando a criatividade literária e multimédia dos alunos do concelho e público em geral.
A programação internacional do Festival FLIC, dirigida às escolas de ilustração e design, aos seus alunos e professores, visando descobrir jovens talentos criativos na literatura infantil e juvenil, prevê a atribuição do Network FLIC Award que, em 2023, vai na sua 13ª edição.
O projeto ReadON Portugal associou-se, em devido tempo, a esta iniciativa, tendo sido enviados trabalhos de 5 escolas portuguesas, correspondendo a 90 alunos.
De entre o total das escolas participantes a nível europeu, foram selecionadas para o grupo de 10 finalistas na categoria Júnior, as alunas:
- Mariana Dias, do 12º de Artes Visuais da Escola Secundária de Paços de Ferreira;
- Nadine Tiny, do 10º ano de Artes Visuais da Escola Secundária Emídio Navarro, em Almada.
Entre as obras finalistas, o júri escolherá as obras premiadas (uma por categoria). Também será selecionada uma escola, avaliando o trabalho geral apresentado.
A informação sobre os vencedores será conhecida brevemente. Para mais informações, consulte o regulamento .